quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Sob aplausos, Maria da Penha inaugura seu instituto no Recife


Solenidade aconteceu na tarde desta quinta-feira (5), no Recife Antigo - Tarciso Augusto/Esp. DP
Solenidade aconteceu na tarde desta quinta-feira (5), no Recife Antigo - Tarciso Augusto/Esp. DP
Foi inaugurado oficialmente, na tarde desta quinta-feira (5), o escritório regional do Instituto Maria da Penha (IMP) no Recife. Localizado no segundo andar do prédio da Secretaria do Trabalho, Emprego e Qualificação (Seteq), o espaço irá fornecer acolhimento e orientação às mulheres vítimas de violência. Até então, a organização só tinha presença física em Fortaleza, terra natal da ativista Maria da Penha, presidente do IMP. Em outubro, com o lançamento oficial do programa Tua Vez, as vítimas de agressão que contam com medida protetiva encontrarão, também, cursos de qualificação profissional e encaminhamento ao mercado de trabalho. 

Muito aplaudida pelos convidados da cerimônia, Maria da Penha destacou a importância da criação de centros de referência, para que aquela mulher agredida conheça seus direitos, avalie sua situação e possa sair do ciclo da violência. “Nossa luta está vencendo muitas barreiras. Nosso instituto deseja que os governos municipais tenham compromisso com a política pública e criem centros de referência. Não precisa ser um prédio pomposo”, defende.

ENTREVISTA: 'Resultado do machismo', diz Maria da Penha sobre 'demonização' do feminismo

Apesar da inauguração do espaço físico, o IMP já realizava ações de educação social no Recife desde 2009, através da professora Regina Célia, vice-presidente do instituto. “Tínhamos um trabalho de formação de voluntários e agora vamos trabalhar diretamente com a mulher que tem medida protetiva. Não vemos ações específicas para elas, que acabam perdendo seu emprego ou encontram dificuldades para se reintegrar ao mercado”, destaca.

O projeto Tua Vez funcionará da seguinte forma: a vítima de violência vai, primeiro, ao Centro de Referência Clarice Lispector, no bairro de Santo Amaro, área central do Recife. No centro, será realizado a triagem. Em seguida, ela será encaminhada ao Instituto Maria da Penha, que fará acolhimento e orientação. Depois, o instituto encaminha para a Seteq, que fará a qualificação e intermediação de trabalho. 

Maria da Penha foi recebida sob fortes aplausos - Tarciso Augusto/Esp. DP
Maria da Penha foi recebida sob fortes aplausos - Tarciso Augusto/Esp. DP
“Após a triagem, orientação, apoio jurídico, ela vem para a secretaria, que fará a qualificação de acordo com o que as empresas parceiras estão demandando. Exemplo: um supermercado parceiro quer atendentes, vamos fazer a capacitação. Ou a vítima de violência quer empreender, teremos cursos de cabeleireiro, educação financeira, culinária”, detalha o secretário de Trabalho, Emprego e Qualificação de Pernambuco, Alberes Lopes.

A aproximação da Seteq com o Instituto Maria da Penha foi feita pela deputada estadual Gleide  ngelo. “Quando vem um centro desse, com um projeto desses, vamos tirar muitas mulheres da dependência financeira. Muitas não saem de um relacionamento abusivo porque não têm como se sustentar. Peço a sensibilidade aos empresários pernambucanos que se engajem conosco. Todo mundo vai saber que aquela empresa é parceira da mulher”, pontua Gleide.

A solenidade de lançamento contou com a presença da ex-modelo Luiza Brunet. Em 2016, ela foi vítima de violência doméstica do ex-marido. “O que me impulsionou a fazer a denúncia naquele momento foi a imagem de Maria da Penha, ver que ela não se calou. Se a mulher se cala, ela vira estatística. E eu não quis ser um número. Meu agressor foi condenado e, quando a justiça é feita, a reparação é muito grande para nós”, afirma Luiza.

Ao final da cerimônia, foram entregues placas de homenagem a pessoas que se envolveram diretamente com a instituição, como a presidente do Instituto Vasselo Goldoni, Edna Vasselo Goldoni; Glaucimar Peticov, representando o Bradesco; e  ngelo Teixeira, em nome da Hinode.

