sábado, 21 de março de 2020

Estado de calamidade suspende transporte intermunicipal


Pernambuco decretou estado de calamidade pública, devido a crise da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. O decreto será publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) neste fim de semana, mas precisa ainda ser homologado pela Assembleia Legislativa do Estado. Além disso, outras medidas como a suspensão do transporte intermunicipal, a partir desta segunda-feira, foram anunciadas pelo Governo de Pernambuco.

Segundo a Procuradoria Geral do Estado (PGE), o decreto da calamidade pública será publicado no DOE deste sábado (21), mas a vigência do decreto depende da homologação da Alepe. Em nota, a PGE informa que a medida permitirá um melhor atendimento na saúde. “Para o estado, a importância maior é permitir esse reforço das equipes de saúde, viabilizando um melhor atendimento à saúde da população. Ela suspende a contagem dos prazos e a aplicação de disposições e restrições. O decreto permitirá especialmente que o Estado contrate o pessoal necessário para o reforço das equipes que atuarão no enfrentamento da pandemia”, informou.
A decisão por instaurar a calamidade no Estado foi encaminhada pelo governador Paulo Câmara à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). A homologação do decreto deverá ser feita na próxima terça-feira, de acordo com a Assembleia.

Outra medida anunciada foi a do transporte intermunicipal em Pernambuco, que estará suspenso a partir desta segunda-feira (23). A medida é mais uma como forma de prevenção a Covid-19. A decisão não impacta o transporte público da Região Metropolitana do Recife, atinge apenas as viagens com saída da RMR para o Interior, além das viagens entre municípios pernambucanos.

Apesar da suspensão, algumas exceções poderão ser aplicadas aos serviços de fretamento e ao transporte complementar. As viagens fretadas já autorizadas pela Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal (EPTI) continuarão funcionando, assegurando o serviço. Já o transporte complementar entre municípios do interior, só poderá ser realizado com autorização do prefeito da cidade e se for comprovada emergência no caso. Para obter a autorização, a EPTI disponibiliza no site www.epti.pe.gov.br, um formulário padrão a ser assinado.

O secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Marcelo Bruto, destacou que a partir das 00h de segunda-feira, as atividades desse tipo de transporte serão interrompidas em todo o Estado. “O transporte intermunicipal o decreto será publicado no Diário Oficial, e é importante que essa publicação não abrange a RMR, somente o intermunicipal, entre a Região Metropolitana e outros municípios do Estado”, disse.

De acordo com a Diretora Presidente da EPTI, Marília Bezerra, a medida foi tomada para que as pessoas permaneçam em casa, e o movimento de passageiros já vinha registrando uma queda de pelo menos 40% na última semana. “Se as pessoas tem que ficar em casa isoladas, o transporte não pode funcionar. Já havia uma queda, com um nível de saída baixo dos ônibus. Essa determinação é por tempo indeterminado, mas caso a situação se normalize, podemos retomar as atividades se houver necessidade. O Terminal Integrado de Passageiros possui a plataforma do intermunicipal e interestadual, a municipal fecha na segunda-feira, e a do estadual continua funcionando”, afirmou.
Com Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Fiocruz estima Recife como uma das cidades a acumular casos graves em curto espaço de tempo



Testes na Fiocruz
Testes na FiocruzFoto: Josué Damacena/IOC
Com base em modelos matemáticos de previsão, pesquisadores da Fiocruz e da Fundação Getulio Vargas (FGV) estimaram qual o risco de disseminação da epidemia da Covid-19 no Brasil. A estimativa prevê que além dos centros urbanos das regiões Sul e Sudeste, Recife e Salvador devem enfrentar a situação mais difícil, com grande potencial de acumular casos graves no curto prazo.
Além da conectividade aérea, o estudo levou em conta o percentual de população de risco, acima de 60 e acima de 80 anos, elevado nessas regiões. Microrregiões no interior dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo também devem apresentar surtos em breve, devido à mobilidade pendular com suas capitais.
O relatório Estimativa de risco de espalhamento da Covid-19 no Brasil e o impacto no sistema de saúde e população por microrregião foi produzido pelo Núcleo de Métodos Analíticos para Vigilância em Saúde Pública (Procc/Fiocruz) e pela Escola de Matemática Aplicada (EMAp/FGV).

No documento é analisado o risco de epidemias nas microrregiões brasileiras a partir da exportação de casos dos dois maiores centros urbanos do país, Rio de Janeiro e São Paulo. As duas cidades já possuem transmissão sustentada da doença e devem se tornar o principal foco de disseminação a partir de agora. 
Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Itália: 4824 mortos por coronavírus



A Itália registrou um novo recorde de mortes por coronavírus em 24 horas, com 793 registros neste sábado (21).
Isso eleva a 4.825 o número de mortos pela pandemia na península em um mês, segundo dados da Proteção Civil.
Na última quinta (19), a Itália superou a China em número de mortos pela Covid-19. Até aquele dia, o país europeu contabilizava 3.405 mortes desde o início do surto, enquanto os chineses registravam 3.245.
do G1
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 20 de março de 2020

Coronavírus: Bolsonaro e Mandetta criticam governadores e veem risco de colapso na saúde em abril


Bolsonaro aparece de máscara em coletiva de imprensaDireito de imagemSERGIO LIMA / AFP
Image caption'Queremos evitar uma histeria porque o problema econômico agrava a questão do coronavírus', afirmou Bolsonaro nesta sexta-feira (20)
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, criticaram nesta sexta-feira (20/03) ações individuais adotadas nos Estados para conter o avanço do novo coronavírus, como o fechamento de estradas e aeroportos implementado pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
Segundo eles, essas iniciativas feitas sem coordenação com o governo federal podem agravar a crise provocada pela doença.
Sem citar o nome de Witzel, Mandetta disse que o fechamento de estradas por um governador impactou, por exemplo, o transporte de insumo para uma indústria de oxigênio, produto fundamental para tratar os casos mais graves de covid-19 (nome da doença causada pelo coronavírus).
"Há algum tempo já venho falando que não devemos entrar em pânico. Queremos evitar uma histeria porque o problema econômico agrava a questão do coronavírus", disse Bolsonaro na coletiva de imprensa.
"Teve um Estado do Brasil que só faltou o governador declarar independência do mesmo", criticou ainda, em aparente referência a Witzel.
Segundo Bolsonaro, o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, estava se reunindo com secretários estaduais de Saúde para uniformizar procedimentos de enfrentamento do coronavírus.
Alguns governadores têm decretado também o fechamento de estabelecimentos comerciais, com exceção dos essenciais (como farmácia e mercados). É o caso de João Doria (São Paulo), Ibaneis Rocha (Distrito Federal) e Witzel, por exemplo.
Bolsonaro tem reagido a essas iniciativas com irritação nos últimos dias devido ao impacto na economia. Já os governadores e muitos epidemiologistas estão defendendo medidas radicais que reduzam a circulação de pessoas para retardar o contágio da doença, evitando que faltem leitos nos hospitais para tratar os casos mais graves.

Colapso do sistema

O próprio Mandetta disse nesta sexta-feira que o número de pessoas infectadas começaria a crescer rapidamente em poucas semanas, provocando o "colapso" do sistema de saúde já em abril.
"O colapso é quando você pode ter o dinheiro (para pagar o hospital), pode ter a ordem judicial (determinando a internação), mas não tem (vaga em hospital) onde entrar", disse o ministro.
No entanto, ao ser questionado por jornalistas para detalhar melhor o que seria esse "colapso" do sistema, o ministro disse que isso seria um "cenário" a ser evitado com trabalho conjunto envolvendo governo federal e governos estaduais, assim como o setor privado.
"Se nós não fizéssemos nada, se não aumentássemos nossa capacidade instalada (na indústria de insumos médico-hospitalares), se nós ficássemos parados olhando, nós teríamos um mega problema", respondeu.
"Porque esse sistema, do jeito que ele vem, sem fazer nada, você colhe um colapso. Nosso sistema aguentaria por volta de trinta dias", disse ainda.
O cenário de expansão da doença traçado pelo ministro, a partir do que se tem observado em outros países onde o vírus chegou antes, prevê um aumento rápido dos casos de covid-19 no Brasil entre abril e junho.
Depois, explicou ele, deve haver uma estabilidade do número de doentes em julho e agosto, com uma queda acelerada a partir de setembro.

Articulação com empresários

O presidente e o ministro realizaram nesta tarde uma teleconferência com empresários para discutir como o setor privado pode colaborar de forma articulada no enfrentamento do coronavírus.
O presidente da General Motors para a América do Sul, Carlos Zarlenga, disse que dez engenheiros da companhia estavam trabalhando em como usar a linha de produção de automóveis para a fabricar respiradores, item essencial para tratar a falta de ar provocada pelos casos mais graves da doença.
Segundo ele, as vendas do grupo, que comercializa os veículos da marca Chevrolet, estão caindo de 40% a 50% em todo o país.
Já o presidente da Ambev, Jean Jereissati, disse que a companhia colocou uma fábrica para produzir álcool em gel e doar para governos estaduais. Ele destacou, porém, que a empresa está com dificuldade em garantir a quantidade necessária de carbopol, um dos insumos necessários para a produção de álcool em gel.

Bolsonaro descarta Estado de Sitio

Bolsonaro descartou decretar Estado de Sítio ou Estado de Defesa por causa da expansão do coronavírus no país. Ambas as iniciativas dependem de aprovação do Congresso Nacional para serem adotadas e servem para suspender direitos e garantias individuais, dando poderes excepcionais ao Poder Executivo.
"Ainda não está no nosso radar isso, não. Serio o extremo, acredito que não seria necessário, bem como Estado de Defesa.", respondeu Bolsonaro ao ser questionado se estudava adotar o Estado de Sítio em coletiva de imprensa.
"Não tem dificuldade de implementar isso, em poucas horas você decide se é uma situação como essa. Mas acho que daí estaríamos avançando, dando uma sinalização de pânico para a população. Queremos sinalizar a verdade para a população. Acho que isso, por enquanto, está descartado, até estudar essa circunstância (está descartado)", disse ainda o presidente.

Exames de Bolsonaro

Questionado por jornalistas se faria mais um exame para testar se está infectado com coronavírus, Bolsonaro disse que poderia se submeter caso houvesse recomendação médica.
O presidente não atendeu aos pedidos da imprensa para que divulgue os dois primeiros exames que ele anunciou terem dado resultado negativo para a presença do vírus.
Até o momento, 22 integrantes da comitiva de Bolsonaro que viajou aos Estados Unidos no início de março foram diagnosticados com a doença.
"Depois da facada, não é uma gripezinha que vai me derrubar não", disse o presidente, minimizando mais uma vez a gravidade da doença que já matou mais de dez mil pessoas no mundo.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

O mundo caiu?


As intrigas e as vaidades se aceleram e o caos se instala na história. Uma energia negativa assume o mundo. Há pânico.É preciso sacudir a memória. Quantas epidemias já aconteceram, quantas religiões enganaram os inocentes, quantos autoritarismo oprimiram, quantos refugiados sofrem cotidianamente? Não adianta criar messianismos, nem adormecer em hipocrisias.As elites estão sentido o peso do desmantelo. Isso é um ponto que abala e o sombrio avança.
A escolha pela competição, pela riqueza narcista, minaram a generosidade. As máscaras se concretizaram e as fragilidades estão expostas.Se a solidariedade não se dimensiona e as pessoas observarem as necessidades dos outros, os abismos se abrirão. Talvez, haja um renascimento, o olhar afetivo, o desejo ardente de expulsar valores obscuros. A história joga com o acaso e nos deixa perplexos. Os trapézios se balançam.
É importante fermentar os diálogos.Escutar as vozes do passado, não se entusiasmar com tecnologias frias e animar o otimismo. Os desamparos crescem, mas a sociedade antes brincava com sua própria sorte. Não faltavam ironias, machismos, desfazeres violentos. Muitos se tornam poderosos e não percebem que os pântanos afogam e destroem. Se a lucidez se vai, a história se esfarrapa.
Todos estão aflitos, contando os dias, sem certezas, buscando voar para alcançar outras convivências. Cada aventura é susto, daí o isolamento, a solidão, um silêncio assombroso. Escreve-se para acertar, apontar para os descasos e se encontrar com algo que redesenhe o sonho. Se os pesadelos persistem e rasgaremos imagens de sossego. É preciso acender a vontade de retomar cuidados, acender o viver e não estimular cegueira de desprezar o outro.
Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 19 de março de 2020

Coronavírus: Quanto tempo o Sars-Cov-2 consegue sobreviver em diferentes superfícies



Homem higienizando metrôDireito de imagemAFP
Image captionEm meio à pandemia, tornou-se comum ver trabalhadores com roupas de proteção pulverizando desinfetante em praças, parques e ruas
Conforme a covid-19 se espalha, também aumenta o receio de tocar em superfícies.
Em locais públicos ao redor mundo, tornou-se comum ver gente tentando abrir as portas com os cotovelos, passageiros de trens evitando segurar em barras e alças e pessoas limpando suas mesas no escritório todas as manhãs.
Nas áreas mais atingidas pelo novo coronavírus, trabalhadores com roupas de proteção pulverizam desinfetante em praças, parques e ruas.
Os serviços de limpeza em empresas, hospitais, lojas e restaurantes foram ampliados. Em algumas cidades, voluntários até se aventuram à noite para higienizar os teclados de caixas eletrônicos.
Como muitos vírus respiratórios, incluindo o da gripe, o Sars-Cov-2 pode se espalhar por meio de pequenas gotículas liberadas pelo nariz e pela boca de uma pessoa infectada quando ela tosse ou espirra. Uma única tosse pode produzir até 3 mil gotículas.
Essas partículas pousam em outras pessoas, roupas e superfícies ao redor, mas algumas partículas menores podem permanecer no ar.
Também há evidências de que o vírus é excretado por meio das fezes, por isso uma pessoa que não lave bem as mãos após ir ao banheiro pode contaminar qualquer coisa que toque.
Mas, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), tocar uma superfície ou objeto que contenha o vírus e depois tocar o próprio rosto "não é considerado o principal meio de propagação do vírus".
Mesmo assim, o CDC, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras autoridades em saúde enfatizam que lavar as mãos e limpar e desinfetar superfícies frequentemente é essencial para impedir a propagação do Sars-Cov-2.
Portanto, embora ainda não saibamos exatamente quantos casos estão sendo causados diretamente pelo contato com superfícies contaminadas, os especialistas aconselham ter cuidado.
Mas um aspecto que não está claro é exatamente quanto tempo o novo coronavírus sobrevive fora do corpo humano.

Tipo resistente

Alguns estudos sobre outros coronavírus, incluindo aqueles por trás das epidemias da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, na sigla em inglês) e Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês) descobriram que eles podem sobreviver em superfícies de metal, vidro e plástico por até nove dias, a menos que elas sejam desinfetadas adequadamente. Esse período pode se estender a até 28 dias em baixas temperaturas.
Sabe-se que os coronavírus são particularmente resistentes em termos de onde podem sobreviver. E os pesquisadores agora estão começando a entender mais sobre como isso afeta a disseminação do novo tipo de coronavírus.
Mulher com máscaraDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAcredita-se que o vírus que causa a covid-19 sobreviva por mais tempo em superfícies rígidas do que em materiais como papelão
Neeltje van Doremalen, virologista do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), e seus colegas do Rocky Mountain Laboratories em Hamilton, no Estado de Montana, fizeram alguns dos primeiros testes para analisar quanto tempo o Sars-Cov-2 pode sobreviver em diferentes superfícies.
O estudo, que ainda não foi publicado em uma revista científica, aponta que o vírus pode sobreviver em gotículas por até três horas após ser expelido no ar por uma tosse.
Gotas finas, entre 1 e 5 micrômetros de tamanho, cerca de 30 vezes menores do que um fio de cabelo humano, podem permanecer no ar por várias horas.
Isso significa que o vírus que circula em sistemas de ar-condicionado não filtrados só sobreviverá por algumas horas, principalmente porque as gotículas tendem a se depositar em superfícies mais rapidamente quando há circulação de ar.
Mas o estudo do NIH descobriu que o Sars-Cov-2 sobrevive por mais tempo quando depositado sobre papelão — até 24 horas — e de dois a três dias sobre superfícies de plástico e aço inoxidável.
Os resultados sugerem que o vírus pode sobreviver por este tempo em maçanetas de portas, bancadas e outras superfícies duras. Os pesquisadores descobriram, no entanto, que as superfícies de cobre tendem a matar o vírus em cerca de quatro horas.

Higiene é a melhor arma

Mas a pesquisa também mostrou que os coronavírus podem ser neutralizados em um minuto ao se desinfectar superfícies com álcool 62-71%, água oxigenada 0,5% ou água sanitária contendo 0,1% de hipoclorito de sódio.
Temperaturas e umidade mais elevadas também tendem a fazer com que outros coronavírus morram mais rapidamente, embora pesquisas tenham mostrado que um coronavírus que causa Sars morre com temperaturas acima de 56°C, mais quente do que uma água capaz de provocar queimaduras.
Embora não haja dados sobre quantas partículas de vírus podem ser encontradas em uma única gotícula de tosse expelida por uma pessoa infectada, pesquisas sobre o vírus da gripe apontam que gotículas podem conter dezenas de milhares de cópias do vírus influenza.
Homem limpando carteiras escolaresDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionHigienizar superfícies é uma forma importante de impedir a disseminação do novo coronavírus
No entanto, isso varia de acordo com o tipo de vírus, onde é encontrado no trato respiratório e em que estágio da infecção a pessoa está.
Em roupas e outras superfícies mais difíceis de desinfetar, ainda não está claro por quanto tempo o vírus pode sobreviver. Embora seja possível detectá-lo nas roupas, as fibras naturais absorventes podem fazer com que o vírus resseque rapidamente, diz Vincent Munster, chefe da seção de ecologia de vírus do Rocky Mountain Laboratories e um dos responsáveis pelo estudo do NIH.
"Especulamos que, devido ao material poroso, ele desidrata rapidamente e fica preso às fibras", diz Munster.
As mudanças de temperatura e umidade também podem afetar o tempo de sobrevivência de um vírus, e isso pode explicar por que é menos estável em gotículas suspensas no ar. "No momento, estamos realizando experiências para investigar o efeito da temperatura e umidade mais detalhadamente."
A capacidade do vírus de sobreviver por tanto tempo apenas ressalta a importância da higiene das mãos e da limpeza de superfícies, de acordo com Munster. "Existe a possibilidade de esse vírus ser transmitido de várias formas", diz ele.

BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

MPF cobra de Ministério da Saúde ações para conter coronavírus nas periferias



O Ministério Público Federal, via Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), solicitou ao Ministério da Saúde que apresente um planejamento para o atendimento a favelas e periferias das cidades brasileiras no contexto do combate ao novo coronavírus. Protocolado nesta quinta-feira 19, o pedido estabelece prazo de cinco dias para a resposta da pasta.
O documento destaca que favelas e periferias espalhadas em diversas cidades do país apresentam alta densidade populacional, casas muito próximas e limitações estruturais para garantir o isolamento adequado em caso de contaminação pelo vírus responsável pela Covid-19.
A Procuradoria ressalta que a população residente nessas localidades conta com saneamento básico precário, pouco acesso à água de qualidade – quando não, falta de água, como ocorre nos dias atuais em algumas favelas do Rio de Janeiro – e quase nenhum equipamento de saúde, tornando difícil a adoção das providências recomendadas pelo Ministério para evitar o contágio e a transmissão do vírus.
O órgão do Ministério Público Federal aponta que as providências a serem adotadas pela pasta devem ser necessariamente dignas e adequadas.
“O quadro estrutural de desigualdade existente na sociedade brasileira não pode ser potencializado em momentos de pandemia, o que significa dizer que grupos historicamente subalternizados devem merecer atenção prioritária, uma vez que já estão, especialmente em termos de saúde pública, em situação de desvantagem em relação ao restante da coletividade nacional”.
O pedido de informações é assinado pela procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat.

Carta Capital
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 18 de março de 2020

Coronavírus: Bolsonaro volta a atacar imprensa e a negar que tenha convocado protestos


Presidente Jair Bolsonaro concedeu entrevista coletiva usando máscara nesta quarta-feiraDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionPresidente Jair Bolsonaro concedeu entrevista coletiva usando máscara nesta quarta-feira
O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer na tarde desta quarta-feira (18/03) que não foi o responsável por convocar seus apoiadores a participar dos protestos do domingo — segundo o presidente, as pessoas saíram às ruas "espontaneamente".
Na ocasião, Bolsonaro saiu do isolamento no qual se encontrava para cumprimentar os manifestantes em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília.
Nesta quarta-feira, o presidente aproveitou a entrevista coletiva que concedeu para criticar a imprensa. Ele afirmou que os meios de comunicação focaram suas críticas nos protestos e deixaram de lado outros eventos ocorridos nos últimos dias.
"O povo decidiu espontaneamente aparecer (...). Foram menos de um milhão de pessoas (nas ruas em todo o país). É menos do que acontece em São Paulo no transporte coletivo", minimizou o presidente.
"Estive ao lado do povo, sabendo dos riscos que eu corria. Mas nunca abandonarei o povo brasileiro, ao qual devo lealdade absoluta", disse ele.
O capitão reformado do Exército insistiu na ideia de que participar da manifestação era parte de seu trabalho.
"Eu vejo muitas vezes jornalistas na frente de batalha. Como já vi na Guerra do Iraque (2003) e em outros momentos. É arriscado, mas é o papel de vocês. Eu como chefe do Executivo, o líder maior da nação brasileira, tenho que estar na frente, junto do meu povo. Não se surpreenda se você me ver, nos próximos dias, entrando no metrô lotado em São Paulo (SP), entrando numa barcaça na travessia Rio-Niterói em horário de pico; ou num ônibus em Belo Horizonte (MG). Longe de demagogia e de populismo. É uma demonstração de que eu estou do lado do povo, na alegria e na tristeza", disse.
"Vimos críticas (da imprensa) em cima deste evento (de domingo), como se fosse o único a ocorrer e como se tivesse sido convocado por mim", disse o presidente da República.
O presidente disse ainda que não colocou em risco os manifestantes no domingo, por não estar infectado.
"Eu, a partir do momento em que não estou infectado, não estou pondo em risco a vida de quem quer que seja (...). Não descumpro qualquer orientação do ministro da Saúde, que é nossa autoridade máxima neste momento, nesse assunto", disse.
Ele também chamou de "inconsequente" a jornalista Vera Magalhães, do jornal O Estado de S. Paulo — a profissional revelou que Bolsonaro tinha encaminhado a seus contatos no WhatsApp um vídeo convocando para os protestos. Mais tarde, o presidente a chamou de "mentirosa".
Bolsonaro voltou a insistir que este vídeo se referia a um protesto em 2015, mesmo com o filmete exibindo imagens do atentado sofrido por ele em Juiz de Fora (MG), na campanha de 2018.


Panelaços

Bolsonaro falou ainda sobre os "panelaços" contra o governo marcados para 20h30 desta quarta-feira - e disse que uma outra manifestação do tipo, de apoio ao seu governo, está prevista para as 21h.
"Parece que é um movimento espontâneo por parte da população (...). O que eu vi hoje foi a TV Globo, assim como a Veja Online, estimulando, divulgando esses protestos. Mas eu não vi esses dois veículos, também, falando que corre nas redes sociais um panelaço às 21h, em apoio ao governo de Jair Bolsonaro", disse ele.
"Qualquer protesto, seja nas ruas, seja de panelaços, nós políticos devemos encarar como manifestação da democracia", disse ele.
Estavam ao lado do presidente oito ministros - e parte deles falou brevemente sobre as iniciativas em suas respectivas áreas.
Eram eles Braga Netto (Casa Civil); Tarcísio de Freitas (Infraestrutura); Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública); Paulo Guedes (Economia); Luiz Henrique Mandetta (Saúde); Fernando Azevedo e Silva (Defesa); Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Também estava presente na mesa da coletiva o diretor da Anvisa, Antônio Barra Torres.
No começo da entrevista, Bolsonaro informou que mais um integrante do governo recebeu o diagnóstico de infecção pelo novo coronavírus: o ministro de Minas e Energia, o almirante Beto Albuquerque.
Antes de responder às perguntas de jornalistas, Bolsonaro agradeceu nominalmente aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pela colaboração no comabte ao vírus.

Mandetta: Bolsonaro é o 'grande timoneiro' da crise

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, usou uma metáfora para falar sobre o trabalho da pasta. Ele comparou a curva do número de casos de infecção com o formato das montanhas: se a disseminação for mais lenta, o estresse sobre o sistema de saúde será menor, disse.
"Se conseguirmos ter umas montanhas (a curva de casos) como as de Minas Gerais, menos íngremes, algumas pessoas podem ter dificuldades. Mas será uma caminhada muito menos pesarosa do que subir o Monte Everest", disse o ministro da Saúde.
"Estamos no pé deste monte, e o formato (da curva de disseminação do vírus) dependerá do comportamento de todos", disse ele, ao detalhar as iniciativas da sua pasta.
Mandetta também agradeceu a Bolsonaro por ter tido liberdade na montagem de sua equipe. "Pela primeira vez, todas as áreas do Ministério (da Saúde) estão sob o comando de pessoas técnicas, das melhores que poderíamos ter", disse ele.
O ministro disse ainda que o Sistema Único de Saúde do país representa uma vantagem frente à situação de outros países. "O SUS está presente em todas as cidades brasileiras. Não tem uma cidadezinha, não tem uma aldeia indígena ou uma terra quilombola que não tenha a presença do SUS", afirmou Mandetta.
Mandetta também aproveitou sua fala para reafirmar seu apoio a Bolsonaro. Chamou o presidente de "grande timoneiro" e reafirmou que o momento é de "calma".
Pesquisador segura tubo de ensaio com mão com luva verdeDireito de imagemEPA
Image captionCombate ao novo coronavírus passa por 'achatar' a curva de crescimento de casos

Comitê de crise e estado de calamidade

O Planalto divulgou nota oficial no começo da noite desta terça-feira (17), pedindo ao Congresso o reconhecimento do estado de calamidade pública diante da atual pandemia causada pelo vírus Sars-Cov-2.
A medida deve ser analisada pelos parlamentares ainda nesta quarta-feira (18), e dispensa a União de cumprir as metas fiscais previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. O estado de calamidade pública é previsto no Artigo 65 da Lei de Responsabilidade Fiscal.
O Planalto argumenta que isso é necessário para permitir a elevação dos gastos públicos, proteger a saúde e empregos dos brasileiros e lidar com uma perspectiva de queda da arrecadação por municípios, Estados e União com o desaceleração da economia.
Apesar da indicação de aumento dos gastos públicos, o governo federal reforçou em nota o compromisso "com as reformas estruturais necessárias para a transformação do Estado brasileiro" e com o "teto de gastos como âncora de um regime fiscal que assegure a confiança e os investimentos para recuperação de nossa dinâmica de crescimento sustentável".
Professor Edgar Bom Jardim - PE