quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

"Tenho vergonha de ser irmão desse capitão do mato", diz irmão do novo presidente da Fundação Palmares,


Créditos: Reprodução Facebook
CRÉDITOS: REPRODUÇÃO FACEBOOK

O músico e produtor cultural Wadico Camargo manifestou, em suas redes sociais, repúdio ao posicionamento do irmão, Sérgio Nascimento de Camargo, o novo presidente da Fundação Palmares. No dia em que ele foi nomeado ao cargo, Wadico postou: “Tenho vergonha de ser irmão desse capitão do mato”.
Wadico Camargo
há ± 1 semana
Tenho vergonha de ser irmão desse capitão do mato. Sérgio Nascimento de Camargo, hoje nomeado presidente da Fundação PALMARES.

Em outra publicação, o produtor agradeceu o apoio que vem recebendo em seu perfil: “Agradeço a todos pela solidariedade e apoio ao meu posicionamento . Sou Negro com muito orgulho. E farei tudo para que o preconceito, o racismo, a injustiça a injúria sejam extintas. Abraço”.
Militante de direita, Sérgio Camargo se define “contrário ao vitimismo e ao politicamente correto”. Em suas redes sociais, ele nega a existência de racismo, motivo pelo qual condena datas como a da Consciência Negra. Entre suas publicações há vários ataques ao movimento negro, a personalidades como Lázaro Ramos e à ex-vereadora Marielle Franco, além de intensa polarização com a esquerda. “O Brasil terá um movimento de negros da direita conservadora. Nós somos muitos! E sempre existimos!”, comemora em uma publicação.
Sérgio e Wadico são filhos do escritor Oswaldo de Camargo, um dos grandes expoentes da poesia negra contemporânea no Brasil. Nascido em 1936, em Bragança Paulista, é jornalista, músico e crítico literário.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Pisa? Teste seus conhecimentos com 6 questões



calculadoraDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA intenção da prova do Pisa é avaliar a capacidade dos alunos em 'formular, usar e interpretar a matemática' para seu cotidiano
No ano passado, 11 mil estudantes brasileiros de 15 anos participaram da prova do Pisa, exame internacional realizado em 79 países e regiões que tenta medir o sucesso da educação ao redor do mundo — mais especificamente, se as escolas estão sendo bem-sucedidas em preparar seus alunos para o futuro.
Segundo resultados divulgados nesta semana, das três áreas avaliadas (matemática, leitura e ciências), o Brasil teve pior desempenho na matemática: apenas um terço dos estudantes brasileiros alcançou o nível básico nessa competência.
Portanto, 68% dos estudantes brasileiros (contra 2% nas cidades chinesas medidas no Pisa) não conseguem "interpretar e reconhecer como uma situação simples pode ser representada matematicamente", aponta o relatório produzido pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entidade responsável pelo teste.
E você, acha que se sairia bem em uma prova de matemática do Pisa?
As questões da prova de matemática de 2018 não foram divulgadas, mas é possível exercitar seus conhecimentos com base em algumas perguntas feitas a alunos do mundo inteiro na prova de 2012 (e das quais a BBC News Brasil fez uma tradução livre e não oficial do original em inglês para o português).
Se você não se lembra muito das fórmulas matemáticas que aprendeu na escola, não faz mal: a ideia não é medir esse conhecimento específico.
A OCDE diz que a intenção da prova é avaliar a capacidade dos alunos de "formular, usar e interpretar a matemática" para seu cotidiano — desde controlar seus gastos no mercado até medir quantidades para uma receita, compreender estatísticas ou avaliar custos de um projeto.
O objetivo, diz a organização, é que as escolas formem alunos capazes de "refletir e entender o papel da matemática no mundo".
Ao fim de cada pergunta (algumas divididas em blocos temáticos, assim como na prova original), veja qual a habilidade específica que o Pisa queria avaliar nos alunos. E, no fim do texto, veja as respostas para as perguntas:
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pinguins da espécie saltador-da-rochaDireito de imagemAFP

PINGUINS

PERGUNTA 1) O fotógrafo de animais Jean Baptiste partiu para uma expedição de um ano e tirou inúmeras fotos de pinguins e seus filhotes. Ele ficou especialmente interessado no crescimento de tamanho de diferentes colônias de pinguins.
Normalmente, um casal de pinguins produz dois ovos por ano. Geralmente, o filhote do maior dos dois ovos é o que sobrevive.
Com os pinguins da espécie saltador-da-rocha, o primeiro ovo pesa cerca de 78g e o segundo ovo pesa cerca de 110g.
Em quanto por cento, aproximadamente, o segundo ovo é mais pesado que o primeiro ovo?
A - 29%
B - 32%
C - 41%
D - 71%
(Objetivo da pergunta: avaliar a capacidade do aluno em calcular porcentagem em um contexto real)
Jean se pergunta o quanto o tamanho da colônia de pinguins mudará ao longo dos próximos anos. Para determinar isso, ele faz as seguintes presunções:
- No começo do ano, a colônia consiste em 10 mil pinguins (5 mil casais)
- Cada casal de pinguins cria um filhote na primavera de cada ano
- Ao final de um ano, 20% de todos os pinguins (adultos e filhotes) vão morrer
PERGUNTA 2) Ao final do primeiro ano, quantos pinguins (adultos e filhotes) haverá na colônia?
(Objetivo da pergunta: avaliar se o aluno é capaz de entender uma situação real para calcular um número concreto baseado em alterações, incluindo aumento e decréscimo de porcentagens)
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CONSTRUÇÃO COM DADOS

Na imagem abaixo, uma construção foi feita usando sete dados idênticos, de faces numeradas de 1 a 6.
gráfico de pergunta do PisaDireito de imagemREPRODUÇÃO
Quando a construção é vista do alto, somente cinco dados podem ser vistos.
PERGUNTA 3) Qual o total de pontinhos de dados que podem ser avistados quando a construção é vista do alto?
(Objetivo da pergunta: avaliar a capacidade de interpretar a perspectiva exigida da foto de uma construção tridimensional)
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TV A CABO

A tabela abaixo mostra dados sobre domicílios que têm televisores (TVs) em cinco países.
Ela também mostra a porcentagem desses domicílios que possuem TVs e que assinam serviços de TV a cabo:
PaísNúmero de domicílios com TVsPorcentagem de domicílios que têm TVs, em comparação com todos os domicíliosPorcentagem de domicílios que assinam TV a cabo, em comparação com os domicílios que têm TVs
Japão48 milhões99,8%51,4%
França24,5 milhões97%15,4%
Bélgica4,4 milhões99%91,7%
Suíça2,8 milhões85,8%98%
Noruega2 milhões97,2%42,7%
PERGUNTA 4) A tabela mostra que 85,8% de todos os domicílios na Suíça têm TVs. Com base na informação da tabela, qual a estimativa mais próxima do número total domicílios na Suíça?
A - 2,4 milhões
B - 2,9 milhões
C - 3,3 milhões
D - 3,8 milhões
(Objetivo da pergunta: avaliar capacidade de aplicar proporção com base em um conjunto de dados)
Kevin olha as informações da tabela sobre a França e a Noruega.
Kevin diz: "Como a porcentagem de domicílios que têm TVs é quase a mesma nesses dois países, a Noruega tem mais domicílios que assinam TV a cabo".
PERGUNTA 5) Explique por que essa observação é incorreta. Dê um motivo para a sua resposta.
(Objetivo da pergunta: analisar se o aluno entende proporção com base em dados disponíveis em uma tabela)
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MOLHO DA SALADA

Você está preparando seu próprio molho de salada.
Eis uma receita para fazer 100 mililitros (ml) de molho:
AZEITE60 ml
VINAGRE30 ml
MOLHO DE SOJA10 ml
PERGUNTA 6) De quantos mililitros (ml) de azeite você vai precisar para fazer 150 ml desse molho?
(Objetivo da pergunta: avaliar a capacidade de aplicar conceitos de proporção em situações da vida cotidiana, para calcular a quantidade de ingredientes necessários em uma receita)
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RESPOSTAS:
1) 41% ; 2) 12 mil pinguins ; 3) 17 ; 4) 3,3 milhões ; 5) Kevin tem de levar em conta, na verdade, o número real (e não a porcentagem) de domicílios com TV em cada país. Eles mostram que o número de domicílios na França é cerca de 10 vezes maior que o da Noruega. Portanto, o número casas com TV é maior e o número de assinaturas de TV a cabo, também. 6) 90 ml
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 1 de dezembro de 2019

Brasil:Extinção de municípios é mais um retrocesso do governo Bolsonaro


O governo federal encaminhou ao Congresso um pacote de medidas que aponta a extinção dos municípios com até 5 mil habitantes, cuja arrecadação própria seja inferior a 10% da receita total, agregando-os aos municípios próximos de maior porte, em muitos casos as próprias sedes de que tenham se emancipado anos atrás. Se aceita a proposta, isto significará a extinção de 1217 municípios (22%) dos 5.570 existentes, e não implicará em solução nenhuma, na medida em que 82% dos municípios brasileiros têm arrecadação com os limites apontados.
A última grande expansão no número de municípios (incremento em torno de 35%) ocorreu nos anos 90, após o estabelecimento de regras do pacto federativo na Constituição de 1988. Mas, este processo foi também reflexo da crescente movimentação da população para as áreas urbanas, inclusive como consequência da eliminação de postos de trabalho no campo.
A emancipação de distritos e localidades ocorreu sempre com plebiscito local, traduzindo demandas de aproximação dos serviços públicos de saúde, educação, saneamento, e outros, a uma população mais concentrada, não raro, localizada a grande distância das sedes originais. Nas demais ocasiões, a emancipação exprimiu a necessidade de firmar a “identidade local”, mas também ocorreram casos originados meramente de disputas entre grupos políticos, circunscrevendo o “feudo do coronelismo local”.

Fragilidades na oferta de serviços públicos

Mais de duas décadas após o boom da criação de municípios, grande parte deles continuam convivendo com a mesma deficiência de serviços que muitas vezes motivou sua emancipação. Muitos demonstram significativa fragilidade na resposta aos desafios da gestão municipal. Com poucos recursos, sem equipes, sem assistência, não avançam em alguns dos serviços, apesar de, em outros temas – as relações de vizinhança, a zeladoria dos espaços – serem exemplo de convivência saudável.
Da década de 1990 para cá, tivemos períodos de marasmo e de avanços em políticas públicas para os municípios brasileiros. Até mesmo um Ministério das Cidades conseguiu-se organizar, mas o atual governo cuidou de extinguí-lo. Dívidas da nação se acumulam – com a reforma urbana, com a universalização do saneamento, com o direito à moradia e de acesso à terra – e a concentração da população nas cidades continua avançando, só que agora mais idosa, com maior dependência da eficiência dos serviços públicos.
A proposta do governo (PEC do Pacto Federativo) não resolve a questão. Não é nenhum passo adiante, é passo atrás, retrocesso sem solução, desrespeitoso e autoritário, fomenta o conflito entre os pequenos municípios e os vizinhos do entorno, quando o caminho é o inverso, é a indução e priorização da Solidariedade Regional para a solução de problemas comuns.
A solução autoritária do atual governo, fiscalista, ignora as demandas reais que levaram à emancipação. O fiscalismo que elimina direitos trabalhistas, dos desempregados e aposentados, também conduz à marginalização nossas pequenas cidades.

Ausência da União e estados no apoio aos municípios

A Constituição de 1988 firmou direitos, mas as “velhas estruturas” resistem, e muitas das suas diretrizes não são aplicadas.
Os municípios se emanciparam, mas são raros os exemplos da União, ou de Estados, prestando-lhes suporte – o suporte mais significativo no período, o “Mais Médicos”, dando soluções às demandas por acesso à Saúde, está em franco desmantelamento, pari passu ao desmonte do SUS.
No que diz respeito ao saneamento, ao invés de suporte aos municípios, o que o atual governo e seus aliados vêm insistentemente propondo é o desmonte das companhias estaduais e da titularidade municipal, expondo todos os municípios à sanha do mercado. Especificamente os pequenos municípios, que não constituem mercado para os que buscam lucro, serão mais ainda marginalizados.
A gestão de Resíduos Urbanos, parte do Saneamento, recebeu diretrizes nacionais em 2010 (Lei 12.305, da Política Nacional de Resíduos Sólidos). Mas, como podem a União e Estados dar assistência aos pequenos municípios se a União não tem ainda um Plano Nacional de Resíduos – versão preliminar, de 2012, não foi ratificada, e sua revisão, iniciada em 2017, não chegou ao final – e se muitos Estados não desenvolveram os Planos para seus territórios e não têm estratégia definida para interação com seus municípios? Já se passaram quase 10 anos!!!!

Retroceder ou avançar ? O caminho dos Consórcios Públicos

Há um caminho para solução dessas fragilidades e ela não passa pelas decisões autoritárias da União, mas pelos Estados assumindo processos de apoio e fomento à organização regional para operação de serviços públicos.
A Constituição de 1988, no Artigo 241, introduziu a perspectiva da gestão associada de serviços públicos, que foi efetivada pela Lei 11.107/2005, a Lei dos Consórcios Públicos (as Parcerias Público-Público), que abre uma “avenida de possibilidades” reposicionando a discussão do pacto federativo.
Aos pequenos municípios, mesmo com ausência de apoio da União e da maioria dos Estados, é extremamente interessante a perspectiva de apoios recíprocos por meio desses Consórcios Públicos.
Sem retrocessos, os Consórcios Públicos permitem que os municípios consorciados efetivem suas obrigações, promovendo a gestão associada de serviços públicos com escala adequada, redução de custos, com estabilidade na gestão e qualidade de atendimento. Consórcios Públicos são o instrumento de excelência para a superação de fragilidades regionais, sem perda de identidades locais.
No próximo período interessará aos pequenos municípios combater as propostas de extinção, mas que isto se faça apontando a direção das soluções, e uma delas certamente é a organização para cooperação regional por meio de Consórcios Públicos, autarquias operacionais para a gestão associada de serviços públicos com qualidade, que atendam às demandas originárias da formação dos municípios.

Ousadias levam a avanços significativos

Há exemplos claramente exitosos desta perspectiva, permitindo que municípios cumpram a missão de prover a infraestrutura de serviços necessária à vida urbana.
Inúmeros Consórcios de Saúde estabelecidos pelo país, com suas policlínicas e outras soluções regionais, promoveram avanços e ampliação da autonomia dos municípios na solução de suas demandas.
No Rio Grande de Sul, 31 municípios, com população total de 170 mil habitantes, compartilham uma solução centralizada para destinação de seus resíduos (CIGRES, Consórcio instalado em 2007). Quinze dos municípios consorciados têm população urbana inferior a 1.290 habitantes. O Consórcio Público lhes permite o cumprimento das obrigações municipais no tema gestão de resíduos.
Aos pequenos municípios, mesmo com ausência de apoio da União e da maioria dos Estados, é extremamente interessante a perspectiva de apoios recíprocos por meio desses Consórcios Públicos.
Sem retrocessos, os Consórcios Públicos permitem que os municípios consorciados efetivem suas obrigações, promovendo a gestão associada de serviços públicos com escala adequada, redução de custos, com estabilidade na gestão e qualidade de atendimento. Consórcios Públicos são o instrumento de excelência para a superação de fragilidades regionais, sem perda de identidades locais.
No próximo período interessará aos pequenos municípios combater as propostas de extinção, mas que isto se faça apontando a direção das soluções, e uma delas certamente é a organização para cooperação regional por meio de Consórcios Públicos, autarquias operacionais para a gestão associada de serviços públicos com qualidade, que atendam às demandas originárias da formação dos municípios.

Ousadias levam a avanços significativos

Há exemplos claramente exitosos desta perspectiva, permitindo que municípios cumpram a missão de prover a infraestrutura de serviços necessária à vida urbana.
Inúmeros Consórcios de Saúde estabelecidos pelo país, com suas policlínicas e outras soluções regionais, promoveram avanços e ampliação da autonomia dos municípios na solução de suas demandas.
No Rio Grande de Sul, 31 municípios, com população total de 170 mil habitantes, compartilham uma solução centralizada para destinação de seus resíduos (CIGRES, Consórcio instalado em 2007). Quinze dos municípios consorciados têm população urbana inferior a 1.290 habitantes. O Consórcio Público lhes permite o cumprimento das obrigações municipais no tema gestão de resíduos.
Em São Paulo, 9 municípios na região de Campinas, a maioria de pequeno porte, organizaram o Consórcio Intermunicipal de Saneamento Ambiental (CONSAB, instalado em 2009) que dá escala para organização de serviços relativos aos resíduos urbanos, à utilização de resíduos de construção na recuperação de estradas rurais, e aos serviços de iluminação pública. O avanço conquistado é certamente muito além do que seria possível aos municípios isolados.
No Ceará, o Governo fomenta o consorciamento voluntário dos municípios, como Política de Estado para que avancem na gestão de resíduos; apoia o desenvolvimento dos Planos para retirar os resíduos dos lixões e conduzi-los às cadeias produtivas locais, em processos de economia circular. O Estado garante o repasse continuado de recursos vinculados do ICMS para implantação de instalações de manejo e mais de 80 % dos municípios já estão inseridos nos atuais 17 Consórcios Públicos (prováveis 21 consórcios, no curto prazo), que já ampliam perspectivas, assumindo a constituição de equipe técnica única para o licenciamento ambiental regional.

Combater os retrocessos – as eleições de 2020

Organizar Consórcios Públicos como instrumento para a cooperação na gestão, este é o mais promissor caminho para a evolução das políticas públicas nacionais traçadas nas duas últimas décadas.
Aos pequenos municípios é possível apontar a expansão e melhoria dos serviços, o efetivo atendimento das demandas dos humanos que os habitam, e não o retrocesso, a exclusão e marginalização proposta de forma autoritária pela atual equipe do governo aos entes federados.
No processo eleitoral de 2020, certamente merecem estar presentes o combate ao retrocesso e a defesa de soluções de cooperação regional. Para isso, os formuladores de propostas de governo certamente poderão contar com o apoio das universidades e suas atividades de extensão, além das articulações de especialistas como o Projeto BrCidades, dedicado à reconstrução de uma “agenda urbana com protagonismo da sociedade, que aponte para cidades economicamente dinâmicas, socialmente justas, ambientalmente responsáveis e culturalmente plurais”.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Retomar o debate sobre tecnologias abertas é vital em época de ódio na web



Fake news, apropriação e vazamento de dados pessoais, censura a conteúdos, viralização de discursos de ódio, racismo e fascismo, guerra híbrida. Efeitos colaterais das novas tecnologias da informação e comunicação aí postas. Como combater? As tecnologias em software livre – ou seja, em código aberto, sem apropriação do capital privado – sempre se mostram como o caminho para que, de fato, a tal revolução tecnológica fosse colocada a serviço das transformações sociais.
O contexto é, pois, propício para que resgatemos ao debate a defesa das tecnologias abertas. Já experimentamos momentos em que o software livre esteve em pauta – e investimentos de governos populares na esfera federal e em alguns estados na primeira década do ano 2000 construíram soluções até hoje referências. O software de declaração de Imposto de Renda da Receita Federal e os telecentros (lan houses públicas) espelhadas pelo interior do Paraná e que democratizaram o acesso à internet são alguns entre tantos exemplos.
Fruto dessa época, e que hoje se reposiciona como foro de compartilhamento de experiências e intercâmbio de ideias em tecnologias abertas, é a Latinoware – Congresso Latino-americano de Software Livre. Criado em 2004 pelo Parque Tecnológico de Itaipu, da Itaipu Binacional, o evento chega neste ano à 16ª edição. Está sendo realizado nesta semana, de 27 a 29 de novembro, em Foz do Iguaçu, com mais de 100 atividades, em que tecnologias da informação e comunicação livres são apresentadas como caminho para soluções em diversas áreas da vida.
Na abertura, um dos maiores nomes do mundo em software livre, o norte-americano Jon “Maddog” Hall, diretor do Linux Professional Institute, convocou os participantes a reverberarem exemplos aos montes que comprovam como o software livre é caminho para desenvolvimento tecnológico soberano, e aliado à geração de conhecimento, emprego e renda. “O software livre está empoderando pessoas a abrirem suas empresas e fazerem negócios”, assinalou.
Maddog coordena duas iniciativas no Brasil, atualmente: o Projeto Cauã, criado há 14 anos e voltado a oferecer oportunidade de emprego e renda a universitários, e o “Caninos Loucos”, que desenvolve computadores, hardwares e softwares para a Internet das Coisas (IoT), em parceria com o Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI-TEC) e a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
As tecnologias livres também foram tema de uma das atividades do Fórum Social da Baixada Santista, realizado em Santos entre os dias 8 e 10 de novembro. Com o título “Por um Vale do Silício Santista”, uma mesa-redonda defendeu que o desenvolvimento de software livre é o caminho para que o Parque Tecnológico de Santos, em fase de implantação pelo poder público e que deverá articular instituições como universidades e empresas, represente oportunidade de emprego e renda com inclusão econômica e social.
Os participantes questionaram parcerias com gigantes como Amazon, Google e Facebook, no desenvolvimento de aplicativos e programas para serviços públicos, fato que tem sido comum em administrações pelo Brasil. Ocorre que, embora pareçam vantajosas – geralmente dispensam maiores custos financeiros -, elas escondem um prejuízo enorme: a perda da soberania tecnológica, uma vez que a expertise das soluções engendradas fica sob a guarda dessas corporações, e não da coletividade.
Diante de tantas urgências – desemprego, retirada de direitos, atentados à democracia – parece faltar fôlego para mergulharmos em mais uma luta. Pode até soar secundária, inclusive. Não é. Em tempos de guerra híbrida, deter as tecnologias da informação e comunicação é fundamental para a defesa dos demais direitos.
Com Carta Capital 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Quem vende as notícias?



A palavra credibilidade se acha arruinada. As notícias circulam numa velocidade ditada por tecnologias nada dignas. A questão é impor poder, buscar fanatismo e estragar as instituições. O reino da incerteza se amplia, desfaz autonomias, concentra falsidades, É incrível com a política se esvazia com a falta de princípios, com exaltações salvacionistas e cinismos fabricados para sempre enganar. Há fotos adulteradas, manchetes antigas sedo ressuscitadas e ódios difundidos para firmar as polarizações.
O espaço da confusão e da mentira transtorna a sociedade. Quem é quem? As acusações não cessam de ser assanhadas em negociações obscuras. O próprio governo se encarrega de estimular contradições, de construir narrativas que estimulam violência e preconceitos. O território das relações sociais se enche se intrigas. As simulações são frequentes. Os apoios declinam, avançam , se escondem, Difícil observar se existem resíduos de utopias quando a grana toma conta dos projetos de forma avassaladora.
Ninguém ignora a importância das redes sociais, porém ela estão flutuando de acordo com os interesses mais mesquinhos. É um grande esconderijo de robôs que obedecem um poder de destruição. O reino das dúvidas mina as coragens e as possibilidade de inclusão social. A República se balança, não consegue encontra saídas responsáveis e a canalhice invade corações e mentes. Táticas fascistas são elaboradas, empurram o debate para o abismo e intimidam com a participação das espertezas e crueldade milicianas.
Não é à toa que a sociedade adoece, que os empregos são precários, que osa privilegiados fazem pactos e inventam reforma. O capitalismo aproveita a o andar da globalização. Quem pensa se é possível socializar a riqueza? O racismo lembra os tempos da escravidão. Se as comunicações apenas referendam golpes, não há como aceder reflexões. As pessoas se encostam nos muros das perdas e não conseguem entender com redefinir a memória e planejar o futuro. Agitam-se os ressentimentos e as fragilidades das leis.
Por a astúcia de Ulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE