A Polícia Federal identificou um homem suspeito de ter quebrado, durante os atos golpistas de 8 de janeiro, no Palácio do Planalto, um relógio do século 17, trazido ao Brasil pelo imperador Dom João VI em 1808. Segundo a CNN, a Polícia Federal confirmou que o responsável pela depredação é Cláudio Emanoel da Silva Gomes, morador da cidade goiana de Catalão. Ele ainda não foi preso.
Como era e como ficou o relógio depredado por homem durante ato golpista no Planalto. Foto: Reprodução/Twitter
Imagens do circuito interno do Planalto flagraram o homem, vestido com uma camiseta preta estampada com o rosto de Jair Bolsonaro, quebrando e jogando ao chão o relógio Balthazar Martinot. O acusado retirou os ponteiros e uma estátua de Netuno, que era fixada à obra de arte. A gravação foi exibida domingo passado pelo Fantástico
Depois de depredar o relógio, o criminoso destruiu a câmera do circuito interno na tentativa de encobrir o crime. Ele também aparece em foto da Agência Brasil, feita do lado de fora do Planalto, arremessando algum objeto contra o palácio.
A primeira pista sobre o golpista foi apontada por um vizinho dele em Catalão, de acordo com o site Goiás24h. A mesma pessoa relatou que o suspeito recebia R$ 150 por dia para atuar no QG bolsonarista no município. Em vídeo publicado um dia após a eleição, ele aparece no bloqueio de uma rodovia, ajoelhado, no meio do asfalto, sob chuva, tentando impedir a passagem de caminhões.
Além do exemplar do Planalto, só há outra unidade de Balthazar Martinot, que fica no Palácio de Versalhes, na França. O governo brasileiro não sabe se será possível recuperar a peça.
Com informações de https://congressoemfoco.uol.com.br/
A polícia alemã negou ser "auxiliar de Greta Thunberg" após falsas alegações de que a detenção da ativista sueca durante um protesto no oeste da Alemanha foi encenada.
Uma postagem que viralizou nas redes sociais diz — falsamente — que a detenção de Thunberg tinha "tudo preparado para as câmeras".
Ao lado de outros ativistas, ela estava tentando impedir que a vila abandonada de Lützerath fosse demolida para a ampliação de uma mina de carvão.
O vídeo de Thunberg sendo removida do local pela polícia ganhou milhões de visualizações nos últimos dias.
"Nunca nos sujeitaríamos a fazer tais gravações", disse um porta-voz da polícia local à BBC, que negou as alegações que circularam na internet a respeito da detenção de Thunberg.
O vídeo viral mostra a ativista do clima cercada por policiais.
Enquanto os acontecimentos se desenrolam, alguns fotógrafos tiram fotos e se movem ao redor da confusão, e Thunberg sorri.
Vários policiais que também estavam por perto e parecem esperar para afastá-la do local.
Essa cena foi suficiente para que alguns perfis nas redes sociais alegassem sem provas que os policiais faziam parte de uma encenação e serviram para garantir as fotos de Thunberg detida.
No entanto, o Ministério do Interior do Estado da Renânia do Norte-Vestfália disse à BBC que os policiais e Thunberg estavam aguardando no local por razões logísticas.
"Eles tiveram que esperar alguns minutos antes de poderem levá-la a um determinado carro da polícia", disse o porta-voz.
O representante acrescentou que "toda a situação foi distorcida por motivos políticos e a verdadeira razão [para a espera dos policiais] é completamente prática e mundana".
A jornalista Christian Wernicke, da agência de notícias alemã Süddeutsche Zeitung estava no local durante a detenção. Ela disse que no momento em que o vídeo foi gravado, os policiais "estavam decidindo como procederiam com a verificação de identidade e esperando para levar Greta a um veículo".
"Minha impressão foi a de que houve uma confusão. Greta não foi a primeira manifestante a ser retirada de um protesto", acrescentou Wernicke.
"Tenho visto diferentes reações ao vídeo. Alguns dizem que a filmagem parece mostrar polícia armando para envergonhá-la, enquanto outros dizem que tudo faz parte de uma peça de propaganda."
"As pessoas interpretam e usam a filmagem para justificar suas próprias motivações."
Muitos perfis de redes sociais também alegaram que a prisão de Thunberg foi "falsa". A polícia esclareceu que ela não foi presa, mas, sim, detida brevemente.
O grupo de ativistas foi detido depois de "correr em direção à borda" da mina Garzweiler 2, informou a polícia na terça-feira (17/1).
Os agentes de segurança também confirmaram que todos os envolvidos não serão acusados formalmente.
Thunberg tem sido frequentemente alvo de teorias da conspiração e falsas alegações na internet, muitas vezes por aqueles que negam a existência das mudanças climáticas provocadas pela ação da humanidade.
No Twitter, ela escreveu: "Ontem fiz parte de um grupo que protestou pacificamente contra a expansão de uma mina de carvão na Alemanha. Fomos questionados e detidos pela polícia, mas depois acabamos liberados mais tarde naquela noite."
O governo brasileiro confirmou seu desligamento da Declaração do Consenso de Genebra sobre Saúde da Mulher e Fortalecimento da Família, uma aliança conservadora formada por 37 países e que se posiciona pelo direito à vida, contra o aborto e pelo reconhecimento da família como base da sociedade.
Em nota, os ministérios das Relações Exteriores, da Saúde, das Mulheres, dos Direitos Humanos e da Cidadania afirmaram que o governo considera que o documento possui "entendimento limitativo dos direitos sexuais e reprodutivos e do conceito de família".
Segundo as pastas, esse entendimento pode comprometer a plena implementação da legislação nacional sobre o tema, incluindo os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ao mesmo tempo, o governo comunicou à Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) e à Comissão Interamericana de Mulheres da OEA (Organização dos Estados Americanos) a decisão de se associar ao Compromisso de Santiago e à Declaração do Panamá - entendimentos criados para a promoção da igualdade e da equidade de gênero
O que é o Consenso de Genebra?
O grupo foi criado pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump em outubro de 2020, quando 32 países assinaram a declaração em uma cerimônia virtual.
O entendimento foi reafirmado em 2021 e, antes da saída do Brasil, já contava com 37 nações integrantes.
O grupo buscava uniformizar a atuação de governos conservadores em votações sobre a temática dos direitos reprodutivos, educação sexual, legalização do aborto e defesa da família em órgão internacionais
A declaração de sete pontos enfatiza, entre outras coisas, a união dos países em torno da ideia de que o aborto não "deve ser promovido como método de planejamento familiar" e que "quaisquer medidas ou mudanças relacionadas ao aborto dentro do sistema de saúde só podem ser determinadas em nível nacional ou local de acordo com o processo legislativo nacional".
O texto cita em vários momentos o comprometimento das nações em promover o "mais alto padrão de saúde", além de segurança e direitos iguais para as mulheres, mas sem incluir o aborto.
Os signatários ainda reafirmam que "não há direito internacional ao aborto, nem qualquer obrigação internacional por parte dos Estados de financiar ou facilitar o aborto".
A iniciativa foi liderada pelos Estados Unidos ao lado de Brasil, Egito, Hungria, Indonésia e Uganda.
Na cerimônia virtual de assinatura do documento, em 2020, o Brasil foi representado pelos então ministros das Relações Exteriores e da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo de Jair Bolsonaro, Ernesto Araújo e Damares Alves.
Em 2021, após a eleição de Joe Biden, os EUA deixaram a iniciativa e, a partir dali, o Brasil assumiu maior protagonismo entre o grupo.
O que pode mudar com o desligamento da declaração?
A BBC News Brasil consultou pessoas envolvidas com o tema - favoráveis e contrárias à assinatura do Consenso de Genebra - para entender quais podem ser os impactos da saída do Brasil.
Para a antropóloga Lia Zanotta Machado, professora da Universidade de Brasília (UnB) e defensora da ampliação do acesso ao aborto no país, o desligamento será positivo para a ampliação dos direitos femininos.
"A saída representa um alívio para que os direitos das mulheres e a interrupção da gravidez dentro do que postulam o Código Penal e o STF (Supremo Tribunal Federal) voltem a ser encaminhados no Brasil sem todas as dificuldades impostas nos últimos anos", diz.
"Estar fora da aliança contra o aborto é estar fora dos movimentos ultraconservadores, que são conservadores não só nos costumes, mas também em termos de justiça social."
Segundo Zanotta, após se juntar ao grupo, o governo brasileiro passou a aprovar diversas portarias que dificultaram o acesso das mulheres ao aborto mesmo nos casos em que o procedimento é permitido - quando a gravidez é decorrente de estupro, quando há risco à vida da gestante ou quando há um diagnóstico de anencefalia do feto.
Entre elas está a portaria GM/MS nº 2.561, de 23 de setembro de 2020, que estabelecia a necessidade de o médico comunicar o aborto à autoridade policial responsável.
O texto também destacava que era preciso preservar possíveis evidências materiais do crime de estupro, como fragmentos do embrião ou feto. Ela foi revogada pelo Ministério da Saúde nesta semana.
Para a antropóloga, o desligamento é também "um sinal verde" para que o STF possa desengavetar uma ação que pede a legalização total do aborto nas 12 primeiras semanas de gestação, a ADPF 442.
A saída do Brasil do grupo deve significar ainda uma mudança de posição em organismos internacionais - o que, para a especialista, "é um alívio".
"As extremas-direitas estão forçando posições cada vez mais conservadoras nos organismos internacionais, o que cria cada vez mais condições para impedir os direitos e a dignidade das mulheres", afirmou à BBC.
Já para a advogada Angela Gandra Martins, ex-secretária Nacional da Família do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Bolsonaro, a saída do Brasil do Consenso trará prejuízos para o trabalho na área de direitos humanos e desenvolvimento familiar.
"O Consenso deu origem a uma plataforma de debate e intercâmbio em termos de direitos humanos, de forma positiva e compositiva", afirma a professora da Universidade Mackenzie, que participou dos esforços de coordenação e redação da declaração e afirma que vários marcos positivos foram alcançados pelos países do grupo.
Para ela, o desligamento deve impactar diretamente no funcionamento de uma série de projetos impulsionados pela aliança, principalmente daqueles relacionados à promoção do desenvolvimento familiar e da co-responsabilidade no lar como forma de apoio às mulheres. "Nós vamos voltar às políticas familiares de assistencialismo. Mas a família precisa de autonomia, não de assistencialismo", diz.
Além disso, a professora de Direito acredita que a decisão do novo governo pode levar à "estaca zero na autonomia humana". "Estão planejando acabar com tudo que o movimento pró-vida fez. Não exigir boletim de ocorrência para a realização de um aborto em caso de esturpo é uma incoerência jurídica", diz.
"Eles vão lutar por legalizar aborto no Brasil, mas vai haver muita oposição."
Gandra Martins ainda recusa a ideia de que o Consenso de Genebra seja uma "aliança antiaborto". Segundo ela, o documento trata de muitas questões além dessa, tal como a defesa da projeção da mulher na sociedade, a formação de novas famílias e a defesa da vida de forma geral.
"O aborto não é padrão de saúde - para muitas mulheres que abortaram, foi na verdade um déficit para a saúde", diz.
Para a deputada federal Chris Tonietto (PL), campeã de proposições de temas relacionados ao aborto na Câmara no período analisado que se define como pró-vida e pró-família, a mudança de governo e a retirada do Brasil da aliança é "um retrocesso gigantesco".
"O novo governo deixou claro, mais uma vez, que não envidará esforços para flexibilizar o aborto no país, além de ter demonstrado seu compromisso com o avanço da cultura da morte, o que contraria a vontade da esmagadora maioria da população brasileira", afirmou a deputada à BBC.
Algumas das últimas pesquisas feitas sobre o tema mostram um crescimento na aceitação da população em relação ao aborto da forma como ele está previsto na lei atualmente, ou seja, legal apenas em casos de estupro, risco à vida da gestante ou diagnóstico de anencefalia do feto, do que à ampliação do direito.
Uma pesquisa do Datafolha divulgada no início de junho mostrou que 39% dos brasileiros entrevistados consideram que a lei deve permanecer como está, enquanto 26% disseram acreditar que o aborto deve ser permitido em mais situações ou em todas as situações.
Por outro lado, 32% disseram concordar com a total restrição da interrupção da gravidez no país. Em dezembro de 2018, a taxa era de 41%.
Na pesquisa, 31% dos brasileiros disseram ser favoráveis à descriminalização do aborto sempre que for o desejo da mulher — a média nos países pesquisado foi de 46%.
Viver com medo de fraturar uma vértebra, um braço ou o quadril pode ser cansativo. É o que acontece com quem sofre de osteoporose, a condição que deixa os ossos mais porosos.
A doença se caracteriza pela redução da massa óssea e atinge 30% das mulheres com mais de 50 anos — e 8% dos homens.
A fragilidade óssea que acompanha a osteoporose reduz a qualidade de vida dos pacientes e está associada a altas taxas de morbidade e mortalidade.
Além disso, em muitas ocasiões se torna uma doença incapacitante.
Há fatores que aumentam o risco de sofrer de osteoporose que não somos capazes de influenciar — como a idade, o sexo, a etnia ou a presença de algumas patologias, como o hipogonadismo.
No entanto, muitos outros fatores podem ser modificados, incluindo baixo peso corporal, falta de atividade física, pouca exposição ao sol, uso de alguns medicamentos, consumo de café, tabaco e álcool.
Cálcio (e sol) para os ossos
Também sabemos que existem certos hábitos alimentares que, embora não evitem o aparecimento da osteoporose, reduzem o risco de sofrer da condição.
Estudos indicam que a ingestão adequada de cálcio melhora a densidade mineral óssea, especialmente durante a infância e a adolescência.
Na idade adulta, a ingestão de cálcio parece estar mais relacionada a uma menor perda de massa óssea do que a um aumento dela.
Na prática, para ingerir cálcio podemos consumir laticínios, assim como leguminosas como soja e seus derivados; frutos secos, como amêndoas; e legumes e verduras, como brócolis, couve ou couve-flor.
O espinafre também contém cálcio, mas não é tão bem absorvido.
Por outro lado, ter níveis adequados de vitamina D no organismo ajuda a absorver o cálcio ingerido, e o mineral a se fixar no osso, reduzindo consideravelmente o risco de sofrer de osteoporose.
Essa vitamina é encontrada apenas em alimentos de origem animal, principalmente em peixes oleosos, e em menor quantidade em outros alimentos, como laticínios.
Além disso, hoje muitos alimentos de origem vegetal, como bebidas vegetais, incorporam vitamina D.
É claro que essa vitamina não é exclusivamente de origem alimentar: ela também é sintetizada no organismo quando nossa pele é exposta à luz solar.
Por esse motivo, a exposição ao sol é recomendada por cerca de 15 minutos ao dia.
Proteínas na medida certa
A ingestão de proteínas nos países desenvolvidos costuma ser suficiente, até mesmo excessiva. Isso afeta a fragilidade dos ossos? Não está claro.
Por isso, para prevenir a osteoporose, não é aconselhável aumentar seu consumo acima das necessidades do corpo.
O que parece indiscutível é que quanto mais equilibrada for a nossa alimentação, melhor será a nossa saúde óssea.
Para começar, as evidências sobre o efeito protetor das diferentes dietas ainda são muito limitadas e não permitem tirar conclusões claras e fazer recomendações a esse respeito.
E embora haja indícios de que a dieta mediterrânea poderia ajudar a prevenir a osteoporose, nem todos os estudos constataram esse efeito benéfico.
Tampouco é uma má ideia imitar as populações asiáticas com uma dieta rica em soja e peixes oleosos. Há evidências de que esses padrões reduzem a incidência de fraturas associadas à osteoporose.
O que, sem dúvida, não ajuda a evitar a fragilidade óssea é abusar de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar e gordura de má qualidade, ou de cereais refinados, entre outros.
Seguir esse tipo de dieta, que não é saudável, está associado a uma menor densidade óssea e, portanto, a um maior risco de osteoporose em idades mais avançadas.
Em outras palavras, além de aumentar a prevalência de obesidade e outras patologias, e de fazer mal ao coração, a junk food deteriora os ossos.
* Saioa Gómez Zorita é professora da Universidade do País Basco, pesquisadora do grupo de nutrição e obesidade do Centro Espanhol de Pesquisa Biomédica em Fisiopatologia da Obesidade e Nutrição (CiberObn) e do Instituto de Pesquisa Sanitária Bioaraba, Universidade do País Basco / Euskal Herriko Unibertsitatea.
Maitane González Arceo é estudante de pré-doutorado, grupo de nutrição e obesidade, Universidade do País Basco/Euskal Herriko Universitatea.
María Puy Portillo é professora de nutrição, Centro Espanhol de Pesquisa Biomédica em Fisiopatologia da Obesidade e Nutrição (CiberObn), Universidade do País Basco/Euskal Herriko Universitatea.
Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em espanhol.
Saioa Gómez Zorita, Maitane González Arceo e María Puy Portillo