A 21 de outubro de 1097 os primeiros contingentes de Cruzados chegaram ante as muralhas de Antioquia.
O cronista Alberto de Aix descreve-os de seguinte maneira:
Parece um fragmento de uma canção de gesta e, todavia, é só o relato de um cronista que em geral é muito preciso, o qual simplesmente transmite a sensação que certamente produziu aquele exército de cores resplandecentes, segundo o gosto da época.
A cidade para a qual se dirigem é também digna de uma canção de gesta.
Antioquia, ao pé do Monte Silpius, banhada pelo Orontes, que a une ao mar, era praticamente inexpugnável, com sua muralha de 12 quilômetros de comprimento, eriçada por trezentos e sessenta torres.
Quando chegaram, os Cruzados não imaginaram que permaneceriam junto à cidade por mais de um ano.
De perto dessas muralhas o Conde Estevão de Blois, um dos principais barões, envia notícias à sua esposa, Adélia de Normandia, filha de Guilherme, o Conquistador.
O cronista Alberto de Aix descreve-os de seguinte maneira:
“Os Cruzados vão em direção às muralhas de Antioquia no meio de esplendor dos escudos dourados, verdes, vermelhos e de outras corres; desfraldam suas bandeiras de ouro e de púrpura; montam os cavalos de guerra e vão revestidos de escudos e capacetes resplandecentes.”
Parece um fragmento de uma canção de gesta e, todavia, é só o relato de um cronista que em geral é muito preciso, o qual simplesmente transmite a sensação que certamente produziu aquele exército de cores resplandecentes, segundo o gosto da época.
A cidade para a qual se dirigem é também digna de uma canção de gesta.
Antioquia, ao pé do Monte Silpius, banhada pelo Orontes, que a une ao mar, era praticamente inexpugnável, com sua muralha de 12 quilômetros de comprimento, eriçada por trezentos e sessenta torres.
Quando chegaram, os Cruzados não imaginaram que permaneceriam junto à cidade por mais de um ano.
Estevão II, conde de Blois e conde de Chartres |
“O Conde Estevão a Adélia, sua amada esposa, a seus queridos filhos e a todos os vassalos de sua linhagem, saúde e bênção.
“Podeis estar certos, meus muito queridos, de que a mensagem que envio para vos confortar deixa-me diante de Antioquia são e salvo; e, pela graça de Deus, com muita prosperidade. Agora, junto com todo o exército eleito por Cristo e por Ele dotado de grande valor, fazem vinte e três semanas que avançamos sem cessar rumo à Morada de Nosso Senhor Jesus.
“Podeis ter por certo, minha cara, que em ouro, prata e toda sorte de riquezas, tenho presentemente duas vezes mais do que aquilo que me foi entregue quando vos deixei, porque todos nossos Príncipes, com o consentimento do exército inteiro, e contra meus próprios desejos, me nomearam chefe, cabeça e guia da expedição.
“Sem dúvida ouvistes contar que depois de termos nos apoderado da cidade de Nicéia, livramos uma grande batalha contra os pérfidos turcos, e com a ajuda de Deus os vencemos.
“Conquistamos para o Senhor toda a Romênia e depois a Capadócia. Soubemos que um dos Príncipes dos turcos, Assam, habitava na Capadócia; dirigimos nossos passos até ele.
“Conquistamos pela força todos os seus castelos e obrigamo-lo a fugir a outro castelo, muito forte, edificado num penhasco muito alto.
“Entregamos as terras de Assam a um de nossos chefes e, para que as possa conservar, deixamos com ele muitos soldados de Cristo.
“Daí, seguindo sempre os malditos turcos, repelimo-los até o centro da Armênia, junto ao grande rio Eufrates. Deixando suas bagagens e bestas de carga à beira do rio, fugiram pela outra margem, até a Arábia.
Batalha ante os muros de Antioquia, F.H. Schopin (1804-1880), Museu de Versailles
“Entretanto, os mais audaciosos soldados turcos entraram na Síria e se apressaram, com marchas forçadas de noite e dia, para chegar antes de nós à real cidade de Antioquia. Todo o exército de Deus, quando soube disso, deu graças e louvou Deus Todo-Poderoso.
“Apressamo-nos radiantes em chegar à cidade de Antioquia, sitiamo-la e desde então temos tido com freqüência escaramuças com os turcos, e sete vezes combatemos com grande valentia, sob o mando de Cristo, a eles, aos habitantes de Antioquia e às inumeráveis tropas que vieram em seu socorro.
“E nas sete batalhas com a ajuda do Senhor Deus, vencemos e causamos a morte a um grande número de inimigos.
“Nas mesmas batalhas, também é verdade, e nos numerosos ataques que realizamos contra a cidade, muitos de nossos irmãos foram mortos e suas almas arrebatadas aos gozos do Paraíso...
“Diante da cidade, durante todo o inverno, aguentamos por Cristo Nosso Senhor um frio excessivo e chuvas torrenciais.
Batalha diante das muralhas de Antioquia
“O que alguns dizem sobre o calor do sol, impossível de se suportar na Síria, não é verdade, porque o inverno daqui assemelha-se muito a nosso inverno do Ocidente....
“Enquanto no dia da Páscoa meu Capelão Alexandre escrevia a toda pressa esta carta, uma parcela de nossos homens que espreitava os turcos livrou com eles uma batalha vitoriosa e prenderam sessenta cavalos, que trouxeram ao exército.
“Escrevo-vos umas quantas coisas entre tantas que temos feito; e, dado que não sou capaz de dizer-vos tudo o que penso, recomendo-vos que andeis bem, que veleis com cuidado minhas terras e cumprais vosso dever para com vossos filhos e vassalos. Tornareis a ver-me quando puder voltar e estar convosco. Adeus”.
