domingo, 29 de novembro de 2020

João Campos é o novo prefeito do Recife



O prefeito mais jovem da história da capital pernambucana, aos 27 anos. Uma das maiores apostas do PSB para o futuro, o deputado federal João Henrique de Andrade Lima Campos carrega no seu DNA a identidade do Partido Socialista Brasileiro e representa a continuidade da trajetória de líderes políticos históricos. 

Com mais de 90% dos votos apurados, o candidato João Campos, do PSB será  eleito o novo prefeito da cidade do Recife. Ele derrotou nas urnas a candidata Marília Arraes, do PT. As urnas revelaram que Marília nunca esteve na frente do processo eleitoral. Mais uma vez as pesquisas se demonstraram tendenciosas. O objetivo aparente era derrubar o PSB e favorecer o avanço dos grupos políticos da direita em Pernambuco.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

João Campos confiante na vitória


João Campos, candidato à Prefeitura do Recife pelo PSB, votou às 11h30 no EREM Professor Cândido Duarte, em Apipucos, na Zona Norte do Recife.

Bastante confiante, João votou rapidamente e agradeceu pelo apoio recebido nas ruas. "Estou muito feliz com o apoio que tenho recebido nas ruas, o carinho das pessoas", disse o candidato.

Campos estava acompanhado pela candidata a vice, Isabella de Roldão (PDT), por familiares, pelo prefeito Geraldo Julio (PSB), pelo governador Paulo Câmara (PSB) e apoiadores.

Pertencente à zona eleitoral 5, a escola é local de votação para 2.137 eleitores.

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Com informação de Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Desemprego no Brasil bate recorde histórico, aponta IBGE




A taxa de desemprego no Brasil  saltou para 14,6% no trimestre encerrado em setembro e atingiu 14,1 milhões de pessoas. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira 27  a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Essa é a maior taxa registrada na série histórica do IBGE, iniciada em 2012, e corresponde a 14,1 milhões de pessoas. Ou seja, mais 1,3 milhão de desempregados entraram na fila em busca de um trabalho no País”, informou o IBGE.

Na comparação com o trimestre anterior, a taxa de desocupação subiu em dez estados e ficou estável nos demais. As maiores taxas foram na Bahia (20,7%), em Sergipe (20,3%) e em Alagoas (20,0%). Já a menor foi registrada em Santa Catarina (6,6%).

taxa de informalidade chegou a 38,4% da população ocupada (ou 31,6 milhões de trabalhadores informais). No trimestre anterior, o número foi de 36,9% e, no mesmo trimestre de 2019, 41,4%.

Apenas as atividades de construção e agricultura tiveram crescimento da população ocupada no terceiro trimestre. Na construção, o aumento foi de 7,5%, o que representa 399 mil pessoas a mais trabalhando no setor. Na agricultura a alta foi de 3,8%, com mais 304 mil trabalhadores.

 


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Lei Aldir Blanc: Secult-PE anuncia resultado preliminar do Edital de Formação e Pesquisa



Depois do anúncio do resultado preliminar do Edital do Prêmio de Sustentabilidade Emergencial dos Circos Itinerantes (LAB-PE), a Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) divulga nesta quinta-feira (26) as propostas que foram selecionadas preliminarmente no certame de Formação e Pesquisa, vinculado à Lei Aldir Blanc em Pernambuco. O edital registrou 648 inscrições e teve 295 projetos aprovados nessa fase de pré-análise. Confira aqui o resultado.

Os candidatos que desejarem apresentar pedido de recurso ao resultado preliminar poderão fazê-lo entre os dias 30 de novembro e 4 de dezembro de 2020, exclusivamente pela plataforma do Mapa Cultural de Pernambuco, por meio deste formulário: www.mapacultural.pe.gov.br/oportunidade/707.

O resultado final das propostas classificadas será divulgado até o dia 11 de dezembro de 2020 (sexta-feira). Saiba mais sobre o Edital de Formação e Pesquisa (LAB-PE): www.cultura.pe.gov.br/editais/edital-de-formacao-e-pesquisa-lab-pe.



Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

VÍDEO: Aliados de Bruno Covas distribuem cestas básicas na periferia




Dezenas de pessoas formam uma fila. Algumas recebem panfletos. Outras saem com uma caixa de papelão na mão. Ao fundo, é possível ouvir em alto volume um jingle da campanha do prefeito Bruno Covas, candidato à reeleição pelo PSDB. Também há um carro cujo capô traz o número 45.

A cena aconteceu nesta quinta-feira 26, a três dias das eleições municipais na Brasilândia, Zona Norte da capital. A rua é a Raulino Galdino da Silva.

Moradores registraram a movimentação. Confira:

 

 

A ação foi promovida por uma entidade chamada Movimento Social Beneficente (Mosobe), ligada ao PSDB. A presidente da associação, Viviane Ferreira de Aquino Silva, foi assessora do ex-deputado Celino Cardoso (PSDB), político conhecido na região. Ele é pai de Aline Cardoso, atual secretária de Desenvolvimento Econômico e Trabalho na prefeitura.

CartaCapital entrou em contato com Emilson Almeida da Silva, diretor zonal do PSDB na Brasilândia. Silva confirmou a distribuição das cestas básicas, mas argumentou que tratava-se de ação social, sem relação com a campanha tucana.

“Um rapaz que veio aqui, que acho que é da comunidade próxima, parou com o carro aqui de campanha com o negócio ligado. Aí nós mandamos desligar. Não tem nada a ver com campanha, a entidade existe há mais de 20 anos”, disse.

Carta Capital

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Pernambuco registra 553 novos casos e 16 mortes por Covid-19, nas últimas 24 horas






A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) registrou, nesta quinta-feira (26), 553 novos casos da Covid-19. Entre os confirmados, 38 (7%) são casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 515 (93%) são leves. Agora, Pernambuco totaliza 178.639 casos confirmados da doença, sendo 27.883 graves e 150.756 leves.
 
Também foram confirmados 16  óbitos, ocorridos entre os dias 19 de agosto e 25 de novembro. Com isso, o Estado totaliza 8.987 mortes pela Covid-19. Na quarta-feira (25) o número de infectados pela doença chegou a bater a marca dos mil casos. 


As novas mortes são de pessoas residentes dos municípios de Buenos Aires (1), Cabo de Santo Agostinho (2), Camaragibe (1), Caruaru (1), Cupira (1), Gravatá (1), Pesqueira (1), Recife (5), Salgueiro (2) e Santa Cruz do Capibaribe (1).

Os pacientes tinham idades entre 45 e 89 anos. As faixas etárias são: 40 a 49 (3), 50 a 59 (1), 60 a 69 (3), 70 a 79 (5) e 80 a 89 (4). Do total, 10 tinham doenças pré-existentes: doença cardiovascular (6), hipertensão (2), diabetes (2), doença respiratória (2), obesidade (2), tabagismo/histórico de tabagismo (1), doença neurológica (1) e doença de Alzheimer (1) - um paciente pode ter mais de uma comorbidade. Os demais estão em investigação. 

Além disso, o boletim registra um total de 158.260 pacientes recuperados da doença. Destes, 17.838 eram pacientes graves, que necessitaram de internamento hospitalar, e 140.422 eram casos leves.

Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 24 de novembro de 2020

RenovaBR: os 147 jovens eleitos a serviço das elites em 2020



renova

Foto: Divulgação/RenovaBR

Grupo defende a “renovação política”. Na prática, só garante que os interesses dos seus financiadores sejam atendidos.

O RENOVABR FOI criado há três anos por milionários interessados em renovar e melhorar os quadros políticos do país. O grupo é novo, mas já tem grande poder de influência sobre a política brasileira. Em 2018, o Renova formou 133 estudantes e conseguiu eleger 17 políticos. Apesar dos seus criadores se dizerem apartidários e considerarem ultrapassado o conceito de direita e esquerda na política, mais da metade dos eleitos era do Novo, um partido de direita. Dos oito deputados federais eleitos pela sigla, quatro foram formados na escolinha do Renova. Neste ano, o grupo teve um crescimento gigantesco, chegando a eleger 147 alunos em 21 estados. Do total, 10 se elegeram como prefeitos. A lista de alunos eleitos não foi divulgada, mas ninguém tem dúvidas de que, como em 2018, a grande maioria foi eleita por siglas de direita.

Eduardo Mufarej, idealizador do grupo, era sócio de uma grande gestora de investimentos, a Tarpon, que já chegou a administrar cerca de 10 bilhões de reais. A especialidade dessa gestora é comprar ações de outras empresas e assumir a gestão delas. Mufarej tinha interesse também na área da educação. A Tarpon comprou o braço de educação do grupo Abril, a Abril Educação, por 1,7 bilhão de reais. A empresa virou a Somos Educação e se tornou a maior do país na área do ensino básico. Mufarej se tornou seu diretor-presidente.


Usando a mesma estratégia, a gestora de Mufarej assumiu o controle da BRF, que era a maior empresa de alimentos do país. Tudo ia bem quando a Tarpon levou um baque. Dois sócios de Mufarej foram indiciados por organização criminosa, estelionato, falsidade ideológica e crime contra a saúde pública no âmbito da Operação Carne Fraca, que investigava venda de carne adulterada, falta de fiscalização e fraudes contábeis. A empresa sofreu busca e apreensão, e um dos sócios chegou a ficar alguns dias na cadeia.

Mufarej saiu ileso, mas sua empresa perdeu muito dinheiro e ele resolveu dar um tempo. Foi nesse período que o milionário teve um insight que daria um novo propósito para a sua vida: “Eu já sabia que a gente estava caminhando para a venda da companhia, então comecei a pensar: o que vou fazer agora? Onde é que vai estar o meu próximo sentido? E a minha conclusão foi: eu preciso fazer alguma coisa que esteja afinada com o Zeitgeist, com a necessidade do país neste momento”, contou para a revista Piauí. Foi então que nasceu a ideia de criar o Renova.

Mas essa não foi a primeira investida do empresário na política. Há 10 anos, Mufarej apoiou financeiramente a candidatura do então candidato a deputado estadual Ricardo Salles, do DEM. A doação foi pequena, apenas 5 mil reais, mas nos oferece um indicativo de como pensa politicamente o investidor. Naquela época, o atual ministro do Meio Ambiente era líder do Movimento Endireita Brasil, um grupo que pregava a renovação da direita. Mas era uma renovação para pior, já que se tratava de um movimento reacionário, alinhado aos ideais do que hoje chamamos de bolsonarismo. Era esse tipo de político que fazia a cabeça de Mufarej.

Para criar o Renova, o investidor contou com a ajuda de outros milionários também preocupados com os rumos da política brasileira. Empresários como Luciano Huck, Wolff Klabin, Abílio Diniz, o publicitário Nizan Guanaes e o economista Armínio Fraga abraçaram o sonho de Mufarej. Com a ajuda desses empresários, o Renova conseguiu arrecadar mais de 18 milhões de reais em doações em 2018.

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Paulo Hartung, Eduardo Mufarej, Tayana Dantas e Luciano Huck tiram selfie em evento do Renova.

 

Foto: Divulgação/RenovaBR

Segundo a revista Piauí, a grade curricular do curso do Renova foi elaborada com a ajuda de três políticos escolhidos a dedo: ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (sem partido), a ex-senadora Ana Amélia, do Progressistas, e o ex-ministro Alexandre Baldy, também do PP — esses dois últimos apoiaram Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições. Baldy chegou a ser secretário de Transportes de Doria em São Paulo, mas teve que se afastar depois que se viu envolvido em esquema de propinas, chegando a ser preso pela Polícia Federal.

Além de oferecer curso de formação política, que eles garantem ser despidos de ideologia, o grupo financia seus candidatos para que eles possam se dedicar integralmente às campanhas políticas. O Renova garante não querer nada em troca, mas não é bem assim que as coisas funcionam na prática. Apoiar a reforma da previdência de Bolsonaro parece ser ponto pacífico para quem fez as aulas do Renova. Oito dos nove deputados federais formados pelo RenovaBR votaram a favor do projeto. A exceção foi Joênia Wapichana (Rede), a única parlamentar indígena do Congresso, que admitiu a necessidade de uma reforma, mas entende que ela deva “ser sustentável, justa e inclusiva”.

