segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Prefeitura do Recife cria restaurante para atender pessoas carentes



Inauguração do Restaurante Popular, no bairro de Santo Amaro
Inauguração do Restaurante Popular, no bairro de Santo AmaroFoto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
Um Restaurante Popular destinado ao atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade foi inaugurado na manhã desta segunda-feira- (23) no bairro de Santo Amaro, Zona Central do Recife. A criação do espaço faz parte do Programa Chegando Junto da Prefeitura do Recife. Batizado em homenagem a Naíde Teodósio, médica natural de Sirinhaém, na Zona da Mata Sul pernambucana, e referência na área de nutrição e fisiologia, o restaurante vai oferecer diariamente 750 almoços gratuitos a partir desta terça-feira (24). 
Primeiro da capital pernambucana oferecido pela prefeitura, o restaurante atenderá a população em situação de rua que estiver acompanhada e cadastrada pelos serviços de assistência social oferecido pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Política sobre Drogas e Direitos Humanos do Recife será atendida todos os dias das 11h às 14h - o cadastro pode ser feito nos Centros Pop - serviço oferecido às pessoas que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevivência - localizados na Rua Bernardo Guimarães, nº 135, em Santo Amaro, e na Rua Dr. João Coimbra, nº 66, na Madalena.

“Com a inauguração deste restaurante estamos fazemos história. Em meio à situação de fome que o país vive, vamos oferecer a quem precisa um prato de comida em um espaço humanizado, que tem o colorido da nossa cultura”, afirmou o prefeito Geraldo Julio.

Na sexta-feira (27), uma segunda unidade do restaurante popular será inaugurada no Recife. De acordo com a Prefeitura , foram gastos na construção e montagem dos dois espaços cerca de quatro milhões de reais.
Uma das responsáveis pela criação do programa, a secretária de Desenvolvimento Social e direitos humanos, Ana Rita Suassuna , destacou a importância do espaço. “Esse restaurante serve para trazer dignidade e a segurança alimentar para o morador de rua da cidade do Recife. Sabemos que o país está vivendo uma situação de desemprego muito grande e a população em situação de rua tem dificuldade em acessar isso", afirmou, informando que dois dos sete trabalhadores do local já viveram nas ruas.
Natural de Porto Alegre (RS), Emerson Kirst de Moraes, 50, é um exemplo de umas das pessoas que já estiveram em situação de vulnerabilidade e hoje faz parte da equipe que servirá os almoços. “Me mudei para Recife em busca de trabalho, mas não consegui e acabei tendo que ir parar nas ruas. Porém, fui acolhido pelo Centro Pop do Glória, fui encaminhado para o auxílio-aluguel, pude alugar um canto para ficar e conheci o responsável pelo almoço que será servido”. "É muito gratificante agora poder servir para eles uma almoço que muitas vezes me faltou. Vai ser um prato que sustentará pelo menos na hora do almoço e bem generoso para que todos saiam daqui bem alimentados”, concluiu Emerson.  

Com Informação de Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 22 de dezembro de 2019

As histórias se cruzam



Minha história tem singularidades. Nem tudo me toca, mas há coisas que batem nas agonias do mundo. Reações diferentes, amores desiguais, afetos fluentes giram em torno de momentos que passam com ritmos diferentes. O mundo é vasto e a heterogeneidade é imensa. Há estranhamentos. Quem já escutou notícias de intrigas sem soluções? A quantidade de ressentimentos cresce com a política fervendo ambições e mascarando interesses mesquinhos. Vivo minha história com certas dores e surpresas, porém não posso me isolar. As solidariedades aparecem, como também as invejas e antipatias. Confusões cotidianas.
As expectativas nunca estão ausentes. Não pense que controla as emoções e solta suas vaidades como um deus delirante. A história brinca com os tempos, não se resume a um calendário definido. Não se esconda, sacuda a poeira e inquiete suas verdades. Suas singularidades trazem seguranças e guardam temores. Portanto, o reino da ambiguidade existe desde Adão e Eva, mesmo que as teorias freudianas procurem decifrar as inúmeras ansiedades que nos cercam, A humanidade não sossega, no entanto segue questões que abalam sua paciência. Os espaços das esquizofrenias é perene.
Esperar uma história que converse com as utopias, sem acasos, é uma ilusão. Há pessoas que entram no meu coração e outras cheias de armaduras. Não me afasto dos espantos, nem amo todos os perdões. Observo os desfazeres, não deixo de olhar fantasmas , navego por mares sombrios. Não tento desenhar o mapa da história, nem conhecer a extensão de seus abismos. Há instantes medonhos e o paraíso é sempre um sonho. Estamos arrumando objetos que surgem no meio do caminho e expulsando medos que atrapalham o riso descompromissado.
Não abandone suas singularidades e analise os entrelaçamentos. Os outros estão pertos. Alguns tentam perturbar e diminuir os aconchegos. É isso. Não há muito o que dizer e o ciclo das palavras habita todos os escritos. Não o trate com despreze. Converse, risque, conte. O tamanho do que se vive não possui exatidão. Há desgraças ou horizontes repletos de luzes. Não se abrace com as pretensões. A história é sucessão e descontinuidade. A porta pode estar solta e a casa vazia. Não cabe traçar a arquitetura dos apocalipses. Despertença-se.
Por Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Menina encontra pedido de ajuda de trabalhador chinês em cartão de Natal


Florence Widdicombe
Image captionFlorence Widdicombe, de seis anos, diz que encontrar a mensagem a deixou chocada
A rede de supermercado Tesco suspendeu a produção de cartões de Natal em uma fábrica na China depois que uma menina de seis anos encontrou uma mensagem escrita em um deles.
O recado, encontrado por Florence Widdicombe, foi supostamente escrito por prisioneiros em Xangai, e dizia que eles haviam sido "forçados a trabalhar".
"Por favor, ajude-nos e notifique uma organização de direitos humanos", dizia a mensagem.
A Tesco disse que ficou "chocada" com a notícia, acrescentando: "Nós nunca permitiríamos o trabalho forçado em nossa cadeia".
O supermercado disse que retiraria da lista de fornecedores dos cartões a Zheijiang Yunguang Printing, caso fosse constatado que eles usam trabalho de detentos.
Florence estava escrevendo cartões para seus amigos da escola quando descobriu que um deles - que tinha o desenho um gatinho com um chapéu de Papai Noel - já havia sido escrito.
The card opened by Florence Widdicombe
Image captionO conjunto de cartões custava £1.50,
Em letras maiúsculas, dizia: "Somos prisioneiros estrangeiros na prisão de Xangai Qingpu, na China. Somos forçados a trabalhar contra a nossa vontade. Por favor, ajude-nos e notifique uma organização de direitos humanos".
O bilhete pedia que quem encontrasse a mensagem entrasse em contato com Peter Humphrey, um jornalista britânico que foi preso lá quatro anos atrás.
Florence, que é de Tooting, no sul de Londres, disse à BBC News que estava escrevendo seu "sétimo ou oitavo cartão" quando viu "que alguém já havia escrito nele".
"Fiquei chocada", disse ela, acrescentando que, quando lhe foi explicado o que a mensagem significava, ela se sentiu "triste".
O pai dela, Ben Widdicombe, disse que primeiro sentiu "incredulidade" ao descobrir a mensagem, acrescentando que primeiro pensou que era "algum tipo de brincadeira".
"Mas, refletindo, percebemos que era algo potencialmente sério", disse ele. "Fiquei muito chocado, mas também senti a responsabilidade de passar o recado para Peter Humphrey, como o autor me pediu."
Ele disse: "Uma coisa dessas te afeta. Existem injustiças no mundo e existem pessoas em situações difíceis, e sabemos disso e lemos sobre isso todos os dias. Mas algo nesse episódio me afetou muito, especialmente por ter acontecido no Natal, o que realmente torna tudo muito comovente".
Ele acrescentou: "Poderia ter ido parar em qualquer lugar. Na nossa casa temos muitos cartões que, como em todas as famílias, sobram, ficam em uma gaveta, esquecidas. Há um elemento incrível de sorte em tudo isso: o cartão foi escrito, chegou até nós e o abrimos".
Uma porta-voz da Tesco disse: "Ficamos chocados com essas alegações e imediatamente interrompemos a produção na fábrica onde esses cartões são produzidos e iniciamos uma investigação".
O supermercado afirmou ter um sistema de fiscalização para garantir que os fornecedores não explorem o trabalho forçado.
A fábrica em questão foi verificada no mês passado e não foram encontradas evidências de que ela viole a proibição do trabalho nas prisões, disse o documento.
As vendas de cartões de Natal nos supermercados da empresa arrecadam 300.000 libras por ano para as instituições de caridade British Heart Foundation, a Cancer Research UK e a Diabetes UK.
O varejista não recebeu outras reclamações de clientes sobre mensagens nos cartões de Natal.

'Vida difícil'

A mensagem no cartão instava o destinatário a entrar em contato com Peter Humphrey, que esteve preso em Qingpu pelo que descreveu como "acusações falsas que nunca foram ouvidas num tribunal".
Depois que a família Widdicombe enviou a ele uma mensagem via Linkedin, Humphrey disse que entrou em contato com ex-prisioneiros que confirmaram que os presos foram forçados a trabalhar.
Ele então escreveu uma matéria para o jornal britânico Sunday Times.
Humphrey disse à BBC: "Passei dois anos em cativeiro em Xangai entre 2013 e 2015 e meus nove meses finais foram nesta mesma prisão, neste mesmo bloco de celas de onde esta mensagem veio, então isso foi escrito por alguns dos meus colegas daquele período que ainda estão lá cumprindo sentenças".
Peter Humphrey
Image captionPeter Humphrey deixou a prisão há quatro anos
"Tenho certeza de que foi escrito como uma mensagem coletiva. Obviamente, uma única mão escreveu, e acho que sei quem era, mas nunca divulgarei esse nome."
Ele disse que o bloco de celas de prisioneiros estrangeiros tem cerca de 250 pessoas, que vivem um "cotidiano muito sombrio", com 12 prisioneiros por cela.
"Eles dormem em beliches de ferro muito enferrujadas e com um colchão de cerca de 1 cm de espessura por baixo", disse ele.
"No inverno é extremamente frio, não há aquecimento no prédio e no verão é extremamente quente porque não há ar-condicionado. Eles acordam por volta das 5: 30-6: 00 da manhã todos os dias e têm que ir para a cama novamente por volta das 9h30."
Ele disse que quando estava lá, o trabalho era voluntário - para ganhar dinheiro para comprar sabão ou pasta de dente -, mas agora se tornou obrigatório.
"Todos que eu conheci estavam lá por razões muito questionáveis", disse ele. "Eu conheci muitas pessoas que considerava vítimas de prisão injusta ou pelo menos sentenças imprudentes por pequenos delitos."
Um preso estrangeiro seca roupas na prisão de Shanghai Qingpu em 2006Direito de imagemCHINA PHOTOS/GETTY IMAGES
Image captionUm preso estrangeiro seca roupas na prisão de Xangai Qingpu em 2006
Humphrey disse acreditar que aqueles que escreveram o recado "sabiam muito bem quais riscos estavam correndo e estavam preparados para corrê-los".
"Eles sabem muito bem que, se forem pegos, serão punidos. Eles podem ser punidos, por exemplo, perdendo alguns pontos de mérito, tendo algum tipo de privação de alimentos, sendo enviados para confinamento solitário por um mês ou algo assim."
Humphrey também disse que a censura na prisão aumentou, interrompendo seus métodos habituais de entrar em contato com prisioneiros que conheceu antes de sua libertação em 2015.
"Eles recorreram ao equivalente Qingpu de uma mensagem em uma garrafa, rabiscada em um cartão de Natal da Tesco", disse ele.
Não é a primeira vez que prisioneiros na China contrabandearam mensagens de produtos que foram forçados a produzir para os mercados ocidentais.
Em 2012, Julie Keith, de Portland, Oregon, descobriu um relato de tortura e perseguição feito por um prisioneiro que disse que foi forçado a fabricar os objetos de decoração de Halloween que ela havia comprado.

BBC

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Poder Feminino:Negras quebram barreiras ao conquistar poder no jornalismo


O que era exceção agora se consolida. Cresce a presença feminina negra em jornalísticos de destaque na TV.
Na segunda-feira, dia 2, o novo Band Notícias, na faixa das 22h, terá Cynthia Martins na bancada, ao lado de Rafael Colombo.
A jornalista já é bastante conhecida dos telespectadores da BandNews TV. Em abril deste ano, estreou na bancada do Jornal da Noite, na Band. Sua trajetória profissional inclui quatro anos no SporTV, do Grupo Globo.
Em outubro de 2018, Cynthia fez um post no Twitter para ressaltar o visual afro. ‘E num é que vai ter preta de cabelo trançado em bancada de telejornal? Segura essa, sociedade!’, escreveu.
Quem também está em clima de expectativa é Luciana Barreto, primeira âncora negra contratada pela CNN Brasil. O canal de notícias deverá entrar no ar em novembro.

Maju Coutinho, Cynthia Martins, Luciana Barreto e Luciana Camargo usam a visibilidade na mídia para conscientizar a população contra o racismo
Maju Coutinho, Cynthia Martins, Luciana Barreto e Luciana Camargo usam a visibilidade na mídia para conscientizar a população contra o racismo
Foto: Reproduções/Divulgação

Com passagens por FuturaTV BrasilBandBandNews e GNT, a jornalista fez mestrado em Relações Étnico-Raciais e usa a visibilidade na mídia para militar contra preconceitos.
Na RedeTV!, a jornalista Luciana Camargo faz trabalho relevante como correspondente nos Estados Unidos.
Recentemente, recebeu um prêmio em reconhecimento pela atuação profissional.
O currículo de Luciana inclui trabalhos como apresentadora e repórter na TV CulturaBandGazeta e Globo, além de locuções comerciais.
Joyce Ribeiro ficou famosa ao comandar telejornais no SBT. Hoje apresenta o Jornal da Cultura Primeira Edição.
Em setembro de 2018, se tornou a primeira jornalista negra a mediar um debate presidencial no Brasil. O evento foi realizado pela TV Aparecida.
Nas manhãs da GloboNewsAline Midlej surge à frente do Edição das 10 junto com Raquel Novaes. Anteriormente, foi uma das âncoras do Café com Jornal, na Band.
Na Globo está a precursora entre as jornalistas negras do telejornalismo brasileiro. Gloria Maria apareceu pela primeira vez no vídeo em 1971. Foi uma desbravadora.
Como repórter e apresentadora, ela abriu espaço para o avanço de colegas como Zileide Silva (repórter especial em Brasília e apresentadora eventual do Jornal Hoje) e Maria Júlia Coutinho.
Aos 41 anos, Maju se firma como grande estrela do telejornalismo atual. Estreia no comando do Jornal Hoje em setembro, após seis anos em diferentes funções na emissora.
Em um universo no qual o domínio era de homens brancos até poucas décadas atrás, as mulheres negras derrubam barreiras e estigmas.

Acima, Joyce Ribeiro e Aline Midlej; abaixo, as precursoras Gloria Maria e Oprah Winfrey: batalha árdua para realizar o sonho de fazer telejornalismo
Acima, Joyce Ribeiro e Aline Midlej; abaixo, as precursoras Gloria Maria e Oprah Winfrey: batalha árdua para realizar o sonho de fazer telejornalismo
Foto: Reproduções/Divulgação

Em outros tempos, teriam que alisar os cachos e usar maquiagem inadequada ao seu tom de pele.
Hoje, exibem orgulhosas os cabelos crespos – quem alisa o faz por opção, não sob pressão – e contam com cosméticos que valorizam sua beleza.
Referência de talento e autoestima para todas elas, a norte-americana Oprah Winfrey afirma que “a competência é o melhor impedimento para o racismo e o sexismo”.

Ela, que em 1973, aos 19 anos, se tornou a mais jovem e primeira afro-americana a comandar um telejornal nos Estados Unidos, mostrou ao mundo que a comunidade negra tem o direito – e mérito – de ser representada na TV.
Fonte:Terra.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Cinzas de Francisco Brennand são levadas para oficina na Várzea



Cremação do artista plástico Francisco Brennand
Cremação do artista plástico Francisco BrennandFoto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Após velório encerrado na manhã desta sexta-feira (20), familiares, amigos e admiradores de Francisco Brennand se reuniram no cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, para a cerimônia de cremação. De acordo com a filha mais velha do artista plástico, Neném Brennand, as cinzas do pai serão espalhadas pela Oficina Brennand, no bairro da Várzea.

“Meu pai dizia ‘Não quero missa de sétimo dia. Quero voltar para a minha casa imediatamente’. E assim será. Ele queria que as cinzas fossem espalhadas por todos os lugares da oficina. Terá uma urna simbólica, obviamente, mas vamos colocar as cinzas por todos os lugares por onde ele passou. Tudo ali ele olhava. Se saísse uma peça do lugar, ele notava”, afirmou Neném.


O caixão com o corpo de Francisco Brennand deixou a Oficina Brennand às 9h. No Morada da Paz, a família recebeu as condolências de amigos, artistas e autoridades, na capela do cemitério e, por volta das 11h, seguiu para cerimônia íntima de cremação.

“Meu pai deixa uma obra que levou uma vida inteira para ser criada. Era apaixonado pelo que fazia. Só em 2019 pintou mais de cem quadros. Trabalhava de domingo a domingo, sem feriado ou dia santo. A obra dele fala por si só, um patrimônio cultural sem precedentes no Brasil é um legado para a humanidade”, afirmou Pedro Fabrício Mendes Brennand, de 51 anos, um dos cinco filhos do artista.

Entre as autoridades presentes esteve o prefeito do Recife, Geraldo Julio, que lamentou a morte de um dos maiores ícones da cultura pernambucana. "Brennand foi um dos mais ilustres recifenses da história, admirado no mundo inteiro por sua obra. É uma perda irreparável para a cidade. Eu tive o grande privilégio de poder estar com ele algumas vezes no seu local de trabalho, ouvindo suas histórias de amor dele pelo Recife e de tudo o que ele acompanhou de transformação", contou.


Francisco Brennand: suas influências e seu legado





Francisco Brennand
Francisco BrennandFoto: Leo Motta/Folha de Pernambuco
Quando abriu a Oficina Brennand, em 1971, o artista Francisco Brennand, cuja família é de origem britânica, já se dedicava à produção artística havia mais de 20 anos. Ele começou sua trajetória em 1942, quando conheceu o artista plástico pernambucano Abelardo da Hora, também eclético em relação aos suportes que utilizava, com temas que revelam a influência direta de Cândido Portinari.

Brennand foi contemporâneo de Ariano Suassuna, com quem produzia um jornal literário. Ele se incomodava, porém, com a classificação de seu trabalho como "armorial", movimento capitaneado por Suassuna que buscava criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular nordestina. "Eu reajo de imediato e digo: armorial não, eu sou sexual", disse numa longa entrevista ao jornal Folha de S.Paulo de 2013.

As viagens nos anos 1940 e 1950 para a Europa ainda alimentaram sua bagagem de influências, principalmente entre modernistas, e especialmente da obra do arquiteto catalão Antoni Gaudí.
Suas esculturas e pinturas estão espalhadas por espaços públicos e privados de diversas cidades.

No Recife, há o mural sobre a Batalha dos Guararapes, que opôs portugueses e holandeses, além de um parque com cerca de 90 esculturas que pode ser visto do Marco Zero -a principal delas é uma torre em argila e bronze de 32 metros, a "Coluna de Cristal".

Em Miami, produziu um mural para a sede da empresa de bebidas Bacardi. Em São Paulo, é possível ver esculturas de Brennand na estação metrô Trianon-Masp e em um jardim em frente ao prédio do Sesc Pinheiros.

A notícia da morte de Brennand repercutiu sobretudo entre os políticos. Tanto o Governo do Estado de Pernambuco quanto a Prefeitura de Recife declararam luto oficial de três dias em homenagem ao artista. A Assembleia Legislativa de Pernambuco, Alepe, também pediu um minuto de silêncio em respeito à sua morte. Cristovam Buarque, ex-senador pelo PPS-DF, comparou a importância do artista à do educador Paulo Freire no Twitter.

Outras personalidades também prestaram homenagens por meio das redes sociais.
Gerson Camarotti, comentarista da Globo News, afirmou que "alquimia do barro [ele] criou um universo mítico". Marcelo Falcão, do grupo O Rappa, lembrou um clipe filmado na Oficina Brennand e chamou o artista de "mestre do seu tempo e também do nosso". O escritor Marcelino Freire lembrou que dedicou seu último romance, "Bagageiro", ao ceramista.

Há três anos, Brennand publicou seus diários, quatro volumes que cobrem o período de 1949 a 2013. Ele teve quatro mulheres, a última delas Maria Gorette, com quem viveu até o fim da vida. Deixa cinco filhos, dez netos e dez bisnetos.​
De Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

BOM JARDIM E O BRASIL PERDEM MESTRE DILA, PATRIMÔNIO DA POESIA E XILOGRAVURA



Mestre Dila, cordelista e xilógrafo, morreu nesta quarta-feira (18), aos 82 anos, vitimado por uma pneumonia. Ele estava hospitalizado em Caruaru, no Agreste. Patrimônio vivo de Pernambuco, José Soares da Silva era um dos mais prestigiados artistas do Estado. O velório aconteceu no Cemitério Dom Bosco, localizado no bairro Maurício de Nassau. O sepultamento aconteceu  às 16h desta quinta-feira (19).

O Mestre é um dos homenageados do desfile do Galo da Madrugada do Carnaval 2020. Em nota a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, lamentou a perda do artista, que dedicou pelo menos cinco décadas de dua vida à arte. 
'É com bastante tristeza que recebo a notícia do falecimento do cordelista e xilógrafo Mestre Dila. Patrimônio Vivo de Pernambuco, ele nos deixa aos 82 anos de idade, depois de 50 anos de sua vida dedicada à cultura caruaruense. Na sua história, mais de 200 cordéis, além de muitas obras de arte em xilogravura, que fazem parte da nossa rica cultura. Somos gratos pela sua contribuição. Minha solidariedade a todos os amigos e familiares por esta grande perda", diz a nota assinada pela gestora do município do Agreste.  De Folha de Pernambuco.
José Soares da Silva (Bom Jardim23 de setembro de 1937 - Caruaru18 de dezembro de 2019), mais conhecido como Mestre Dila, foi um cordelista e xilogravurista brasileiro do Pernambuco.



Xilogravurista e poeta de cordel, José Soares da Silva, que também assina José Cavalcanti e Ferreira, José Ferreira da Silva ou apenas Dila, nasceu no município de Bom Jardim, Pernambuco, no dia 23 de setembro de 1937, filho de Domingos Soares da Silva e Josefa Maria da Silva.

Vendia folhetos de cordel nas feiras de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Ceará.Diz ter chegado em Caruaru, local em que mora até hoje, em 1952. Trabalhou para os jornais Vanguarda Defesa, onde imprimia seus cordéis. Chegou até a compor página montada na madeira, no jornal Agreste, onde fazia carimbo e xilogravura.
Posteriormente, montou uma pequena oficina gráfica, a Art Folheto São José, que virou Gráfica São José ou Gráfica Sabaó ou Preéllo Santa Bárbara ou ainda Flòlhéteria Càra d`Dillas.Gravador de diversas capas de folheto e álbuns em policromia, rótulos de bebida e de remédios, ilustrador de livros e fabricante de carimbos, é um dos poucos poetas populares que utiliza a borracha ou linóleo, além da madeira, para talhar xilogravuras com uma lâmina de barbear.As primeiras xilogravuras foram feitas para cordéis de sua autoria e de outros poetas, como Francisco Sales Arêda, Vicente Vitorino, Chico Sales, J. Borges, João José da Silva.Dila não gosta dos folhetos de épocas que narram os fatos do dia-a-dia da comunidade.  Seus temas preferidos são o cangaço, as aventuras do cangaceiro Lampião e os milagres do Padre Cícero. Dono de grande imaginação, tudo que conta é uma mistura de realidade e ficção. Suas fantasias o levam a dizer que é filho de um holandês chamado Euclides Oliveira Figueiredo, que era proprietário de 112 usinas de açúcar, utilizou 17 nomes para separar as famílias, teve 63 mulheres, 130 filhos homens e 127 mulheres e deixou tudo isso escrito em um catálogo. Entre seus irmãos, encontrados por acaso, estão Lampião, Padre Cícero e Miguel ArraesAtualmente, sua gráfica atende encomendas para confecção de carimbos e rótulos de cachaça, vinagre, doces e outros produtos de pequenos fabricantes.Sua casa, situada no bairro de Nossa Senhora das Dores, em Caruaru, além de seu local de trabalho, é também um ponto de atração turística da cidade.Dila foi um dos contemplados como Patrimônio Vivo de Pernambuco, através da Lei estadual nº 12.196 de 2 de maio de 2002.Recife, 3 de agosto de 2006. 
Dila (José Soares da Silva)


Lúcia Gaspar

Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE