sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

BOM JARDIM E O BRASIL PERDEM MESTRE DILA, PATRIMÔNIO DA POESIA E XILOGRAVURA



Mestre Dila, cordelista e xilógrafo, morreu nesta quarta-feira (18), aos 82 anos, vitimado por uma pneumonia. Ele estava hospitalizado em Caruaru, no Agreste. Patrimônio vivo de Pernambuco, José Soares da Silva era um dos mais prestigiados artistas do Estado. O velório aconteceu no Cemitério Dom Bosco, localizado no bairro Maurício de Nassau. O sepultamento aconteceu  às 16h desta quinta-feira (19).

O Mestre é um dos homenageados do desfile do Galo da Madrugada do Carnaval 2020. Em nota a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, lamentou a perda do artista, que dedicou pelo menos cinco décadas de dua vida à arte. 
'É com bastante tristeza que recebo a notícia do falecimento do cordelista e xilógrafo Mestre Dila. Patrimônio Vivo de Pernambuco, ele nos deixa aos 82 anos de idade, depois de 50 anos de sua vida dedicada à cultura caruaruense. Na sua história, mais de 200 cordéis, além de muitas obras de arte em xilogravura, que fazem parte da nossa rica cultura. Somos gratos pela sua contribuição. Minha solidariedade a todos os amigos e familiares por esta grande perda", diz a nota assinada pela gestora do município do Agreste.  De Folha de Pernambuco.
José Soares da Silva (Bom Jardim23 de setembro de 1937 - Caruaru18 de dezembro de 2019), mais conhecido como Mestre Dila, foi um cordelista e xilogravurista brasileiro do Pernambuco.



Xilogravurista e poeta de cordel, José Soares da Silva, que também assina José Cavalcanti e Ferreira, José Ferreira da Silva ou apenas Dila, nasceu no município de Bom Jardim, Pernambuco, no dia 23 de setembro de 1937, filho de Domingos Soares da Silva e Josefa Maria da Silva.

Vendia folhetos de cordel nas feiras de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Ceará.Diz ter chegado em Caruaru, local em que mora até hoje, em 1952. Trabalhou para os jornais Vanguarda Defesa, onde imprimia seus cordéis. Chegou até a compor página montada na madeira, no jornal Agreste, onde fazia carimbo e xilogravura.
Posteriormente, montou uma pequena oficina gráfica, a Art Folheto São José, que virou Gráfica São José ou Gráfica Sabaó ou Preéllo Santa Bárbara ou ainda Flòlhéteria Càra d`Dillas.Gravador de diversas capas de folheto e álbuns em policromia, rótulos de bebida e de remédios, ilustrador de livros e fabricante de carimbos, é um dos poucos poetas populares que utiliza a borracha ou linóleo, além da madeira, para talhar xilogravuras com uma lâmina de barbear.As primeiras xilogravuras foram feitas para cordéis de sua autoria e de outros poetas, como Francisco Sales Arêda, Vicente Vitorino, Chico Sales, J. Borges, João José da Silva.Dila não gosta dos folhetos de épocas que narram os fatos do dia-a-dia da comunidade.  Seus temas preferidos são o cangaço, as aventuras do cangaceiro Lampião e os milagres do Padre Cícero. Dono de grande imaginação, tudo que conta é uma mistura de realidade e ficção. Suas fantasias o levam a dizer que é filho de um holandês chamado Euclides Oliveira Figueiredo, que era proprietário de 112 usinas de açúcar, utilizou 17 nomes para separar as famílias, teve 63 mulheres, 130 filhos homens e 127 mulheres e deixou tudo isso escrito em um catálogo. Entre seus irmãos, encontrados por acaso, estão Lampião, Padre Cícero e Miguel ArraesAtualmente, sua gráfica atende encomendas para confecção de carimbos e rótulos de cachaça, vinagre, doces e outros produtos de pequenos fabricantes.Sua casa, situada no bairro de Nossa Senhora das Dores, em Caruaru, além de seu local de trabalho, é também um ponto de atração turística da cidade.Dila foi um dos contemplados como Patrimônio Vivo de Pernambuco, através da Lei estadual nº 12.196 de 2 de maio de 2002.Recife, 3 de agosto de 2006. 
Dila (José Soares da Silva)


Lúcia Gaspar

Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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