Ficou conhecido o caso em que a pedetista Tabata Amaral, uma rara aluna do Renova eleita que se apresenta como progressista, contrariou o PDT e votou a favor da reforma da previdência de Bolsonaro. Tabata desrespeitou uma decisão da convenção nacional do partido, na qual ela esteve presente e não se pronunciou. Dois deputados formados pelo Renova filiados ao partido Novo chegaram até mesmo a visitar o presidente fascistoide para oferecer total apoio na aprovação da reforma, o que chegou a ser comemorado por Mufarej. O partido Novo, o queridinho do Renova, é um dos mais fiéis ao bolsonarismo nas votações da Câmara, tendo aderido ao governo em 93% das vezes.

‘Movimentos como esse nada mais são do que uma forma de garantir que os interesses dos seus financiadores sejam atendidos’.

Há outros grupos nos mesmos moldes do Renova como Agora e o Acredito, que também são apoiados por Huck e Mufarej. Eles foram criados na esteira da onda de negação da política e da crise de representatividade partidária. Ciro Gomes os chama de “partidos clandestinos”, criados para “burlar a proibição de financiamento empresarial”.

De fato, ser aluno do Renova abre portas para arrecadação eleitoral. Seus integrantes passam a ter maior facilidade de acesso a esse círculo de milionários dispostos a investir em campanhas políticas. Tabata Amaral, por exemplo, admite que ser do Renova “é um selo de qualidade”. Cerca de 20% do total arrecadado por sua campanha em 2018 foram doados por empresários em jantares. Boa parte desses jantares foi promovida por apoiadores do grupo.

Para ser aprovado pelo Renova, o aluno deve passar no “teste de democracia”, criado para identificar tendências autoritárias e barrar extremistas, sejam de esquerda ou direita. Na prática, a teoria é outra. O grupo aprovou, em 2018 e 2019, a participação de filiados do PSL — o partido que abraçou o bolsonarismo e ajudou a colocar no poder um projeto declarado de degradação da democracia. Quando Bolsonaro foi eleito, Mufarej foi cotado para ser ministro da Educação. Era o nome preferido de Paulo Guedes, com quem já teve negócios.

Em 2019, durante a formatura, um grupo de alunos resolveu exercitar essa suposta liberdade política. Tiraram fotos com máscara de Lula e gritaram “Lula Livre” e “quem matou Marielle?”. Mufarej não gostou e escreveu uma coluna na Folha de S. Paulo chamando o ato de “equívoco”. O faria limer reclamou também da “falta de consideração” de “alguns poucos alunos durante a formatura deste ano”.

Esses grupos de renovação na política, todos financiados pelo alto empresariado, tem ideologia clara apesar de negar. Seguem o liberalismo de Paulo Guedes, aquele que não vê tanto problema em dar suporte a governos de extrema direita. Mesmo os poucos alunos eleitos com tendências mais progressistas acabam se alinhando aos interesses econômicos do grupo na hora das votações.

A tão sonhada chapa Moro e Huck seria a grande representante do tipo de renovação que grupos como o Renova querem para a política. Uma renovação pela direita, mas que se finge de centro e flerta com a extrema direita quando é interessante para o mercado. Aliás, se Luciano Huck for eleito presidente, certamente contará com a simpatia dos alunos eleitos que ajudou a formar colocando dinheiro do próprio bolso. Ele entraria no governo já com uma bancada de apoio invejável, sem necessidade de negociar com partidos políticos. É um investimento que pode valer a pena, não é mesmo?

Os partidos políticos têm muitos problemas, mas são a base da democracia. Mas os movimentos como esse nada mais são do que uma forma de garantir que os interesses dos seus financiadores sejam atendidos. Os partidos políticos são encarados por eles como meros trampolins para a defesa dos interesses das elites. Essa é a democracia que o dinheiro pode comprar.

 

Correção, 22 de novembro de 2020, 16h45
Diferentemente do que constava em uma primeira versão deste texto, a deputada Tabata Amaral não arrecadou verba em jantares organizados diretamente pelo Renova. Esses eventos foram promovidos em boa parte por apoiadores do Renova.

https://theintercept.com/

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Trump aprova início do processo de transição de poder para Biden




O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira 23 que não irá mais se opor ao início do processo de transição de poder para a administração de Joe Biden, dando um importante passo rumo à admissão de derrota nas eleições presidenciais.

Trump tuitou que a Administração de Serviços Gerais deve “fazer o que precisa ser feito”, após a diretora da agência, Emily Murphy, anunciar que daria início ao processo de transição.

O presidente republicano passou as últimas três semanas, desde a eleição de 3 de novembro, alegando, sem qualquer prova, que a vitória de Biden foi resultado de fraude.

Murphy, que nega ter agido sob pressão política, até agora se recusou a liberar os fundos que sua agência administra para a nova equipe.

Biden comemorou a liberação da ajuda governamental, um passo que descreveu como crucial para “uma transição de poder pacífica”.

A chefe da Administração de Serviços Gerais “confirmou o presidente eleito Joe Biden e a vice-presidente eleita Kamala Harris como os vencedores das eleições, proporcionando à nova administração os recursos e o apoio necessário para realizar uma transição de poder tranquila e pacífica”, disse a equipe do presidente eleito em comunicado.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 21 de novembro de 2020

Internado com suspeita de Covid-19, vereador eleito em Abreu e Lima morre neste sábado




Faleceu na manhã deste sábado (21), Márcio Buchada (PSC), de 32 anos, líder comunitário e vereador eleito do município de Abreu e Lima. O morador de Caétes II estava internado há 2 semanas, com suspeita de Covid-19. Por isso, ele sequer conseguiu votar em si mesmo nas últimas eleições. De acordo com a família, a causa da morte informada foi infarto. 

Atuante na política desde jovem, o líder comunitário se elegeu com 958 votos pelo PSC. Márcio ficou sabendo de sua vitória já no hospital. O vereador eleito apresentava comorbidades como hipertensão e a obesidade, que contribuíram para o agravamento da sua saúde, por causa dessas outras doenças ele precisou ser intubado. Teve na última semana uma pequena melhora, mas não conseguiu superar a doença, vindo à óbito.

O prefeito de Abreu e Lima, Marcos José, decretou luto oficial de três dias na cidade, em homenagem póstuma ao vereador eleito. Com a morte de Márcio, quem assume a vaga é a suplente do partido, Milena Araújo. Não há confirmação de que a morte do vereador eleito tenha sido provocada pelo novo coronavírus. 

Por meio de nota, o deputado federal André Ferreira, presidente estadual do PSC, lamentou o ocorrido. "Fiquei consternado ao saber da morte do vereador eleito de Abreu e Lima Márcio Buchada. Como presidente estadual do PSC, tinha ótima relação com ele, que ajudou muito o nosso partido em Abreu e Lima. Líder comunitário trabalhador e com uma longa lista de serviços prestados ao município, eu tinha certeza de que Márcio Buchada iria fazer um grande mandato. Neste momento tão difícil, me solidarizo com os familiares do vereador. Que o nosso Deus os conforte nesta hora de tanta dor." 

Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Quem foi Luiz Gama, figura-chave no movimento abolicionista brasileiro



Luiz Gama
Legenda da foto,

Figura-chave no movimento abolicionista brasileiro, Luiz Gama também se destacava por seus talentos literários e jornalísticos, diz Ligia Fonseca Ferreira

Faz 25 anos que a pesquisadora Ligia Fonseca Ferreira estuda a vida e a obra de uma figura singular da história brasileira: o abolicionista Luiz Gonzaga Pinto da Gama (1830-1882). Ela debruçou-se sobre o personagem para sua tese de doutorado, iniciada em 1995 e concluída no ano 2000 na Universidade Sorbonne Nouvelle — Paris III. E descobriu um personagem muito mais dinâmico do que as poucas linhas que a historiografia consagrada lhe reservou.

Se nos últimos anos, o abolicionista vem sendo reconhecido como verdadeiro advogado — autodidata, soube utilizar as leis vigentes para conseguir, pela justiça, alforriar centenas de escravos — e figura-chave no movimento abolicionista brasileiro, Ferreira foi além. Professora de Letras da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ela atentou para os talentos literários e jornalísticos de Luiz Gama.

Apenas 12 anos depois de ter aprendido a ler, Gama publicou, em 1859, seu único livro, Primeiras Trovas Burlescas. Foi assíduo colaborador de jornais da época, tendo escrito centenas de artigos para publicações tanto de São Paulo, onde morava, quanto do Rio, a capital federal de então.

Nascido em Salvador, Gama era filho de uma escrava liberta com um descendente de portugueses. Quando ele tinha 10 anos, seu próprio pai o vendeu como escravo. Então ele foi mandado para São Paulo. Conseguiu a alforria aos 17 anos, ainda analfabeto. Sem nunca ter tido aulas formais mas, provavelmente, frequentando a biblioteca da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, tornou-se um estudioso das letras


"Para a grandiosidade de Luiz Gama, o negro, o libertador de escravos, o uso da palavra é uma coisa que nem era inesperada. Ele se colocou nesse lugar da produção, na literatura e no jornalismo, depois na advocacia. São áreas que, sem o domínio da palavra escrita, ele não podia nem ser nem se definir", afirma a pesquisadora.

Depois de organizar a edição crítica da obra poética integral do autor — publicada pela editora Martins Fontes, no ano 2000 — e de publicar a antologia Com a Palavra, Luiz Gama: Poemas, Artigos, Cartas, Máximas — pela Imprensa Oficial, em 2011 —, Ferreira está lançando Lições de Resistência: Artigos de Luiz Gama na Imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro, 1864-1880, pela Edições do Sesc. A obra, que traz 61 artigos escritos pelo abolicionista, é fruto de um trabalho de pesquisa e seleção de três anos.

Para ela, reconhecer o Gama escritor é fundamental para que sua biografia não seja reduzida a "um relato chapado, a umas poucas linhas na história do abolicionismo". "Ele é dono de uma escrita bastante complexa, poderosa, literária. Naquele momento, a imagem precisava ser construída com a palavra e ele era o homem da imagem. Escrevia assumindo o foco narrativo, como se tivesse uma câmera", afirma.

Um dos trechos que ele usa para destacar o estilo está no texto Emancipação, publicado pela Gazeta do Povo em 1º de dezembro de 1880. "Em nós, até a cor é um defeito, um vício imperdoável de origem, o estigma de um crime; e vão ao ponto de esquecer que esta cor é a origem da riqueza de milhares de salteadores, que nos insultam ; que esta cor convencional da escravidão, (...) à semelhança da terra, (a)través da escura superfície, encerra vulcões, onde arde o fogo sagrado da liberdade. Vim (lembrar ao) ofensor do cidadão José do Patrocínio por que nós, os abolicionistas, animados de uma só crença, dirigidos por uma só ideia, formamos uma só família, visando um sacrifício único, cumprimos um só dever."

BBC News Brasil: Por que até pouco tempo atrás Luiz Gama mal era citado como um dos abolicionistas?

Ligia Fonseca Ferreira: Você sabia que (o abolicionista) José do Patrocínio (1853-1905) era negro? Talvez nos livros didáticos, quando se ensinava abolição, isso nem se falava…

BBC News Brasil: Sinceramente, não sei precisar se já tinha essa consciência ou se foi uma memória construída depois, já adulto… Mas por que Luiz Gama foi deixado de lado?

Ferreira: Ele era lembrado como o abolicionista Luiz Gama, tinha lá uma estátua de bronze. Mas realmente sua personalidade está sendo trazida agora, por isso meu propósito em identificar a grandeza de sua obra. Não temos a obra jornalística de Joaquim Nabuco, de José de Alencar, do próprio Machado de Assis? Luiz Gama não foi coisa pouca. Havia uma lei de 1837 que proibia negros de irem à escola. Então o fato de ele escrever e optar por isso, ele deve ter sido um superdotado. Depois, ao escrever nos jornais onde estavam os homens brancos letrados, ele passou a ocupar uma instância de poder.

Esta sua pergunta eu também me fiz: por que Luiz Gama não está mais presente na história do abolicionismo? Porque a história da abolição, como nos chegou e foi perpetuada, bem, eu tenho algumas hipóteses. Ela foi contada pela República, que Luiz Gama não viu (ele morreu sete anos antes da Proclamação). E era uma República madrasta, que queria apagar logo essa coisa da escravidão. Mas isso em um período de crenças, de preconceito, de acreditar que a "raça negra" era inferior, isso de modo sistematizado e com ares científicos.

O próprio Luiz Gama brinca com isso em um versinho, no qual ele dizia "ciências e letras não são para ti; pretinho da costa não é gente aqui". Luiz Gama era o contrário de tudo aquilo, ele era o negro que escrevia, o negro que lia. Ele era praticamente uma contradição. Numa república de ímpeto embranquecedor, a história foi contada tendo as grandes famílias, as famílias poderosas (nos papéis principais).

Ligia Fonseca Ferreira
Legenda da foto,

Ferreira está lançando "Lições de Resistência: Artigos de Luiz Gama na Imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro, 1864-1880", pela Edições do Sesc

BBC News Brasil: Mas como se deu o resgate de Luiz Gama, essa figura um tanto esquecida, sobre quem pouco se falava até duas décadas atrás?

Ferreira: Esse resgate tem a ver com alguns trabalhos no campo da história e, sou obrigada a falar, também por causa das minhas pesquisas. Luiz Gama foi ganhando as dimensões à medida que vamos conhecendo sua obra. Ele foi um intérprete do Brasil.

BBC News Brasil: No sentido do pensamento de Luiz Gama, o que os artigos do seu novo livro revelam de novo, além do que tem sido destacado nos últimos anos?

Ferreira: Ele já foi reconhecido como advogado, como abolicionista… Eu, por uma deformação profissional, quero mostrar o Luiz Gama homem da palavra escrita. Quero mostrar a figura do jornalista que teve grande audiência, grande influência, que escrevia nos principais jornais, criava polêmicas incríveis, denunciava, usava da força da liberdade de imprensa para se expressar como voz negra daquele momento.

Quem você colocaria no mesmo pé na história da imprensa? Quem conhecemos? Não são as crônicas do dia a dia de Machado de Assis. É diferente. Hoje você percebe que é preciso "provar" que o Machado era negro e se interessou pela abolição. Eu diria para você que Luiz Gama não renegou em nenhum momento sua carapinha, não há dúvidas de que era um homem negro, não precisamos fazer campanha para enegrecer Luiz Gama como foi feito para o Machado.

Ele estava lá, dizendo: "quero que o mundo me encarando veja um retumbante Orfeu de carapinha". Aí você vai ler os artigos e ele diz que todo mundo sabe de seu passado, que "eu ombreio com os infelizes", porque ele já tinha sido escravizado. E ele vai dizendo isso de várias formas.

Luiz Gama tinha uma escrita que merece ser destacada. E ele não era um ativista que ia simplesmente denunciando. Era um formador de opinião com inteligência. Ele argumentava, coisa que no Brasil de hoje está muito difícil, né? Em seus textos, existe um diálogo crítico instaurado.

BBC News Brasil: De certa forma, percebe-se um raciocínio de jurista, não?

Ferreira: Mas ele levava a público, dizia que "o Brasil tem de saber". Por isso ele trazia para a imprensa. Fazia todo um arrazoado, comentava, desconstruía. Dizia que tinha de mostrar "o modo extravagante como se administra a justiça no Brasil".

Acho que essa frase do Luiz Gama poderia valer para hoje, para os últimos tempos, para os dias de hoje. Mas ele era um homem da comunicação. Mais do que, digamos, só abolicionista. Luiz Gama foi um homem que preencheu uma cena, um momento, um lugar de ideias em São Paulo. E fez isso de maneira bastante intensa.

BBC News Brasil: Em artigo publicado no Correio Paulistano em novembro de 1871, ele escreveu: "Se algum dia (...) os respeitáveis juízes do Brasil, esquecidos do respeito que devem à lei, e dos imprescindíveis deveres, que contraíram perante a moral e a nação, corrompidos pela venalidade ou pela ação deletéria do poder, abandonando a causa sacrossanta do direito, e, por uma inexplicável aberração, faltarem com a devida justiça aos infelizes que sofrem escravidão indébita, eu, por minha própria conta, sem impetrar o auxílio de pessoa alguma, e sob minha única responsabilidade, aconselharei e promoverei, não a insurreição, que é um crime, mas a 'resistência', que é uma virtude cívica (…)." Juntando-se a isso o fato de que ele conseguia alforriar escravos por meio da esfera judicial, podemos inferir que Luiz Gama defendia uma abolição que seria feita com respeito às leis? Ele era um legalista?

Ferreira: Legalista em defesa dos escravos. Uma coisa que ele fez foi desenterrar a bendita lei de 1831 (Lei Feijó, que proibia a importação de escravos para o Brasil), colocando na cabeça dos outros. Ele era um defensor dos direitos. Dizia "nós temos leis". Pedia que as leis existentes fossem aplicadas.

Então ele puxava as leis e pegava no pé dos juízes, lembrando que ele mesmo era filho de uma africana, que ele mesmo tinha sido escravizado. Ele sabia o que era ser africano. O que era ser escravo. Ele mexeu no vespeiro. Calculou que de 1831 até o fim da década de 1870, entraram no Brasil contrabandeados quase 750 mil africanos.

BBC News Brasil: Mas ele acreditava que a abolição viria somente do cumprimento dessas leis?

Ferreira: Não. Para ele, a escravidão teria de se encerrar. Ele era pela abolição, era abolicionista radical.

BBC News Brasil: Gama também era republicano, em um texto chega a chamar o governo de dom Pedro 2º de "imoral". Como imaginava que seria feita a República? O que ele pensava de um Brasil republicano?

Ferreira: Ele não falava de programas ou de um programa republicano. Mas Luiz Gama não se chamava de súdito, e sim de cidadão. Naquele momento, isso era como dizer "eu sou democrata". Ele afirmava uma identidade política: sou cidadão, não sou súdito de ninguém. E aquelas frases célebres: tenho um sonho sublime, um Brasil sem reis e sem escravos. Para o grupo dele, ter um monarca era outro tipo de escravidão.

Ele acreditava numa república com aquela tríade de garantias de igualdade, liberdade e fraternidade. Não podemos esquecer que era uma corrente progressista e alinhada aos ideais da Revolução Francesa. O programa para a república estava embutido no fato de eles serem abolicionistas e quererem um país de iguais. Ele também falava em um Brasil americano, no modelo dos Estados Unidos. Queria um modelo de república federativa.

BBC News Brasil: De que maneira seus textos ajudam a compreender o Brasil de hoje?

Ferreira: Ele escreveu que "no Brasil, ladrão que muito furta é protegido". Pega esse Luiz Gama: ele está falando do Brasil de hoje, da rachadinha, parece que está falando dessas figuras presentes aqui. Tem um poema dele, chamado Quem Sou Eu? que é uma espécie de retrato, uma fotografia socio-racial do Brasil.

Ele antecipa aquilo que anos mais tarde seria o movimento da negritude. Ele mostra que os negros e os afrodescendentes estão na sociedade brasileira inteira. Fala das camadas sociais, enfatiza que todos têm sua afro-ascendência. Essa que Machado tentou calar, mas Luiz Gama, não.

Ele sempre foi muito específico nessa questão. Nos textos jornalísticos ele deixava bem claro como era alvo de preconceitos e de racismos. Quando dizia "em nós até a cor é um defeito, um vício imperdoável de origem", estava dizendo como nós negros somos vítimas do racismo. Ele denunciava que esse "defeito" inclusive impedia a entrada de negros no exercício de algumas funções. Mas uma coisa interessante é que Luiz Gama deixava claro que o abolicionismo e o projeto republicano não era um projeto só de negros, exclusivo.

E a gente comete alguns equívocos quando falamos da luta antirracista: não é um problema só nosso, mas uma coisa que precisa ser abraçada por negros e brancos, um conjunto de valores e princípios que devem ser comungados por todas as pessoas e não apenas por negros.

O Brasil precisa redescobrir isso. Luiz Gama interessa ao Brasil. O Brasil precisa saber que nós tivemos esse patrimônio. Quando eu olho para essa história, Luiz Gama é o pico mais elevado do século 19. Ele é meu Everest, não dá para comparar, não dá para dizer que tudo é igual.

  • Edison Veiga
  • De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE