segunda-feira, 3 de junho de 2013

Pelos confins da Terra: Exposição “Gênesis” chega ao Rio



Depois de oito anos sem apresentar algo novo, Sebastião Salgado revela lugares quase inóspitos, que precisam ser preservados, em exposição no Jardim Botânico

Êxodos (1994-1999) quase privou o mundo do olhar preto e branco de Sebastião Salgado. A fuga de pessoas marcadas pela pobreza, repressão ou guerra de 40 países deixou o fotógrafo de Aimorés, Minas Gerais, devastado e sem vontade de gerar arte em cada clique. Mas há oitos anos, ele encontrou motivo para voltar a trabalhar e percorreu o planeta atrás de regiões remotas e preservadas do contato com o “homem urbano”. Nascia Genesis, mostra fotográfica que pode ser vista a partir de hoje no Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A exposição tem curadoria de Lélia Wanick Salgado, mulher de Sebastião.

“Nos anos 90, terminei Êxodos muito marcado pela brutalidade do que eu vi. Terminei mal psicologicamente, fisicamente. Não tinha condições de fotografar mais. Coincidentemente, foi num momento em que meus pais, que estavam velhinhos, resolveram transferir uma fazenda em que a gente cresceu para mim. Quando era menino, essa fazenda era o paraíso. Tinha mais de 50% de Mata Atlântica. Quando recebi essa terra, ela estava tão doente quanto eu estava doente. Essa terra estava morta como todo o Vale do Rio Doce. Para a gente construir esse Brasil incrível, moderno e sofisticado de hoje, nós destruímos tudo. Destruímos 93% de nossa Mata Atlântica. Quando pegamos essa fazenda, a gente não sabia o que fazer e a Lélia teve uma ideia fantástica. Ela falou ‘por que a gente não replanta a floresta?’. Para recuperar a terra, a gente precisava de 2 milhões e 500 mil árvores de mais de 300 espécies diferentes. Aceitamos o desafio e a Vale trabalhou com a gente desde o início. A Natura e o Fundo Brasileiro da Biodiversidade do Rio de Janeiro também entraram no projeto. No final do ano passado, chegamos a 2 milhões de árvores. Estamos recuperando um ecossistema fabuloso. Temos onças, mais de 70 espécies de pássaros, toda linha de mamíferos. Na construção desse projeto nasceu a ideia do Genesis”, conta Sebastião Salgado.
A partir de 4 de janeiro de 2004, o mineiro, que hoje vive em Paris, França, deu início a sua aventura em Galápagos. Foram mais de 30 viagens, que envolveram aviões de pequeno porte, helicópteros, barcos, canoas e longas caminhadas.
“Quis começar em Galápagos para tentar ver se eu compreendia um pouco do que Darwin compreendeu. Lá que ele terminou toda a Teoria da Evolução das Espécies. E deu para compreender e ver a diferença da mesma espécie evoluindo em ecossistemas diferentes. Encontrei, por exemplo, tartarugas que tinham o pescoço de 20 centímetros e tartarugas da mesma espécie com 4 metros de comprimento, porque a comida era muito alta em determinadas ilhas e elas foram obrigadas a se adaptar”, explica o fotógrafo.
O projeto Genesis foi dividido em regiões distintas do mundo: Planeta Sul (Antártica, Sul da Georgia, as Falklands/Malvinas, o arquipélago Diego Ramirez e as Ilhas Sandwich); Santuários (Ilhas Galápagos, Nova Guiné e Irian Jaya, os Mentawai da Ilha Siberut e Madagascar); África (Delta de Okavango, Botswana, gorilas do Parque Virunga, na divisa de Ruanda, Congo,Uganda, Namibia, tribais Dinkas do Sudan, Etópia, Líbia e Argélia); Terras do Norte (Alasca, Colorado, Parque Nacional Kluane, Norte da Rússia, e norte da Sibéria); e Amazônia e Pantanal. Ao todo são 245 fotografias divididas nessas cinco seções geográficas.

“Foram 32 reportagens e oito anos de trabalho. Quando a gente escolhe uma fotografia, esquecemos muitas outras”, admite a curadora da mostra, que teve abertura mundial no National History Museum de Londres, em 9 de abril. 
Além de direcionar o olhar do público para alguns pontos que se enquadram na área de 46% do planeta que está “intocável” pelo “homem urbano”, Sebastião Salgado pretende alertar as pessoas sobre os graves problemas ecológicos e a possibilidade de recuperação da Terra.
“O que as pessoas vão ver na exposição é o que temos que proteger e, juntos, lutarmos para manter. Se a gente quiser viver em equilíbrio e tiver uma possibilidade de se salvar como espécie, nós temos que proteger essa parte do planeta. Essa é a ideia. E o que estamos fazendo no Vale do Rio Doce é possível fazer por todos os lados”, declara Salgado, que, agora, já apresentou o projeto de recuperação do Rio Doce à presidente Dilma Rousseff.
“Nossa proposta é salvar todas as fontes do Rio Doce. A presidente aceitou o projeto e estamos discutindo com várias empresas brasileiras. É um projeto que deve custar 1 bilhão de dólares e vai levar 35 anos para se constituir. Pode parecer muito caro, mas esses jatos de combate que a Força Aérea Brasileira quer comprar custam 250 milhões de dólares cada um”, conclui.
O Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico fica na Rua Jardim Botânico, 1008, Jardim Botânico A mostra fica em cartaz até o dia 26 de agosto. De terça a domingo, das 9 horas às 17 horas. . Mais informações: 2294-6619. www.ofluminense/
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Mulher é presa após agredir e insultar negros


Ela chamou dois funcionários de 'neguinhos' e bateu em outros dois.
Cliente fez imagens com celular; crime ocorreu em padaria da 113 Sul.


Uma mulher de 48 anos foi presa na tarde deste domingo (3) suspeita de chamar dois vendedores de “neguinhos” e de bater e arranhar outros dois funcionários de uma padaria da 113 Sul, em
 Brasília, por discordar do preço cobrado pelo suco e pelo salgado que ela comeu no estabelecimento – R$ 8,14. A mulher foi indicada por por injúria racial e agressão.
O estabelecimento informou estar adotando os procedimentos legais que cabem ao caso. Segundo a Polícia Civil, ela foi transferida para o Presídio Feminino do DF.
Fachada da padaria de Brasília onde funcionários foram agredidos por uma cliente (Foto: Raquel Morais/G1)Fachada da padaria de Brasília onde funcionários foram agredidos por uma cliente (Foto: Raquel Morais/G1)
A ocorrência foi denunciada por uma cliente, que fez imagens das agressões pelo celular e as divulgou em redes sociais. Segundo a assessoria da padaria, ainda durante a discussão, a mulher disse à vendedora que já havia trabalhado com negros e que sabia que eles eram "acostumados a roubar". O estabelecimento disse ainda não ter tido acesso à filmagem.
Ela deu tipo um escândalo, perguntando que valores eram aqueles. Nosso gerente, que é negro, se aproximou para saber o que estava acontecendo. É o trabalho dele, inclusive, agir assim nessas situações. Aí começaram os insultos. Depois nossa técnica de nutrição também se aproximou e ela ficou gritando ‘agora vem mais outra negra para tentar me roubar’"
Luiz Guilherme Carvalho, um dos sócios da padaria que funciona há 13 anos na 113 Sul
Um dos sócios, Luiz Guilherme Carvalho disse que a cliente havia consultado o cardápio antes de pedir o lanche, mas que só na hora de pagar a conta questionou o preço. “Ela deu tipo um escândalo, perguntando que valores eram aqueles. Nosso gerente, que é negro, se aproximou para saber o que estava acontecendo. É o trabalho dele, inclusive, agir assim nessas situações. Aí começaram os insultos. Depois nossa técnica de nutrição também se aproximou e ela ficou gritando ‘agora vem mais outra negra para tentar me roubar’.”
A padaria, que funciona há 13 anos no local e tem outra unidade em Brasília, falou em nota que os funcionários continuam trabalhando normalmente e que repudia todo tipo de preconceito. Carvalho destacou o estranhamento dele e dos outros sócios diante da situação.
"A gente ficou muito surpreso. No mundo de hoje ainda ter gente com essa cabeça, é lamentável. Eles querem levar para frente isso e nós vamos dar todo o amparo jurídico e legal para essa situação."
A suspeita foi indiciada por injúria racial e  lesão corporal. A Polícia Civil não informou por quanto tempo ela pode ficar presa, caso seja condenada. No ano de 2012, a Secretaria de Segurança Pública registrou 409 casos de injúria racial.
Dados da Companhia de Planejamento indicam que 53,5% da população no DF são de negros e pardos. A maior concentração de negros por região se encontra na Estrutural (76%) e as menores, nos lagos Sul e Norte (19%). "Essa diferença social por si só já é uma expressão do racismo existente na sociedade brasiliense", afirma a empresa.
O GDF lançou em março um serviço telefônico para receber denúncias de racismo contra índios, negros, ciganos e quilombolas. Entre 20 de abril e 17 de maio, o serviço recebeu 3.034 ligações – 28 casos foram caracterizados como caso de discriminação (injúria e racismo).

Para fazer a denúncia, é preciso ligar para o telefone 156, opção 7. As denúncias são tratadas de forma sigilosa.
Outros casos
Em março deste ano, a empregada doméstica Márcia Pereira do Nascimento afirmou a filha dela de 12 anos foi espancada perto de uma parada de ônibus da avenida Potiguar, no Recanto das Emas, no Distrito Federal, por ser negra.
"As meninas disseram que não aceitavam negras no beco delas. Minha filha falou que tudo bem, que já estava indo embora, mas elas responderam que, como ela estava lá, ela teria que pagar pelo que fez", disse, na época.
No mês anterior, a mãe de um menino de 8 anos registrou boletim de ocorrência alegando que o filho sofreu preconceito racial dentro da escola, no Núcleo Bandeirante. Uma colega de turma teria dito ao garoto que ele nunca arrumaria namorada por ser "preto, sujo, feio e fedido".
A coordenação do colégio afirmou ter conhecimento sobre o caso e disse não tolerar nenhum tipo de preconceito. O caso foi encaminhado para o Conselho Tutelar.

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Dominguinhos continua lutando pela vida


Músico, de 72 anos, está internado há cinco meses. Filho e mulher de sanfoneiro divergem sobre administração dos bens dele.

A lembrança da infância. “Quando ele morava com a gente, ainda garoto, ele já acordava tocando”, lembra Mauro Moraes, filho de Dominguinhos.
E os dias de hoje. “Agora ele pega em mim e fica fazendo como se estivesse tocando sanfona”, conta a mulher de Dominguinhos, Guadalupe Mendonça.

A segunda mulher e o filho do primeiro casamento sabem que a sanfona está fazendo falta para Dominguinhos. Há cinco meses o músico, de 72 anos, está internado em um quarto, no quinto andar de um hospital em São Paulo, longe das festas juninas do Nordeste.

“Nós lotávamos aquelas praças enormes com essa sequência de luxo, a delícia daquelas plateias nordestinas”, lembra o músico Zé Ramalho.

A famosa festa de São João de Caruaru, em Pernambuco, que sempre teve Dominguinhos, começou este fim de semana sem ele. A banda Mastruz com Leite lembrou do sanfoneiro.

Dominguinhos ficou conhecido depois que passou a tocar com Luiz Gonzaga, ainda na adolescência. Em uma entrevista, o músico se recordou de um elogio de Gonzagão.

“Eu estava gravando forró no estúdio com ele, e ele me apresentou à imprensa como o herdeiro artístico dele”, contou.

A última vez que o sanfoneiro subiu em um palco foi no dia 13 de dezembro de 2012, em Exu, Pernambuco, em uma homenagem aos 100 anos do nascimento de Gonzaga. Quatro dias depois, Dominguinhos foi internado em Recife, com infecção respiratória. Teve pelo menos cinco paradas cardíacas. Em janeiro, foi transferido para São Paulo. Os médicos dizem que Dominguinhos está melhorando.
Há cinco meses ele tinha uma infecção generalizada, insuficiência cardíaca e arritmia, usava um marca-passo, os rins não funcionavam, ele fazia hemodiálise e respirava com a ajuda de aparelhos.

Segundo o hospital, Dominguinhos já não usa mais marca-passo e se curou da infecção. Os rins voltaram a funcionar, e ele não precisa mais do respirador artificial. Mas, na parte neurológica, Dominguinhos mantém apenas uma consciência mínima, responde a alguns estímulos e consegue manter os olhos abertos.

“Eu tenho momentos de interação com ele, como quando ele começou a movimentar as mãos e me puxar. Ele puxa você para ele e chora, mas não pode falar”, descreve Guadalupe Mendonça.

Mauro e Guadalupe, que também foi companheira de banda de Dominguinhos, estão sempre no hospital, mas não se falam. Mauro pediu na Justiça a interdição do pai.
“O processo de interdição visa a manutenção da integridade daquela pessoa, da integridade do patrimônio daquela pessoa, porque a gente sabe que o processo é delicado, que os custos com a manutenção da saúde dele muito provavelmente serão altos”, explica a advogada de Mauro, Rita de Cassia Wiechnann.

O filho do sanfoneiro é contra Guadalupe ser a responsável pela administração dos bens de Dominguinhos. Mas ela mostra várias procurações que recebeu do artista.

“Dá direito a tudo: abrir conta, fechar conta, fazer tudo. Jamais usei indevidamente”, afirma Guadalupe Mendonça, explicando uma das procurações.

“Tudo bem que foi ele quem passou essa procuração para ela, mas eu não concordo porque a mulher não mora mais com ele, ela está separada há muitos anos”, justifica Mauro Moraes.

“Eu sou casada com Dominguinhos, mas a gente achou melhor morar separados”, diz Guadalupe Mendonça, confirmando ainda que eles não convivem mais como marido e mulher.

Depois de receber a equipe do Fantástico em casa, Guadalupe procurou o programa. Tinha mudado de ideia e não queria mais que a entrevista fosse ao ar. Mas o Fantástico avaliou que a participação dela era necessária como contraponto às declarações do filho de Dominguinhos.
Em um ponto, Mauro e Guadalupe concordam.

“Eu desejo para o Dominguinhos amigos leais, saúde, a recuperação dele”, diz Guadalupe Mendonça.

“A coisa que eu mais quero no mundo é, de repente, ele acordar e dizer ‘meu filho’ com aquele jeito dele”, diz Mauro Moraes.

Não é só o talento. Dominguinhos também conquista pelo carisma.

“É um ser humano de uma docilidade incrível, de uma elegância também fantástica, um humor apurado”, descreve a cantora Elba Ramalho.

Zé Ramalho lembra que Dominguinhos aprendeu a tocar sozinho.

“A musica teórica, a pauta musical, não tinha a mínima importância para ele. Ele chamava de desenhos e achava engraçados aqueles riscos. Dominguinhos toca qualquer tipo de ritmo: xote, jazz, improviso de choro”, diz Zé Ramalho.

“Eu já disse: ‘Levanta daí, Dominguinhos, e vem para o palco. A gente está aqui te esperando’”, conta Elba Ramalho.

“Dominguinhos, você nunca vai ficar só porque todo mundo está aí esperando pela sua recuperação”, declara o cantor Alceu Valença.


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sábado, 1 de junho de 2013

A beleza da Caatinga

       Fotógrafo e biólogo Carlos Eduardo Beserra Nobre revela a caatinga pernambucana a partir dos insetos

Desde 2011, o biólogo recifense Carlos Eduardo Beserra Nobre desmitifica o universo da caatinga, estereotipado em cenários secos e sem vida. Em incursões pelo Sertão pernambucano, com uma câmera fotográfica pendurada no pescoço, Carlos Eduardo vai revelando episódios da vida animal. É especialista em lepidópteros, ordem de insetos que inclui as borboletas e mariposas. Daí o nome do blog onde expõe suas imagens sertanejas: Vidas Breves (vidas-breves.blogspot.com). “Elas vivem, em média, 15 dias apenas”, conta o biólogo. “E também tem o sentido de vidas breves, abreviadas. Pela destruição de ecossistemas, pela ação humana”.

As fotos são tiradas com uma lente macro acoplada à câmera digital. No início, quando fazia o mestrado em biologia animal, na Universidade Federal de Pernambuco, entre 2005 e 2007, a intenção era documentar. Aos poucos o trabalho virou arte. O objetivo é mostrar os detalhes das carapaças, das asas, é explorar as cores. Os animais parecem mais vivos nas fotos do que em seu próprio habitat, árido até para eles. “Ainda há poucas pesquisas na caatinga, é o ecossistema brasileiro menos estudado. Não sabemos bem que estratégias esses animais utilizam para sobreviver nesses ambientes, mas eles conseguiram se adaptar”, diz Carlos Eduardo. Confira, a seguir, imagens selecionadas especialmente para a Aurora. DP
Lagarta de Agraulis vanillae (borboleta)
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Cirandeiros e cirandeiras. Assista ao Vídeo

"Projeto História, Cultura e Patrimônio"
No passado, dançar ciranda era uma forma de encontrar e pegar a mão da pessoa amada.  Ciranda, uma dança que aproximava corações apaixonados.

Ciranda é... música, ritmo, linguagem, cultura, poesia, história, sociologia, antropologia, alegria, tradição que segue... Ciranda é qualidade de vida, tecnologia social  e humanidades...
Esse é o ritmo das aulas práticas de arte com o Professor Edgar S. Santos, na EREM  Justulino F. Gomes,  com assessoria de Paulo Roberto. Bom Jardim, teve no passado vários grupos de ciranda que animavam festividades na cidade e nas comunidades rurais. O "Projeto, História , Cultura e Patrimônio" resgata essa importante brincadeira alegre e democrática. 
 Jovens são estimulados a conhecer, sentir, vivenciar e valorizar a cultura regional.


Fique por dentro CIRANDA

Lúcia Gaspar
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco




 
É uma dança típica das praias que começou a aparecer no litoral norte de Pernambuco. Uma das cirandeiras mais conhecidas é a Lia de Itamaracá. Surgiu também, simultaneamente, em áreas do interior da Zona da Mata Norte do Estado. É muito comum no Brasil definir ciranda como uma brincadeira de roda infantil, porém na região Nordeste e, principalmente, em Pernambuco ela é conhecida como uma dança de rodas de adultos. Os participantes podem ser de várias faixas etárias, não havendo impedimentos para a participação de crianças também.
Há várias interpretações para a origem da palavra ciranda, mas segundo o Padre Jaime Diniz, um dos pioneiros a estudarem o assunto, vem do vocábulo espanhol zaranda, que significa instrumento de peneirar farinha e que seria uma evolução da palavra árabe çarand.
A ciranda, assim como o coco em Pernambuco, era mais dançada nas pontas-de-rua e nos terreiros de casas de trabalhadores rurais, partindo depois para praças, avenidas, ruas, residências, clubes sociais, bares, restaurantes. Em alguns desses lugares passou a ser um produto de consumo para turistas.

É uma dança comunitária que não tem preconceito quanto ao sexo, cor, idade, condição social ou econômica dos participantes, assim como não há limite para o número de pessoas que dela podem participar. Começa com uma roda pequena que vai aumentando, a medida que as pessoas chegam para dançar, abrindo o círculo e segurando nas mãos dos que já estão dançando. Tanto na hora de entrar como na hora de sair, a pessoa pode fazê-lo sem o menor problema. Quando a roda atinge um tamanho que dificulta a movimentação, forma-se outra menor no interior da roda maior.

Os participantes são denominados de cirandeiros e cirandeiras, havendo também o mestre, o contra-mestre e os músicos, que ficam no centro da roda. Voltados para o centro da roda, os dançadores dão-se as mãos e balançam o corpo à medida que fazem o movimento de translação em sentido anti-horário. A coreografia é bastante simples: no compasso da música, dá-se quatro passos para a direita, começando-se com o pé esquerdo, na batida forte do bombo, balançando os ombros de leve no sentido da direção da roda. Há cirandeiros que acompanham esse movimento elevando e baixando os braços de mãos dadas. O bombo ou zabumba, mineiro ou ganzá, maracá, caracaxá (espécie de chocalho), a caixa ou tarol formam o instrumental mais comum de uma ciranda tradicional, podendo também ser utilizados a cuíca, o pandeiro, a sanfona ou algum instrumento de sopro.

O mestre cirandeiro é o integrante mais importante da ciranda, cabendo a ele "tirar as cantigas" (cirandas), improvisar versos, tocar o ganzá e presidir a brincadeira. Ele utiliza um apito pendurado no pescoço para ajudá-lo nas suas funções. O contra-mestre pode tocar tanto o bombo quanto a caixa e substitui o mestre quando necessário. As músicas podem ser as já decoradas, improvisadas ou até canções comerciais de domínio público transformadas em ritmo de ciranda. Pode-se destacar três passos mais conhecidos dos cirandeiros: a onda, o sacudidinho e o machucadinho. Alguns dançarinos criam passos e movimentos de corpo, mas sempre obedecendo a marcação que lhes impõe o bombo. Não há figurino próprio. Os participantes podem usar qualquer tipo de roupa e a ciranda é dançada durante todo o ano.

A partir da década de 70 as cirandas começaram a ser dançadas em locais turísticos do Recife, como o Pátio de São Pedro e a Casa da Cultura, modificando um pouco a dança que se tornou mais um espetáculo. O mestre, contra-mestre e músicos saíram do cento da roda para melhor se adaptarem aos microfones e aparelhos de som, passando também a haver limite de tempo para a brincadeira. Compositores pernambucanos como Chico Science e Lenine enriqueceram seus repertórios, utilizando a ciranda nos seus trabalhos.

Uma das cirandas mais conhecidas é a de Antônio Baracho da Silva:

Estava
Na beira da praia
Ouvindo as pancadas
Das águas do mar
Esta ciranda
Quem me deu foi Lia
Que mora na ilha
De Itamaracá


Recife, 12 de novembro de 2004.
(Atualizado em 25 de agosto de 2009).
Ilustrações de Rosinha.



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Desfile de Motocicletas em São Paulo


Evento atraiu pessoas do Brasil e até estrangeiros do Paraguai.
Festa faz parte das comemorações de 110 anos da Harley-Davidson.

Rafael Miotto.G1.
Desfile foi realizado na Zona Norte de São Paulo (Foto: Flávio Moraes/G1)Desfile foi realizado na Zona Norte de São Paulo (Foto: Flávio Moraes/G1)

Um desfile reuniu motociclistas de diversos cantos do Brasil e até estrangeiros, em São Paulo, neste sábado (1). De acordo com a organização do evento, cerca de 2 mil motos fizeram percurso de 15 km que saiu do Anhembi, na Zona Norte da cidade, e foi até a Barra Funda, retornando depois ao ponto inicial. O ato fez parte das comemorações de 110 anos da fabricante norte-americana Harley-Davidson, com diversas festas ao redor do mundo durante o ano.
“Todo mundo busca a felicidade de alguma forma e nós a conseguimos com a liberdade. Para mim, a melhor maneira de atingi-la é com a moto”, diz o motociclista Adalberto Biazzi, artista plástico de 49 anos. Ele veio de Louveira, no interior de São Paulo, para participar da celebração, com sua Harley-Davidson Shovelhead de 1977. “Este é um modelo clássico, era a moto utilizada pelo Elvis Presley”, acrescenta Biazzi, conhecido como “Cerlvage” entre os amigos.

Além de brasileiros, o evento contou com a participação de um grupo de 17 paraguaios. “Viemos de Assunção de moto, foram 1.450 km de viagem”, explica Gustavo Vigo, presidente do Harley Club Paraguai. “Todos brasileiros têm nos tratado muito bem, nos sentimos em casa”, acrescenta Vigo. Para os motociclistas, esta paixão pelo veículo e seu estilo de vida aproxima as pessoas.
Grupo de paraguaios veio ao Brasil para a celebração da Harley-Davidson (Foto: Rafael Miotto/G1)Grupo de paraguaios veio ao Brasil para a
celebração da Harley-Davidson
(Foto: Rafael Miotto/G1)
Para todos os gostos
Segundo a Harley-Davidson, 5 mil pessoas devem participar da festa em São Paulo, que tem ainda shows musicais e apresentações com manobras radicais com moto, até o final deste sábado, na Arena Anhembi. Entre os participantes, estão pessoas de todas as idades, homens, mulheres e também casais.

“Nós somos muito parceiros e andamos sempre de motos juntos”, afirma Elaine Castagnoli, de 52 anos, que veio à festa acompanhada de seu marido Rogério Castagnoli, também de 52 anos. “É muito emocionante, toda esta integração e socialização”, acrescenta Rogério. O casal participou do desfile também com uma moto da marca norte-americana, mas, apesar de maioria absoluta, as motos da H-D dividiram espaço com modelos de outras marcas.
Casal foi de BMW ao evento da Harley (Foto: Rafael Miotto/G1)Casal foi de BMW ao evento da Harley
(Foto: Rafael Miotto/G1)
O casal Rosane Meciano, de 47 anos, e Éder, de 49 anos, foram ao evento com uma BMW R 1200 GS. “Temos muitos amigos de Harley. Às vezes tem alguma brincadeira por ser de outra marca, mas estamos sempre juntos”, explica Éder. Para participar do desfile, eles viajaram 1.660 km desde de Cuiabá, no Mato Grosso.

Motos ‘tunadas’
Além de motos originais, muitos motociclistas trouxeram à celebração motos personalizadas ou customizadas. Existem modelos de diversas cores e tamanhos, entre os destaques está um moto com chifres, do artesão Arnold Santo, de 56 anos. “Coloquei um chifre de búfalo na minha moto”, diz Arnold.
Segundo ele, a explicação para tal feito está na utilização das motocicletas. “A moto é a evolução do cavalo, por isso coloquei os chifres”, explica o artesão.
Motociclista colocou chifres de búfalo  (Foto: Rafael Miotto/G1)Motociclista colocou chifres de búfalo (Foto: Rafael Miotto/G1)
Casal de motociclistas na festa de 110 anos da Harley-Davidson (Foto: Rafael Miotto/G1)Casal de motociclistas na festa de 110 anos da Harley-Davidson (Foto: Rafael Miotto/G1)
Adalberto Biazzi e sua H-D Shovelhead de 1977  (Foto: Rafael Miotto/G1)Adalberto Biazzi e sua H-D Shovelhead de 1977 (Foto: Rafael Miotto/G1)

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Eleitores de Primavera e Santa Maria da Boa Vista escolhem prefeito


Quatro municípios pernambucanos voltam às urnas, dois deles domingo, para escolher novo prefeito




Clima na cidade de Primavera, na Zona da Mata Sul, é de expectativa para a nova eleição municipal. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press (Annaclarice Almeida/DP/D.A Press)
Clima na cidade de Primavera, na Zona da Mata Sul, é de expectativa para a nova eleição municipal. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press
Uma estrada com apenas duas mãos, uma de ida e outra de volta, entre canaviais, leva até o município de Primavera, Zona da Mata de Pernambuco. Esta cidade é uma das quatro do estado onde a Justiça eleitoral determinou nova eleição, suspendendo o resultado da anterior. Os eleitores vão voltar às urnas no próximo domingo para, enfim, se não houver mais nenhum problema, escolherem o novo prefeito do município. Situação semelhante vai ocorrer em Santa Maria da Boa Vista e em Brejo da Madre de Deus, esta última com novas eleições marcadas para o dia 7 de julho. Já em Água Preta ainda não há uma data definida para o pleito.

O vencedor do pleito do ano passado, de acordo com as urnas, foi Rômulo César Moura Peixoto, mais conhecido como Pão com Ovo (PRTB). Ele, porém, sequer assumiu. Foi barrado pela Lei da Ficha Limpa sob acusação de compra de votos, crime ocorrido na campanha eleitoral de 2004. Na época, ele também se candidatou a prefeito, ganhando a disputa. Assumiu, mas teve o mandato cassado um ano e meio depois e, assim como agora, foi necessária a realização de nova eleição suplementar. Um fato, cujos detalhes são pouco lembrados na cidade. "Eu votei naquela época, mas não lembro porque teve outra eleição", comentou o aposentado Silvanio Coelho, um dos 10.164 eleitores de Primavera.

Impedido de seguir na disputa, Pão com Ovo decidiu lançar agora a mãe, Naza (PRTB). "Meu filho me apoia como filho e como político. Ele aconselha eu ser objetiva, falar apenas daquilo que sei. Muitas vezes, vai junto comigo para as visitas, mas quando não pode, vou com o grupo dele", disse a candidata, que trabalhou muitos anos como professora.

O principal concorrente dela é o ex-prefeito Jadeildo Gouveia da Silva, o Galego do Gás (PR). Ele foi o segundo colocado nas eleições municipais de 2012 e sua candidatura esteve ameaçada devido à uma ação da  coligação adversária, que alegava inelegibilidade por rejeição de contas públicas. Na última terça-feira (28), porém, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) analisou o caso e considerou, por 4 votos a 2, que não havia motivos suficientes para a impugnação da candidatura de Galego do Gás, mantendo assim os dois grupos políticos rivais, que se alternam no poder do município há 20 anos, aproximadamente, na disputa.

Enquanto o novo prefeito não é conhecido, o presidente da Câmara, vereador Edmilton Zacarias, o Mima da Banca (PSC), vem ocupando interinamente a prefeitura. "É uma experiência amarga. Encontrei muitas dificuldades, salários atrasados e dívidas que impediram de receber recursos federais. Além disso, não existiu transição. Mas na rua sou cobrado como prefeito", comentou o político, que foi para o Executivo com a expectativa de passar, no máximo, 90 dias.


Municípios que terão eleições suplementares

Primavera
Eleição: 2 de junho
10.238 eleitores

Candidatos
Dra. Tânia Maria (PSC)
Fernando Dentista (PDT)
Galego do Gás (PR)
Naza (PRTB)

Santa Maria da Boa Vista
Eleição: 2 de junho
27.274 eleitores

Candidatos
Antônio Pereira (PV)
Eliane Costa (PSL)
Jetro do Nascimento Gomes (PSB) - registro indeferido
Paulo Pontes (PRP)

Brejo da Madre de Deus
Eleição: 7 de julho
30.336 eleitores

Candidatos
Hilário de São Domingos (PSDC)
Roberto Asfora (PSDB)

Obs: O município de Água Preta ainda não há candidatos inscritos, nem data da eleição suplementar

Primavera viveu situação parecida na eleição anterior. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press (Annaclarice Almeida/DP/D.A Press)
Primavera viveu situação parecida na eleição anterior. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press
Antigos vices querem prefeitura

A decisão da Justiça de marcar uma nova eleição em Primavera gerou uma reviravolta política na cidade. Os vices dos principais candidatos a prefeito em 2012 romperam alianças e decidiram virar cabeças de chapa. Logo na entrada da cidade uma grande bandeira e quatro cavaletes sinalizam para o comitê de um deles. Trata-se de Fernando Dentista (PDT), ex-vice de Galego do Gás.

"Todos os dias fazemos porta a porta reuniões com o povo. A cidade está abandonada, na saúde não temos médico, no cemitério não se pode mais enterrar ninguém. É um caos", disse. Fernando Dentista lembra que, em 2008, disputou a prefeitura como vice na chapa de Pão com Ovo, adversário político de Galego do Gás, que perdeu a eleição naquele momento. "Decidi me candidatar independente deles, pois vi que nenhum dos dois tinha compromisso. Era briga pelo poder",
alfinetou.

Semelhante a Fernando Dentista, Tânia Maria, conhecida como Dra. Tânia (PSC), caiu em campo para disputar a prefeitura. No ano passado, ela disputou como vice de Pão com Ovo. "No ano passado, a gente queria disputar independente dele, mas o grupo achou que não ganharia e se uniu com Pão com Ovo. Ele aceitou porque tínhamos um grupo grande, mas assim que saiu o resultado começou a nos escantear", explicou a candidata.

Presidente da Câmara vem gerindo a prefeitura. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press (Annaclarice Almeida/DP/D.A Press)
Presidente da Câmara vem gerindo a prefeitura. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press
Novo embate entre rivais

Dos quatro municípios pernambucanos que terão eleição suplementar, Água Preta foi o último a ter a situação definida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última terça-feira. A data para o pleito ainda será marcada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), que também decidirá o dia em que o atual presidente da Câmara de Água Preta, Elias de Alegrete (PTN), assumirá interinamente o cargo de prefeito. Por enquanto, ainda não há candidatos inscritos, mas os dois protagonistas da disputa de outubro do ano passado, Eduardo Coutinho (PSB), que estava no comando da prefeitura, e Armando Souto (PDT), devem voltar a se encontrar nas urnas.

Em 2012, Armando Souto venceu a disputa, derrotando o então prefeito Eduardo Coutinho. Porém, ele disputou sub judice, já que teve problemas para obter legenda para concorrer à reeleição. Souto conquistou 52,75% dos votos no município, mas devido ao questionamento judicial, a Justiça Eleitoral, em primeira instância, decidiu pela realização de um novo pleito, já que havia obtido mais de 50% dos votos.

Coutinho recorreu da decisão de primeira instância no TRE. O tribunal, liminarmente, deu posse ao socialista, decidindo pela não realização de novas eleições. Souto então recorreu ao TSE, que retomou o entendimento original e determinou a realização de nova eleição municipal.

Colaborou o repórter Tauan Saturnino, especial para o Diario de Pernambuco.


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