Serviço
O Instituto Maria da Penha fica na Avenida Marquês de Olinda, nº 150, no segundo andar do prédio da Secretaria do Trabalho, Emprego e Qualificação. No entanto, o acesso é feito pela Rua Álvares Cabral, paralela à Marquês de Olinda. O Instituto vai funcionar das 8h às 18h, mas só será aberto ao público no fim deste mês. 
Com informações do Diário de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Contatos de mais de 400 milhões de contas do Facebook são expostos


Facebook
FacebookFoto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Os números de telefone ligados a mais de 400 milhões de contas do Facebook que tinha sido armazenados de forma irregular foram expostos online. Esta é a mais recente violação da proteção de dados do grupo norte-americano, revelou o site TechCrunch.

Um servidor vulnerável armazenou 419 milhões de registos de utilizadores da maior rede social do mundo em vários bancos de dados, incluindo 133 milhões de contas nos Estados Unidos, mais de 50 milhões no Vietnam e 18 milhões na Grã-Bretanha, segundo o site norte-americano. As bases de dados listaram as identidades dos utilizadores do Facebook - uma combinação única de números para cada conta -, bem como os números de telefone associados aos perfis, o sexo dos utilizadores de determinadas contas e a localização geográfica.

O servidor não estava protegido por qualquer senha, o que significava que qualquer pessoa poderia ter acesso aos bancos de dados. Segundo o site TechCrunch, a informação ficou online até o fim dessa quarta-feira (4). O Facebook confirmou parcialmente as informações do TechCrunch, mas minimizou o incidente.

O grupo afirmou que muitos dos contatos eram cópias e que os dados eram antigos. "Este conjunto de dados foi removido e não vimos sinais de que as contas do Facebook tenham sido comprometidas", disse um porta-voz à agência France Presse. Após o escândalo da Cambridge Analytica, em março de 2018, que revelou a utilização política de dados de milhões de utilizadores do Facebook sem o seu conhecimento, o grupo removeu a possibilidade de fazer buscas na plataforma por números de telefone.

No fim de agosto, o Facebook lançou testes para um novo recurso que permite aos utilizadores controlar os seus dados recuperados pela empresa americana fora da rede social. Esse anúncio surgiu menos de uma semana depois de novas revelações sobre as práticas irregulares do Facebook, que reconheceu ter transcrito a audição de sons de alguns utilizadores, informação que negou durante muito tempo.

No fim de julho, o Facebook foi multado em 5 bilhões pela autoridade reguladora dos EUA para as comunicações, por não proteger os dados pessoais dos seus utilizadores.
Com informação de Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Pernambuco perde Zezinho de Tracunhaém


O ceramista José Joaquim da Silva, o Zezinho de Tracunhaém, fez da arte santeira a sua expressão maior, tornando-se um dos mais importantes artistas populares do Brasil, fonte de inspiração e mestre de dezenas de artesãos, tendo obra escultórica encontrada em acervos de igrejas, museus e coleções particulares, como o Museu de Arte Contemporânea (PE), Museu Casa do Pontal (RJ) e Palácio do Planalto. 
Nasceu no dia 5 de julho de 1939, no município de Vitória de Santo Antão. De família humilde, foi criado no corte da cana-de-açúcar e até os 21 anos de idade esse foi seu meio de sobrevivência, trabalhando em engenhos da região. Conheceu sua mulher, Maria Marques, em Chã de Alegria e com ela com ela fugiu porque o sogro não queria ver a filha casada com um trabalhador da palha da cana. Casaram na igreja matriz da cidade e retornaram para Chã de Alegria. Acompanhou o sogro, quando este se mudou para a cidade de Nazaré da Mata e lá começou a trabalhar como ajudante de pedreiro. Em uma eventual viagem à vizinha Tracunhaém, o jovem pai de família se deparou com a produção cerâmica dos artesãos do município e ficou fascinado. Ganhou de Lídia Vieira - pioneira e uma das mais notáveis artistas da cidade  - um punhado de barro. “Sentir o barro nas minhas mãos, foi uma sensação de eu nunca mais vou esquecer em minha vida. É como escutasse uma voz vinda de dentro dizendo: trabalhe”, recorda o mestre, patrimônio vivo de Pernambuco desde 2007. 
Assegurando o sustento da família de dia e se dedicando ao barro à noite, Zezinho não demoraria a criar a  sua primeira peça: um casal de namorados encostado na porteira de um engenho que, admite, retratava um dos primeiros encontros dele com Maria. Depois vieram trabalhos inspirados em personagens populares, trabalhadores urbanos e do campo. As pequenas esculturas eram vendidas na feira da cidade. O material chamou a atenção da jornalista Marlieta Pessoa, que destaca em texto publicado no jornal Gazeta de Nazaré (20.04.1966) o surgimento de um grande artista. Foi ela, com o apoio do pároco da cidade (padre Mário) que organizou a primeira exposição de Zezinho, realizada na Biblioteca Municipal, em outubro de 1966. Zezinho conseguiu vender todas as 60 peças e com o dinheiro apurado, comprou terreno e casa mudando-se em 1968 com a família para Tracunhaém. 
Na terra do artesanato do barro, mestre Zezinho se inicia na arte santeira, expressando-se através do artesanato figurativo a sua fé religiosa. Sua escultura em que Nossa Senhora aparece grávida ao lado de São José, destaque na 1ª Bienal do Artesanato de Pernambuco (1986), projetou o nome do artista, que ao longo dos anos teve como admirador e incentivador Abelardo Rodrigues (1908-1971), especialista e um dos maiores colecionadores de arte sacra do Brasil. “Tenho muito orgulho de tudo.Deus é tão poderoso que fiz meu nome, criei minha família tendo o barro como sustento. Tracunhaém inteira pisou no meu rastro na arte santeira”, assegura. 
Na temática sacra, mestre Zezinho ganhou fama pelas esculturas ricas em detalhes e volumes que podiam chegar a dois metros de altura. Sempre teve predileção por São Francisco de Assis, apesar de criar com grande desenvoltura imagens dos mais diversos santos católicos. Participou de dezenas de exposições, como a organizada pelo Museu Nacional de Belas Artes (RJ), em 1981. 
Por questões de saúde, foi forçado a deixar de lado sua produção artística, hoje levada por quatro dos seus nove filhos e dois dos 13 netos. “Mas tenho fé que ainda vou trabalhar com o barro e com ele, farei a escultura de um Jesus Cristo ajoelhado pedindo permissão a Deus”, avisa. 
O artesão integra a Alameda dos Mestres da Feira Nacional de Negócios do Artesanato desde 2010. Além de patrimônio vivo da cultura pernambucana, recebeu diversas honrarias em reconhecimento ao seu trabalho, como o título de Cidadão da Cidade de Tracunhaém (2002), o Troféu Construtores da Cultura Cidade do Recife (1992), entre outros.

Amigos lamentam sua morte:


"Hoje Pernambuco perde um grande homem colaborador da construção da história do artesanato de Tracunhaém.Grande mestre Patrimônio do nosso estado. Deus conforte os seus familiares. Vai com Deus Zezinho", Disse Mestre Zuza.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Ditadura: Bolsonaro ataca pai de Michelle Bachelet, torturado na ditadura Pinochet




O presidente Jair Bolsonaro respondeu a críticas da ex-presidente do Chile Michelle Bachelet atacando seu pai, Alberto Bachelet, torturado e morto pela ditadura de Augusto Pinochet no país. Alta Comissária para Direitos Humanos da ONU, ela disse em entrevista que o "espaço democrático" no Brasil estava encolhendo.
Em redes sociais, Bolsonaro, que estará na Assembleia Geral da ONU neste mês, publicou uma foto em que a ex-presidente chilena aparece ao lado de Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, ex-presidentes de Brasil e Argentina.
"Seguindo a linha do (Emmanuel) Macron (presidente da França) em se intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira, (Michelle Bachelet) investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares", escreveu Bolsonaro.
"Diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à epoca", concluiu, no Facebook.
Alberto Bachelet. Alberto Bachelet, pai de Michelle, era general da Força Aérea e se opôs ao golpe dado por Augusto Pinochet em setembro de 1973. Bachelet foi preso três dias depois da queda de Allende e morreu, ainda no cárcere, em 12 de março de 1974, aos 50 anos.
Em 2012, a Justiça do Chile mandou prender os coronéis Benjamin Cevallos e Ramón Cáceres Jorquera, acusados de torturar e causar a morte do pai da ex-presidente do Chile. Na ocasião, Bachelet era candidata a presidente do país.
Foi a primeira vez em 38 anos que a Justiça se pronunciou sobre o caso do general Alberto Bachelet. A ordem foi dada após o Serviço Médico Legal determinar que a morte foi causada por problemas cardíacos decorrentes da tortura que ele sofreu na Academia de Guerra Aérea (AGA).
À época, o órgão estava sob responsabilidade de Jorquera e Cevallos. “Há uma relação direta entre a morte da vítima e o seu último interrogatório”, escreveu o juiz.
Na época de sua prisão, o general chegou a enviar uma carta a sua esposa, Ângela Jeria, na qual relatava que o mais humilhante era que a tortura era praticada por seus companheiros de armas.
Alberto Bachellet e Michelle estão entre as 32 mil pessoas torturadas e presas durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). A apuração dos crimes cometidos pelo estado chileno durante a ditadura Pinochet levou a dezenas de condenações e prisões.
msn.com
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Em derrota dupla de Boris Johnson, Parlamento britânico barra Brexit sem acordo e novas eleições


Bandeiras da União Europeia e do Reino Unido com o Big Ben ao fundoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAtualmente, o prazo do Brexit se esgota em 31 de outubro
A Câmara dos Comuns do Parlamento britânico aprovou nesta quarta-feira (4/9) uma proposta de lei que impede a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o Brexit, sem um acordo, e rejeitou a realização de uma nova eleição-geral, em duas derrotas consecutivas no dia de hoje para o premiê Boris Johnson.
A lei em questão foi aprovada em duas votações. Na segunda, obteve 327 votos a favor e 299 contra. A medida obriga o governo de Johnson a pedir um novo adiamento de prazo para que o país deixe o bloco.
O texto determina que o primeiro-ministro tem até o dia 19 de outubro para conseguir aprovar um acordo para a saída no Parlamento. Se o prazo expirar, o líder britânico é obrigado a pedir ao bloco europeu uma extensão da data-limite atual - 31 de outubro - para o Reino Unido sair - mais especificamente, até 31 de janeiro de 2020.
Uma vez aprovada a proposta, ela segue agora para a Câmara dos Lordes, onde deve ser levada a duas votações na quinta e na sexta. Caso haja alguma alteração no texto, ele volta à Câmara dos Comuns.
Após a aprovação da lei, Johnson propôs a realização de uma nova eleição geral. "Na opinião deste governo, deve haver uma eleição na terça-feira, 15 de outubro. O país deve decidir se o líder da oposição ou eu vamos a Bruxelas para resolver isso", disse.
"Se eu (ainda) for o primeiro-ministro, tentarei fazer um acordo. E, acreditem em mim, eu sei que posso."
Mas a ideia foi rejeitada pelo líder da oposição, Jeremy Corbyn. Ele respondeu que a proposta de uma eleição é como "a maçã da bruxa à Branca de Neve - tentadora, mas cheia de veneno" - e criticou Johnson.
"Este primeiro-ministro afirma que ele tem uma estratégia. Mas ele não nos diz qual é. O maior problema para ele é que também não pode contar à UE o que é. É como as roupas novas do imperador - realmente não há absolutamente nada aí."
A líder do Partido Liberal Democrata, Jo Swinson, também foi contrária à proposta. "Podemos ter uma eleição, mas ela deve ser feita de forma calma e ordenada e não com a ameaça de sair [da UE] sem um acordo durante a campanha. Então, se ele [Johnson] quer uma eleição, peça um adiamento."
Ian Blackford, líder do Partido Nacional Escocês, se manifestou no mesmo sentido ao dizer que "não fará parte do jogo do primeiro-ministro", mas deixou em aberto a possibilidade de votar a favor de uma eleição em um futuro próximo ao afirmar que a oposição "deve se unir para derrubar esse governo, não nos termos do premiê, mas nos termos certos".
A moção de Johnson acabou derrotada mesmo obtendo 298 votos a favor e 56 contra, porque o Partido Trabalhista e seus 247 parlamentares se abstiveram.
Assim, não seria possível obter o apoio da maioria dos dois terços dos membros da Casa, ou seja, 434 dos 650 votos possíveis, que é necessária para a convocação de uma eleição-geral.
Johnson disse então que Corbyn "se tornou o primeiro líder da oposição na história democrática de nosso país a recusar o convite de uma eleição". "Só posso especular sobre o motivo por trás de sua hesitação. A conclusão óbvia é que ele não acha que pode vencer".
Plenário do Parlamento britânicoDireito de imagemREUTERS
Image captionParlamento britânico derrotou Johnson em votação sobre Brexit sem acordo

Derrota do governo

As votações de hoje foram possibilitadas com a aprovação, ontem, de uma moção que deu aos próprios parlamentares controla da pauta da Câmara dos Comuns, normalmente determinada pelo governo.
O Parlamento aprovou rapidamente essa moção após Johnson conseguir autorização da rainha Elizabeth 2ª para suspender a atividade do Parlamento. O objetivo do primeiro-ministro era bloquear qualquer tentativa parlamentar de impedi-lo de seguir adiante com um Brexit sem acordo.
A tentativa de suspender o Parlamento levou a reações dentro do Partido Conservador, ao qual Johnson é filiado. Ao todo, 21 conservadores passaram a se apresentar como independentes e votaram contra o governo na moção de ontem - todos foram expulsos do partido após a traição.
A aprovação da moção na terça-feira foi considerada a primeira de Johnson no cargo. "O Parlamento está à beira de destruir qualquer chance de que possamos fazer um acordo com Bruxelas. Isso vai levar a mais incerteza e atraso", disse o premiê na terça.
No mesmo dia, em um significativo revés para Johnson, o parlamentar Philip Lee anunciou sua saída do Partido Conservador rumo ao Partido Liberal Democrata - fazendo com que, na prática, o premiê perdesse a apertada maioria que tinha na Câmara dos Comuns. Diante das câmeras de TV, Lee mudou literalmente de lado no Parlamento, enquanto o primeiro-ministro discursava na Casa.
Boris Johnson no Parlamento britânicoDireito de imagemREUTERS
Image captionO premiê britânico disse que pode convocar uma eleição-geral antecipada

Por que um Brexit sem acordo preocupa?

Um Brexit sem acordo faria com que o Reino Unido deixasse a UE, em 31 de outubro, sem nenhuma definição de como será esse processo de "divórcio".
Ou seja, do dia para a noite, os britânicos deixariam o mercado comum europeu e a união aduaneira, algo que causará insegurança e prejuízos econômicos, segundo muitos políticos e empresários.
Segundo o Departamento de Responsabilidade Orçamentária - que fornece análise independente das finanças públicas do Reino Unido -, por exemplo, acredita que um Brexit sem acordo causaria recessão.
Se o Reino Unido deixar a união aduaneira e o mercado único, a UE começará a realizar verificações nos produtos britânicos. Isso pode levar a atrasos nos portos, como o de Dover. Alguns temem que isso possa levar a gargalos no tráfego, interrompendo as rotas de fornecimento.
Há, por outro lado, quem diga que essas preocupações são exageradas.
A ex-premiê britânica Theresa May tentou, sem sucesso, fazer com que o Parlamento aprovasse sua proposta de acordo com a UE - motivo pelo qual ela acabou renunciando.
Boris Johnson, por sua vez, já entrou no cargo defendendo que o Brexit não fosse mais adiado para além de 31 de outubro, mesmo que sem acordo com os europeus.
BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Caminhoneiros pedem impeachment de Bolsonaro e reclamam de violência policial

Caminhoneiros estão otimistas
Caminhoneiros estão otimistasFoto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Caminhoneiros circularam vídeos pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (PSL) nesta quarta-feira (4), em dia de protesto contra a indefinição em relação aos pisos mínimos oferecidos para a categoria.
Em um dos vídeos, com data de 31 de agosto, caminhoneiros de Pernambuco afirmam ter recebido uma facada do presidente, em referência à suspensão do julgamento sobre a constitucionalidade da tabela do frete, que aconteceria nesta quarta, definida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente da Corte, Dias Toffoli, decidiu retirar a pauta do plenário e o julgamento foi adiado.
"Bolsonaro, nós votamos em você. Hoje, você é um traidor dessa classe que carrega o Brasil nas costas", diz um participante do vídeo.
Ao final, um grupo pede em coro o impeachment do presidente. Também apontam a intenção de pedir ajuda à CUT (Central Único dos Trabalhadores) e pedem a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os protestos, porém, não tiveram grande impacto nos transportes até o momento. Em consultas as unidades estaduais da PRF (Polícia Rodoviária Federal), foram confirmados atos nos estados do Rio de Janeiro, Paraná e Ceará.
Segundo mensagens e vídeos divulgados pelos caminhoneiros, ocorreram também manifestações na Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Sul. Nos grupos de WhatsApp da categoria, havia tanto os que reclamavam de a paralisação não ter atingido o nível esperado como também os que contestavam e colocavam a culpa em quem apenas se queixava, mas não fazia sua parte.
Dodô, apelido de Salvador Edmilson Carneiro, líder caminhoneiro do norte da Bahia, disse que já havia voltado ao trabalho, pois a maior parte da categoria não tinha aderido à paralisação e os dias sem fazer viagens fariam falta.
Outro motivo para perda de ânimo de caminhoneiros, segundo líderes, foi um suposto caso de agressão a grupo de manifestantes no Recife durante a madrugada. Segundo um dos que afirma ter sido vítima da agressão ouvido pela reportagem, dois policiais com armas em riste deram socos em caminhoneiros que formavam um grupo de dez pessoas. Também teriam quebrado celulares de alguns deles.
Circula no WhatsApp vídeos mostrando caminhoneiros com camiseta amarela sendo empurrados por policiais e imagens das camisetas rasgadas e de uma pessoa agredida.
O caminhoneiro, que não quis se identificar, disse estar na Corregedoria da Polícia fazendo uma denúncia.
A secretaria de Defesa Social de Pernambuco disse, via assessoria de imprensa, não ter informações sobre o incidente até o momento. Mesmo com os revezes, outros líderes ouvidos disseram que as mobilizações da categoria devem continuar e podem ganhar força na quarta-feira (5).
A crítica a Bolsonaro não é unânime entre caminhoneiros. Parte do grupo, em especial líderes das paralisações de 2018, defendem diálogo com o Ministério da Infraestrutura para solucionar o impasse da tabela do frete.
folhape.com.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 3 de setembro de 2019

A política econômica autodestrutiva do Brasil











O governo comemorou o crescimento do PIB de pífios 0,4% no segundo trimestre e ameaça jogar o País no sexto ano de estagnação ao definir um orçamento para 2020 que aprofunda o arrocho iniciado com o ajuste fiscal. Isso acontece porque o Brasil não está sendo administrado como um país, mas como um banco de negócios e reconhecer isso é importante para entender porque o governo mostra-se sem condições de resolver o problema principal da economia, que é recuperá-la da recessão de 2015 e 2016, analisa o economista Antônio Correa de Lacerda, professor da PUC de São Paulo.
Segundo Lacerda, “há quem diga que ‘o governo Bolsonaro é ruim, mas a equipe econômica é de primeira qualidade’. Eles são competentes? Mas como? Vamos considerar o caso do ministro da Economia Paulo Guedes. É um ‘chicagueano’ que aprendeu lá nos anos 1970, mas hoje nem a Universidade de Chicago defende mais aquilo. Como não evoluiu academicamente, ele fica repetindo o que aprendeu naquela época.  Há muito tempo Guedes deixou de ser economista, virou um banqueiro de negócios. Tanto que a visão dele no governo é de banco de negócios, de fazer transações e vender estatais.”
Em um cenário em que a classe média está com seus orçamentos muito apertados, o que explica parte da crise dos grandes centros com fechamento de grande número de de restaurantes, bares, lojas, pequenas empresas por falta de movimento, é crucial acompanhar de perto ao menos dois indicadores, o desemprego e o crédito. “O desemprego é muito importante, pela questão social e econômica. Um desempregado a mais é um consumidor a menos. E a questão do crédito também. Emprego e crédito são demanda. Em relação ao crédito, o governo está tirando os bancos públicos do mercado e não coloca nada no lugar. Isso é dramático”, sublinha Lacerda.
O governo diz que o dinheiro acabou e ameaça ampliar a paralisia de serviços e atividades. ”Desde o final do primeiro governo de Dilma Rousseff o investimento público vem diminuindo e hoje encontra-se num nível reduzidíssimo, insuficiente para cobrir a depreciação dos ativos fixos, por exemplo de infraestrutura física. Contribuiu para isso a mudança na orientação de política, que passou a ser mais restritiva na área fiscal. Primeiro com o ministro da Fazenda Joaquim Levy no  segundo governo de Dilma Rousseff, depois com Henrique Meirelles e Temer e atualmente com Paulo Guedes e Bolsonaro. Portanto, desde o final do primeiro governo Dilma o investimento público caiu muito. Depois, com a emenda constitucional do teto dos gastos, o governo encontra-se numa camisa de força”, analisa o economista Paulo Morceiro, pesquisador do Núcleo de Economia Regional e Urbana da USP e da Fipe, da mesma universidade.
A partir de 2015, ressalta, a economia que desde a década de 1980 crescia pouco e de modo descontínuo, como um voo de galinha, passou a apresentar “voos de pintinho”. “Acredito que a queda do investimento público é o componente principal para explicar nosso “voo de pintinho”. No Brasil, tradicionalmente, o investimento público puxou o privado. Por isso, é importante que ele seja retomado para tirar o País do fundo do poço em que se encontra”, chama atenção o economista.
TEMER E MEIRELLES
A política de aumento da demanda e do investimento público recomendada pelos economistas heterodoxos ao governo “é algo conhecido na literatura mundial e praticado em grandes crises como a de 1929 e a de 2009”, destaca Morceiro. O governo, diz, não tem mais a margem de manobra que tinha antes do teto de  gastos, mas ainda conta com espaço. “O País é imenso, tem vários instrumentos de política, empresas nacionais, bancos de desenvolvimento regional e nacional. O ideal é flexibilizar a lei do teto dos gastos para aumentar os investimentos públicos. Economia não é como orçamento familiar, o governo pode se endividar, emitir dívida. E dívidas emitidas em períodos de crise como essa são muito mais compensadoras porque se deixar a situação se agravar o desemprego vai aumentar, mais pais de famílias vão perder seus empregos, deixarão de pagar dívidas e mais adiante, se isso se aprofundar, será necessário assumir dívidas muito maiores. Com algumas medidas pontuais, ainda é possível fazer a economia ao menos respirar”, propõe Morceiro.
O economista compilou propostas suas e de colegas de profissão para desbloquear a economia, com foco em infraestrutura, construção e saneamento: 1) permitir a compra do segundo imóvel com recursos do FGTS ; 2) usar recursos não recorrentes de leilões e privatizações para retomar as obras paradas; 3) utilizar 15% das reservas internacionais em infraestrutura; 4) negociar com o Congresso recursos para investimento em infraestrutura; 5) zerar o IPI de material de construção; 6) juro real zero para financiamento imobiliário; 7) fortalecer o BNDES e focalizá-lo ainda mais em infraestrutura; 8) acelerar autorizações ambientais; 9) renegociar as dívidas das famílias no atacado; 10) clareza no marco regulatório e hedge cambial de longo prazo; 11) flexibilizar o teto de gastos para investimento público.
LEVY E DILMA
Entre as propostas para atacar a paralisia econômica destacam-se o Plano Emergencial de Emprego e Renda elaborado neste ano por economistas do Partido dos Trabalhadores e a Agenda de Propostas para a Infraestrutura 2018 da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib
 O plano do PT inclui nove diretrizes com o objetivo de criar 7 milhões de empregos em curto e médio prazo: 1) contratar, através do Programa Empregos Já, 3 milhões de pessoas para trabalhos temporários de zeladoria e recuperação urbana como limpeza, poda de árvores, manutenção de ruas e calçadas; 2) retomar as 7,4 mil obras paradas no País; 3) reativar o programa Minha Casa, Minha Vida, reduzido em 75% pelo governo e voltar a construir 500 mil unidades em média por ano; 4) voltar a aumentar o salário mínimo anualmente, acima da inflação, em benefício de mais de 48 milhões de trabalhadores; 5) expandir o Bolsa Família; 6) renegociar, com ajuda dos bancos públicos, as dívidas das famílias a juros baixos e limpar o nome dos devedores na praça.; 7) usar o petróleo do pré-sal em benefício do povo brasileiro tornando o preço dos combustíveis mais barato e estável. “Sua exportação, refino e comercialização vão estimular a indústria, gerando mais emprego e renda.”; 8) destravar o BNDES para que ele volte a investir na indústria local aumentando a produção, gerando ainda mais empregos e fazendo a economia girar de novo; 9) voltar a corrigir a tabela do Imposto de Renda pela inflação beneficiando milhões de famílias que vão reverter esse ganho em consumo e movimentação da economia.
A agenda da Abdib inclui propostas “que impactam e causam efeitos em praticamente todos os setores de infraestrutura” abrangendo segurança jurídica, planejamento de longo prazo, governança de agências reguladoras, modelo de financiamento e garantias, gestão socioambiental na infraestrutura, regras de contratação pública, procedimentos para desapropriações por utilidade pública, arcabouço legal para elaboração de estudos e projetos de infraestrutura e modelo de concessões. Um segundo grupo de propostas volta-se para os sub-setores da infraestrutura, cada um deles com regulação e desafios específicos.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

A depressão no cotidiano

Há muitas impressões que circulam como se fossem verdades irrefutáveis; O Brasil foi muito exaltado pela sua alegria, suas festas, sua cordialidade. Tornou-se comum até se negar a violência e acusar outras culturas. O Brasil parecia uma exceção num mundo carregado de conflitos. Mas a exploração continua, o descontrole social se afirma e as cidades vivem tensões constantes. No Carnaval, os ruídos surgem com máscaras e ritmos animados. Os interesses sacodem patrocínios e a grana corre solta. Quem se esquece das ações das milicias, dos moradores de rua, da precariedade da saúde? Será que ninguém se toca com os desgovernos ou com a concentração de privilégios? Portanto, tudo se inventa para forjar identidades e esconder desatenções.
Numa pesquisa divulgada, recentemente, dúvidas se firmaram. Será que o riso é fácil ou se manipula de foma assustadora? O índice de depressão, no Brasil, assusta e supera o de outros países. Inquietam-se os fabricadores de de sociologias fantasiosas. Não me surpreendo. Trabalho faz tempo com educação e observo comportamentos fugidios, medos, falta de expectativa profissional, afetividade desconfiada. Não é incomum enfrentar agressividades ou apatias permanentes. Fico perplexo. O desencantamento se amplia no meios de promessas de consumo nada saudáveis. Não é fácil assistir ao desmonte de valores, ao crescimento do desemprego, aos discursos com deboches e a escassez de solidariedade.O sossego não existe.
A depressão se estende e as dificuldade de contê-la é um desafio. Não adianta isolar a questão. O sistema exige desempenho, trabalho nos feriados, paga salários curtos, pune qualquer rebeldia elogia à servidão. Estimula-se o culto a bens materiais, as religiões ganham espaço par cobrar seus dízimos. A generosidade se apaga. Se a cultura da competição, da vitrine, da ambição se multiplica, a depressão não se vai. Há remédios, terapias, farmácias espalhadas pelas ruas, felicidades escondidas nas propagandas. Mas as perguntas mostram que os impasses são grandes. Como se desviar de solidões? Como encontrar outras travessias na construção de diálogos e aconchegos? Quem imagina para além da mesmice?
O Brasil passa por intrigas políticas perigosas. As polarizações criam fantasmas medonhos. a desconstrução é inegável, porém ela preserva interesses e consolida riquezas. A politica tergiversa, desmancha éticas, transforma-se num grande negócio. Abre-se o espaço para desesperança, para uma vida programada para mediocridade. Nota-se que as ações perversas são justificadas por ideais de progresso. A alegria é passageira e a hipocrisia traz intimidações e desprezos. Continuar apostando nos segredos de reformas autoritárias não é garantia de mudanças. As epidemias mudam e atacam com uma radicalidade cruel. A mente e o coração necessitam respirar e anular as descontroles. Por Paulo Rezende.

Professor Edgar Bom Jardim - PE