terça-feira, 21 de maio de 2024

Veja o gabarito oficial da 1ª Olimpíada Bonjardinense de História, Cultura e Patrimônio






O gabarito oficial da prova da 1ª Olimpíada Bonjardinense de História, Cultura e Patrimônio foi divulgado pelo Museu de Bom Jardim, nesta segunda-feira, 20 de maio de 2024. 

A prova foi realizada no dia 15/05, contou com a participação de 400  estudantes do ensino médio das escolas EREM Dr. Mota Silveira, EREM Raimundo Honório e EREM Justulino Ferreira Gomes. 

A ideia de criar a 1ª Olimpíada Olímpiada Bonjardinense de História, Cultura e Patrimônio foi do professor de história Edgar Severino dos Santos, produtor cultural, criador do Museu de Bom Jardim.

As 40  questões da prova contemplam diversos temas de  ciências humanas, linguagens e ciências da natureza dos  conteúdos do Currículo de Pernambuco, da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e do Currículo Municipal. 

A prova foi elaborada com a colaboração dos professores: Edgar Severino dos Santos, Gilberto Jorge de  Matos , Fernando Borges , Elizabeth Pedrosa, Daiane Lopes, Renê Cabral Henriques Neto, Ana Paula Gomes, Jussara Moura, Eraldo Leal, Jamille Santana, José Carlos Martins, Geisiane M. Silva e Maria Izabelly Gomes. Correção final Elizabeth Pedrosa. Digitação Ellen Américo, Edgar Filho, Pollyana Vallença.

A 1ª Olimpíada Olímpiada Bonjardinense de História, Cultura e Patrimônio, foi 100% patrocinada pelo Museu de Bom Jardim e fez parte do Calendário da Semana Nacional de Museus.

Os estudantes receberão certificado de participação com a chancela do Museu de Bom Jardim, Escolas e do IBRAM, como também,  poderão, conforme entendimento e autonomia dos professores de cada escola envolvida, fazer constar como uma AT (atividade) pontuada  para ajudar na composição da nota neste segundo bimestre letivo.

O Museu de Bom Jardim agradece o apoio e participação de todos estudantes, professores, coordenadores escolares, gestores, aplicadores dos testes nas escolas, equipe técnica do Museu de Bom Jardim e colaboradores.




Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bolsonarista criticou Angela Davis e Djamila Ribeiro e se deu mal. Assista o vídeo em LEIA MAIS





Foto: Djeneba Aduayom for TIME

A filósofa e ativista Angela Yvonne Davis, conhecida por sua luta anticapitalista, antirracista e feminista, nasceu em 26 de janeiro de 1944 na cidade de Birmingham, Alabama, região Sul dos Estados Unidos. 







Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 20 de maio de 2024

O drama dos idosos nas inundações do Rio Grande do Sul: 'Parecem deixados de lado'


Nadir Fernandes, desabrigada da enchente em Porto Alegre

CRÉDITO,JOÃO DA MATA/BBC NEWS BRASIL

Legenda da foto,Nadir Fernandes, 78, só teve tempo de pegar um saco de remédios e algumas roupas antes de ser resgatada por um trator, em Porto Alegre


"Só peguei meus remédios e documentos. Perdi tudo".

É assim que Nadir Fernandes, de 78 anos, conta como foram os acelerados minutos que antecederam o seu resgate.

Ela era moradora do bairro Navegantes, um dos mais atingidos pelas inundações em Porto Alegre. Teve de ser retirada de casa com o uso de um trator.

Em meio à tensão da operação para retirá-la de casa, a pá mecânica do veículo machucou as pernas da aposentada que, agora, não consegue mais caminhar


A preocupação de Nadir com os remédios e a dificuldade em se locomover ilustram um lado pouco observado deste que é o maior desastre climático da história do Rio Grande do Sul: o impacto das inundações sobre a população idosa

O Rio Grande do Sul é o Estado com maior proporção de idosos: 14,1% dos moradores têm 65 anos ou mais, segundo o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Rio de Janeiro ocupa a segunda posição, com 13,1% da população.

Sobre os resgates de idosos, autoridades do Rio Grande do Sul dizem que não há público específico nos salvamentos e que a prioridade é resgatar todos aqueles que estão em áreas de risco e que precisam de auxílio



"Independente da comorbidade, o resgate é realizado dentro da técnica, da maneira mais ágil possível", diz nota do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul.

Até a manhã de segunda-feira (20/5), foram confirmadas as mortes de 157 pessoas — além disso, 88 ainda estão desaparecidas.

A estimativa da Defesa Civil gaúcha é de que há cerca de 76 mil pessoas em abrigos e o total de afetados, em 463 municípios, é de 2,3 milhões de pessoas.

Um levantamento feito por entidades do Rio Grande do Sul, como a Universidade Lasalle e a Cruz Vermelha, estima que ao menos 202,5 mil idosos do Estado sofreram algum tipo de impacto com as chuvas dos últimos dias.

Informações pontuais sobre mortes nas fortes chuvas mostram idosos entre esses números. No entanto, a Defesa Civil diz que não apurou especificamente as idades das vítimas até o momento.

Uma psicóloga ouvida pela BBC News Brasil que atua em uma das centenas de abrigos espalhados pelo Estado afirma que falta estrutura adequada, tanto física quanto de recursos humanos, para lidar com os idosos em meio a esta crise.

Segundo ela, a maioria dos idosos resgatados e enviados a abrigos relatam problemas semelhantes: dificuldades de locomoção, baixa renda, solidão e doenças crônicas.

Procurado, o governo do Rio Grande do Sul disse que atua em conjunto com os municípios, incluindo uma parceira com a prefeitura de Porto Alegre.

À BBC News Brasil, a prefeitura de Porto Alegre informou que um primeiro abrigo destino exclusivamente ao público idoso foi aberto na sexta-feira (17/5).

Cuidado no resgate

O drama das inundações sobre os idosos fica evidente nas ações de resgate.

Voluntários ouvidos pela reportagem contaram sobre os cuidados necessários com as pessoas com mobilidade mais frágil.

"Eles têm dificuldades para subir nos botes, porque têm a força reduzida", diz o médico Daniel Che Barbosa Paiva, que está atuando como voluntário nos resgates.

Não é incomum, segundo os voluntários, que necessitem de aparato especial para serem resgatados, como o uso de pranchas de resgate.

"É preciso muito mais cuidado na retirada deles", diz o enfermeiro voluntário Alan Domiciano.

Outro ponto que chama a atenção dos voluntários é que alguns desses idosos não querem sair de suas residências, ainda que haja alertas do poder público para deixarem o local.

"Quem não saiu de casa é porque está resistente, mesmo com as chuvas. A pessoa pode querer ficar ali para proteger a casa, por medo de alguém invadir. Mas também é preciso entender a cabeça de um idoso que não quer sair da própria casa para ficar em um abrigo em que não conhece ninguém", diz Domiciano.

Entre as dificuldades, há os problemas crônicos de saúde dos idosos, como hipertensão e diabetes.

Isso leva a um cuidado extra, durante e após o resgate, principalmente em relação às medicações — já que alguns podem ter perdido seus remédios em meio às enchentes.

'50 anos morando no mesmo lugar'

Um colchão sobre o chão frio de um ginásio esportivo é a coisa mais parecida com uma casa que Nadir Fernandes tinha na tarde da última quarta-feira (15/05), quando conversou com a reportagem da BBC News Brasil.

Seus poucos pertences estavam amontoados ao redor do colchão onde ela passa o dia sentada ou deitada, já que não consegue mais caminhar sem a ajuda de voluntários.

Envolta em mantas para espantar o frio do início de inverno gaúcho, Nadir se emociona ao falar do seu resgate.

"Nunca que eu sonhei que a água fosse lá em casa. Eu me criei ali. Quase 50 anos morando no mesmo lugar e a água nunca tinha estado lá. Quando eu vi, a água estava me matando dentro de casa. Aí tiveram que me tirar de casa com uma patrola [trator]. Me machuquei e fiquei toda roxa", lembrou. "Estou muito triste, moço."

Paulo Roberto Gonçalves, vítima da chuva no RS

CRÉDITO,JOÃO DA MATA/BBC NEWS BRASIL

Legenda da foto,Paulo Roberto ficou com medo de morrer quando sentiu câimbra ao tentar sair de casa em meio à enchente

O tom emocionado também está presente no relato de Paulo Roberto Gonçalves, de 70 anos.

O aposentado vivia em uma casa na Vila Farrapos, área do bairro de mesmo nome às margens do lago Guaíba.

A região foi uma das que mais sofreram com as inundações na capital gaúcha.

Ele conta que relutou em acreditar que a água o obrigaria a sair do sobrado de dois pisos.

Com os meios que tinha, lutou contra a subida da água.

"Na minha casa foi assim: veio aquela imensidão de água que não te avisa. Vai subindo, vai subindo, como se fosse uma fonte que tinha estourado", contou.

"Eu via a água entrando pelo encanamento do tanque. Eu cheguei a colocar um pano debaixo da porta e disse: 'A água não vai passar'. Que nada. Quando desci as escadas, a água estava quase no meu joelho, dentro da cozinha", relatou.

Paulo contou que olhava pela janela e via a água invadindo as ruas, mas decidiu continuar em casa, no segundo andar de seu sobrado.

De tempos em tempos, ia à escada e podia ver os efeitos da inundação em sua residência — mantimentos estragados flutuando, caixa de som completamente submersa.

"Passei quatro dias comendo pão com ovo. Enquanto tinha pão", contou.

Foi só quando a comida e a luz acabaram que ele decidiu que era hora de tentar comprar mais mantimentos.

"Saí com a água na cintura para comprar uma vela e colocar carga no meu celular. Eu estava me segurando pela casa para ir devagarinho. A água estava na minha cintura. Tenho 1,85m e a água estava pela cintura, fedida e amarela", disse.

"Quando eu estava na metade do caminho, atravessando a rua, deu uma câimbra nessa perna [aponta para a perna direita]. Como é que eu ia atravessar se a água estava aqui [aponta para a cintura]? Veio uma outra pessoa e eu chamei: 'Me ajuda a ir ao supermercado'. A perna estava dura. Eu me emocionei um pouco porque se não saísse dali, ia deitar e ia morrer afogado", conta.

Ao chegar ao mercado, Gonçalves viu o local completamente invadido pelas águas. Ele ainda conseguiu voltar para casa, mas não ficou lá por muito tempo.

O susto com a perna paralisada o convenceu que era hora de ir.

Foi resgatado de bote e levado para um abrigo em uma escola católica no bairro Partenon, na zona leste de Porto Alegre.

Acolhimento e solidão

Nos abrigos improvisados montados às pressas em cidades como Porto Alegre após o auge das inundações, é comum encontrar famílias inteiras quase sempre compostas por casais jovens e crianças. Em meio à tragédia, eles tentam se apoiar como podem.

Mas não é essa a realidade de Nadir Fernandes e Paulo Roberto Gonçalves.

Como muitos dos idosos que a reportagem da BBC News Brasil encontrou nos abrigos da capital gaúcha, eles estavam sozinhos.

"Eu vivo sozinha. Eu tinha minha família toda. Os filhos se casaram, o meu marido faleceu e eu fico sozinha. Só eu e uma neta que morava comigo [...] Vim pra cá sozinha. Só eu", conta Nadir.

Ela disse que, desde que foi resgatada, não teve mais notícias de sua família.

"Não sei onde estão meus parentes, meus filhos", disse.

O relato de Gonçalves é parecido. Em sua casa, só viviam ele e, como ele diz, "seu amigo de quatro patas".

"Deixei meu amigo de quatro patas dentro de casa, que é meu gato. Deixei comida pra ele. E falei para ele o que eu sentia naquela hora: 'O pai vai te deixar comida'. Era um saco de ração que eu rasguei e deixei um bojo d’água. O apego que a gente tem pelos bichos é muito importante [...] é uma vidinha que está ali", contou.

"Ele dava aqueles 'mius' [miados] bem 'micha' [fracos] que é para mostrar que ele é carinhoso. Fiz um carinho e mostrei a comida para ele e disse: 'Eu tenho uma coisa pra te dizer. Olha bem pro pai aqui. Tu tem sete vidas. O pai só tem uma, tá?'", relembrou Gonçalves.

Paulo Roberto diz que chegou a fazer contato com sua família desde que foi resgatado, mas não mencionou por que não está com eles.

Outro problema relatado por voluntários são as doenças crônicas que muitos dos idosos têm e que criam desafios para a permanência deles em abrigos por períodos mais longos.

Paulo Roberto Gonçalves, por exemplo, precisa tomar medicamentos para controlar diabetes.

Nadir Fernandes contou que já teve dois infartos, e também precisa tomar remédios para controlar a pressão.

Francisco Leandro Dutra, de 90 anos, que está no mesmo abrigo de Nadir, precisa de remédios diuréticos todos os dias devido a problemas cardíacos.

Ele contou à BBC News Brasil que precisa ir várias vezes ao banheiro. A tarefa, no entanto, é especialmente difícil durante à noite, quando poucas luzes no ginásio ficam acesas.

Uma alternativa dada pelos voluntários foi uma cuba de plástico improvisada para que ele pudesse urinar no equipamento sem ter que se levantar.

"Fiz uma cirurgia do coração há dois ou três anos e tomo diuréticos. Seguidamente eu tenho que sair pra ir ao banheiro. Eles vieram e me deram um recipiente para não ter que ir ao banheiro."

'Parecem deixados de lado'

A psicóloga voluntária Clarisse Job

CRÉDITO,JOÃO DA MATA/BBC NEWS BRASIL

Legenda da foto,A psicóloga voluntária Clarisse Job diz que idosos em abrigos chegam 'perdidos' e têm dificuldade de pensar sobre o futuro

A psicóloga Clarisse Job, que atua como voluntária no abrigo onde estava Paulo Roberto, disse à BBC News Brasil que o perfil dos idosos afetados pelas inundações é parecido.

"Muitos chegam sozinhos, sem a companhia de familiares, como filhos. Às vezes, os companheiros já faleceram. A gente percebe que eles são um público mais fragilizado emocionalmente porque muitos perderam tudo o que construíram", disse à BBC News Brasil.

Ela menciona um idoso que chegou ao abrigo onde ela atuava como voluntária e que ajudou a dar a dimensão do drama vivido por esse público. O homem havia sido resgatado e estava dando entrada no abrigo quando foi abordado por ela.

"Quando cheguei para conversar com ele, ele me disse: 'Estou bem. Estou muito bem. Já perdi a coisa mais importante da minha vida'. Era a esposa dele, que tinha falecido havia um ano mais ou menos", disse.

A psicóloga disse que muitos chegam aos abrigos precisando de alguém para ouvi-los. "Às vezes, eles precisam desabafar. Precisam ter alguém para escutá-los."

Segundo ela, o impacto das inundações para o público idoso pode ser diferente do que ocorre com pessoas mais jovens.

"Para muitos, significa perder tudo o que eles construíram, todas as lembranças, as histórias que ficavam representadas nos objetos que eles tinham em casa, nas fotografias, num quadro na parede", disse a psicóloga à BBC News Brasil.

Isso, em parte, explica o relato de voluntários sobre as dificuldades em convencer idosos a deixarem suas casas.

"Percebi que é mais difícil conversar e convencer os idosos a mudarem de opinião e entenderem que a situação pode piorar, que há mais previsão de chuva e que é melhor deixar a casa. É muito mais fácil convencer os jovens a deixarem o local", disse o médico Daniel Che Barbosa Paiva.

A psicóloga diz que a velocidade com que as inundações destroem muito daquilo que essas pessoas conheciam como suas vidas cotidianas faz com que eles cheguem aos abrigos "perdidos" e inseguros sobre o futuro.

"Eles estão muito voltados para o presente. Não sabem como vai ser o futuro ou quanto tempo vão ter (de vida). Eles chegam (aos abrigos) muito perdidos, sem aquela referência do passado e, muitas vezes, sem saber como é que vai ser o futuro", disse a psicóloga.

Clarisse Job disse que não vê, pelo menos até agora, nenhuma política específica adotada pelo poder público para acolher os idosos considerando a especificidade dessa população.

"Não percebo (uma estrutura específica). Não vejo nenhuma política pública voltada para os idosos [...] eles parecem meio deixados de lado", afirmou a psicóloga.

Abrigo exclusivo em Porto Alegre

Homem em abrigo de Porto Alegre

CRÉDITO,JOÃO DA MATA/BBC NEWS BRASIL

Legenda da foto,Aos 90 anos, Francisco Leandro Dutra está sozinho em um abrigo após sua casa ter sido inundada em Porto Alegre

As informações extraoficiais apontam que há idosos desabrigados e em condição de abrigamento em praticamente todos os municípios afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul.

A maior parte dos abrigos em funcionamento neste momento é composta por instalações voluntárias, como os que receberam Nadir e Paulo Roberto.

Em Porto Alegre, o secretário municipal de Inovação e responsável por uma central que dá suporte aos abrigos localizados na capital gaúcha, Luiz Carlos Pinto, disse que, nos primeiros dias da tragédia, o foco foi oferecer abrigamento a todas as vítimas e não a segmentos específicos.

"Na primeira semana, a gente trabalhou muito para abrigar todo mundo, e só depois é que começamos a fazer alguns abrigos especializados [...] Ontem [quinta-feira] é que conseguimos uma instalação [na sexta-feira] para o nosso primeiro abrigo exclusivo para idosos", afirmou o secretário.

Ele disse que nesse abrigo haverá serviços e voluntários especializados em atuar com o público idoso.

Temor sobre o retorno

Clarisse Job disse que a situação dos idosos em abrigos inspira cuidados, mas que o retorno deles às suas casas após as inundações também precisa de atenção.

Ela explica que, por pior que a experiência do desalojamento possa ser, muitos idosos passaram a ter companhia nos abrigos, saindo da solidão em que alguns viviam anteriormente.

O retorno para casas destruídas em um momento tão difícil pode representar um desafio adicional.

"É um momento que a gente se preocupa mais. Muitas vezes, ao retornar, eles talvez não tenham a companhia de algum profissional ou de um voluntário. Esse pode ser um dos momentos mais delicados", disse.

Nadir Fernandes diz estar preocupada com o regresso.

"Eu já estava descansando a vida, mas agora isso aconteceu. Não deu certo. Perdi tudo. A assistente social veio aqui e a gente escreveu tudo o que eu perdi: fogão, cama, roupas. Só fiquei com uma saia e umas roupas que ainda me roubaram", disse.

Sobre o retorno à casa onde vivia, Paulo Roberto Gonçalves disse: "Vai ser uma tristeza".

Ao mesmo tempo, os dois relatam doses de otimismo.

"Por um lado, eu me sinto muito triste porque não sei onde estão meus parentes, meus filhos. Mas, por outro lado, eu me sinto contente por ter me salvado", disse Nadir.

Paulo Roberto pensa no seu gato Chico e esboça uma reação positiva.

"A vida é bela para quem sabe curtir. Tu pode ser duro com o próximo, mas tu tem que ter calma contigo mesmo e saber o que se quer da vida. Tem que olhar pra frente", disse.

*Colaborou Felipe Souza, da BBC News Brasil


Fonte: BBC 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 18 de maio de 2024

Eurekinha no Museu de Bom Jardim: estudantes confeccionam, apresentam maquetes sobre fósseis e pinturas rupestres da pré-história de Bom Jardim




Assista o vídeo , acesse o link, escreva-se no canal do Museu de Bom Jardim no YouTube

MUSEU DE BOM JARDIM| 22ª SEMANA NACIONAL DE MUSEUS: MUSEUS EDUCAÇÃO E PESQUISA | EUREKINHA Neste vídeo vamos ficar por dentro de alguns momentos da Programação do Museu de Bom Jardim Pernambuco, na 22ª Semana Nacional de Museus. Este vídeo tem fins educacionais, promove arte, cultura, ciência e memória social A Semana Nacional de Museus é uma temporada cultural coordenada pelo Ibram que acontece todo ano em comemoração ao Dia Internacional dos Museus (18 de maio). O Museu de Bom Jardim articula junto a comunidade escolar uma programação inclusiva com a participação de estudantes, professores, escolas públicas da rede municipal, rede estadual e particular do município do Bom Jardim - PE. Eurekinha reúne diversas ideias, ações e projetos que oportunizam pesquisa, experimentos, criações e brincadeiras que valorizam o saber científico, artístico e cultural de forma prática. A Exposição "A pré-história presente nos pontos turísticos e sítios arqueológicos de Bom Jardim realizado por crianças da escola Dr. Moacir Breno, é um bom exemplo da beleza da educação. O Museu de Bom Jardim, neste ano de 2024, promove exposições de artes integradas, oficinas, produção de vídeos, roda de diálogos e a 1ª OLIMPÍADA BONJARDINENSE DE HISTÓRIA, CULTURA E PATRIMÔNIO para estudantes do ensino médio, Feira de Arte, Oficina Cores que transformam com a artista Whittney de Araújo, vencedora de Prêmio Internacional de Artes sobre Diversidade. Este vídeo produzido por Museu de Bom Jardim Pernambuco, tem fins educacionais. Os protagonistas que participam deste vídeo tiveram autorização de seus pais e da comunidade escolar Dr. Moacir Breno Souto Maior. Classificação: Livre. Imagens reais, captadas no interior do Museu de Bom Jardim. O Museu de Bom Jardim é uma instituição comunitária, não cobra ingressos para o acesso do público de qualquer idade. Imagens e Edição: Akires Sabino. Produção Cultural / Idealização: Edgar Santos (Museu de Bom Jardim) Participação Especial: Professora Daiane Lopes da Silva / Virginia Arruda/ Edgar Filho/ Ellen Américo/ Pollyanna Vallença, Ana C. Lima, Estudantes da Escola Dr. Moacir Breno Souto Maior. TRILHA SONORA - DIVULGAÇÃO Música Happy Upbeat - Children's Music - DIVULGAÇÃO O Casamento da raposa - Nicolas Krassik - DIVULGAÇÃO O Trem de Bom Jardim - Bráulio de Castro · Canta Ed Carlos - DIVULGAÇÃO Small Guitar - Bensound - DIVULGAÇÃO Toré - Quinteto Armorial DIVULGAÇÃO IMAGEM DA CAPA - "Reunião com Jesus" (Acervo Museu de Bom Jardim) Autor: Edgar Severino dos Santos - Pintor: Sandro Roberto Leite Bom Jardim, Pernambuco, 18 maio de 2024
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 17 de maio de 2024

O desastre natural com maior impacto na economia brasileira: 3 efeitos das inundações do RS no país




Vista aérea de plantação

CRÉDITO,REUTERS/AMANDA PEROBELLI

Legenda da foto,Plantação de alface foi destruída pelas enchentes em Guaíba

Para se avaliar o impacto econômico das inundações no Rio Grande do Sul, é preciso olhar para o exterior para se achar algo semelhante — como no caso da destruição provocada pelo furacão Katrina nos Estados Unidos em 2005.

No Brasil, nunca houve tanto estrago econômico provocado por um evento climático. A avaliação é do economista Sergio Vale, da MB Associados, consultoria que está monitorando os impactos das enchentes de maio na economia.

Nos Estados Unidos, o Katrina fez o Estado da Louisiana contrair 1,5% — em um ano em que se esperava que crescesse 4%. No caso do Rio Grande do Sul, a MB Associados prevê que a economia vai se contrair 2% — em vez do crescimento de 3,5% que vinha registrando nos últimos 12 meses até abril.

E no caso brasileiro, o impacto em âmbito nacional será muito maior do que aconteceu no efeito do Katrina nos Estados Unidos — já que a economia gaúcha corresponde a 6,5% do PIB brasileiro (a Louisiana representa 1% da economia americana


Por conta da tragédia, a MB Associados não pretende revisar o crescimento brasileiro. A consultoria acreditava que o crescimento brasileiro projetado para este ano podia ser de 2,5% — mas após a tragédia no Rio Grande do Sul ela manteve a projeção de crescimento em 2%.

O Brasil já enfrentou outras grandes crises que afetaram o crescimento da economia nacional. Em 2001, por exemplo, uma seca contribuiu para uma crise de racionamento de energia e apagões. A economia nacional, que havia crescido 4,4% no ano anterior, desacelerou para 1,4%. Mas apesar da contribuição da seca, o cerne da crise de 2001 não foi o clima, mas sim gargalos nas linhas de transmissão — que impediam o Brasil de distribuir energia pelo país.

A tragédia no Rio Grande do Sul deste ano — que já provocou pelo menos 151 mortes — terá impacto em pelo menos três frentes da economia brasileira: no crescimento do PIB deste ano, no setor agrícola e na questão fiscal brasileira.

Carros destruídos
Getty Images
Enchentes no Rio Grande do Sul

  • -2%deve ser o crescimento do Rio Grande do Sul, segundo estimativas

  • 3,5%era quanto a economia gaúcha vinha crescendo antes das inundações

Fonte: MB Associados

Economistas e estudos consultados para esta reportagem lembram que a dimensão exata do impacto econômico ainda não pode ser quantificada com precisão, porque as chuvas ainda estão em andamento e sequer foi feito um levantamento preciso do estrago ainda.

Essa indefinição também tem implicações políticas. Autoridades têm falado em diferentes medidas e valores para destinar ao Rio Grande do Sul — mas essa ajuda ainda está sendo discutida e os números estão em aberto.

Confira abaixo como as inundações devem afetar a economia brasileira em 2024.

Impacto no crescimento e na indústria



As enchentes afetaram 94,3% de toda atividade econômica do Rio Grande do Sul, segundo um levantamento divulgado na segunda-feira (14/5) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).

"Os locais mais atingidos incluem os principais polos industriais do Rio Grande do Sul, impactando segmentos significativos para a economia do Estado", disse o presidente em exercício da Fiergs, Arildo Bennech Oliveira.

Três das maiores regiões afetadas (Região Metropolitana de Porto Alegre, Vale dos Sinos e Serra) contribuem com R$ 220 bilhões para a atividade econômica brasileira.

Essas três regiões concentram 23,7 mil indústrias que empregam 433 mil pessoas.

A Região da Serra (de cidades como Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha) é famosa pela produção nos segmentos metalmecânico (veículos, máquinas, produtos de metal) e móveis. A Região Metropolitana de Porto Alegre também produz metalmecânicos (veículos, autopeças, máquinas), além de derivados de petróleo e alimentos. A Região do Vale dos Sinos é famosa pela produção de calçados.

Mas diversos outros setores da economia também foram afetados, como tabaco e químicos.

Rua alagada em Porto Alegre

CRÉDITO,SEBASTIAO MOREIRA/EPA-EFE/REX/SHUTTERSTOCK

Legenda da foto,Ruas comerciais no Centro de Porto Alegre ficaram alagadas

Um estudo feito pelo Bradesco prevê que o impacto da crise no Rio Grande do Sul pode reduzir o crescimento do PIB nacional em 0,2 a 0,3 ponto percentual.

"A título de comparação, quando o Estado foi atingido pelo ciclone de 2008, o crescimento do PIB estadual daquele ano foi de 2,9%, ante crescimento do Brasil como um todo de 5,1%."

Um outro levantamento — da Confederação Nacional dos Municípios — calcula em mais de R$ 8,9 bilhões os prejuízos financeiros das enchentes. Segundo a CMN, R$ 2,4 bilhões desse prejuízo são no setor público, R$ 1,9 bilhão no setor produtivo privado e R$ 4,6 bilhões especificamente nas habitações destruídas.

Impacto agrícola

O Rio Grande do Sul é uma das potências do agro brasileiro — o Estado representa 12,6% do PIB da agricultura nacional.

Como um todo, a agropecuária brasileira será um dos setores da economia mais afetados pelas enchentes, segundo o Bradesco.

"Considerando tais impactos, o PIB agropecuário no Brasil pode recuar 3,5% (nossa estimativa anterior era de queda de 3,0%). As perdas no agronegócio podem ser ampliadas pela logística, que afeta tanto o escoamento da safra bem como impede a chegada de insumos. Esse parece ser um problema importante para os setores de laticínios e carnes", afirma um relatório do banco.

O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção do arroz do Brasil, 15% de carnes (12% da produção de frangos e 17% da produção de súinos) 15% da soja, 4% de milho.

As enchentes provocaram choques em alguns preços internacionais — a cotação mundial da soja na bolsa de Chicago chegou a subir 2% na semana passada. No Brasil, o preço do arroz já subiu e o governo anunciou a importação do produto para evitar um choque ainda maior. Há temores de que os preços de carne de frango e suína também possam subir em breve.

Agricultor segurando plantas mortas em plantação de milho de Guaíba

CRÉDITO,REUTERS/AMANDA PEROBELLI

Legenda da foto,Agricultor mostra prejuízo em campo de milho em Guaíba

Por sorte, 70% da safra de soja e 80% da safra do arroz já haviam sido colhidos. Sobram duas dúvidas agora: quanto do restante da safra foi afetado pelas enchentes e se a quantidade já colhida e armazenada nos silos foi comprometida ou não. O Bradesco avalia que 7,5% da produção de arroz e 2,2% da produção de soja do Brasil podem estar comprometidos, caso se confirmem os piores cenários.

Vale, da MB Associados, lembra que o agro gaúcho já vinha sofrendo muito nos últimos três anos com os extremos climáticos.

"No Rio Grande do Sul, a questão agrícola nos últimos anos tem colocado o Estado no grau de muita insegurança. Foram três anos seguidos de La Niña, com secas muito profundas, e quebras de safra muito fortes. No ano passado, o Estado estava até comemorando a chegada do El Niño, que traria chuvas. Mas quando se pensou que teríamos um ano normal, de repente acontece isso", diz o economista.

Ainda existe a possibilidade de um novo fenômeno La Niña este ano, com potencial para provocar novas secas no Rio Grande do Sul.

Impacto fiscal

Outro impacto importante da calamidade do Rio Grande do Sul na economia nacional é na questão fiscal brasileira.

Há anos o Brasil vem tentando equilibrar sua situação fiscal — ou seja — o governo faz um esforço para conseguir arrecadar mais dinheiro do que gasta, produzindo o que se chama de superávit fiscal.

Esse superávit fiscal é usado para reduzir o endividamento público do governo, que é um elemento fundamental da economia de qualquer país. Alto endividamento tem potencial para produzir inflação alta, baixo crescimento econômico e desemprego.

No ano passado, o governo Lula lançou o que chamou de "arcabouço fiscal" — o conjunto de regras para gastar os recursos públicos e fazer investimentos. Esse arcabouço foi fundamental para acalmar os mercados e sinalizar que o Brasil não gastaria dinheiro desenfreadamente.

Mas no mês passado, diante de problemas no orçamento, o governo desistiu de atingir superávits em 2025.

Economistas apontam que o Brasil já vivia um momento fiscal delicado antes das enchentes no Rio Grande do Sul.

No entanto, o quadro se agrava bastante agora que o governo federal terá que fornecer uma grande ajuda financeira ao Estado.

Todos defendem uma ajuda financeira grande ao Rio Grande do Sul, mas analisam que haverá um grande impacto nas contas nacionais.

Já foi anunciado, por exemplo, um plano a ser enviado ao Congresso para suspender a cobrança da dívida do Estado do Rio Grande do Sul com a União por três anos.

A regra permitiria a criação de um fundo "contábil" de R$ 11 bilhões por ano para ajudar na reconstrução da infraestrutura do Estado que foi devastada pelas enchentes, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A medida também inclui o perdão da cobrança de juros sobre a dívida — com impacto de R$ 12 bilhões.

O governo federal já havia anunciado na semana passada um pacote de medidas que pode chegar a R$ 51 bilhões, que incluía pagamentos antecipados de benefícios como Bolsa Família, auxílio-gás, BPC, abono salarial e restituição do Imposto de Renda, além de algumas renúncias fiscais.

Na quarta-feira, o governo federal anunciou um auxílio-reconstrução no valor de R$ 5 mil por família cadastrada, que custará R$ 1,2 bilhão aos cofres.

Alguns dos gastos públicos ficarão de fora das regras fiscais do governo, por conta de o Rio Grande do Sul estar em estado de calamidade.

Todas essas medidas são fundamentais para reerguer o Rio Grande do Sul — mas elas têm potencial para agravar a situação fiscal brasileira que já vinha sofrendo antes da crise provocada pelo evento climático.

Sergio Vale, da MB Associados, alerta que ao longo do ano é possível que mais dinheiro seja encaminhado ao Rio Grande do Sul através de créditos extraordinários aprovados pelo Congresso — e que isso deve piorar o equilíbrio fiscal brasileiro.

Ele diz que é difícil quantificar exatamente qual será o tamanho do problema fiscal brasileiro, porque ainda não se sabe quanto dinheiro será necessário para reconstrução do Rio Grande do Sul.

"Não está muito claro exatamente o que o governo vai disponibilizar. O cenário fiscal [do Brasil] já está muito distorcido. Então qualquer coisa que acontece piora ainda mais", diz Vale.

Para Caio Megale, economista-chefe da XP, parte da ajuda estará fora do arcabouço fiscal do governo — mas mesmo que seja necessário incluir essas despesas no orçamento, seria possível acomodar os gastos.

"Ninguém sabe direito qual que vai ser o tamanho total do apoio. A gente ouve falar em R$ 70 bi, R$ 80 bi, R$ 90 bi ou R$ 100 bi. Não dá para saber ainda, é preciso esperar as águas baixarem. Mas o arcabouço fiscal tem espaço para que essas medidas sejam tomadas", disse Megale em um morning call (serviço diário de corretoras para seus clientes) desta semana.




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Professor Edgar Bom Jardim - PE