quinta-feira, 31 de maio de 2018

Vai começar o São João em Caruaru


A programação do São João 2018 de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, não sofrerá alterações por causa do desabastecimento provocado pela greve dos caminhoneiros. A festa na Capital do Forró será aberta oficialmente neste sábado (2), às 19h, na Estação Ferroviária, e terá 29 de dias de festa até 30 de junho. Um público de 2,5 milhões de pessoas é esperado para as 400 apresentações

Na semana passada, a prefeita Raquel Lyra decretou estado de emergência na cidade por causa dos prejuízos causados em setores como escolas, transporte coletivo e coleta de lixo. A manutenção da abertura foi anunciada na noite dessa quarta-feira (30) pela gestão municipal, que afirmou ter chegado à conclusão de que Caruaru tem condições de começar a programação neste fim de semana. 

Durante a coletiva, Raquel explicou o que motivou a decisão. "O São João é muito importante para Caruaru e não é só culturalmente. Oimpacto econômico é importantíssimo para girar a economia local", destacou. "Nos reunimos com toda a sociedade civil, órgãos de segurança, comerciantes, donos de restaurantes e patrocinadores e todos concordaram em manter a festa", completou.

Todos os serviços prestados pela prefeitura devem voltar a funcionar nesta quinta-feira (31). A programação completa do São João 2018 de Caruaru foi disponibilizada pela prefeitura no site oficial do evento.  A festa junina de Campina Grande, na Paraíba, por sua vez, foi adiada em uma semana por causa da paralisação e terá início apenas em 8 de junho.

Com informações de Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

'Você quer ser minha família?': como as redes sociais têm incentivado a adoção de jovens 'esquecidos' nos abrigos


"Eu olhei aquela foto, depois cliquei no vídeo e senti que ela já era a minha filha, que eu sempre fui a mãe dela e que a gente só estava separada."
A operadora de telemarketing Eliene Cristina Magalhães, de 28 anos, e o marido, o jornalista e servidor público Carlos Pierre, de 31, viam a menina se movimentar em frente à câmera, sorrir, abraçar e "trocar a fralda de uma bonequinha".
"Apesar das limitações que ela tem, é uma criança muito doce e pode completar sua família", sugeriam a voz e as legendas em um vídeo de 1 minuto e 28 segundos que assistiam em casa, em Uberlândia, Minas Gerais - e que aproximariam, surpreendentemente, as vidas dos três.
Eliene não esquece: seus olhos estavam fixados em Camili.

Espera por uma chance

Diagnosticada com retardo mental moderado, a menina morava a mais de 1 mil quilômetros de distância, em Viana, no Espírito Santo.
Estava em meio a milhares de crianças e adolescentes brasileiros na fila de adoção, à espera de uma chance que parecia não chegar nunca.
Camili tinha 12 anos. Viu os irmãos mais novos serem adotados enquanto ela continuava esperando.
"Quando eu encontrei a imagem dela, a empatia foi imediata. A reação do meu marido foi a mesma", conta Eliene.
Imagem mostra Eliene e Camili com tranças nos cabelosDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionEliene e Camili: "Empatia foi imediata"
A foto e o vídeo da menina, postados cerca de quatro meses antes, apareciam em uma página de internet do Tribunal de Justiça do Espírito Santo e no canal do Tribunal no YouTube.
"Eu vi e comecei a sonhar. Só queria saber o mais rápido possível onde ela estava", recorda Eliene.
Menos de dois meses depois, ela e o marido foram buscá-la.
A adoção de Camili foi possível graças à aposta das Varas da Infância e Adolescência no Brasil em usar redes sociais e outras plataformas online para dar cara e "voz" a crianças e adolescentes que estavam fora do radar da maioria dos possíveis pais e mães no país.
Aproximadamente 90% dos que estão no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) em busca de um filho se mostram abertos, apenas, a crianças com menos de oito anos. Cerca de 64% não querem adotar irmãos e um percentual parecido só está interessado em levar a criança para casa se ela for saudável. Esse não era o perfil de Camili e não é o de mais da metade das crianças que estão hoje no Cadastro - as que estão juntas com irmãos, têm idades entre 8 e 17 anos e vivem, normalmente, durante anos em abrigos.
Muitos acabam não sendo adotados. Alguns se beneficiam de programas de apadrinhamento - o "padrinho" pode ser apenas alguém para conversar e passear ou que dá apoio financeiro, para custear cursos e tratamentos.
"O programa que estamos desenvolvendo é voltado para as crianças e adolescentes que estão no cadastro, todavia, sem pretendentes. Elas são de difícil colocação em uma família adotiva e suas informações não eram sequer acessadas (por homens e mulheres que estão inseridos como potenciais adotantes no cadastro)", diz a juíza Helia Viegas, secretária executiva da Comissão Estadual Judiciária de Adoção de Pernambuco (Ceja-PE), pioneira em usar ferramentas online para unir pais e filhos nesses casos.
"Se eu não colocá-los nessa busca ativa, eles vão mofar nos abrigos, vão ficar esperando. Essa é a realidade."
Por meio do Projeto Família, de autoria da psicóloga Maria Tereza Vieira de Figueiredo, que fazia parte da equipe técnica da Ceja-PE e é mãe de cinco filhos, três deles adotivos, a Comissão estadual compartilha fotos e os anseios dos que aceitam participar da campanha, com autorização judicial para isso.
O conteúdo produzido fica, por enquanto, em sua página no Facebook (https://www.facebook.com/cejapernambuco/).
Helia Viegas, juíza em PernambucoDireito de imagemDIVULGAÇÃO / TJPE
Image captionHelia Viegas, juíza: "Objetivo é aumentar consideravelmente as chances de terem uma família"
Se conseguir aparato técnico, o que tenta viabilizar por meio de parcerias, por falta de recursos, o plano é produzir vídeos e usar o Instagram para reforçar a divulgação.
"Não estamos, com isso, colocando essas crianças e adolescentes na prateleira, como se fossem mercadorias, nem dando visibilidade a eles de forma constrangedora. O que estamos fazendo é tentando ampliar consideravelmente as chances de eles terem uma família", diz a juíza.
"Porque uma coisa é ter os dados frios. Outra é conhecer mais sobre eles. E aí, um mundo se transforma".
Na prática, a ideia é tirar as crianças e jovens nos abrigos do anonimato e permitir que seus nomes, depoimentos, além de pequenos trechos de suas histórias de vida possam ser acessados, visualizados e curtidos por milhares de pessoas, aumentando suas chances de conseguir um lar.
Imagem mostra post no Facebook com foto de Ana Beatriz, ou BiaDireito de imagemREPRODUÇÃO / FACEBOOK
Image captionAna Beatriz apresenta "sequelas" decorrentes de violência doméstica. Esperou adoção por cerca de dois anos, até seu sorriso conquistar uma família

'O sorriso mais lindo'

A página do Ceja-PE foi fundamental para ajudar na adoção de Ana Beatriz, ou Bia, no Estado de Pernambuco. Colocada para adoção no CNA em fevereiro de 2015, ela teve sua foto e informações publicadas em janeiro de 2017 - e vistas por quase 40 mil pessoas. Eram posts em que aparecia sorridente usando vestido, e que informavam que ela tinha 7 anos, "nasceu saudável, porém, aos 3, sofreu violência doméstica causando sequelas motoras cognitivas".
"A pequena é guerreira e, dia a dia, vem superando suas dificuldades com muita força de vontade e auxílio de equipe especializada", dizia o primeiro banner em que apareceu e continuava: "Atualmente, ela consegue se manter em pé e caminhar (com auxílio mínimo), se comunica com poucas falas, diz seu nome, pede comida e água, também gesticula e come sozinha. Adora mandar beijos e abraçar".
O pedido de adoção veio 16 dias dapós a postagem, feito por Tatiane Almeida, enfermeira que enxergou na foto da menina "o sorriso mais lindo".
O projeto de busca ativa de famílias para quem, como ela, enfrentava mais dificuldade de adoção, teve início em 2008 no Estado, mas, na época, se limitava a disponibilizar fotos 3x4 em grupos de apoio à adoção e organismos internacionais relacionados.

'Pode parecer pouco, mas não é'

A nova roupagem, com a divulgação de imagens online, de forma aberta, foi autorizada por unanimidade em sessão do Conselho de Magistratura do Tribunal de Justiça de Pernambuco em agosto de 2016.
Desde novembro do mesmo ano, 48 crianças e adolescentes foram apresentadas no Facebook, com imagens. O número de crianças disponíveis para adoção, mas sem pretendentes, entretanto, é de cerca de 100. Nem todos participam do projeto, por acharem que se sentiriam constrangidos com suas imagens expostas na rede social ou por apresentarem deficiências físicas mais graves.
Vinte adoções foram concretizadas até o momento e 14 adolescentes e crianças estão em processo de aproximação com pretendentes.
"Pode parecer pouco, mas não é. Em todas essas adoções os pretendentes estavam no cadastro, mas o perfil de filho que buscavam era outro", diz Helia Viegas. "Na hora em que viram a criança ou o jovem com esse outro perfil eles se afeiçoaram, foram à vara da infância e mudaram essa busca".
Imagem mostra parte das crianças e adolescentes que tiveram vídeos postados no Youtube, no Espírito SantoDireito de imagemREPRODUÇÃO / YOUTUBE
Image captionA campanha "Esperando por Você", do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, aposta em vídeos divulgados no YouTube para atrair famílias
No Espírito Santo, a campanha "Esperando por você" - que publicou a foto e o vídeo de Camili - foi lançada em 12 de maio de 2017 "para estimular a adoção tardia e apresentar seres humanos cheios de carinho, habilidades e sonhos", explicam a Ceja-ES e a assessoria de comunicação do Tribunal, responsável por formatar a iniciativa. O conteúdo está no site http://www.tjes.jus.br/esperandoporvoce/ e é divulgado via YouTube e Facebook.
No período de um ano, 30 crianças e adolescentes participaram da ação. Desse total, dois já foram adotados em definitivo e seis estão em estágio de convivência com postulantes à adoção.
"O foco não era aumentar o número de adoções, mas mudar a forma de olhar para esses meninos e meninas, tirá-los do abrigo, apresentar em um novo contexto. Só o interesse despertado já promoveu uma grande esperança", disse o Tribunal à BBC Brasil.

Procura

Entre maio e outubro de 2017, segundo o levantamento mais recente publicado pelo Tribunal, os vídeos tiveram mais de 100 mil visualizações nas redes sociais. Até aquele momento, a Ceja também havia recebido mais de 1 mil e-mails e aproximadamente 500 ligações de pretendentes à adoção de 20 Estados do Brasil e também de brasileiros residentes na Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Itália, Noruega, Tailândia, Inglaterra, Cingapura, França e Japão.
Imagem mostra Caio, de 13 anos, em vídeo no YouTubeDireito de imagemREPRODUÇÃO / YOUTUBE DO TJ-ES
Image captionAtualmente em processo de adoção, Caio, de 13 anos, perguntava, no final de um vídeo: Você quer ser minha família?"
Caio, de 13 anos, aparece no site como "em processo de adoção". Em um vídeo em que colore desenhos de carros, faz brigadeiro e diz "I love you", para citar que inglês é a matéria preferida na escola, ele é descrito como "garoto sorriso" e "muito afetuoso".
Ele pergunta: "Você quer ser minha família?". No YouTube, sua história teve 31,5 mil visualizações.
Hoje, existem 933 pretendentes habilitados no Espírito Santo para adoção. O número é sete vezes maior que o de crianças e adolescentes disponíveis para adoção, estimado em 130 até a semana passada.
Das mais de 40 mil pessoas habilitadas para adotar no país, cerca de 39 mil pretendem adotar crianças com menos de 8 anos, observa o juiz assessor da Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo, Iberê Dias.
"De alguns poucos anos para cá", segundo ele, "é que se começou a falar sobre esse tema e sobre a possibilidade de adoção de crianças com mais idade". "São pessoas que costumam ficar absolutamente esquecidas pela sociedade, como se não existissem".
No Estado, é a campanha "Adote um boa noite", lançada em 12 de outubro de 2017, que tenta mudar essa realidade.
Por meio dela, fotos e depoimentos escritos estão no site www.adoteumboanoite.com.br. A ação é divulgada na página do Tribunal no Facebook.
Imagem mostra imagem de crianças e adolescentes que fazem parte da campanha "Adote um boa noite"Direito de imagemREPRODUÇÃO / FACEBOOK
Image captionCampanha "Adote um boa noite" concentra fotos e depoimentos escritos de crianças e adolescentes em um site - e divulga a iniciativa no Facebook
Até agora apenas duas comarcas, da cidade de São Paulo, aderiram ao projeto, Santo Amaro e Tatuapé. Dos 32 acolhidos em Santo Amaro que entraram no site até 30 de abril de 2018, 8 já estão em estágio de convivência - que precede a adoção - e 13 fazem os primeiros contatos com pretendentes selecionados. Até o final de abril, surgiram 357 interessados.
O juiz aponta que apesar das dificuldades, há uma "clara evolução da visão social da adoção", uma vez que "a barreira etária, que até o começo dos anos 2000 estava em cerca de 3 anos de idade, hoje, está em 8 anos". "É uma questão de conscientização social e a idéia desse projeto é continuar pondo o tema em debate e promovendo essa mudança".
Dias avalia que "não é mais possível pensar em meios de dar visibilidade às crianças e colocá-las como sujeitos de direito efetivamente com os métodos usados há 10, 15 anos". "A internet e as mídias sociais mudaram consideravelmente a concepção sobre isso tudo. E podem ser fortes aliadas para a evolução social, desde que bem utilizadas", analisa.
Apenas as crianças e adolescentes que, "depois de estudos feitos com psicólogos e assistentes sociais, mostram-se aptos a tomar a participação na campanha como positiva, independentemente de serem adotados, ou não", participam da ação.
Em outros Estados, iniciativas semelhantes já estão no gatilho, como é o caso do Distrito Federal, onde a Vara da Infância e Juventude prevê a divulgação de fotos e vídeos nas redes sociais.

Busca ativa

Desde a década de 90, antes de a mobilização começar nos Tribunais, grupos de apoio à adoção no Brasil têm apostado em estratégias de "busca ativa", ou seja, em meios para tentar encontrar pais e mães abertos a adotar crianças e jovens "com um perfil mais amplo", explica a presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), Sara Vargas.
Os métodos e os canais usados, porém, eram outros.
Iberê Dias, Juiz Assessor da Corregedoria Geral da Justiça de SP, aparece na imagem com uma pintura infantil em quadro, na paredeDireito de imagemANTÔNIO CARRETA / TJSP
Image captionIberê Dias, Juiz Assessor da Corregedoria Geral da Justiça de SP: "A internet e as mídias sociais podem ser fortes aliadas, desde que bem utilizadas"
Nesses primórdios, dados como iniciais dos nomes, sexo e situação de saúde eram enviados para esses pretendentes, divulgados por grupos em seus sites - e, já nos anos 2000, também publicados em um grupo específico no Orkut - rede social hoje desativada.
"No começo havia uma grande resistência do Poder Judiciário, que não compreendia a necessidade dessa busca ativa e que muitas vezes via até essas ações com maus olhos. Acreditavam que o Cadastro Nacional de Adoção era o suficiente", diz Sara Vargas.
O Cadastro está sendo reformulado e, nessa nova fase terá fotos, vídeos e desenhos das crianças e adolescentes, disponíveis, porém, apenas para "pretendentes autorizados", dentro do próprio CNA.
"Foi uma grande luta para que se compreendesse o quanto essa questão da visibilidade era importante", acrescenta Sara.
"Porque a gente não se apaixona por quem a gente não conhece, a gente não se apaixona por dados estatísticos, nem por iniciais de nomes. Mas a partir do momento em que a gente conhece um pouquinho mais deles, parte o interesse por gostar do mesmo estilo de música, torcer pelo mesmo time de futebol, pelo sonho que eles têm".
"Então ver essa movimentação toda agora nos deixa felizes".
Um levantamento da Associação, com base em dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mostra que entre 2012 e 2017, a preferência por crianças de 0 a 3 anos caiu, em média, 9,3% nesse período. Já a preferência pela faixa etária de 4 a 9 anos aumentou 73%.
Os índices de preferência por adolescentes, entretanto ainda são baixos. Sara acredita que isso deve, em parte, à crença generalizada de que "quanto menor a criança, maior a chance de moldar ela do meu jeito".
Para Sara, entretanto, "não é um preconceito, achar que (os adolescentes) carregam mais marcas do que as crianças pequenas. Quanto maior tempo em que ficam expostos a vulnerabilidades, mais traumas elas poderão carregar".
"Mas apesar disso, os adotantes tem se aberto mais para adotá-las."
Leandro e Edmundo Negri, com José (no centro da foto)Direito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionLeandro (à esquerda) e Edmundo Negri, com José: Menino de 14 anos está sendo adotado pelo casal após sua foto ter sido postada no Facebook
Foi o caso do motorista Edmundo Francisco Negri, de 37 anos, e o cabeleireiro Leandro Pedro Negri, de 34, estão em processo de adoção de José, de 14 anos.
Eles foram habilitados em janeiro e o perfil que buscavam era de criança de 2 a 10 anos, de São Paulo. Até se depararem com uma foto de José, em um grupo de adoção que havia compartilhado um post do Ceja de Pernambuco.
"Eu sou José, sou um menino muito prestativo. Tenho sonho de ser motorista e piloto de avião", era o que estava escrito junto à imagem. "Não tem como explicar", conta Edmundo. "Chamei o Leandro e falei: 'sinto que é esse'. A foto torna a coisa mais próxima".
José estava em Caruaru, a mais de 2 mil km de Itapira, em São Paulo, onde moram.
Imagem mostra foto de José postada no FacebookDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionCasal em SP ainda guarda a foto de José, que viu na rede social, e espera obter guarda definitiva do menino
O adolescente estava na casa de acolhimento havia quase um ano. Antes disso, parou os estudos, tomava conta de irmãos e trabalhava como cobrador em uma van de transporte de passageiros. Acabou destituído da família pela Justiça.
"Nosso único receio era de ele não querer nos conhecer por sermos dois pais, mas ele falou para a assistente social que isso não importava. Que o importante era que fosse uma família que desse amor a ele, o que ele não tinha".
O primeiro encontro entre eles, em Caruaru, ocorreu poucos dias depois. Uma postagem no Facebook do casal, em 16 de maio, mostra os três em uma foto e, junto à ela, escrito: "Chegamos em nossa casa! Bem vindo à nossa vida filho amado!".
O processo de adoção teve início em abril e está agora no estágio de "convivência", que deve durar 90 dias. O casal espera que a justiça defira a adoção, após o prazo de guarda provisória.

'Tenho uma mãe, uma casa e um pai?'

Eliene, o marido, Pierre, e a filha, Camili, no abrigo onde ela estava acolhidaDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionEliene e o marido viajaram até o Espírito Santo para conhecer Camili. Foto mostra a menina com a boneca que ganhou no período
Eliene e o marido também creem que a guarda de Camili se transformará em definitiva. Ela vive com o casal há seis meses.
"Agora eu tenho uma mãe, uma casa e um pai?", foi o que quis saber no dia 8 de novembro de 2017, quando o juiz contou que passaria a morar com eles.
Desde antes de casar, "o sonho" de ambos era ter um filho biológico e outro por adoção.
Eliene chegou a engravidar, mas, aos sete meses de gestação, soube que o coração da filha parou de bater. Seis meses mais tarde, precisou retirar o útero.
Em 14 de setembro do ano passado, assistindo a uma reportagem sobre "crianças mais velhas que as pessoas não têm interesse em adotar", ela viu o link que a direcionaria para a página onde achou as imagens de Camili.
"Só queríamos ser pais, independente da condição da criança", diz ela, que tem planos de adotar outra criança em 2019, ou gêmeos.
Em casa, ela e Camili fazem tranças nos cabelos e trabalhos da escola, juntas.
Um deles, no Dia Internacional da Mulher, pretendia mostrar a importância de ser mulher e o empoderamento feminino.
"Mãe, eu tenho que levar uma foto de você grávida", avisou Camili. Eliene explicou que não havia fotos dela grávida da menina, que se apressou na réplica: 'Então eu nasci do seu coração? Vamos tirar uma foto do seu peito?'".
"Camili entende as coisas. Sabe que é adotada e que o amor é o mesmo. Eu escolhi ser mãe dela e ela me escolheu. A foto que levamos para a escola foi uma foto de nós duas, juntas."
Camili e Eliene, juntasDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionCamili e Eliene: "Então eu nasci do seu coração? Vamos tirar uma foto do seu peito?", perguntou a menina certa vez. "Ela sabe que o amor é o mesmo"


Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Sport vence o Atlético- MG



Paulo Paiva/DO
Era uma sequência tenebrosa com Cruzeiro, Corinthians, Palmeiras e Atlético-MG. Mas, dela, o Sport saiu mais do que vivo. Saiu maduro. Com lastro para encarar a Série A. Com exceção da partida em que perdeu para a Raposa, o Leão só fez subir na tabela. Após o empate com o Alvinegro, a equipe engrenou dois jogos elétricos e com roteiros recheados por reviravoltas. Após o 3 a 2 sobre o Palmeiras, no último sábado, foi a vez de repetir o placar em cima do Atlético-MG, na Ilha do Retiro, na noite desta quarta-feira.

Com gols de Rogério, Gabriel e Michel Bastos, os rubro-negros decretaram um novo triunfo extremamente decisivo para crescer na competição. Agora, com 14 pontos, a equipe se vê imersa em uma disputa pelas primeiras posições. No próximo sábado, o time vai a Porto Alegre para encarar o Internacional em uma nova tentativa de manter a grande fase no Campeonato Brasileiro.

Primeiro tempo

O jogo começou à altura das expectativas ofensivas. Marcado como os dois times que mais finalizam certo na Série A, Sport e Atlético-MG estavam elétricos. Até os cinco minutos, por exemplo, tiveram quatro chances de gol. Do lado rubro-negro, um cruzamento de Rogério passou por toda a área, levando perigo. Além disso, Rafael Marques acertou uma cabeçada próximo da trave. Já o Galo teve um contra-ataque com Róger Guedes e outro chute de Ricardo Oliveira que explodiu em Ronaldo Alves, após erro de passe do próprio zagueiro.

A etapa inicial também ficou marcada pela já conhecida disposição do Sport em marcar. O time adiantou todas as linhas e pressionou o visitante a errar os passes no campo defensivo o quanto pôde. Com isso, conseguiu controlar o jogo em vários momentos. Ainda assim, o Atlético-MG, forte ofensivamente,  produziu chances pelo lado esquerdo. Improvisado na lateral, após a contusão de Cláudio Winck e a suspensão de Raul Prata, Fabrício voltou a mostrar deficiência na marcação. Não conseguiu acompanhar os avanços de Róger Guedes e de Fábio Santos. 

Em um desses lances, o lateral do Galo cruzou na cabeça de Ricardo Oliveira e obrigou Magrão a fazer grande defesa aos 19 minutos. Ali, no entanto, acabou o perigo. E o Sport voltou a crescer até abrir o marcador. Aos 29, Anselmo, melhor jogador rubro-negro no ano, acertou uma linda assistência do meio-campo para Rogério, que driblou Victor e completou para as redes. O atacante, uma das novidades na escalação por causa da contusão de Neto Moura, também quase fez o segundo de cabeça no fim da etapa inicial.

Segundo tempo

Após o intervalo, a partida também retornou elétrico. Logo aos três minutos, o Atlético atacou o lado direito do Sport e conseguiu empatar a partida. Após cruzamento, Sander conseguiu salvar a cabeçada de Luan, mas Cazares estava livre para completa para o gol. Após a nova falha defensiva, o Leão voltou a propor o jogo, mas não conseguiu ser efetivo no ataque e acabou castigado. Aos 20, em nova subida pelo lado esquerdo,  Ricardo Oliveira aproveitou uma falha dupla de Fabrício, que marcou mal e depois deu condição para o atacante virar.

Na sequência, porém, a partida tomou uma nova reviravolta em apenas quatro minutos. Aos 22, Gabriel chutou forte de perna esquerda e contou com desvio na zaga para empatar. Aos 26, pênalti para o Sport convertido com segurança por Michel Bastos, substituto de Marlone. Depois da virada, os rubro-negros voltaram a mostrar qualidade e maturidade para segurar o placar a favor e a festa na Ilha do Retiro.
Veja os Gol aqui https://www.youtube.com/watch?v=myzTcmE6xSU

Ficha do jogo

Sport 3

Magrão; Fabrício, Ronaldo Alves, Ernando e Sander; Anselmo, Fellipe Bastos (Deivid, aos 29min do 2ºT), Rogério (Carlos Henrique, aos 27min do 2ºT), Gabriel e Marlone (Michel Bastos, aos 18min do 2ºT); Rafael Marques. Técnico: Claudinei Oliveira

Atlético-MG 2

Victor; Emerson, Bremer, Gabriel, Fábio Santos; Adilson (Elias, aos 28min do 2ºT), Gustavo Blanco (Alerrandro), Cazares; Luan (Matheus Galdezani, aos 25min do 2ºT), Róger Guedes e Ricardo Oliveira. Técnico: Thiago Larghi

Local: Ilha do Retiro (Recife)
Árbitro: Wagner do Nascimento Magalhães (Fifa/RJ)
Assistentes: Rodrigo Corrêa (Fifa/RJ) e Thiago Farinha (RJ) 
Gols: Rogério (29min do 1ºT); Cazares (3min do 2ºT); Ricardo Oliveira (20min do 2ºT); Gabriel (22min do 2ºT); Michel Bastos (26min do 2ºT)
Cartões amarelos: Anselmo, Fabrício, Magrão (S); Adilson, Matheus Galdezani  (A)
Público: 15.605 pessoas
Renda: R$ 241.945,00
Fonte: Diario de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE