sexta-feira, 8 de setembro de 2017

A 'caneta' que consegue identificar um câncer em 10 segundos

Caneta que identifica câncer em 10 segundos
Image captionDispositivo portátil permitiria que cirurgia para retirada de tumor seja feita de forma mais rápida, segura e precisa. (Foto: Universidade do Texas)
Cientistas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, desenvolveram uma caneta que pode identificar células cancerígenas em dez segundos.
Segundo eles, o dispositivo portátil permitiria que a cirurgia para a retirada seja feita de forma mais rápida, segura e precisa.
Os cientistas esperam que a tecnologia seja mais uma ferramenta à disposição dos médicos para evitar a reincidência do câncer.
O estudo foi publicado na revista científica Science Translational Medicine.
Testes indicam que a caneta oferece um resultado preciso em 96% das vezes.
O MasSpec Pen se aproveita do metabolismo singular das células cancerígenas.
A química interna dessas células, que crescem e se espalham muito rápido, é muito diferente da de um tecido saudável.

Como funciona

A caneta toca em um tecido cancerígeno e libera uma minúscula gotícula de água.
As substâncias químicas presentes nas células vivas se movem, então, para a gotícula, que é sugada de novo pelo objeto para análise.
Em seguida, a caneta é conectada a um espectrômetro de massa - um equipamento que pode medir a massa de milhares de substâncias químicas a cada segundo.
O resultado é uma espécie de "impressão digital química", a partir da qual os médicos podem concluir se se trata de um tecido saudável ou de um tumor.
Esse é maior desafio dos cirurgiões: descobrir a fronteira entre um câncer e um tecido normal.
Isso porque, apesar de em muitos casos ser fácil detectar um tumor, em outros, o limiar entre o tecido doente e o saudável não é tão visível.
Retirar apenas uma parte do tecido pode fazer com que as células cancerosas remanescentes deem origem a um novo tumor. Mas remover muito tecido pode causar graves danos, especialmente em órgãos como o cérebro.
Em entrevista à BBC, Livia Eberlin, professora-assistente de química na Universidade do Texas, em Austin, disse: "O que é emocionante sobre essa tecnologia é o quão claro ela atende a uma necessidade clínica".
"A ferramenta é, ao mesmo tempo, sofisticada e simples. E vai poder ser usada pelos cirurgiões em breve", acrescentou.

Testes

A tecnologia foi testada em 253 amostras como parte do estudo. O plano é continuar os testes para aprimorar o dispositivo antes de usá-lo durante cirurgias no ano que vem.
Atualmente, o objeto é capaz de analisar um pedaço de tecido de 1,5 mm de diâmetro.
Mas os pesquisadores já desenvolveram canetas muito mais aprimoradas e que podem examinar um pedaço de tecido tão pequeno quanto 0,6 mm de diâmetro.
Enquanto a caneta por si só é barata, o espectrômetro de massa é caro e volumoso.
"O obstáculo é o espectrômetro de massa, com certeza", disse Eberlin.
"Estamos desenvolvendo um espectrômetro de massa um pouco menor, mais barato e adaptado para este fim, que possa ser transportado dentro e fora dos quartos com relativa facilidade", completou.
Segundo James Suliburk, um dos pesquisadores e chefe de cirurgia endócrina no Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, "sempre estamos em busca de formas de oferecer ao paciente uma cirurgia mais precisa, mais rápida ou mais segura".
"Essa tecnologia combina todos esses fatores", afirmou.
O MasSpec Pen faz parte de uma série de dispositivos com o objetivo de melhorar a precisão cirúrgica.
Uma equipe do Imperial College de Londres desenvolveu uma faca que "cheira" o tecido que corta para determinar se está removendo o câncer.
Já uma equipe da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, está usando lasers para analisar quanto de um câncer cerebral pode ser removido.
Para Aine McCarthy, da Cancer Research UK (órgão britânico de pesquisa contra o câncer), "pesquisas emocionantes podem fazer com que os médicos descubram se um tumor é cancerígeno ou não mais rapidamente, além de conhecer suas características".
"Com base nessa análise, eles podem decidir sobre o melhor tipo de tratamento".
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Veja fotos do desfile 7 de Setembro em Bom Jardim






























Professor Edgar Bom Jardim - PE

STF condena União a pagar suplementação de verbas do Fundef entre 1998 e 2007


Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão nesta quarta-feira (6), condenou a União ao pagamento de diferenças relacionadas à complementação do Fundo de Manutenção e de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). De acordo com a decisão, o valor mínimo repassado por aluno em cada unidade da federação não pode ser inferior à média nacional apurada, e a complementação ao fundo, fixada em desacordo com a média nacional, impõe à União o dever de suplementação desses recursos. Também ficou estabelecido que os recursos recebidos retroativamente deverão ser destinados exclusivamente à educação.
A questão foi debatida nas Ações Cíveis Originárias (ACOs) 648, 660, 669 e 700, ajuizadas, respectivamente, pelos Estados da Bahia, do Amazonas, de Sergipe e do Rio Grande do Norte. O julgamento de hoje vale apenas para estas unidades da federação e refere-se a valores apurados para os exercícios financeiros de 1998 a 2007, quando o Fundef foi substituído pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Também por maioria, o Plenário autorizou os ministros a decidirem monocraticamente em novas ações sobre a mesma matéria.
O Fundef foi instituído, por meio da Lei 9.424/1996, como fundo financeiro de natureza contábil e sem personalidade jurídica, gerido pela União e composto por 15% do ICMS e do IPI-exportação arrecadados, e do mesmo percentual para fundos de participação obrigatórios (FPE e FPM) e ressarcimento da União pela desoneração de exportações. Não atingido o piso com a aplicação apenas dos recursos estaduais e municipais, a lei determinava o aporte da União para efetuar a complementação.
No entendimento dos estados, a União descumpriu a determinação constitucional, pois efetuou a complementação com base em coeficientes regionais, e não no Valor Médio Anual por Aluno (VMAA). A União, por sua vez, alegou que os fundos seriam de natureza meramente contábil e independentes entre si, devendo ser calculados conforme critérios unicamente regionais.
Relator
Em voto pela improcedência dos pedidos, o ministro Marco Aurélio (relator) observou que, ao fixar critérios regionais para o cálculo da complementação, a União não interpretou de forma incorreta a redação anterior do parágrafo 3º do artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) e a norma que o regulamentou (artigo 6º, parágrafo 1º, da Lei 9.424/1996), definindo o valor mínimo anual por aluno partindo do cálculo de coeficientes fixados para cada estado separadamente.
Para o ministro, o Legislativo não fixou uma sistemática precisa para este cálculo, determinando unicamente que o Executivo definisse o valor mínimo por aluno com base na previsão de receita total para o Fundo dividida pelo número de matrículas totais – as do ano anterior somadas às estimadas. Segundo ele, o Executivo atuou de acordo com a discricionariedade conferida pela legislação. “Se o presidente houvesse adotado a fórmula proposta pelo Estado da Bahia, estaria dentro das balizas fixadas. Igualmente, a sistemática de cálculo afim consagrada encontrava-se dentro do campo semântico definido na lei”, afirmou.
Este entendimento foi acompanhado pelo ministro Luiz Fux.
Divergência
A corrente divergente em relação ao voto do relator foi inaugurada pelo ministro Edson Fachin, que ressaltou que a controvérsia é apenas quanto à legalidade da matéria, pois o STF, no Recurso Extraordinário (RE) 636978, de relatoria do ministro Cezar Peluzo (aposentado), entendeu que a forma de cálculo do valor mínimo nacional por aluno, para efeito de suplementação do Fundef, é tema infraconstitucional. O ministro observou que, nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já julgou ilegal o Decreto 2.264/1997, que estabelecia a forma de cálculo com base em critérios regionais questionada pelos estados nas ACOs. Salientou, ainda, que o Tribunal de Contas da União (TCU) também se posicionou pela adoção da média nacional como critério para a complementação.
O ministro Fachin argumentou que, embora a lei estabelecesse a competência do presidente da República para, por meio de decreto, fixar o valor mínimo, essa discricionariedade não é absoluta, pois se vincula ao limite mínimo legal. Para o ministro, como a finalidade do Fundef era a superação de desigualdades regionais, não seria possível fixar a complementação num patamar abaixo da média nacional.
“Sendo assim, merece guarida a demanda de recálculo do Valor Mínimo Nacional por Aluno e consequente indenização aos autores decorrente do montante pago a menor a título de complementação pela União no período de vigência do Fundef, isto é, os exercícios financeiros de 1998 a 2007”, afirmou. Acompanharam a divergência os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Celso de Mello e Cármen Lúcia (presidente), formando a corrente vencedora no sentido da procedência das ações.
Indenização
Por unanimidade, os ministros julgaram improcedente o pedido de indenização por danos morais coletivos formulado pelo Estado da Bahia na ACO 648. Por isso, ao rejeitar este pleito, a ação foi a única julgando parcialmente procedente. O Plenário entendeu que a frustração de repasse de verbas é unicamente interesse público secundário da Fazenda Pública, não configurando ofensa.
Leia a íntegra dos votos do ministro Marco Aurélio na ACO 648ACO 660ACO 669 e ACO 700 e do ministro Edson Fachin na ACO 648.
PR/CR
Processos relacionados
ACO 648
ACO 660
ACO 669
ACO 700
Fonte:http://www.stf.jus.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Como o furacão Irma se compara a outras tempestades históricas




