segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

"O pessoal me recomendou: 'não, é melhor não se entregar porque nós estamos na Bolívia, você veio com a gente, você é nossa responsabilidade"


Jovem de 17 anos prestou esclarecimentos por pouco mais de duas horas.
Ele afirma ter disparado o sinalizador que causou a morte de um menino.

Paulo Toledo PizaCom Informações do G1 

O adolescente de 17 anos que afirma ter disparado o sinalizador que causou a morte de um menino na partida entre Corinthians e San José, na Bolívia, na semana passada, deixou por volta das 17h15 desta segunda-feira (25) a Vara da Infância e da Juventude de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Ele estava acompanhado do advogado e não falou com os jornalistas após o depoimento que durou um pouco mais de duas horas. O jovem foi ouvido por promotores. O disparo do sinalizador durante a partida na Bolívia atingiu no olho um torcedor boliviano do clube San José, de 14 anos, que morreu pouco depois de ser socorrido, em 20 de fevereiro.
A defesa do adolescente acredita que ele irá responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Em entrevista ao Fantástico deste domingo (24), o corintiano afirmou que utilizou o sinalizador para comemorar o primeiro gol do clube paulista, aos 6 minutos de jogo, na partida da Libertadores. Após o incidente, 12 torcedores do Corinthians foram detidos em Oruro sob acusação de autoria e cumplicidade na morte do menino.
Em entrevista nesta segunda-feira, o advogado Ricardo Cabral disse que o depoimento do menor nesta tarde na Vara da Infância e da Juventude de Guarulhos deverá ser encaminhado para autoridades bolivianas. A expectativa é que o jovem responda por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e que permaneça em liberdade, no Brasil.
Jovem deixa Vara da Infância em Guarulhos (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Jovem deixa Vara da Infância em Guarulhos
nesta segunda (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
"Ele [o menor] imaginou que assim que acionasse [o sinalizador] sairia aquela labareda, não imaginou que [o sinalizador] fosse sair voando", afirmou o advogado. Ainda de acordo com Cabral, dos seis sinalizadores comprados pelo menor, dois eram acionados manualmente, sem a necessidade de fogo.
Ao ser questionado se outros torcedores possuíam sinalizadores semelhantes ao que causou o incidente, o advogado afirmou que todos os sinalizadores encontrados na mochila apreendida pela polícia boliviana pertenciam ao adolescente. "No momento em que foi disparado o sinalizador, ele [o menor] foi hostilizado pela própria torcida do Cortinhians. Então ele abandonou a mochila que portava na arquibancada, se afastou e retornou em outro ponto da arquibancada." Nesse intervalo, segundo Cabral, a polícia foi ao local, apreendeu a mochila com os sinalizadores e 12 torcedores foram detidos "aleatoriamente". O advogado ressaltou ainda que a Gaviões da Fiel não sabia da existência desses sinalizadores e que o menor pode sofrer sanções dentro da torcida, de advertências até a expulsão.
Ao Fantástico, o jovem disse ter comprado o sinalizador naval na Rua 25 de Março, no Centro de São Paulo. “Quis fazer uma festa para o Corinthians. Eu amo o Corinthians”, disse.
Ele disse também que foi orientado por integrantes da Gaviões da Fiel a não procurar a polícia na Bolívia. "O pessoal me recomendou: 'não, é melhor não se entregar porque nós estamos na Bolívia, você veio com a gente, você é nossa responsabilidade'".
Ele também negou que tenha assumido ter cometido o crime para proteger os colegas de torcida. “Eu só quero assumir meu erro. Porque não é certo as pessoas pagarem por uma coisa que não fizeram. Se eu estivesse no lugar delas, também não iria querer pagar com uma coisa que eu não fiz, ficar preso injustamente”, declarou.
Segundo a especialista em direito internacional Maristela Basso, os dois países têm acordo de extradição, mas isso não se aplica a menores porque Brasil e Bolívia seguem a convenção da ONU sobre os direitos da criança e do adolescente. O juiz pode determinar que ele preste serviços comunitários ou seja detido por até três anos. 
O incidente fez a Conmebol sancionar o Corinthians, atual campeão da Libertadores da América, a disputar suas próximas partidas locais sem torcida e proibir a venda de ingressos pelo clube a seus torcedores em suas partidas internacionais. O Corinthians expressou, em um comunicado publicado na sexta-feira (22), que considerou a medida da Conmebol "injusta" e que "esgotará todos os recursos legais para reverter a decisão imposta", após declarar um dia antes luto de sete dias pela morte do torcedor boliviano. Para Cabral, a confissão do adolescente nesta segunda-feira pode amenizar as punições estabelecidas pela Conmebol.
Após a morte do torcedor, o governo da Bolívia promove a aprovação de um decreto para proibir o uso de qualquer tipo de artefato explosivo em eventos esportivos, algo que até hoje é muito comum no país.www.professoredgar.com

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