quarta-feira, 19 de julho de 2017

'Não sou petista, sou lulista': o que dizem os colegas de sindicato de Lula sobre condenação


Sindicalista Januário Fernandes da Silva carrega jornal com manchete favorável a LulaDireito de imagemLEANDRO MACHADO/BBC BRASIL
Image captionJanuário Fernandes da Silva, que participou de grupos criados por Lula no movimento sindicalista, acredita na inocência do ex-presidente

A ex-faxineira Maria Elicélia da Silva tem uma paixão incondicional por Lula, sentimento que a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro dada pelo juiz Sergio Moro não esgotou. "Se Lula fosse um cachorro, eu votaria em um cachorro. Se fosse um gato, eu iria de gato. Não sou petista, sou é lulista, vê a diferença?", diz.
Essa separação entre Lula e o PT é usada por antigos colegas do ex-presidente quando falam sobre os imbróglios jurídicos que envolveram o petista e sua sigla nos últimos anos. O PT pode ter errado, mas Lula é sempre poupado, apesar de ser a maior força da sigla.
Na semana passada, o ex-presidente foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no julgamento em que era acusado de receber um apartamento tríplex no Guarujá (SP), mais a reforma do mesmo imóvel, em troca da promoção de interesses da empreiteira OAS junto à Petrobras.
O caso do tríplex ainda será julgado em segunda instância. Caso seja condenado, Lula pode ficar inelegível e ser preso.
Em denúncia de setembro do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) classificou Lula como "comandante máximo" do esquema de corrupção na Petrobras.
O petista também responde a outros processos, no âmbito de operações como a Lava Jato e a Zelotes. Entre as acusações, há lavagem de dinheiro, corrupção e obstrução da Justiça. O ex-presidente nega todas elas.

'Mostre as provas, infeliz'

Na última semana, depois da condenação pelo caso do tríplex, a BBC Brasil ouviu seis ex-colegas do petista que participaram das grandes greves dos metalúrgicos no final dos anos 1970 e início dos 1980, no ABC paulista. Na época, Lula presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e liderou greves que pararam grandes empresas da região. A maioria não tem mais contato com o antigo líder - dois deles, que vivem no Ceará, só veem o político pela televisão.
Questionados sobre as diversas acusações ao ex-presidente, os ex-colegas repetem os argumentos de Lula: 1) Moro é parcial e não tinha provas de que o ex-presidente fosse o dono do tríplex no Guarujá; 2) os processos contra Lula são parte de uma perseguição de quem nunca o aceitou como político, as chamadas "elites"; 3) o petista só foi condenado porque lidera as pesquisas de opinião para as eleições em 2018.
Na sentença sobre o caso do tríplex, o juiz Sergio Moro afirmou que sim, é imparcial, e que a condenação nada tem a ver com as eleições de 2018.
O magistrado também alegou que não era necessário que o apartamento estivesse no nome do ex-presidente para provar vantagens indevidas dadas a ele. O magistrado cita a argumentação do Ministério Público Federal, para o qual a manutenção do imóvel em nome da empresa foi feita para "ocultar e dissimular o ilícito".
Para dona Zelinha, como Maria Elicélia é conhecida, as provas não apareceram. Ela era faxineira do sindicato quando Lula discursava para milhares de operários em assembleias em estádios do ABC. Hoje, tem uma lanchonete no prédio da organização.
No dia em que a condenação foi anunciada por Moro, ela não quis dar entrevista. Estava triste, nervosa. "Como vou falar do meu companheiro para um repórter? Não tenho esse direito", diz.
No dia seguinte, mais calma, conversou normalmente. "Eu falaria para esse juiz Moro: infeliz, mostre as provas. Cadê as provas?", diz.

Lula é carregado por sindicalistas durante assembléia em São Bernardo do Campo, em 1979Direito de imagemCLAUDINEI PETROLI/AFP
Image captionLula foi preso em 19 de abril de 1980, acusado de ser o principal 'agitador' das paralisações de operários

"Eu acho que o pecado de Lula é ser popular demais. Tem gente que não aceita", diz o ex-metalúrgico Antonio Luiz, o Robozão, hoje assessor de um deputado estadual do PT. "Se Lula não fosse o primeiro nas pesquisas, ninguém estava nem aí para ele."
Antonio militou com Lula desde a primeira grande greve, em 1978, na Scania. Depois, quando as paralisações tornaram-se frequentes, a polícia começou a procurar líderes do movimento. "A gente escondia Lula em qualquer canto. Foi um momento muito difícil", diz.
O ex-presidente foi preso em 19 de abril de 1980, acusado de ser o principal "agitador" das greves, que não eram aceitas pela ditadura que governava o país. Djalma Bom, um dos diretores do sindicato na época, também foi detido e ficou com 31 dias com Lula na mesma cela.
Ele elege uma cena daquele mês como a mais difícil da vida do amigo, momento mais complicado do que o vivido hoje: "Lula estava no beliche em cima da minha. Ele abaixou, com lágrimas nos olhos e disse: 'Djalma, minha mãe morreu", conta.

Cachaça e uísque

Na primeira ligação da BBC Brasil, horas depois de o ex-colega de militância ser condenado por Moro, ele disse que não tinha condições de falar. "Estou mal, né?", afirmou. Dois dias depois da sentença, deu entrevista. Ainda filiado ao PT, Djalma tornou-se bastante crítico à trajetória que o partido tomou nos últimos anos.
"Eu não concordo com os desvios praticados por algumas pessoas que comandaram o Partido dos Trabalhadores", diz. "Como partido que acumulava força para mudar a sociedade, no fim, o PT entrou no caminho que só se preocupa com eleição, um caminho distanciado dos seus objetivos iniciais. Antes, era democrata, socialista, colado aos trabalhadores."
Djalma foi um dos primeiros deputados federais eleitos pelo PT, em 1982. Recebeu 164.398 votos. "Na minha eleição, a gente arrecadava dinheiro para a campanha dentro das fábricas, com os trabalhadores. Hoje, o PT corre atrás de empresários. Os anseios dos trabalhadores não são os mesmos dos empresários", diz ele, hoje com 78 anos.
"O PT se afastou de sua base, se afastou dos movimentos sociais que sempre foram sua sustentação."
No entanto, ele poupa Lula das acusações feitas ao petista. "Eu colocaria meu corpo inteiro na fogueira por Lula, ele me provou que é honesto. Ele foi preso uma vez injustamente e isso não vai acontecer de novo", diz.
Por outro lado, Djalma faz uma crítica ao amigo, que não vê mais com a mesma frequência de outros tempos. "O poder mexe com a vaidade das pessoas. Você bebe cachaça 51 e, depois do poder, passa a beber uísque 18 anos. Acho que isso aconteceu com ele."
Lula já disse querer voltar ao poder, e anunciou sua candidatura a um possível terceiro mandato na Presidência. Segundo pesquisa Datafolha de junho, ele tem 30% das intenções de voto, seguido por Jair Bolsonaro (PSC), com 16%, e Marina Silva (Rede), com 15%.
Apesar de líder nas intenções de voto, o petista tem alto índice de rejeição: 46% dos entrevistados disseram que nunca votariam nele.

Lula em evento no PTDireito de imagemPAULO PINTO/AGPT
Image captionLula foi condenado pelo juiz Sergio Moro a nove anos e seis meses de prisão, mas ainda deverá ser julgado em segunda instância

'Emoção à parte'

Ainda militante metalúrgico, Januário Fernandes da Silva repete o discurso de Lula sobre uma suposta perseguição. "A elite brasileira nunca engoliu que um operário de uma fábrica fosse o comandante máximo do país. Essa condenação é mais uma fase do golpe dado na democracia brasileira", diz, sentado em sua mesa no sindicato.
Ele evita criticar diretamente líder e o PT. "Não vou fazer autocrítica para um repórter, né? A gente faz isso, mas internamente."
Januário hoje tem 62 anos e é fotógrafo do sindicato. Nas greves, participou de uma comissão de fábrica da Ford no fim dos anos 1970. Esses grupos foram uma inovação de Lula na presidência do órgão.
Até então, o sindicato ficava afastado dos peões das fábricas, segundo os trabalhadores da época. Lula propôs o oposto: os sindicalistas deveriam participar das decisões internas das fábricas, por meio de comissões de metalúrgicos em cada unidade.
"Lula dizia que a gente deveria ficar na porta da fábrica, dentro dela, a gente devia participar da vida do trabalhador. Essa proximidade criou um novo sindicalismo no Brasil", diz Djalma. O então líder sindical ganhou popularidade entre os peões por sua oratória inflamada e a simplicidade com que tratava os colegas, lembram os amigos.
Foi nessa época, em 1978, que José Alves Bezerra se aproximou do futuro presidente da República. "Eu estava sempre com Lula, nas assembleias, no sindicato", diz, acrescentando que foi demitido por justa causa da Volkswagen por sua participação nas greves.
Nos anos 1990, ele abandonou o sindicalismo e voltou para sua cidade natal, Várzea Alegre, município de 40 mil habitantes no interior do Ceará. "Meu amigo, aqui em Várzea está todo mundo revoltado com essa condenação. E digo isso com a emoção à parte", afirma.

Maria Elicélia da Silva, ex-faxineira do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCDireito de imagemLEANDRO MACHADO/BBC BRASIL
Image caption'Não sou petista, sou é Lulista, vê a diferença?', diz Maria Elicélia da Silva, dona Zelinha, ex-faxineira do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

Por telefone, Bezerra também separa a figura de Lula do PT. "Lula é uma coisa, o partido é outra. A gente não sabe quem são essas pessoas que tomaram conta do PT. Votaria nele mil vezes, quatro vezes mil", diz.
Maria do Socorro, que também abandonou a militância e voltou para a mesma cidade no Ceará, acrescenta sobre as acusações do líder: "Se Lula errou, por que só ele vai pagar? E Michel Temer, que está todo enrolado, e continua aí todo bonitão? E Aécio Neves?", pergunta, em referência ao presidente e ao senador tucano, também investigados pela operação Lava Jato.

O dia mais feliz

A ex-faxineira dona Zelinha conta que 27 de outubro de 2002, quando Lula foi eleito pela primeira vez presidente do país, foi o dia mais feliz de sua vida. "Eu só chorava. Só fiquei triste porque ele não poderia mais falar palavrão, igual falava para mim. O cargo não deixa", diz.
Na tarde da sentença de Moro, um homem passou na frente do sindicato e xingou o petista de "ladrão". Dona Zelinha saiu até a porta do prédio. "Eu queria pegar pelo pescoço... Ninguém fala mal dele perto de mim. Estou muito triste, mas tenho certeza da inocência dele", diz ela, que tem 68 anos.
Nordestina como Lula (nasceu em João Pessoa, Paraíba), ela explica de novo seu amor incondicional pelo ex-sindicalista, presidente da República por duas vezes, e hoje condenado por corrupção e lavagem de dinheiro: "Não sou petista, sou lulista. Lula corre aqui nas minhas veias."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 18 de julho de 2017

Título do Pernambucano 2017 é do Sport, confirma TJD - PE


JC Online

O Campeonato Pernambucano enfim teve um desfecho. Nesta terça-feira (18), o Tribunal de Justiça Desportiva de Pernambuco (TJD-PE) decidiu indeferir o pedido do goleiro do Salgueiro Luciano, que pedia a anulação do segundo jogo da final do Estadual. Por unanimidade, o TJD-PE manteve o resultado final do Estadual, com o Sport sendo considerado vencedor do Pernambucano de 2017. 

O relator do caso, Felipe Tadeu, indeferiu o pedido por rejeitar as quatro questões preliminares apresentadas. Os outros seis magistrados acompanharam o seu voto. A decisão de rejeitar se manteve no julgamento do mérito. Felipe entendeu que o árbitro não cometeu erro de direito e que, por isso, decidiu pela improcedência da ação.

O advogado do arqueiro, Mariano Sá, ainda tentou o adiamento do julgamento. Na tarde desta terça, o representante do jogador protocolou nos autos do processo uma declaração de Salmo Valentim, ex-presidente da Comissão de Arbitragem de Futebol (CEAF), em que ele afirma que o árbitro de vídeo, Péricles Bassols, comunicou ao árbitro de campo, Wilton Pereira Sampaio, que a bola não saiu. O TJD-PE aceitou a nova prova no processo, mas indeferiu o pedido de adiamento.

 A defesa do Sport alegou um possível conflito de interesses no processo. Segundo Geraldo Fonseca, advogado do Leão, o Salgueiro acatou a decisão do campeonato, enquanto que o goleiro não. Alegou que o erro do árbitro não foi de direito (quando infringe as regras do jogo) e nem de fato (quando o árbitro erra na interpretação). A Federação Pernambucana de Futebol (FPF) não apresentou nenhum representante no julgamento.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bom Jardim perde seu mais antigo alfaiate

                               Foto:casal Senhor  Biu e Dona Jovem.

Faleceu na manhã desta terça-feira, 18 de julho de 2017, aos 85 anos de idade, o Senhor Severino Antônio dos Santos, conhecido por "Biu Soca," um dos mais antigos alfaiate da região. Seu Biu ficou viúvo no mês de abril deste ano. O falecido iria completar 86 anos nos próximos dias. Deixou 7 filhos, 11 netos e 2 bisnetos.
Homem simples, pacífico, agricultor, muito religioso, todo domingo sempre marcava presença na missa da manhã. 
O corpo do senhor Severino está sendo velado na própria residência na Rua Manoel Augusto, até às 8 :00 horas desta quarta (19) quando  será sepultado no Cemitério local.
A família enlutada agradece o comparecimento e a solidariedade de todos.
Foto:Aparecida Silva.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 17 de julho de 2017

REDE Protocola, na PGR, nova representação contra o presidente Michel Temer.


Parlamentares da REDE, pediram nesta segunda-feira, à Procuradoria Geral da República que investigue a liberação de emendas pelo governo durante o processo de discussão da denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados. O documento foi elaborado com base em levantamento que apontou um aumento significativo da liberação de emendas para deputados da base governista nos dias que antecederam a votação da denúncia contra Temer na CCJ da Câmara.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Festa da padroeira Sant'Ana em Bom Jardim

Convite

Caríssimos irmãos e irmãs, aproxima-se mais uma festa de Sant'Ana, mãe de Nossa Senhora e padroeira de Bom Jardim. A festa da padroeira é sempre um tempo importante para juntos refletirmos sobre a Palavra de Deus, que é fonte de vida e salvação. Esta Palavra foi vivenciada de um modo muito especial por Sant'Ana. Nós, seus devotos, devemos fazer o mesmo.


Dando ênfase ao Ano Mariano, e já no segundo ano de preparação para o Centenário Diocesano, vamos refletir sobre o seguinte tema: “Igreja: Comunidade do Ressuscitado”. Nós fazemos parte desta comunidade, por isso, devemos participar das Celebrações durante todo o novenário.

Você é nosso convidado especial. Venha participar desta festa com o coração cheio de fé e alegria no “Cristo Ressuscitado, constituído por Deus como Cabeça da Igreja”, como nos ensina São Paulo.

Venha participar desta festa com sua família, de 17 a 26 de julho de 2017, na Igreja Matriz de Sant’Ana. Sua presença nos alegra!
Fonte: Matriz de Sant'Ana.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Assistência Social e CadÚnico de João Alfredo ganham modernas instalações


Com o objetivo de oferecer mais comodidade e qualidade no atendimento, a Prefeitura de João Alfredo entregou na tarde dessa sexta-feira (14) as novas sedes da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e do CadÚnico Bolsa Família. Todas as instalações foram pensadas na comodidade das famílias que buscam assistência social. “Trabalhamos com dados pessoais e isso requer o máximo de segurança e sigilo. Com toda essa estrutura vamos conseguir oferecer um atendimento ainda mais adequado e humanizado”, destacou o entrevistador Gabriel Antônio.

As novas sedes estão situadas à Rua Dr. Severino Apúlio Cavalcanti, 438, Bairro Asa Branca. O espaço do Cadúnico dispõe de ampla recepção, local específico para atendimento ao público, cozinha, almoxarifados e banheiros acessíveis. Já o espaço da secretaria conta com recepção, sala para retirada de documentos (Identidade e Carteira de Trabalho), além de salas para diretoria e vigilância socioassistencial, secretária e multiuso. Quem utiliza o Sistema Único de Saúde (SUAS) sabe da importância das novas instalações. “Temos agora uma casa ainda maior e mais confortável. Quem ganha é o povo de João Alfredo”, comentou a aposentada Josefa Rosa, integrante do Grupo Flor da Idade.

São mais de 30 mil habitantes e aproximadamente 7.300 famílias cadastradas no Bolsa Família. Toda essa demanda passa a contar com espaços mais adequados. “A Assistência Social é uma política pública; um direito de todo cidadão que dela necessitar. Ela está organizada por meio do SUAS, presente em todo o Brasil. Seu objetivo é garantir a proteção social aos cidadãos, ou seja, apoio a indivíduos, famílias e à comunidade no enfrentamento de suas dificuldades, por meio de serviços, benefícios, programas e projetos”, ressaltou Anna Mendes, secretária de Desenvolvimento Social.

De segunda a sexta-feira, das 7h às 16h, milhares de famílias de 9 bairros e 61 comunidades rurais passam pelo CadÚnico. Por isso o planejamento de uma casa maior se transformou em realidade. A proposta da gestão é manter a integração da equipe, unindo qualidade no atendimento e melhor estrutura física. “Como gestão pública estamos focados em manter um quadro profissional capacitado, mas ao mesmo tempo melhorando os equipamentos estruturais para atender bem à sociedade. Sempre digo que as obras são investimentos para o município”, avaliou a prefeita Maria Sebastiana. Blog do Agreste
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Emancipação Política de Bom Jardim: CONVITE

Fonte: Governo Municipal.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

As quadrilhas não vivem sem estratégias

Cada dia uma surpresa. Manobras que atingem o cerne da ética. Decepções gerais, mas muita gente rindo da manipulação constante. Derrubaram Dilma. A estratégia era ampla. Segue armando escorregões. Parece que não há como punir. A justiça tropeça. Ha opiniões múltiplas e uma mídia fragmentada. Diante das frustrações, a sociedade se desmantela. As necessidades básicas não são contempladas. Observe com está a educação. Tente ser atendida num hospital público. Não se engane que a quadrilha funciona com eficácia e sutileza. Ela é extensa, possui assessorias poderosas. Possui seus fanáticos, reverte expectativas.
É chocante o fluir das mentiras. Há provas para uns e outros são inocentes. Quem sabe o caminho de tantos desgovernos? Fala-se em democracia, em popularidade. Trocam-se políticos, discursam como se o mundo fosse o paraíso. É incrível. Uma sessão no Congresso supera qualquer comédia. Porém, traz consequências nefastas para a maioria. Vai se aposentar quando? Percebeu o rosto impassível de Temer? E a discutível sentença de Moro? Por que tantas parcialidades? Não existe crítica, inquietude? O pântano não desaparece?
Gostaria que houvesse uma limpeza. Não defendo inocências sacralizadas. Compreendo que existem várias quadrilhas. O que me incomoda é o cinismo, é a venda de ilusões, é grana acumulada nas mãos de poucos. O autoritarismo se disfarça. contudo os mecanismos de controle só aumentam. Jucá ironiza, as malas circulam, Aécio se julga um bom rapaz. O circo está sempre pronto, com um espetáculo deprimente. Os privilegiados se animam e a coletividade se destroça. As cenas desmoronam princípios básicos, arrastam limites, quebram sonhos, fecham o espetáculo de forma melancólica.
O que nos reserva o futuro? Como tudo terminará? As traições jogam com a sorte? A política se entrelaça com poderes que subordinam. Há suspenses e a história não é inabalável. Tudo se movimente. Há quedas, ações, indignidade. Quem se sustenta pode sofrer choques fatais. Os ferimentos são graves. O tempo rege a história e ele não é linear. Desfaz estratégias, inventa concepções, expulsa o medonho. A apatia é uma condição grave e covarde. Por isso, os ruídos devem crescer. O mundo não é espelho fixo, nós não somos seres congelados.A mistura distrai, suicida. Cuidado com as imagens fabricadas com silicone.
Por Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Cotas em concursos: como definir quem é negro?



Foto: Shutterstock

Um edital de concurso da Prefeitura de São Paulo para professores, lançado em fevereiro de 2016, reservava 20% das vagas para negros, negras e afrodescendentes. Para assegurar a concorrência a essas vagas, era necessária apenas a autodeclaração. Mas, em dezembro do mesmo ano, a Prefeitura instituiu a Comissão de Análise de Compatibilidade com a Política Pública de Cotas com a intenção de confirmar a autodeclaração dos candidatos. Neste grupo devem estar presentes, entre outros, servidores da Prefeitura e representantes da sociedade civil com notório saber no campo das relações raciais.
A criação da comissão reacendeu o debate sobre como lidar com a definição de quem se enquadra dentro de cotas raciais. Um grupo de professores chamados por esse grupo contestaram a forma como a análise foi feita e também seus resultados. "Algumas das pessoas indeferidas estavam com cabelo alisado. Mesmo quando falamos que somos afrodescendentes, e mostramos fotos dos nossos pais, nos foi negada a cota. Agora, vamos entrar com recursos", conta uma professora que não quis se identificar.
É essa possível subjetividade nos comitês antifraudes que faz algumas pessoas serem contra a comissão. A polêmica existe desde que dois irmãos gêmeos passaram no vestibular da Universidade de Brasília (Unb), em 2007, mas apenas um foi definido como negro pela banca.
Petrônio Domingues, professor do departamento de História da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e estudioso do movimento negro, é contra as comissões. Em entrevista à Carta Capital, Petrônio afirma que "raça não existe cientificamente. No limite, é um critério político de definição. Raça é uma invenção, uma construção. Qualquer comissão que for constituída vai usar também critérios políticos e arbitrários". O professor defende o sistema de autodeclaração, mesmo com o risco de haver algum caso isolado de fraude. "O perigoso é partir dessa comissão todo o sistema de ações afirmativas e o sistema de cotas em especial perder credibilidade, ser colocado em xeque em função disso", diz.
No entanto, grande parte do movimento negro é a favor das comissões, justamente por reduzir o risco de candidatos usarem de má fé. "A fraude é minoritária, mas existe", diz o professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, Dennis Oliveira.
Em agosto de 2016, o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão publicou uma orientação normativa sobre regras de aferição da autodeclaração prestada por candidatos negros em concursos públicos de órgãos federais e instituições que respondem à União. Segundo o documento, que você pode ver aqui, cada edital deve prever e detalhar os métodos de verificação, indicar como será composta a comissão e em que momento do processo ela ocorrerá. Ou seja, apesar de explicar quais os fatores são necessários para os comitês avaliativos, cada organização continua livre para desenhar o seu processo avaliativo.
Para entender como as comissões podem fazer jus à importância da política de cotas, conversamos com três especialistas. Eles concordam que devem haver comitês e mostram a diversidade de possibilidades para esse controle.
Olhando o fenótipo
A comissão que analisa principalmente a cor da pele dos candidatos leva em consideração "a metodologia da polícia", segundo Frei David Santos, diretor da ONG Educafro, uma rede que promove a Educação para afrodescendentes e jovens carentes. "Sofrem racismo institucional apenas os afrodescentes pretos, pardos-pretos ou pardos-pardos. Os pardos-brancos não são revistados pela polícia onde quer que vão", explica o diretor.
Para Frei David, as comissões têm o objetivo de não permitir que as pessoas brancas se façam passar por negras para tirar as vagas daqueles que realmente precisam da política afirmativa. "Em toda política pública há fraude. Da mesma forma que deve haver controle das famílias beneficiadas pelo Bolsa Família, também deve haver controle das pessoas que se autodeclaram pretas e pardas nos concursos e vestibulares."
Na opinião do ativista, mesmo que tenham afrodescendência, aqueles que têm a pele mais clara devem concorrer às vagas junto aos brancos, na chamada ampla concorrência. "Pensando na política de cotas, não devemos olhar apenas para o genótipo. O fenótipo é mais importante e a prioridade deve ser atender sempre os que têm a pele mais escura, que são os que mais sofrem preconceito", diz.


Foto: Shutterstock

Comissões mais abrangentes
Dennis Oliveira, professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP), concorda que deve haver mecanismo de controle em todas as políticas públicas. "Infelizmente, a autodeclaração não é suficiente. Já presenciei casos de pessoas brancas que fizeram bronzeamento artificial. As fraudes são usadas, inclusive, para desmoralizar essa política tão importante", diz.
Ele defende a existência de uma mistura de critérios, como documentação dizendo se a pessoa é parda ou negra. Outra forma de atestar a afrodescendência é a comprovação de que pai ou mãe são negros ou pardos. "O conceito de pardo é muito amplo, mas se estiver escrito na certidão de nascimento que aquela pessoa é parda, não tem como recusar um documento oficial."
E o que é pardo? Segundo Dennis, um dos 120 professores negros da USP (apenas 2% dos 6 mil da instituição), as pessoas pardas são aquelas que tem mãe negra e pai branco ou vice-versa. Ou aquelas cujos ambos os pais são pardos. Ainda assim, nem sempre é possível determinar a cor da pessoa, principalmente quando não há essa informação na documentação de nascimento ou quando o pai é desconhecido, por exemplo. "Também não existe um racismômetro que aponte quanto preconceito uma pessoa sofre", diz.
Para estes casos, Dennis defende que as comissões realizem pequenas entrevistas para entender o grau de pertencimento do candidato. "Esse questionário não pode ser algo traumático. Serve apenas para evitar que a política de cotas seja fraudada", explica o professor. Na opinião dele, a simples possibilidade de se fazerem comissões pode inibir que brancos tentem burlar as cotas.
Como funciona uma comissão
Para o advogado Rodrigo Gomes, mestrando da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em direito constitucional e comunidades quilombolas, o primeiro passo para ter uma comissão justa é entender que cada cidade ou universidade vive uma realidade específica. Segundo ele, Salvador e São Luís têm uma realidade racial completamente distinta de Brasília, por exemplo. E é importante que cada instituição tenha essa consciência.
"Fiz parte da comissão da pós-graduação em Direito da Unb, que tem um número bem menor de candidatos. A Universidade de Brasília foi a primeira do Brasil a instalar as cotas e, por isso, temos essa perspectiva cultural tão importante", diz.
Impedir fraudes é uma função da comissão, mas não a única, segundo Rodrigo. "Nosso outro objetivo é auxiliar e acompanhar o ingresso e a permanência dos estudantes negros e indígenas na universidade. Isso é essencial, porque a academia ainda é um espaço estrutural feito para pessoas brancas", diz.
O comitê participa de toda a seleção, mesmo que a etapa não tenha relação com a política afirmativa em si. A ideia é conhecer os candidatos desde o início e acompanhar a forma como a universidade conduz o processo seletivo. O grupo participa também das entrevistas dos candidatos brancos.
Segundo Rodrigo, nunca houve caso de fraude. "A existência da comissão traz um autocontrole de quem vai se inscrever”, diz. “Também por isso é importante estarmos presentes desde o edital até a aprovação, permanecendo durante os anos de estudo e pesquisa do discente", argumenta. "Os membros da banca, em sua totalidade negros, pardos ou indígenas, sempre concordam com a autodeclaração do candidato."
Apesar de nunca ter presenciado essa divergência, Rodrigo entende a preocupação. "O que é o negro no Brasil? Essa é uma pergunta sem resposta. Eu concordo que a polícia, por meio do racismo estrutural, sabe identificar quem é e quem não é. Mas temos que ir além desse pensamento", diz. "A pessoa parda é uma construção da branquitude, é fruto de um processo de embranquecimento da população. Uma instituição com poucos negros tem uma vivência branca, um entendimento branco. Ela vai embranquecer as pessoas ao dizer que o pardo é branco."
Isso não significa que as comissões não devem ter pessoas brancas ou que deve ser constituída apenas de estudantes. "Ela tem que ser composta por servidores, membros da administração, do corpo docente, do corpo técnico. Tem que ter também participação da sociedade civil para refletir a realidade de cada local."

Rodrigo entende a autodeclaração como uma estratégia contra esse pensamento. "É o fortalecimento da identidade negra. O autorreconhecimento como negro. E aí isso fica claro para a comissão, porque a pessoa que se enxerga como negra já viveu diversas experiências na vida que comprovam a sua identidade, como o racismo", explica.
Caroline Monteiro. Nova escola.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Ter menos filhos é ação mais eficaz contra aquecimento global, diz estudo


Mulheres passeando com carrinho de bebêDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPesquisadores calcularam que controle populacional tem impacto muito maior para redução de emissões do que alternativas mais conhecidas

Um estudo publicado neste mês na Suécia prega que ter menos filhos é a ação que pode ter mais impacto no combate às mudanças climáticas.
Mas os pesquisadores da Universidade Lund recomendam tal controle da natalidade apenas em países desenvolvidos, usando como argumento o fato de que nações como os EUA, por exemplo, são responsáveis pelas maiores emissões de carbono na atmosfera (16 toneladas por ano de CO2 per capita) e, por isso, teriam que fazer cortes mais drásticos para atingir "níveis seguros de emissões".
De acordo com os termos do Acordo Climático de Paris, assinado em 2015, 195 países se comprometem a limitar a média global de aumento da temperatura em menos de dois graus Celsius.
Para isso, cientistas estimam que, até o ano de 2050, o volume de emissões per capita não possa ultrapassar 2,1 toneladas de carbono (no Brasil, segundo dados do Banco Mundial, a emissão é de 2,5 toneladas).
Seth Wynes e Kimberly Nicholas afirmam que a redução não poderá ser obtida sem que famílias ou indivíduos tenham um filho a menos, apesar desta não ser a única medida recomendada.
"Não estamos sugerindo que isso vire lei ou coisa parecida. Sabemos que a decisão de ter ou não filhos é talvez a maior que alguém pode ter na vida, e que muitas pessoas não têm o clima como fator preponderante. Vejo isso mais como uma questão pessoal do que de política pública", afirmou Nicholas, em entrevista à BBC Brasil.

Casal comprando carrinho de bebêDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionImpacto ambiental não costuma fazer parte de planejamento familiar

"Apenas quisemos mostrar o impacto que decisões pessoais podem ter nos esforços de prevenção de mudanças climáticas. É importante que as pessoas saibam dessas coisas em suas vidas. Especialmente quando mostramos que ações como a reciclagem ou o uso de lâmpadas LED", completa a especialista.
As conclusões são derivadas de análises e cálculos que, segundo os pesquisadores, levam em conta uma gama de ações individuais, das mais complexas como o controle da natalidade às mais simplórias como a reciclagem de lixo.
Wynes e Nicholas concluem, por exemplo, que ter um filho a menos contribuiria para uma redução média de 58,6 toneladas de CO2 na atmosfera por ano, uma quantidade muito maior que as outras três principais alternativas recomendadas: viver sem carro (2,4 toneladas), evitar viagens de avião (1,6) e adotar uma dieta vegetariana (0,8).

Usina despeja fumaça no céuDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionRecomendação de ter menos filhos é direcionada para países desenvolvidos

O impacto da opção por menos filhos teve como base de cálculo o total estimado de emissões dos filhos e demais descendentes divididos pela expectativa de vida dos pais.
A questão do crescimento populacional já faz parte dos debates sobre impacto humano no meio ambiente e, na última semana, um estudo publicado por acadêmicos da Universidade Stanford (EUA) culpou humanos pelo que classificou como "aniquilação biológica" - a extinção em massa de bilhões de espécies por causa da superpopulação e do consumo.
Segundo Nicholas, não há um número "mágico" de filhos a ser tidos ou evitados para obter um melhor resultado ambiental. Para Wynes, que também falou à BBC Brasil, as características de desenvolvimento dos países deve ser levado em conta no cálculo. No caso do Brasil, um país ainda em desenvolvimento, o consumo de carne e a quantidade de emissão per capita é muito inferior ao dos habitantes dos países altamente desenvolvidos. Por isso, as emissões são menores por pessoa e a diminuição no número de filhos não seria tão significativa.
"Nosso estudo se limitou a avaliar as grandes oportunidades de redução individual de emissões em países em que há as maiores taxas per capita desse tipo de poluição. Naturalmente, escolher ter famílias menores tem um impacto menor no Brasil. Nos países mais prósperos, o consumo de carne é mais alto, e isso aumenta o gasto de água, a necessidade de pastagens e também a liberação de gases. Daí que ter um membro a menos na família em países como os Estados Unidos é relevante para o meio ambiente", diz Wynes.
Em conjunto com a redução do número de filhos, a adoção em massa de uma dieta baseada em vegetais é uma medida importante no combate ao aquecimento global, aponta Wynes.
"Queremos chamar a atenção para um fator que terá influência justamente sobre o futuro das próximas gerações, que herdarão o mundo. E não mostramos apenas a questão populacional, mas também o impacto de uma dieta vegetariana e de uma vida sem carro. Elas também têm impacto positivo", conclui Nicholas.
Professor Edgar Bom Jardim - PE