Árvores caídas na porta de uma casa
Image captionIrma avança rumo a Flórida devastando casas, árvores e rodovias. Fonte: Royal Netherlands Navy

À medida que avança rumo à Flórida, deixando um rastro de destruição por várias ilhas no Caribe, o furacão Irma já é o primeiro da história a manter por mais de 24 horas ventos de cerca de 297 km/h.
É também o mais forte furacão no Atlântico em termos de ventos máximos sustentados desde o Wilma, de 2005, que passou por México, Haiti, Cuba e Flórida.
Comparar furacões não é tarefa fácil, pois eles podem ter graus diferentes em parâmetros distintos, como velocidade de vento, duração, diâmetro da área de atuação da circulação ciclônica, distância percorrida e destruição causada.
O Irma chegou à categoria 5, a mais alta da escala Saffir-Simpson, que mede os furacões pela intensidade dos ventos e seu potencial de destruição. Segundo o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, os furacões ou ciclones tropicais da categoria 5 nessa escala têm potencial para causar os seguintes danos: árvores e arbustos totalmente arrastados pelos ventos, árvores arrancadas pela raiz, danos de grande porte a telhados de edifícios, colapso total de muitas residências e edifícios industriais, casas e edifícios arrastados, caos total, evacuação necessária para todos moradores de zonas baixas em uma área de 8 a 16 km da costa.
Mas isso não significa que um furacão da categoria 5 esteja necessariamente entre os mais destruidores ou mortíferos.
O furacão Katrina, que em 2005 causou bilhões em estragos e deixou aproximadamente 1,5 mil mortos nos EUA, não passou da categoria 3 quando chegou ao continente.
Veja abaixo os furacões que lideram as listas segundo diversos parâmetros elaboradas pelo órgão dos EUA que monitora as condições dos oceanos e da atmosfera (NOAA na sigla em inglês) e como o Irma se compara a eles.

A maior distância percorrida: Ophelia (1960)

Em termos de distância percorrida, o furacão Faith (1966) é o campeão do Atlântico com 12,5 mil quilômetros. Ophelia (1960), por sua vez, percorreu 13,5 mil quilômetros no Pacífico, o equivalente a um trajeto em linha reta entre Buenos Aires e Moscou.
A rota prevista para Irma foi revista e a expectativa é de que ele chegue à costa americana. Ele terá percorrido mais de 2,5 mil km.



Ilustração do possível caminho do furacão
Image captionAinda não se sabe com qual força Irma chegará aos EUA

Mais longa duração: John (1994)

John (1994) castigou o Pacífico por 30 dias e é o primeiro da lista em termos de duração. Nesse período foi ganhando e perdendo força. No entanto, ele se manteve na categoria 5 apenas por menos de dois dias.
O Irma surgiu no final de agosto, chegou à categoria 5 na terça-feira (5.09) e está previsto para avançar por pelo menos mais cinco a seis dias.

Maiores danos contabilizados: Katrina (2005)




Casa submersas em Nova Orleans
Image captionKatrina atingiu os EUA em 2005 e deixou 1500 mortos, além de ter provocados danos superiores aos US$ 100 bilhões

O furacão Katrina foi o que causou o maior prejuízo material. Ele atravessou partes das Bahamas e dos Estados americanos de Flórida, Louisiana, Mississippi e Alabama, provocando perdas totais de mais de US$ 108 bilhões.
Ainda não há estimativas do valor dos danos já causados por Irma no Caribe. Mas autoridades classificaram a tempestade como "potencialmente catastrófica".
Somente em Barbuda, estima-se que 50% da população ficou desabrigada e 95% dos imóveis sofreram algum tipo de dano com a passagem do Irma. "A ilha está literalmente debaixo d'água", disse Gaston Browne, afirmando que serão necessários cerca de US$ 100 milhões para reconstruir a ilha.

Número de mortos: Bhola (1970)

O ciclone de Bhola, que atingiu o Paquistão em 1970, deixou cerca de 300 mil mortos.
O furacão Galveston, mesmo tendo atingido o Texas há mais de um século, ainda é o que mais deixou mortos nos EUA. Estima-se que entre 9 mil a 12 mil pessoas perderam suas vidas na sua passagem.
Na lista dos que mais matou nos EUA, o Katrina está em terceiro lugar, com cerca de 1,5 mil mortos.



Ilustração mostrando a localização das três tempestades
Image captionAlém do furacão Irma, outras das tempestades ameaçam o Caribe. Crédito: NHC

Rastros

Com ventos de cerca de 300 km/h, o furacão Irma já deixou pelo menos nove mortos, inundou ruas e avenidas, destelhou casas e derrubou árvores em Antígua e Barbuda, e nas ilhas de Saint Martin (território francês e holandês), Saint Barts (território francês) e Anguilla (território britânico).
O que faz Irma ser tão poderoso, contudo, não é apenas a velocidade de seus ventos, que o colocam na categoria 5, a mais elevada. A direção dos ventos e a temperatura mais elevada da água do mar do Caribe, segundo o Centro Nacional de Furacões, deve fazer com que Irma permaneça forte nos próximos dias.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

PRIVATIZAÇÕES:Temer e seus aliados irão colocar o vermelho, a foice e o martelo na bandeira do Brasil. A China vai comprar o Brasil.


 No China, Temer apresentou o conjunto de 57 projetos que serão concedidos à iniciativa privada em busca de atrair investidores chineses.
O presidente também busca ampliar o comércio com a China, que é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil. Temer viajou acompanhado por ministros, governadores e cerca de 10 parlamentares.
No dia 1° de setembro, em Pequim, o presidente fez visita de Estado a convite do presidente Xi Jinping. Ele se reuniu também com o primeiro-ministro Li Keqiang. Com a visita, o governo espera promover a diversificação da pauta de exportação para a China e atrair novos investimentos. Em Pequim, foram assinados acordos em áreas como infraestrutura, saúde, cultura e tecnologia.
Temer conclui a visita à capital com a participação no Seminário Empresarial Brasil-China, organizado pela Apex-Brasil, para  líderes empresariais chineses que já investem ou têm interesse em investir no Brasil.
Com informações de Agencia Brasil. Foto Bandeira da  Internet 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

'Pacto de sangue': As acusações de Palocci contra Lula e Odebrecht

Palocci em depoimento em Curitiba
Image captionPalocci dá depoimento a juiz Sergio Moro e diz que Lula pediu dinheiro para PT
A relação entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a empreiteira Odebrecht envolvia um "pacto de sangue" que consistia em presentes pessoais ao líder petista - o sítio de Atibaia (SP) -, a doação do prédio de um museu dedicado a seu legado, palestras no valor de R$ 200 mil, uma reserva de R$ 300 milhões de reais.
A afirmação, que já pipocou em acusações de delatores e testemunhas da operação Lava Jato, pela primeira vez partiu de um dos homens próximos a Lula: seu ex-ministro da Fazenda, o petista Antonio Palocci.
Em depoimento ao juiz federal Sergio Moro na tarde desta quarta-feira, em ação penal que investiga a acusação de que a Odebrecht doou um terreno para a construção de prédio do Instituto Lula como propina, Palocci afirmou que o ex-presidente tinha conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras e se preocupou no início, mas depois pediu que os diretores da estatal fizessem reservas partidárias a partir dos desvios.
Palocci está preso desde setembro de 2016. Em junho passado, foi condenado por Moro a 12 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No depoimento, também acusa de crimes a ex-presidente Dilma Rousseff, o pecuarista José Carlos Bumlai e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, entre outros nomes.
Confira os pontos mais importantes do depoimento:
LulaDireito de imagemAFP
Image captionSegundo Palocci, acordo com Odebrecht envolvia presente pessoal a Lula

1. Sítios, palestras e museu: o pacto de sangue com a Odebrecht

Durante o depoimento, Palocci afirma que Emilio Odebrecht procurou Lula no fim de 2010, no fim de seu governo, para fazer um "pacto de sangue".
"Eu chamei de pacto de sangue porque envolvia um presente pessoal, que era um sítio, envolvia um prédio de um museu pago pela empresa, envolvia palestras pagas a R$ 200 mil, fora impostos, combinadas com a Odebrecht para o próximo ano, várias palestras, envolvia uma reserva de 300 milhões de reais", diz.
Emilio é pai de Marcelo Odebrecht, que era presidente da empreiteira e está preso desde junho de 2015 - ele deve deixar o regime fechado no fim deste ano, como parte do acordo de delação premiada fechado entre os advogados da empreiteira e o Ministério Público Federal.
Segundo Palocci, Lula o procurou após a conversa com Emilio e ordenou que não brigasse com a Odebrecht - "ele mandou eu recolher os valores".
Ao detalhar a relação entre Odebrecht e Lula, o ex-ministro afirma que a corrupção era longeva e conhecida dos mais íntimos do ex-presidente. "A Odebrecht era uma colaboradora", afirma.
Na sequência, no entanto, ele corrige o uso do termo "colaboradora": "O senhor (Moro) desculpa, às vezes eu... 30 anos treinando para falar dessa forma, que a Odebrecht dava propinas frequentes ao presidente Lula e ao PT".
Palocci classifica a ligação entre a empresa e os governos de Lula e Dilma como "intensa".
"Foi uma relação bastante intensa, bastante movida a vantagens dirigidas à empresa, a propinas pagas pela Odebrecht para agentes públicos em forma de doação de campanha, em forma de benefícios pessoais, em forma de caixa 1, caixa 2", diz. "Eu tenho conhecimento porque participei de boa parte desses entendimentos na qualidade de ministro da Fazenda do presidente Lula e de ministro da Casa Civil da presidente Dilma."
O ex-ministro diz que conhecia os Odebrecht desde antes do primeiro governo petista. "Eu estive com eles desde 1994 quando o presidente Lula os conheceu", conta. "Então eu tratava de todo tipo de tema com eles (Odebrecht), inclusive de temas ilícitos. Inclusive."
Segundo ele, o "pacto de sangue" oferecido a Lula por Emilio Odebrecht surgiu de "certo pânico" da companhia com a posse de Dilma - como ministra da Casa Civil, ela teria liderado um embate com a empreiteira e impedido que conquistasse as obras das duas usinas do Rio Madeira - no fim, ficou apenas com uma, e "a um preço muito ruim".
"Ele procurou o presidente Lula nos últimos dias do seu mandato e levou um pacote de propinas (...) que envolvia esse terreno do instituto, que já estava comprado e o seu Emílio apresentou (...), o sítio pra uso da família do presidente Lula - que ele já estava fazendo a reforma, que já estava em fase final, e disse (...) que já estava pronto - e também disse (...) que ele tinha à disposição dele para o próximo período, para fazer as atividades políticas dele, R$ 300 milhões."
Palocci diz ter ficado "chocado" com a oferta, que representava uma guinada no relacionamento com a empreiteira - e conta como ficou sabendo dela.
"No dia seguinte, de manhã, o presidente Lula me chamou no Palácio da Alvorada, e me conta da reunião. Ele também se mostrou um pouco surpreso e disse: 'Olha, ele só fez isso porque ele tem muito receio da Dilma. Porque ele nunca tratou de recursos comigo e dessa vez ele tratou de um pacote de coisas e é um recursos muito alto'. E ele pediu pra tratar desse recurso com o Marcelo Odebrecht."
No Twitter, Cristiano Zanin Martins, advogado de Lula, afirmou que "Palocci compareceu ato pronto para emitir frases de efeito como 'pacto de sangue', esta última anotada em papéis por ele usados na audiência". Para o advogado, "Palocci repete papel de validar, sem provas, as acusações do MP (Ministério Público) para obter redução de pena."
Em nota, por sua vez, a Odebrecht afirmou que "está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua".
"Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador e Panamá, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas."
Lula e Palocci
Image captionPalocci foi um dos homens-fortes do governo Lula | Foto: Ag. Brasil

