quinta-feira, 30 de setembro de 2021

As diferenças entre o comunismo da China, da União Soviética e da América Latina

História: Comunismo e geopolítica atual

Um pôster mostrando Karl Marx, Lenin e Mao Tse-Tung.

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Em 1º de outubro de 1949, Mao Tse-Tung estabeleceu a República Popular da China, com base nas teorias de Marx e Lenin

Quando Mikhail Gorbachev visitou Pequim em maio de 1989 para a primeira cúpula sino-soviética em 30 anos, os dois maiores Estados comunistas do mundo enfrentaram uma encruzilhada histórica.

Na praça Tiananmen, naquela cidade, estudantes e trabalhadores clamaram por reformas democráticas, em protestos descritos como o maior desafio ao Estado chinês desde a Revolução de 1949.

Gorbachev promoveu transformações políticas e econômicas na União Soviética (URSS) que, de fato, inspiraram muitos dos manifestantes em Pequim.

Mas, alguns meses depois naquele mesmo ano, o colapso surpresa da URSS começaria com a queda do Muro de Berlim, na Alemanha, que separava o mundo entre o Oriente e o Ocidente.

Por sua vez, o Partido Comunista Chinês resolveu suas divisões internas sobre como responder aos protestos domésticos, com o triunfo da ala linha-dura, e o massacre de manifestantes que se seguiu em Tiananmen abalou o mundo.


Nesta quinta-feira (1/7), o Partido Comunista Chinês comemora seu centenário de fundação, em 1921, consolidando-se como um dos partidos políticos mais poderosos do planeta, com uma influência que chega até à América Latina.

Longe de considerar esse resultado fortuito, diferenças cruciais entre o comunismo chinês e o soviético explicam por que um permanece no poder enquanto o outro desapareceu.

"O interessante é que, embora os sistemas soviético e chinês tenham adotado a forma do partido leninista como principal veículo político, na URSS, isso levou à atrofia e à esclerose, enquanto na China continua sendo uma organização adaptável e flexível", diz Anthony Saich, professor de Relações Internacionais da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

'Reinvente-se para sobreviver'

Após sua fundação e até assumir o poder sob a liderança de Mao Tse-Tung, o partido desenvolveu uma revolução local com características próprias por quase três décadas.

Saich, autor de De rebelde a governante: 100 anos do Partido Comunista Chinês, observa que isso deu ao grupo experiência em lidar com diferentes ambientes antes de exercer o poder e representa uma grande diferença em relação aos comunistas soviéticos.

Mao Tse Tung proclama a República Popular do Portão da Paz Celestial em 1º de outubro de 1949

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O maoísmo promoveu uma pregação beligerante contra o Ocidente

Depois disso, a República Popular da China passou por vários estágios, desde "O Grande Salto À Frente" para industrializar a economia até a "Revolução Cultural" para eliminar os rivais políticos.

Milhões de pessoas morreram nesses períodos, principalmente de fome, após a escassez de alimentos entre 1959 e 1961, mas também como resultado da perseguição política desencadeada em 1965.

No entanto, Saich enfatiza que o partido "foi capaz de se reinventar para sobreviver àqueles traumas que teriam derrubado quase qualquer outro partido" e, então, provou "ser muito flexível desde 1978", com a reforma e abertura promovidas por seu líder Deng Xiaoping.

Para ele, esse pragmatismo chinês marcou outra diferença com a URSS, que já havia alcançado uma maior industrialização quando entrou em apuros e a "esclerose" do sistema atrapalhou as reformas econômicas de Gorbachev.

O líder soviético Mikhail Gorbachev durante sua visita à China em maio de 1989

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Mikhail Gorbachev visitou a China em uma época desafiadora para ambos os Estados comunistas

Mario Esteban, pesquisador do Instituto Real Elcano, na Espanha, explica que, depois das mudanças implementadas por Deng, o partido chinês combinou a manutenção de um regime de partido-Estado com o capitalismo de Estado.

"O sistema capitalista na China teve ou tem muito mais peso do que jamais teve na URSS", diz Esteban, que também é professor de Estudos do Leste Asiático na Universidade Autônoma de Madri.

O progresso econômico das últimas décadas permitiu que a China melhorasse a qualidade de vida de sua população e que o Partido Comunista Chinês evitasse novos protestos como os de Tiananmen, mesmo sem implementar reformas democráticas como fez Gorbachev.

Recentemente, o atual presidente chinês, Xi Jinping, deixou claro que está determinado a manter o poder do partido, sem dar espaço para opiniões divergentes, assim como fez a URSS durante sua existência.

O paradoxo latino-americano

Outra diferença que Esteban destaca entre o comunismo chinês e o soviético é que a revolução maoísta foi baseada mais nos camponeses do que a revolução russa, em que o proletariado industrial era a chave.

Camponeses na China

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Mao baseou seu apoio popular no campesinato chinês

Por outro lado, após chegar ao poder, o Maoísmo promoveu uma pregação mais beligerante contra o Ocidente do que a URSS, que defendia uma "coexistência pacífica" na Guerra Fria, um dos fatores por trás da ruptura sino-soviética na década de 1960.

Tanto o caráter rural da revolução maoísta quanto a atitude combativa de seu líder para com o mundo capitalista fizeram com que alguns esquerdistas na América Latina vissem a China como um modelo.

De fato, na década de 1960, surgiram partidos comunistas "pró-chineses" no Brasil, na Bolívia e em todos os países da costa sul-americana do Pacífico.

Marisela Connelly, especialista em História Chinesa do Colegio de México que estudou esse fenômeno, argumenta que os países da região que mais foram influenciados pelo maoísmo são a Colômbia e o Peru, onde grupos com essa tendência política, como o Exército de Libertação Popular e Sendero Luminoso, praticaram a luta armada por décadas.

Xi Jinping acenando diante de fundo vermelho

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Durante a presidência de Xi Jinping, a China ampliou sua influência na América Latina

Durante a Guerra Fria, explica Connelly, a China deu às organizações da América Latina alinhadas com seu partido comunista apoio ideológico, cooperação agrícola e, em alguns casos, treinamento de guerrilha.

Mas a influência do partido chinês era muito maior em outras regiões, começando com o sudeste da Ásia, e nenhum grupo maoísta latino-americano chegou ao poder ou esteve perto de conseguir isso.

Por outro lado, sem ser vista como um modelo ideológico ou revolucionário, nos últimos 20 anos, a China alcançou uma influência sem precedentes na América Latina com seu crescente poder econômico, tornando-se um importante parceiro comercial e financeiro da região.

"O interessante também é que agora sim os países latino-americanos estão vendo a China como um modelo, apesar da relação econômica assimétrica", argumenta Connelly."É como outro paradoxo da história."

  • Gerardo Lissardy
  • BBC News Mundo
  • 01/07/2021
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Covid provoca maior queda da expectativa de vida desde a Segunda Guerra




O levantamento conclui ainda que a expectativa de vida ao nascer caiu, de 2019 para 2020, em 27 dos 29 países analisados -os dados são de 27 nações europeias, além de EUA e Chile; o Brasil não entrou na análise.


O impacto da pandemia de Covid-19 nos índices de mortalidade alcançou em 2020 uma magnitude não testemunhada desde a Segunda Guerra Mundial, na Europa Ocidental, ou desde a dissolução da União Soviética, na Europa Oriental.

As conclusões são de um estudo publicado neste domingo (26) no International Journal of Epidemiology e conduzido por um grupo de pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e da Universidade do Sul da Dinamarca.

O levantamento conclui ainda que a expectativa de vida ao nascer caiu, de 2019 para 2020, em 27 dos 29 países analisados -os dados são de 27 nações europeias, além de EUA e Chile; o Brasil não entrou na análise. Os grupos em que houve maior redução são os de homens americanos e lituanos (queda de 2,2 e 1,7 anos, respectivamente).

Quedas de mais de um ano também foram registradas nas expectativas de vida em homens de 11 países e em mulheres de 8, afirma o relatório.
Para dimensionar a gravidade dessa redução, os pesquisadores explicam que esse grupo de nações levou, em média, 5,6 anos para elevar a expectativa de vida de sua população em um ano -progresso que a pandemia de coronavírus eliminou ao longo de 2020 apenas.
Ainda segundo o levantamento, mulheres de 15 países e homens de 10 terminaram o ano passado com uma expectativa de vida menor do que a registrada em 2015.
A expectativa de vida ao nascer é uma das métricas mais usadas para analisar a saúde e a longevidade de determinada população.

O índice se refere à média de anos que uma amostra de recém-nascidos viveria se estivesse sujeita aos índices de mortalidade vigentes no momento da medição. Embora não deva ser interpretado como previsão ou projeção da duração da vida em âmbito individual, ele permite a identificação de padrões nos índices de mortalidade.

No contexto da Covid-19, explicam os pesquisadores, a expectativa de vida ao nascer permite comparar "impactos cumulativos da pandemia com choques de mortalidade no passado e tendências recentes em diferentes países".

Assim, é possível analisar, por exemplo, os efeitos diretos e indiretos do coronavírus nos estudos populacionais. Segundo o relatório, a queda nos índices dos países avaliados se explica, entre outros motivos, pela maior mortalidade da Covid entre homens e pessoas com idade mais avançada -justamente os dois grupos que vinham puxando a curva da expectativa de vida para cima nos últimos anos.

Como efeitos indiretos da pandemia, os pesquisadores destacam o aumento do número de mortes por outras causas, devido a adiamentos e atrasos de tratamentos de doenças cardiovasculares e de câncer, por exemplo, com a sobrecarga de hospitais. Por outro lado, há indícios de que medidas de restrição do contágio, como lockdowns, tenham diminuído o número de mortes por acidentes nas estradas.

O estudo toma como base de comparação dados demográficos registrados entre 2015 e 2019. Todos os grupos analisados sofreram queda na expectativa de vida e em uma dimensão que anula quase todos os ganhos dos cinco anos anteriores, com exceção das mulheres na Finlândia e de pessoas de ambos os sexos na Dinamarca e na Noruega.

Os países escandinavos fogem à tendência constatada no estudo devido, segundo os pesquisadores, a "intervenções precoces não farmacêuticas, juntamente com um sistema de saúde robusto".
O fato de os EUA apresentarem resultado tão negativo pode ser explicado por algumas hipóteses levantadas no relatório. Uma delas é a de que, apesar de ter uma população mais jovem, o país apresenta maior índice de comorbidades entre pessoas com menos de 60 anos.

"Outros fatores, como aqueles ligados ao racismo estrutural e à desigualdade no acesso ao sistema de saúde entre a população economicamente ativa, podem ajudar a explicar o aumento da mortalidade", diz o estudo. São citados artigos científicos que apontam que populações socialmente desfavorecidas nos EUA, como negros e latinos, tiveram perdas em expectativa de vida três vezes maiores do que a média nacional.

Apesar de não integrar a análise, o Brasil é citado nas conclusões do relatório, ao lado do México, como nação emergente "devastada pela pandemia", onde as perdas em expectativa de vida podem ser ainda maiores do que as demais mencionadas.

Os autores observam ainda que, devido à falta de informações "completas e confiáveis", somente dois países de fora da Europa -EUA e Chile- puderam ser objeto de análise. Nos demais, "os verdadeiros impactos da pandemia na mortalidade podem nunca ser totalmente conhecidos".

Folha de Pernambuco

Comprovante de vacinação é exigido em igrejas e templos religiosos com mais de 300 pessoas no Estado




Entrou em vigor ontem (27), a flexibilização determinada pelo Governo de Pernambuco para igrejas e templos religiosos, permitindo 2,5 mil pessoas nos locais, ou 80% da capacidade, o que for menor e a ampliação no horário, das 5h à 1h da madrugada.

Porém, a partir de 300 frequentadores, existe a necessidade do controle seguro do esquema vacinal. 90% das vagas são para as pessoas que estão com a vacinação completa, ou seja, com a segunda dose da vacina ou com uma dose, no caso de vacina de dose única . Os outros 10% dos lugares são destinados ao público que tenha a confirmação da primeira dose e o exame RT-PCR feito 48 horas antes ou o antígeno realizado 24 horas antes da celebração.

“A gente conta com o apoio das paróquias, das igrejas, dos pastores e das diversas religiões, como eles já vêm fazendo. Têm muitas missas que você precisa agendar para comparecer e eles já estavam fazendo esse controle de 300 pessoas e respeitando os protocolos sanitários”, destacou a secretária executiva de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Ana Paula Vilaça.

O que dizem os representantes religiosos

De acordo com o babalorixá Manoel Papai, representante do terreiro de candomblé Obá Ogunté- Sítio Pai Adão, as atividades abertas ao público ainda estão suspensas e o terreiro continua seguindo os protocolos sanitários contra a doença. 

“No momento, estamos com atividades restritas à quantidade de pessoas, os atendimentos presenciais são agendados e todos utilizam máscaras. A casa desde o início da pandemia está com as festas religiosas (aberta ao público) suspensas, ainda sem previsão de retorno. Quanto a determinação do governo referente às celebrações nós achamos de extrema importância esse controle. Estamos seguindo as determinações de precaução, visando a proteção do povo de terreiro e de toda a sociedade”, explicou o babalorixá Manoel Papai, representante do terreiro de candomblé Obá Ogunté- Sítio Pai Adão.

Segundo a presidente da Federação Espírita de Pernambuco, Cristina Pires, a instituição está trabalhando com mais reuniões e menos público e segue com a capacidade de 100 pessoas no local.

“A gente sempre orienta para as casas espiritas o cumprimento da legislação em vigor, e também, a maioria das nossas casas não comportam 300 pessoas ou mais, são poucas, nós aqui na sede comportamos 500 pessoas, e a gente optou por trabalhar com menos pessoas e mais horários disponíveis, voltando gradualmente e permitindo apenas 100 pessoas no momento”, explicou. 

A representante do grupo de jovens da Assembleia de Deus Campo do Recife, Thamires Mayara, afirma que ainda está aguardando o posicionamento do presidente da igreja a respeito da flexibilização e que a higienização é realizada todos os dias no local.

A Equipe da Folha de Pernambuco também entrou em contato com a Arquidiocese de Olinda e Recife e com a Primeira Igreja Batista do Recife, e foi informada que os representantes estariam disponíveis para mais informações hoje (28). 

Folha de Pernambuco


Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Como o que aconteceu em Saigon na Guerra do Vietnã se compara ao que está acontecendo em Cabul

História e geopolítica da atualidade


Helicóptero militar dos EUA sobrevoa Cabul durante a retirada de americanos em 15 de agosto de 2021

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Helicóptero militar dos EUA sobrevoa Cabul durante a retirada de americanos em 15 de agosto de 2021

A comparação é inevitável.

Um helicóptero solitário dos Estados Unidos sobrevoa a capital de um país tomado por uma força insurgente que avança rapidamente. As embaixadas estrangeiras são desocupadas. O caos reina nas ruas enquanto civis, assustados com as possíveis represálias do novo governo que se impõe, tentam desesperadamente deixar o país nos últimos voos disponíveis.

As cenas são de 15 de agosto de 2021 em Cabul, no Afeganistão. Mas poderiam ser as mesmas de 46 anos atrás no Vietnã.

Em 30 de abril de 1975, Saigon, até então capital do Vietnã do Sul, foi derrubada diante da entrada das forças comunistas do norte, marcando o fim de uma intervenção militar americana de quase duas décadas no país asiático.

Foi um momento humilhante para o país mais poderoso do mundo. A guerra do Vietnã é considerada a primeira derrota militar dos Estados Unidos — da qual ainda restam sequelas físicas e emocionais.

Agora, muitos críticos do atual governo americano rotulam a queda de Cabul como "a Saigon de Joe Biden".

Um helicóptero dos EUA tenta retirar civis da cobertura de um prédio em 29 de abril de 1975, em Saigon

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Saigon, 29 de abril de 1975: um helicóptero dos EUA tenta retirar civis da cobertura de um prédio

Civis afegãos tentam desesperadamente embarcar em avião no aeroporto de Cabul
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Civis afegãos tentam desesperadamente embarcar em avião no aeroporto de Cabul

O que aconteceu no Vietnã?

Os Estados Unidos se envolveram no conflito do Vietnã em 1954, após a também humilhante derrota das forças imperiais da França, que havia colonizado o território conhecido como Indochina desde o século 19.

O Vietnã foi dividido em dois países, com o Vietnã do Norte controlado por uma ideologia comunista, sob a liderança de Ho Chi Minh, cujo objetivo era a reunificação.

O então presidente americano, Dwight Eisenhower, decidiu intervir em apoio ao Vietnã do Sul, convencido de que, se caísse nas mãos do comunismo, o mesmo aconteceria em breve com os países vizinhos - o chamado efeito dominó.

Embora Eisenhower não tenha mobilizado tropas, ele enviou assessores e assistência militar. O governo seguinte, de John Kennedy, se envolveu mais profundamente, destinando mais orçamento e divisões militares, além de conduzir operações secretas.

Mas foi só em 1965 que os Estados Unidos entraram formalmente na guerra sob a liderança do presidente Lyndon Johnson, com uma campanha intensa de bombardeios contra alvos norte-vietnamitas e a presença de mais de 500 mil soldados no ápice do conflito.

No total, mais de 2,5 milhões de americanos serviram na guerra.

Talebãs armados andam de carro pelas ruas da província de Laghman em 15 de agosto de 2021

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Talebãs armados andam de carro pelas ruas da província de Laghman em 15 de agosto de 2021

Tropas norte-vietnamitas entram em Saigon de carro em 30 de abril de 1975

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Saigon, 30 de abril de 1975: tropas norte-vietnamitas entram na capital do Vietnã do Sul de carro

O conflito continuou durante o governo de Richard Nixon, até que este, aos poucos, retirou quase todas as tropas de combate americanas e negociou os Acordos de Paz de Paris em 1973.

Os acordos previam a saída unilateral dos Estados Unidos e a troca de prisioneiros. Nixon havia prometido proteger o Vietnã do Sul com bombardeios aéreos para que não fosse arrasado pelo Norte, mas seus próprios problemas com o escândalo do caso Watergate o impediram de fazer isso.

Quando Gerald Ford assumiu o comando da Casa Branca em 1974, o equilíbrio de poder no Vietnã estava claramente a favor do Norte, que lançou uma ofensiva final, culminando na queda de Saigon em 30 de abril de 1975.

Cenas de caos foram presenciadas nas ruas, com multidões aglomeradas em frente à embaixada dos Estados Unidos e ao aeroporto de Saigon, buscando desesperadamente sair do país, enquanto as forças comunistas vitoriosas ocupavam a capital.

A guerra do Vietnã em vários círculos é considerada objeto de vergonha nacional para os Estados Unidos. Um longo conflito que tirou a vida de 58 mil soldados americanos e mais de 2 milhões de vietnamitas, custou mais de US$ 100 bilhões na época e, ainda assim, não conseguiu atingir os objetivos estabelecidos.

Afegãos pulando o muro do Aeroporto Internacional Hamid Karzai para tentar fugir do Afeganistão

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Muitos pularam o muro do Aeroporto Internacional Hamid Karzai para tentar fugir do Afeganistão

Civis vietnamitas tentam embarcar em um ônibus para serem levados até a embaixada dos EUA para uma possível fuga, em 30 de abril de 1975

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Civis vietnamitas tentam embarcar em um ônibus para serem levados até a embaixada dos EUA para uma possível fuga, em 30 de abril de 1975

Uma intervenção diferente com um final parecido

A guerra dos Estados Unidos no Afeganistão durou 20 anos, o conflito bélico mais longo da história americana. Embora a intervenção no Vietnã tenha durado mais ou menos o mesmo tempo, essa guerra só foi formalizada como tal cerca de 10 anos depois de início do conflito.

No Afeganistão, eles não lutavam mais contra o comunismo. O novo inimigo era o declarado "terrorismo", promovido principalmente pela Al-Qaeda com a aprovação do Talebã, que controlava o país asiático.

Após os ataques de 11 de setembro de 2001, o presidente George W. Bush lançou uma forte ofensiva aérea que logo derrubou o governo do Talebã e baniu a Al-Qaeda do Afeganistão.

Mas depois dessa vitória, o plano mudou e o foco foi a completa derrota militar do Talebã e a reconstrução das instituições do Estado afegão para evitar que se tornasse uma base para extremistas novamente.

Isso implicava em uma forte presença militar que foi reforçada pelo presidente Barack Obama com a ideia de proteger a população do Talebã, enquanto tentava reintegrar os insurgentes à sociedade.

O plano de Obama também incluía treinar o Exército afegão e prepará-lo para a retirada gradual das tropas americanas e a transferência de responsabilidade para as forças afegãs.

A estratégia teve pouco êxito, com um grande número de ataques do Talebã contra civis, policiais e militares afegãos, mal preparados para resistir.

Pessoas correm na pista do aeroporto de Cabul tentando embarcar em um avião da Força Aérea dos Estados Unidos
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Pessoas correm na pista do aeroporto de Cabul tentando embarcar em um avião da Força Aérea dos Estados Unidos

Refugiados vietnamitas embarcam em navio da Marinha dos Estados Unidos, antes da queda de Saigon em abril de 1975

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Refugiados vietnamitas embarcam em navio da Marinha dos Estados Unidos, antes da queda de Saigon em abril de 1975

Mais de 800 mil militares dos EUA serviram no Afeganistão — mais de 2,3 mil morreram e cerca de 20 mil ficaram feridos.

Mas foram os afegãos que sofreram o maior impacto. Foram registradas mais de 60 mil mortes nas forças de segurança e quase o dobro de civis.

Em termos econômicos, a fatura para o contribuinte americano chega perto de US$ 1 trilhão (aproximadamente R$ 5,2 trilhões), apontam estimativas.

Depois de sofrer milhares de baixas no conflito e do reconhecimento de que o Talebã era uma força enraizada no Afeganistão, os Estados Unidos assinaram um acordo de paz com o grupo fundamentalista islâmico em fevereiro de 2020, em Doha.

O compromisso do então presidente Donald Trump era retirar todas as tropas num período de 14 meses, enquanto o Talebã garantiria não permitir que a Al-Qaeda ou outros grupos extremistas operassem em seus territórios e que dialogaria com o governo do Afeganistão.

A história se repete?

Agora, com o novo ocupante da Casa Branca, Joe Biden, há pouco mais de seis meses no poder, a retirada dos militares americanos e de seus aliados deixou o governo afegão sem apoio para impedir a retomada da capital Cabul pelas forças do Talebã.

As cenas de caos vistas há 46 anos em Saigon se repetem na capital afegã. Milhares de afegãos chegaram ao aeroporto tentando fugir.

O Pentágono informou em comunicado que suas tropas continuam a controlar o aeroporto.

Soldados americanos que foram enviados recentemente para ajudar na retirada de seus cidadãos teriam atirado para o ar para dispersar a multidão.

Soldados americanos vigiam o aeroporto de Cabul, enquanto civis são separados por cerca de arame farpado

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Soldados americanos vigiam o aeroporto de Cabul, enquanto civis são separados por cerca de arame farpado

Fuzileiros navais dos EUA vigiam a entrada da embaixada em Saigon, enquanto uma multidão de vietnamitas espera para ser retiradas do país em 29 de abril de 1975

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Fuzileiros navais dos EUA vigiam a entrada da embaixada em Saigon, enquanto uma multidão de vietnamitas espera para ser retiradas do país em 29 de abril de 1975

Biden havia garantido que não seriam vistos helicópteros retirando os funcionários da embaixada dos Estados Unidos, mas foi o que se viu — e o líder da minoria republicana na Câmara, Steve Calise, foi rápido em apontar isso.

"Este é o momento Saigon do presidente Biden e, infelizmente, era muito previsível", declarou.

O secretário de Estado, Anthony Blinken, tentou atenuar a cena afirmando que "não é Saigon" e insistindo que a rápida retirada das tropas foi resultado do prazo de 1º de maio definido pelo acordo assinado pelo governo Trump em 2020.

Blinken sugeriu que a alternativa teria sido uma guerra em grande escala contra o Talebã para impedi-los de tomar grandes territórios no país.

Manifestação em frente à sede das Nações Unidas, após a queda de Saigon, exigindo ajuda humanitária para quem quer deixar o Vietnã

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Manifestação em frente à sede das Nações Unidas, após a queda de Saigon, exigindo ajuda humanitária para quem quer deixar o Vietnã

Por outro lado, Champa Patel, diretora do programa Ásia-Pacífico do centro de estudos Chatham House em Londres, afirma que o foco agora deveria estar nos civis afegãos — e não no que pode representar politicamente para uma potência estrangeira.

"O que é urgentemente necessário agora é garantir a proteção do povo afegão. Os Estados deveriam concentrar suas mentes em facilitar vistos, dar segurança para o povo, fornecer assistência humanitária no país e buscar uma solução política pacífica", afirmou em comunicado.

BBC 18/08/21

Especial: Vietnã, 25 Anos Depois
O Vietnã revisitado
Ataque de napalm, no Vietnã

Brian Barron

Saigon já foi a capital de um país. Hoje, o nome da cidade e o país em questão - Vietnã do Sul - fazem parte apenas da memória.

Eles foram retirados do mapa por legiões de revolucionários do Vietnã do Norte, no que se tornou uma das vitórias mais surpreendentes dos tempos modernos.

Vinte e cinco anos atrás, a promessa dos Estados Unidos de ficar ao lado de seu aliado, Saigon, foi abandonada.

O major James Kean, um dos últimos homens a serem evacuados pelo teto da embaixada norte-americana em Saigon, relembra a humilhação.

Os últimos marines deixam pelo teto da embaixada

"Eu chorava e todos chorávamos. Nós chorávamos por uma série de motivos", ele diz.

"Mas mais do que tudo, nós estávamos envergonhados. Como os Estados Unidos da América pôde ter chegado à posição de enfiar o rabo entre as pernas e correr?"

Guerra Fria

No final dos anos 60, a Guerra Fria estava no auge e as superpotências tinham representantes no Vietnã.

A ex-colônia francesa havia sido repartida.

Hanói, capital do Vietnã do Norte, era apoiada pela então União Soviética e pela China comunista; Saigon, capital do Vietnã do sul, tinha o apoio dos Estados Unidos.

O Norte estava sob o patriarcado revolucionário de Ho Chi Minh, cuja cruzada era reunificar a nação.

Vietnã: a primeira guerra televisionada

O Sul era uma quase-democracia, mas corrupta e internamente dividida, com Washington tentando unificar as diferentes correntes.

Durante anos os EUA despejaram seus soldados no Vietnã, acreditando que um poder de fogo superior e a tecnologia iriam aniquilar os soldados comunistas do Norte e as guerrilhas do Vietcong.

O Pentágono sempre prometia uma lua no final do túnel.

Mas 58 mil vidas de norte-americanos foram perdidas.

A carnificina, sempre televisionada através dos EUA, provocou a revolta do público norte-americano com o conflito.

John Lennon e Yoko Ono estavam entre as celebridades que se juntaram ao movimento pacifista - que era tão intenso que tirou um presidente da Casa Branca, e eventualmente forçou a retirada de todas as forças norte-americanas do Vietnã.

Corrupção

Em 1973, um acordo de paz foi assinado.

Pelo acordo, o Vietnã continuava dividido, mas com enclaves de tropas comunistas espalhadas pelo Sul.

Helicóptero em ação

O líder de Saigon, presidente Nguyen Van Thieu, pode ter comandado o quarto maior exército do mundo, mas cravado de ganância e incompetência.

O coronel David Hackworth, o combatente norte-americano mais condecorado no Vietnã, diz que muitos dos generais do Vietnã do Sul que ele conhecia eram movidos por uma única coisa.

"Os norte-americanos eram tão ingênuos que eles estavam derramando dinheiro no Vietnã, enquanto os vietnamitas se apoderavam do dinheiro e abriam um negócio atrás do outro".

"Eles eram homens de negócio, e não generais em uma luta", diz Hackworth.

É um julgamento duro, mas correto.

Pânico

Há 25 anos eu estava em Tuy Hoa, na costa central do Vietnã, escrevendo sobre uma das maiores derrotas militares do final do século 20.

Refugiados e tropas correm para sair do país

Abalado por um levante comunista, o presidente do Vietnã do Sul, Nguyen Van Thieu, ordenou que um dos seus comandantes mais graduados retirasse secretamente seu exército das bases nas montanhas que asseguravam o controle da região central do país.

O exôdo que se seguiu se tornou conhecido como "o comboio de lágrimas".

"O pânico se estabeleceu", relembra o coronel Hackworth.

"A pior coisa que pode acontecer para um exército é ser dominado pelo medo… o esquema tático simplesmente vai pelo ralo".

"Foi isso o que aconteceu ali. Nós tivemos essa onda infernal de medo que tomou generais, coronéis, sargentos, soldados - todos correram. O caos tomou conta de tudo".

Comboio de lágrimas

Os veteranos comunistas do Norte ainda se lembram de quão fácil foi a destruição do "comboio do medo".

Garoto refugiado desce para barco

Mas o pior ainda estava por vir.

Logo em seguida, as notícias da retirada caótica das montanhas teve um impacto fatal na segunda cidade mais importante do Vietnã do Sul, Da Nang.

"Quando Da Nang caiu, foi o fim de metade do exército do Vietnã do Sul", diz o ex-analista da CIA sobre Saigon, Frank Snepp.

"E realmente foi o fim da metade superior do país".

"Naquele ponto, qualquer pessoa sensata teria começado a planejar algum tipo de evacuação. Mas isso não ocorreu", diz Snepp.

Evacuações

Em três semanas, o mapa do Sudeste da Ásia estava redesenhado.

Aglutinação na embaixada dos EUA

As tropas do Vietnã do Norte haviam tomado quase todo o sul e 15 divisões de tanques e infantaria comunistas estavam se aproximando de Saigon.

Multidões começaram a se aglutinar em torno da embaixada norte-americana, e os funcionários lá dentro tremiam.

Estima-se que pelo menos 90 mil vietnamitas do sul que haviam trabalhado para os norte-americanos deixaram o país.

Mas, enquanto os norte-americanos discutiam quão rápida deveria ser a evacuação, o tempo se esgotou.

Em Washington, o presidente Gerald Ford e seu secretário de Estado, Henry Kissinger, pensavam saber qual era sua obrigação.

"Nós tínhamos a obrigação de ajudar nossos aliados do Vietnã do Sul que queriam sair do país e ir para os Estados Unidos", diz Gerald Ford.

"Por um outro lado, o embaixador norte-americano em Saigon, Graham Martin, queria ficar e lutar até a última bala".

Traição

Entre os milhares de vietnamitas que receberam a garantia que seriam evacuados estava Kim Vin Luong, um intérprete da inteligência norte-americana, e seu marido, um piloto da força aérea.

Tropas do norte tomam o Palácio da Independência

Os comunistas iriam considerá-los como inimigos.

"Me disseram que um ônibus norte-americano iria até nossa casa para nos levar até o aeroporto", relembra Luong.

"Nada aconteceu, e eu esperei 18 anos com os comunistas por causa de uma promessa não cumprida da embaixada norte-americana".

Frank Snepp, o ex-agente da CIA, disse que estava aterrorizado pelos seus amigos vietnamitas que pediam para ser resgatados.

Eram gritos desesperados que chegavam por circuitos de rádio - um pesadelo sonoro.

"Eles diziam: eu sou Han, o tradutor, por favor, venha me buscar. E nós respondíamos: sim, claro, já estaremos aí - e, claro, nada nunca aconteceu".

Os norte-americanos deixaram a evacuação para muito tarde - perigosamente tarde.

Quinze horas antes da rendição de Saigon, centenas de vietnamitas cercavam a embaixada dos EUA.

Muitos receberam a promessa de entrar - e escapar -, mas a maioria foi deixada para trás.

O último militar norte-americano no Vietnã escapou pelo teto da embaixada, seguido por uma multidão de vietnamitas desesperados.

Eles lotaram o último helicóptero escalado para a evacuação, observados pelos vietnamitas do Norte que chegavam.

Mas o ex-gerneral do Vietnã do Norte, Vu Xuan Vinh, diz que as ordens eram para não atirar.

"Havia muitos helicópteros norte-americanos sobrevoando o local, mas tínhamos ordens de deixá-los escapar", ele relembra.

"Nós temíamos que, se atirássemos, a Força Aérea dos Estados Unidos iria interferir e isso iria atrapalhar a retirada".

Humilhação

Assim que os últimos norte-americanos se retiraram, 17 divisões das tropas do Vietnã do Norte se encaminharam para os portões da Palácio da Independência, em Saigon, que era a sede do governo.

Mas houve ainda uma humilhação seguinte no mar.

Festa após a queda de Saigon

Centenas de militares do sul escaparam em seus próprios helicópteros em direção à esquadra norte-americana de evacuação.

A movimentação foi tão grande que eles tiveram que atirar seus helicópteros no mar.

Não houve preocupação quanto aos custos - afinal, os norte-americanos já haviam gasto 12 anos e U$ 150 bilhões na cruzada perdida.

Cicatrizes

O envolvimento norte-americano no Vietnã terminou em um pesadelo de culpa e recriminação, e as cicatrizes permanecem abertas ainda hoje.

Frank Snepp relembra ter recebido um telefonema nas últimas horas de retirada, de uma mulher vietnamita que alegava que ele era o pai de seu filho.

Uniformes foram deixados pelas ruas

"Ela disse que tinha de deixar o país, ou iria matar a si e a seu filho".

"Eu disse: My Lai, eu não posso providenciar sua retirada agora - essa é a manhã do último dia. Ligue-me de volta em uma hora".

"Quando ela ligou novamente, eu estava em uma reunião no escritório do embaixador, então ela se matou e matou o garoto. Eu não pude atendê-la".

O presidente Ford reconhece que o fracasso para evacuar todos os prometidos pode ser considerada uma traição.

Mas ele diz: "Nós fizemos todo o possível. Eu me lembro que entre seis e sete mil pessoas nas últimas 24 horas foram evacuadas do teto da embaixada dos EUA".

Strip-tease

Assim que os vietnamitas do norte entraram em Saigon, os soldados vietnamitas do sul despiram-se de seus uniformes, em um strip-tease em massa.

Seus equipamentos de combate, roupas e botas foram deixados jogados pelas ruas.

Três divisões do exército do sul desapareceram em poucas horas - os soldados retornaram para seus vilarejos.

O coronel Hackworth diz que os soldados do Norte foram os mais motivados que ele já havia visto.

"Eles tinham muita munição em sua cintura. Eles tinham liderança. Eles eram totalmente dedicados e não estavam lutando em nome do comunismo", ele diz.

"Eles estavam lutando por independência, assim como os norte-americanos em 1776 lutaram contra os britânicos. Eles queriam o seu país livre de opressão estrangeira".

Isolamento

Hoje, um quarto de século depois daquele triunfo de dimensões épicas, o túmulo de Ho Chi Min em Hanói permanece como o chão sagrado do Vietnã unificado.

Mas os frutos da paz se provaram alusivos.

O isolamento do Vietnã se intensificou com o desaparecimento da União Soviética.

O Vietnã permanece atolado na interferência comunista e burocracia.

Novos hotéis estão vazios, e muitos investidores estrangeiros se retiraram.

Divisão

Para um repórter que retorna ao Vietnã 25 anos depois há muito que se admirar.

Como o profundo senso de auto-suficiência e progressos reais em saúde pública e educação.

Mas a audácia militar demonstrada pelo Norte ao promover a invasão do Sul nunca mais foi igualada por nenhuma audácia política.

Mesmo hoje, o único partido político e seus comunistas de estilo superado têm medo de idéias novas.

Sob a aparência de um Vietnã unificado, norte e sul permanecem como dois lugares bastante diferentes.

 

Brian Barron cobriu a Guerra do Vietnã como correspondente da BBC.

Professor Edgar Bom Jardim - PE