(Fonte: Régine Pernoud, “Las Cruzadas”, col. Los Libros del Mirasol, Compañia General Fabril Editora S.A. - Buenos Aires, 1964, pp. 56 a 58)
Batalha das Navas de Telosa: A expulsão do Islã
Em 1212, a onda invasora dos muçulmanos almoades, seita fanática de tipo fundamentalista, ameaçava tomar conta da Península Ibérica.
O Papa Inocêncio III convocou, então, uma Cruzada para deter o perigo, que ameaçava toda a Europa.
Para liderar as forças católicas foi escolhido o rei Afonso VIII de Castela, avô de São Fernando III.
Natal num castelo da França |
Entre os convocados estrangeiros figuravam também três bispos das cidades francesas de Narbonne, Bordeaux e Nantes.
O rei Sancho da Navarra quebrou o cerne dos fanáticos islâmicos |
Nessa batalha os dois lados empenharam todo o seu poderio militar e o melhor de suas forças.
O rei Afonso foi o grande articulador da aliança vencedora e teve o arguto senso de oportunidade para escolher o momento da batalha, que preparou com quase dez anos de antecedência.
Sabia que a mesma selaria o destino da península.
O exército mouro, segundo as crônicas da época, chegava a ter 300.000 ou 400.000 homens comandados pelo califa Muhammad Al-Nasir (Miramamolín para os cristãos).
Por sua vez, os católicos eram 70.000 e constituíam um dos maiores já reunidos na península sob o signo da Cruz.
Nunca lutaram dois exércitos tão grandes na longa guerra da Reconquista |
A derrota esmagadora infligida naquela data pelos aliados castelhanos, navarros, aragoneses e portugueses aos sarracenos contribuiu decisivamente para a queda do domínio muçulmano na Península Ibérica.
A batalha foi antecedida por escaramuças e um jogo de estratégias que começaram em 13 de julho de 1212. Ambos os lados buscavam a melhor posição e o melhor terreno para a luta.
Por fim, os árabes ficaram mais bem posicionados, sobre uma colina, enquanto os cristãos teriam que avançar “morro acima”.
O embate final aconteceu em 16 de julho.
As forças de Castela, que formavam o maior contingente, agiram no centro, apoiadas nos flancos pelos reis cristãos de Navarra (Sancho) e de Aragão (Pedro).
O heroísmo de Diego López II de Haro e seu filho empolgou os católicos |
O rei Afonso simulou uma força de infantaria central fraca para atrair o inimigo, que caiu na armadilha.
Em seguida deslanchou uma carga de cavalaria pesada, que foi decisiva para a vitória cristã.
Porém, o combate teve um momento angustiante, quando as tropas almoades conseguiram rodear e isolar o centro do exército castelhano.
Muitos então fugiram, mas não o capitão vascaíno Diego López II de Haro e seu filho, que aguentaram heroicamente na posição junto ao capitão castelhano Núñez de Lara e às Ordens Militares.
A resistência desse punhado de heróis encheu de brios a reis e cavaleiros cristãos, que se jogaram no auxílio deles com o resto de suas tropas.
Os reis avançaram numa carga irrefreável contra os flancos do exército mouro.
Por sua vez, com duzentos cavaleiros, o rei Sancho VII de Navarra atacou diretamente o acampamento do califa Al-Nasir.
O rei Sancho de Navarra quebrando a elite maometana tirou dos infiéis a vontade de resistir |
O acampamento estava rodeado de correntes defensivas, que os navarros foram os primeiros em quebrar.
Crê-se que foi por esse feito que as correntes entraram simbolicamente no brasão do reino de Navarra.
A guarda pessoal do califa sucumbiu sem arredar, mas assim que percebeu a batalha perdida, o próprio An-Nasir procurou a salvação na fuga, passando pusilanimidade a seus seguidores.
Sabedor por experiências anteriores de que os derrotados se reorganizariam para novos embates, o rei Afonso ordenou que aos muçulmanos, que batiam em retirada desorganizada, fosse dado um trato inclemente.
A crônica chega a afirmar que foram mortos na escapada tantos muçulmanos quantos o foram durante a batalha.
A precipitada fuga de An-Nasir deixou um incalculável botim de guerra.
A peça mais preciosa é a bandeira, ou pendão de Las Navas, hoje conservado no Mosteiro de Santa Maria la Real de Las Huelgas, na cidade de Burgos.
Pendão islámico ganho na Batalha. Mosteiro de Las Huelgas, Burgos |
Eles incluem a Cruz do Arcebispo D. Rodrigo, uma bandeira e uma lança dos fanáticos que custodiavam a Miramamolín, e a casula com que o senhor arcebispo oficiou missa no dia do colossal enfrentamento guerreiro para implorar a vitória das armas cristãs.
Os árabes da Península Ibérica nunca mais se recuperaram dessa derrota.
A partir daquele momento, o rei Afonso os manteve em situação de desvantagem permanente.
A batalha deu início à superioridade militar, econômica e política dos reinos católicos e demarcou definitivamente o início da decadência da civilização árabe na Península Ibérica.
A obra do rei Afonso foi completada brilhantemente pelo seu neto São Fernando III de Castela, que conquistou as grandes capitais árabes da Andaluzia.
Além disso, submeteu à vassalagem o emir de Granada, cidade onde ficou o último quisto muçulmano na Europa, até ser definitivamente expulso pelos Reis Católicos em 1492.
De: ascruzadas
www.professoredgar.com
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