2. Conta corrente com o PT

De acordo com Palocci, as vantagens indevidas pagas pelas empreiteiras ao PT não se destinavam a retribuir benesses específicas obtidas em um ou outro contrato público. Tratava-se de manter uma relação amigável e constante com os mandatários para estar sempre em posição privilegiada em concorrências públicas.
Por isso, segundo o ex-ministro, a Odebrecht e outras construtoras mantinham uma conta corrente ativa com o PT, frequentemente abastecida com propina. "A vantagem (repassada ao partido) dá vantagens para a empresa. Essa empresa cria uma conta para destinar aos políticos que a apoiaram", explica.
Em contrapartida, de acordo com o raciocínio de Palocci, Lula e o PT criariam ambiente propício na Petrobras para que as empresas obtivessem gordos contratos:
"O presidente mantém lá (na Petrobras) diretores que apoiam a empresa, para dar a ela contratos. Esses contratos geram dinheiro. Algumas (empresas) criam operações estruturadas, outras criam caixas dois, outras criam doleiros, e com esse dinheiro pagam propina aos políticos. É isso. Isso aconteceu durante esse período".
Palocci não especifica o período, mas infere-se que ele está falando dos governos Lula e Dilma.
Os detalhes da conta-corrente com a Odebrecht foram tratadas em reuniões entre Emílio Odebrecht e Lula. De acordo com Palocci, Emílio se comprometera a fazer um repasse ao ex-presidente de R$ 300 milhões no final de 2010 e acenara com a possibilidade de ser mais. Ao conversar com Marcelo Odebrecht, no entanto, ouviu que houve uma "divergência de valores".
"Ele falou: 'não é R$ 300 milhões, meu pai se enganou, R$ 300 milhões é a soma daquilo que foi dado com aquilo que ainda tem disponível'", diz o ex-ministro.
Embora tenha se envolvido na negociação sobre a conta corrente, Palocci afirma ter sido contra essa ideia:
"Não queria ter contas com a Odebrecht. Insisto, doutor, não por santidade, eu achava que não devia ter conta corrente, eu achava que devia continuar tendo uma relação de confiança, onde a gente buscava os recursos quando necessário. Eu tinha essa postura."
Palocci, no entanto, foi voto vencido diante do interesse do próprio Lula em viabilizar a conta corrente:
"Não era prática do Emílio tratar de reservas e recursos com o presidente Lula. Esse assunto não era pauta das reuniões. Mas nessa foi. Esse foi o espanto do presidente Lula. Não o espanto de ter disponível R$ 300 milhões, ele gostou disso. Tanto que na segunda vez falou que o dr. Emílio tinha confirmado os 300 e que poderia ser mais, pra eu cuidar disso. Não é pra cuidar do espanto dele, é pra cuidar do dinheiro", disse.
Emílio Odebrecht fez parte do mega acordo de delação premiada negociada em 2016 com o Ministério Público Federal. Em seus depoimentos, confirmou o repasse de propinas para o PT, a pedido do próprio Lula. Mas não citou a reunião dos R$ 300 milhões da conta corrente. Marcelo Odebrecht, no entanto, mencionou o assunto em depoimentos da colaboração firmada.

3. Dilma como beneficiária do esquema

De acordo com Palocci, Dilma não apenas sabia do esquema corrupto entre PT, Odebrecht e outras empreiteiras, como foi beneficiária e mantenedora dos arranjos. Segundo ele, tanto as campanhas presidenciais de Lula quanto as de sua sucessora foram custeadas com dinheiro ilícito.
"Várias vezes eu falei para empresas: o senhor, pode fazer doações para a campanha do presidente tal e da presidente tal?", relata, e continua:
"Eu sabia que depois os tesoureiros iam lá e (as empresas) faziam pagamento lícitos e ilícitos, caixa 1 e caixa 2. Muitas vezes era caixa 1 para simular pagamento legal, mas a origem do dinheiro era ilegal."
Na sequência, Palocci dá como exemplo da mecânica de doações ilegais à campanha de reeleição de Dilma, em 2014.
"Essa foi a campanha que mais teve caixa 1 e foi uma das que mais teve ilicitudes. Por quê? Porque o crime se sofisticou no campo eleitoral, as pessoas viram que o problema era o caixa 2, então transformaram tudo em caixa 1. O ponto é a origem criminosa dos valores, a Lava Jato desvendou esse mistério", afirma Palocci.
A ex-presidente Dilma e o PT sempre negaram caixa 2 ou ilegalidades no financiamento da campanha. No entanto, Palocci dá exemplos de situações em que tais temas foram tratados na presença dela ou dependeram de sua chancela.
Segundo o ex-ministro, em meados de 2010 ele participou de uma reunião com Lula, Dilma e o então presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli. No encontro, realizado na biblioteca do Palácio da Alvorada, o então presidente tratava da exploração do pré-sal.
De acordo com Palocci, Lula teria dito:
"O Palocci está aqui porque ele vai lhe acompanhar nesses projetos, para que eles tenham total sucesso, e para que ele garanta que uma parcela desses projetos financie a campanha dessa companheira aqui (Dilma), que eu quero ver eleita presidente do Brasil."
Ainda naquele ano, mas após a eleição de Dilma, teria havido uma nova reunião. Dessa vez, além de ambos, estavariam Lula e Emílio Odebrecht. O objetivo do encontro, afirma o ex-ministro, era colocar Dilma a par das relações entre o PT e a empresa, para que ela conservasse todos os acordos - "lícitos e ilícitos", nas palavras dele.
Palocci diz que Dilma cumpriu o papel a contento, "em diversas ocasiões".
"Na área de aviação, por exemplo. Odebrecht desejava muito ter um aeroporto de porte sob seu comando, na medida que o governo privatizou os aeroportos. Na primeira leva, Garulhos, Viracopos, Brasília, a Odebrecht perdeu os três. Ela queria muito o de Campinas, mas perdeu. Entrou com o recurso contra o consórcio vencedor Triunfo/UTC, entrou tentando derrubar na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil)", diz Palocci.
Como a presidência da Anac àquela altura era uma nomeação de Palocci, a empresa teria pedido a ele que intercedesse a seu favor, o que o ex-ministro nega ter feito. Ele, no entanto, não tardou em arrumar uma solução administrativa que beneficiasse a Odebrecht, em 2013, com a anuência de Dilma.
"Eu fui à presidente Dilma e ela disse que eles deviam ficar calmos que em uma próxima licitação ela cuidaria desse assunto. Retiraram o recurso que tinham na Anac e foram beneficiados na licitação do Galeão. Como foram beneficiados? Houve uma cláusula nessa licitação que impedia o vencedor da licitação de Cumbica de participar da licitação do Galeão", diz.
Ele reforça: "(A cláusula) foi colocada por solicitação da Odebrecht. E eu tive participação nisso".
Dilma não se pronunciou até a publicação deste texto.
BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE