quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Lia de Itamaracá recebe o título de doutora honoris causa



"Era um sonho antigo, mas Deus me disse para esperar e, até que enfim, se realizou", disse Lia sobre o título. Foto:Tarciso Augusto/DP
"Era um sonho antigo, mas Deus me disse para esperar e, até que enfim, se realizou", disse Lia sobre o título. Foto:Tarciso Augusto/DP
De uma ilha no Litoral Norte pernambucano vem um som que, para se dançar, todos se dão as mãos e imitam as ondas do mar. Trata-se da ciranda, que vai e vem, recua e avança, assim como as águas. O ritmo não seria nada sem um de seus expoentes: a Rainha da Ciranda, Lia de Itamaracá. Em janeiro, Lia completou 75 anos e, como parte de um conjunto de comemorações, foi concedido na terça (27) à cantora o título de doutora honoris causa. O evento foi organizado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a solenidade ocorreu no Teatro Guararapes, em Olinda.
 
 O título de doutor honoris causa é dado àqueles que dedicaram sua vida para o desenvolvimento da educação e cultura local. Lia, que vem da ilha da “pedra que canta” (significado de Itamaracá em tupi-guarani), faz parte do imaginário pernambucano e nacional como símbolo vivo, da memória da música negra e afetividade da cultura popular. “A estação tocava música pernambucana, mais do que hoje, diga-se de passagem. E, ainda criança, percebi um som diferente, como uma batida, e sem que ninguém falasse nada, sem que ninguém combinasse nada, meus tios começaram a formar uma roda, deram-se as mãos e começaram a girar”, conta, em tom nostálgico, o professor Francisco Barros, responsável pelo texto de homenagem
A UFPE reiterou a valorização e compromisso com o notório saber popular. “Acreditamos na pluralidade de saber. Todos. Sem hierarquia, cada um com sua importância”, reforçou a diretoria da instituição, através de texto lido na mesa solene. Além do professor Francisco Barros, do Centro de Ciências Jurídicas, a homenagem contou com a presença do reitor Anísio Brasileiro, da vice-reitora Florisbela Campos, de pró-reitores, professores e técnicos administrativos da UFPE, além de diversos familiares, artistas, fãs e autoridades, como o secretário estadual da Cultura, Gilberto Freyre Neto, e o presidente da Fundarpe, Marcelo Canuto.
 
EU SOU LIA 
“Eu sou Lia da beira do mar, morena queimada do sal e do sol, da Ilha de Itamaracá”. A canção ecoou por todo o hall do Centro de convenções na manhã de ontem. A música, assim como Asa branca de Luiz Gonzaga, Frevo nº 1 de Antonio Maria e Voltei, Recife de Capiba, faz tremer e bater mais forte o coração. Ao fim da cerimônia, todos se reuniram em um círculo, entrelaçaram os dedos, pisaram forte no chão e rodaram. Lia de Itamaracá, que é Patrimônio Vivo de Pernambuco, é uma força da natureza. E essa força nos prova que uma ciranda não se dança com um ou dois, mas em coletivo. Democrática, aberta, onde sempre cabe mais e todos podem dançar.
Diário de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 27 de agosto de 2019

João Lira:"nosso futuro depende de cada um de nós".

A futura Avenida Íris Vieira Souto Maior, vai aos poucos avançando. Essa ideia vem sendo ventilada desde o primeiro mandato do prefeito João Lira. Defendida  no imaginário de várias pessoas, dentre elas podemos citar: professor Edgar, Sérgio, Lúcio Mário, Luciano Souza, Doddo Félix, Roberto Lemos, Manoel Caboclo, Chocolate da Praça, Dadin da Praça, Paulo do Azulão, Sidrônio da Praça, Rogério, Nena Barbeiro, Ivan da Vidraçaria, Mário Cabral, Dão da lojinha, André Anderson, Sabiá, Lindo da verdura, entre outros. Essa ideia também foi mencionado em encontros do Plano Diretor entre 2005/2006. Será que o PLANO foi engavetado ou saiu do plano?

As ideias são formuladas, defendidas de tempos em tempos. Há ideias que são difundidas e assimiladas rapidamente pelo povo, por autoridades, empreendedores ou oportunistas de plantão. Outras ideias levam mais tempo para avançar em concretudes. Nem sempre quem defende, idealiza uma proposta é lembrado, mencionado. Muitos idealistas são esquecidos injustamente, propositadamente. Outros assumem a ideia do outro cinicamente, tiram vantagens e mais vantagens da criação de outros. Existem pessoas que  têm a oportunidade do fazer algo pela coletividade e não fazem. Falta em alguns homens coragem, vontade, disposição para lutar e  fazer uma ideia acontecer.

Na gestão do ex-prefeito Miguel Barbosa, a ideia de construir a nova via de acesso para desafogar o trânsito começou a ser elaborada no papel. O projeto foi feito, encaminhado para alguns órgãos governamentais. Foram feitos estudos, tirado fotografia, foi realizado o trabalho de topografia, etc. Falava-se até que o homenageado da nova via de acesso teria como homenageado o pai do comerciante Adielson das Lojas Ribeiro.  Papel vai, papel vem, o tempo passou. A obra não se realizou. Será que alguém teve o interesse de segurar a realização da obra? Quanto o município gastou nesse vai e vem? Quem pode ter ganhado com este engavetamento? Terá sido proposital? Faltou articulação política do ex-prefeito? Faltou competência? O ex-prefeito foi sabotado? 

O tempo passa, mais carros e motos circulam, a situação do trânsito na cidade de Bom Jardim fica mais complicada, muitos congestionamentos.  Quartas e sábados, dias de feira,  a coisa piora. Carros estacionados nos dois lados da rua... E quem vai resolver o problema vivido por todos? Quem vai tirar a obra do papel?  Será o homem do cabelo branco? Será o "rei das obras", João Lira?!  
Alguém certa vez escreveu: "se João Lira, candidato ao cargo de prefeito for eleito prefeito de Bom Jardim, será " trabalho, trabalho, trabalho!" Verdade ou exagero? 

A obra começou depois de embates, questionamentos na justiça, desconfianças no parlamento local, conversas em locais públicos. É mais uma obra realizada pelo prefeito Lira. Comemora-se...

Lembrar que este é um  bom momento para a prefeitura realizar uma boa limpeza no rio, fazer a retirada de entulhos, madeiras, sofá, geladeiras, galhos, fazer poda de árvores, fazer uma obra de saneamento do esgoto doméstico e outras intervenções, políticas públicas, realizar campanha de conscientização que garantam segurança, geração de empregos temporários e melhoria qualidade de vida de todos. Finalmente, João Lira realiza a obra da nova avenida, soma-se ao desejado imaginado por muitos. 


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Advogado diz que procuradores tinham 'ódio' e pede libertação de Lula.


Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil
Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil
Os advogados do ex-presidente Lula apresentaram nesta terça-feira (27) ao STF (Supremo Tribunal Federal) uma petição reiterando pedido de habeas corpus para que ele seja solto. O caso está com o ministro Edson Fachin.

Os defensores juntaram ao pedido a reportagem publicada nesta terça pelo UOL, em parceria com o site The Intercept Brasil, que mostra procuradores da Operação Lava Jato ironizando a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Eles debocham do comportamento do ex-presidente, tanto no velório dela quanto no enterro do neto.

Arthur, de 7 anos, morreu no começo do ano, vítima de infecção generalizada causada por uma bactéria.

"Referidas mensagens mostram, em verdade, que a atuação dos procuradores da República em questão sempre foi norteada por ódio e desapreço pessoal pelo paciente e pelos seus familiares", afirma o advogado Cristiano Zanin.

Tal ódio, diz ainda o defensor, torna os investigadores "absolutamente incapazes de cumprir com seus deveres de imparcialidade, impessoalidade e isenção garantidos pela legislação pátria e internacional".

Em uma das mensagens, a procuradora Laura Tessler diz, depois da morte de Marisa: "Quem for fazer a próxima audiência do Lula, é bom que vá com uma dose extra de paciência para a sessão de vitimização".

Já a procuradora Jerusa Viecili diz: "Querem que eu fique para o enterro?".

Eles ainda comentam o discurso de despedida de Lula no velório de Marisa, em que ele diz esperar que os "facínoras que fizeram isso contra ela [Marisa] tenham um dia a humildade de pedir desculpas".

"Bobagem total.... ninguém mais dá ouvidos a esse cara", diz Deltan Dallagnol.

A reportagem mostra ainda mensagens trocadas entre os procuradores quando Vavá, irmão de Lula, morreu, no começo deste ano.

Um deles, Antônio Carlos Welter, pondera que Lula tem direito de ir ao enterro, como a lei prevê para qualquer preso. O procurador Januario Paludo responde: "O safado só queria passear e o Welter com pena".

Quando o neto de Lula morreu, a procuradora Jerusa Viecili comentou no grupo: "Preparem para nova novela ida ao velório"
Com informação de diariodepernambuco.com.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

PF finaliza inquérito e atribui a Maia corrupção, lavagem de dinheiro e 'caixa três'


Foto: José Cruz/Agência Brasil
 (Foto: José Cruz/Agência Brasil
)
Foto: José Cruz/Agência Brasil
A Polícia Federal atribuiu ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral (caixa três) e lavagem de dinheiro ao concluir inquérito sobre supostos repasses da Odebrecht ao deputado e seu pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro e atual vereador César Maia (DEM)
O relatório das investigações foi finalizado em 22 de agosto e remetido ao relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin. Ele abriu prazo de 15 dias para que a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, decida, com base nas provas reunidas pela PF, se denuncia Maia ou arquiva o caso.

As investigações sobre Maia foram abertas a partir da delação de executivos da Odebrecht, que apresentaram como provas planilhas do chamado departamento de propinas do grupo. Nelas, Maia e o pai são identificados por codinomes, como destinatários de recursos ilícitos. 

Segundo o relatório da PF, o presidente da Câmara e o ex-prefeito cometeram corrupção passiva ao solicitar e receber da empreiteira doações indevidas em 2008, 2010, 2011 e 2014. A contrapartida seria o exercício de influência do grupo sobre os dois e outros políticos fluminenses em projetos de interesse da empresa. 

Os recursos teriam sido entregues em espécie, o chamado caixa dois, e também por meio de doações eleitorais do Grupo Petrópolis, supostamente usado pela empreiteira para terceirizar suas contribuições. É o que os investigadores chamam de caixa três.  

Os delegados Bernardo Guidali Amaral e Orlando Cavalcanti Neves Neto, que assinam a peça enviada a Fachin, sustentam que Maia e o pai fizeram solicitações indevidas de R$ 1,8 milhão entre 2008 e 2010. 

Eles teriam recebido pagamentos de R$ 1,6 milhão, em espécie, em 2008, 2010, 2011 e 2014. Parte significativa, cerca de R$ 750 mil, teria sido repassada quando os dois não eram candidatos (R$ 300 mil em 2008) ou fora do período eleitoral (R$ 450 mil em dezembro de 2010 e janeiro de 2011).

A PF sustenta que Maia e o pai praticaram o chamado caixa três especificamente em 2010 e 2014, quando apresentaram apenas as informações formais do recebimento de doações oficiais de empresas do Grupo Petrópolis. Essas contribuições, segundo delatores, teriam sido feitas a pedido da Odebrecht.

Os dois também teriam praticado lavagem de dinheiro quando, naqueles mesmos anos, "ocultaram e dissimularam a origem" desses recursos, supostamente com o objetivo de "dar lastro e legitimar" o recebimento valores indevidos com as doações eleitorais feitas por solicitação da Odebrecht.

O empresário Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis, é suspeito de lavagem de dinheiro. 

As imputações ao congressista se dão uma semana após a Câmara, sob o comando dele, concluir a votação de projeto que endurece punições por abuso de autoridade de agentes públicos, incluindo juízes, promotores e policiais. 

Criticado por investigadores, magistrados e o ministro da Justiça, Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato, o texto já passou pelo Senado e vai seguiu para sanção presidencial. 

Procurados pela reportagem, Maia e o pai ainda não se pronunciaram. A reportagem ainda não conseguiu contato com os demais implicados no relatório.
Diario de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bolsonaro está “à altura” do cargo ?



A escalada dialética entre Emmanuel Macron e Jair Bolsonaro subiu nesta segunda-feira vários graus depois que o presidente brasileiro e um de seus ministros publicaram comentários desrespeitosos sobre o presidente francês e sua mulher. "Como sinto muita amizade e respeito pelo povo brasileiro, espero que tenha rapidamente um presidente que esteja à altura", disse Macron em entrevista coletiva durante o último dia da cúpula do G7, em Biarritz (França).
O motivo do novo confronto entre ambos foi um comentário de Bolsonaro na rede social Facebook. O presidente brasileiro reagiu a uma mensagem que zombava do físico da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, e a comparava desfavoravelmente à brasileira Michelle Bolsonaro, relata a agência France Presse. A francesa tem 66 anos; a brasileira, 37.
Entende agora por que Macron persegue Bolsonaro?", diz a mensagem, referindo-se ao choque de Macron e Bolsonaro na semana passada pelos incêndios na Amazônia. Bolsonaro –ou alguém que controla a sua conta do Facebook– comentou: “não humilha cara. kkkkkkk”.
A publicação do presidente brasileiro no Facebook não foi o único ataque a Macron. O filho de Bolsonaro, Eduardo, deputado e possível próximo embaixador brasileiro nos EUA, retuitou na sexta-feira um vídeo de manifestações violentas de coletes amarelos na França com o texto: "Macron é um idiota". Paralelamente, o ministro da Educação do Brasil, Abraham Weintraub, disse que "Macron não está preparado para esse debate", referindo-se aos incêndios na Amazônia, e o chamou de "calhorda oportunista que busca o apoio do lobby agrícola francês".
“O que posso dizer a eles? É triste, é triste. Mas é triste acima de tudo para ele e para os brasileiros ”, respondeu Macron em Biarritz. "Acho que as mulheres brasileiras, sem dúvida, têm vergonha de ler isso de seu presidente", acrescentou. "Acho que os brasileiros, que são um grande povo, ficam um pouco envergonhados ao ver esses comportamentos e esperam de um presidente que se comporte bem com os demais.”
Macron reiterou suas acusações a Bolsonaro por "mentir" sobre seus compromissos contra as mudanças climáticas quando, em julho, os dois países assinaram o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul ". Ele também lembrou a desfeita de Bolsonaro ao ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, quando visitou Brasília em julho.
"Algumas semanas depois [da assinatura do Tratado do Mercosul], ele teve um encontro urgente com o cabeleireiro, quando deveria receber o ministro das Relações Exteriores", disse o presidente francês. “E ontem considerou que era uma boa ideia que seu ministro me insultasse. Na França nunca ocorre a um ministro da República insultar qualquer dirigente. E ele pronuncia palavras extraordinariamente desrespeitosas sobre minha esposa.”
A disputa entre Paris e Brasília pôs em xeque o acordo com o Mercosul, questionado na França. Macron, que lidera uma frente liberal e progressista no cenário internacional, encontrou um antagonista perfeito no nacionalista Bolsonaro.

Vídeo mostra conversa vazada sobre Bolsonaro

Na tarde deste domingo, Bolsonaro retuitou um vídeo de uma conversa entre Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê britânico, Boris Johnson, em que os líderes discutem a situação na Amazônia. No encontro, Merkel diz que irá entrar em contato com o presidente brasileiro nesta semana para que o presidente brasileiro não fique com a impressão de que se está trabalhando contra ele.
Em seu tuíte, Bolsonaro agradece aos chefes de Estado que "ouviram e nos ajudaram a superar uma crise que só interessava aos que querem enfraquecer o Brasil". https://brasil.elpais.com
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Educação:Inovação não pode esperar pela situação ideal, diz especialista Lisa Duty


Professor negro cercado de alunos em uma mesa vermelha com um computador e aparelhos de robótica
Foto: Getty Images
“Não podemos nos deixar envolver na perfeição, esperar quando tudo estiver perfeito. Temos que mudar nossa mentalidade e vamos usar o que temos à nossa disposição hoje. Não espere pelo ‘perfeito’ pois o ‘perfeito’ nunca chega. E essa é a essência da inovação.”
A declaração foi dada por Lisa Duty, a educadora norte-americana e fundadora da consultoria educacional Innovation Partners. Lisa trabalhou com os departamentos de Educação de três estados norte-americanos – Ohio, Rhode Island e Carolina do Sul – para a implantação de escritórios de inovação.
Na semana passada, a especialista passou pelo Brasil, onde discutiu e apresentou os casos nos quais ela trabalhou. Ela participou de palestras e apresentação no Conect-C, a série de encontros para discutir temas relevantes ligados à inovação na Educação, promovidos pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB). Lisa e também participou de uma reunião do Grupo de Trabalho de Tecnologia do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
Entre os estados norte-americanos com os quais Lisa trabalhou, um deles se destacou por algumas semelhanças com o Brasil: a Carolina do Sul, um estado marcado pela desigualdade, pobreza e uma Educação com índices baixos.
A velocidade de conexão à internet das escolas públicas ainda é baixa, segundo pesquisa TIC Educação 2018, divulgada pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br). Um estudo recente mostrou que, em 2018, nas escolas públicas pesquisadas, 5% tinham uma conexão com velocidade de até 999 kbps; 26% contavam com conexão de 1 a 2 Mbps; 33% trabalhavam com velocidade de 3 a 10 Mbps; apenas 12% usavam uma conexão com velocidade de 11 Mbps ou mais e 24% não sabiam.
Lisa Duty conta que, há pouco tempo, os Estados Unidos também tinham problemas parecidos.
“Por muito tempo tivemos discussões sobre professores permitindo que os estudantes usassem seus próprios celulares na sala de aula, porque nós não tínhamos laptops ou equipamentos para todos os alunos. Mas quase todas as crianças tinham um celular. Então havia resistência de alguns professores de deixar usar estes equipamentos, pois eles temiam que os alunos iriam se distrair.”
A educadora lembra que houve uma mudança de mentalidade entre os professores, que começaram a usar essas ferramentas. Ainda não significava uma situação ideal, mas eles começaram a notar o impacto no aprendizado dos estudantes.
“Uma vez que você vê professores usando isso de forma eficaz e você vê os resultados, você não consegue fazer parar, não consegue evitar que se espalhe de sala de aula para sala de aula.  Mesmo que você não tenha a infraestrutura perfeita, com equipamentos todos iguais e coisas assim, não é (a situação) ideal, mas a inovação não diz respeito ao que é ideal. Inovação é sobre o que estamos tentando alcançar, qual é o objetivo de aprendizado e o que podemos fazer para alcançar esse objetivo. E se a tecnologia puder ser uma parte disso, você usa, imperfeita ou não.”
A especialista também conta que, para acelerar a mudança de mentalidade, o que foi feito nos estados onde ela trabalhou foi uma busca por professores inovadores para dar apoio a eles.
“Acredito que sempre vão existir muitos professores que estão na vanguarda, que sempre querem tentar alguma coisa de forma muito inventiva, muito criativa. O que fizemos nos Estados Unidos foi nos concentrar nesses professores que realmente queriam inovar”, diz.
A especialista em Educação norte-americana Lisa Duty durante palestra em São Paulo
A especialista em Educação norte-americana Lisa Duty durante palestra em São Paulo  Foto: Vinícius de Oliveira/Porvir
No entanto, a educadora afirma que não pode ser um processo obrigatório.
“Aqueles que estão prontos para avançar e progredir, vamos dar apoio a eles, vamos ajudá-los. Acho que ajuda muito colocá-los em contato uns com os outros, ajudá-los a se encontrarem. Em algumas escolas podem haver vários então você pode formar um grupo. E talvez em outra escola exista um ou dois. Unindo estes professores, eles podem compartilhar conhecimento, amplificar o que eles sabem, resolver problemas juntos, avançar muito mais rápido. Acredito que eles vão conseguir os resultados em qualquer país, em qualquer contexto. Sempre vão existir os professores que querem ir primeiro e isto significa uma experiência diferente na vida de seus alunos”, explica.
Para Lisa, uma vez que os resultados começam a aparecer, outros professores vão seguir.
Fragmentos de Nova Escola
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 25 de agosto de 2019

A sociedade administrada


Tudo parece um encantamento de novidades e magias tecnológica. Difícil é escolher. Muitas opções que pagam ilusões ou mascaram enganos. A sociedade se arma para inquietar, mas também triturar ingenuidades e quebrar valores. É preciso abrir os olhos e não se enfeitiçar. Esquecer a complexidade dos planejamentos, as astúcias dos senhores do poder. O jogo da mídia servil é desgastante para quem não despreza o afeto. O cuidado chama a crítica e a compreensão levanta dúvidas. Não há respostas firmes, as vacilações não se vão e a vida pede paciência e sabedoria.
O mundo do trabalho é massacrante. A busca da grana deixa sequelas nos sentimentos, enconde desejos de convivências solidárias e traz desconfianças. Quem se encontra no meio da berlinda? Quem pode significar nas suas imaginações sem se perder nas tramas do consumo? Ler o mundo é um desafio. Há inúmeras interpretações, as cores se inventam e palavras voam. Portanto, a travessia é instável e os governos usam de manipulações frequentes. Combatem rebeldias, administram com sutilezas os desejos e as ousadias.
Analise as afirmações de maio de 1968 ou mergulhe nas reflexões de Camus. Não faltam autores que acenam para a dureza das manobras capitalistas. Marcuse lança questões sobre o prazer, Adorno coloca a nudez da massificação, Marx já lembrava a força do valor de troca. Não fique distante de quem ajuda a mostrar a incompletude. A onipotência não alivia, nem existe. A cultura possui alimentos e perturbações. Por que dispensar as ambiguidades e apostar na salvações? Política e religião se esticam para pescar sua fragilidade e desenhar as mediocridades mais levianas?
A liberdade é mito desqualificado, quando se abastece de sonhos meramente materiais e movimenta-se em torno de progressos e ordens mesquinhas. Se a sociedade não se dá contas da ausência do absoluto cai em abismos. O perigo é se cercar de anúncios e discursos que anulam o lixo e acenam com riqueza vazias. A dor não é uma mistificação e o luxo atrai com suas promessas ditas fascinantes. A história é sempre uma construção e as utopias devem abrir o coração para arquitetar outras sociabilidades. Ser administrado é um caminho para melancolia. Você curte a imbecilização ou prefere turbulências reanimadoras?

Por Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

'Teremos que refazer a imagem do Brasil no exterior', diz ex-ministro da Agricultura

Blairo Maggi, ex-ministro da AgriculturaDireito de imagemANTONIO CRUZ / AGÊNCIA BRASIL
Image captionEleitor de Bolsonaro, Blairo Maggi diz que governo demorou a agir
Ex-ministro da Agricultura e uma das lideranças do agronegócio no Brasil, Blairo Maggi está receoso com as consequências da repercussão do aumento dos números de incêndios no país. Para ele, a imagem de um Brasil preocupado com a preservação ambiental está desgastada no exterior.
"Nos últimos anos, os setores exportadores do país tiveram grande trabalho de refazer essa imagem do Brasil e mostrar que temos controle de desmatamento e de todas questões ambientais. Tínhamos conseguido superar bem esse assunto. Mas agora teremos que refazer tudo isso", diz ele à BBC News Brasil.
Na última semana, a destruição da Floresta Amazônica ganhou repercussão internacional, em razão do aumento da onda de queimadas na região. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 78,3 mil focos de incêndio foram registrados apenas neste ano no Brasil - crescimento de 84% em comparação a 2018. Do total de casos deste ano, 52,6% foram registrados na Amazônia.
Os números sobre incêndios no Brasil e o discurso de Bolsonaro pouco combativo ao tema - ao menos até meados da semana -, repercutiram em todo o mundo e causaram reações em lideranças internacionais.
Gráfico sobre queimadas na Amazônia
Diante da pressão internacional, Bolsonaro mudou o tom de sua reação e autorizou, na tarde de sexta-feira (23), o uso de militares em uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) - quando há situações graves que demandam que o presidente da República convoque forças de segurança - para combater as queimadas na região da Floresta Amazônica
Na noite de sexta, Bolsonaro afirmou, em pronunciamento, que terá "tolerância zero" com crimes ambientais.
Eleitor de Bolsonaro, Maggi afirma que a conduta do presidente diante do aumento nos números de incêndio deixou a imagem do mercado brasileiro "bastante arranhada" e que "o Governo demorou para entrar no jogo".
Um dos principais acionistas do grupo Amaggi, gigante do agronegócio brasileiro, o ex-ministro prevê que os produtores rurais brasileiros terão "muito trabalho pela frente" para voltar a ter credibilidade no comércio internacional.
Para tentar reverter a situação, afirma que os produtores precisarão "assumir compromissos [sobre responsabilidade ambiental] e executá-los".
Entre o ano passado e 2019, o Brasil bateu recordes de exportações como café, milho e carne bovina. O maior temor de produtores rurais que atuam no comércio exterior é que as vendas sejam afetadas.
Gráfico sobre queimadas na Amazônia

Críticas internacionais

O ex-ministro de Michel Temer pondera ao comentar sobre as críticas feitas ao Governo Federal por parte dos membros da cúpula do G7 - grupo das sete maiores economias do mundo, formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. "Acho que eles não têm as informações corretas [sobre a destruição na Amazônia]. Devem estar fazendo juízo de valor com o que as redes sociais têm propalado", minimiza.
"O Fogo e o desmatamento são ruins. Mas em poucos dias as chuvas voltam à região e o fogo cessará. Já o desmatamento ilegal precisa ser combatido", declara Maggi.
Para ele, há informações desencontradas sobre a real situação da Floresta Amazônica. "Ainda é preciso fazer levantamentos para saber qual foi a dimensão do estrago, para termos a informação real e avaliarmos a melhor forma de atacar o problema", diz.
Maggi sai em defesa de produtores rurais que operam de acordo com a lei. "Os grandes responsáveis por essas coisas [queimadas em propriedades rurais] são grileiros de terra, principalmente de terras devolutas. Eles insistem em querer estar fora da regra da legislação. Uma coisa é a produção organizada, com produtores que obedecem a legislação. Outra coisa é a produção de quem não obedece."
"É preciso separar o joio do trigo. Somos favoráveis às aplicações das leis, queremos competir com o mundo dentro das regras estabelecidas", afirma.
Segundo o ex-ministro, produtores que exportam mercadorias seguem as normas corretas para que possam comercializar itens sustentáveis. "O Brasil tem uma legislação muito dura sobre esse assunto, que não foi alterada no atual governo. Logo que começamos a acessar o mercado internacional, começamos a nos cobrar sobre esse compromisso de ter produtos sustentáveis. Todos os setores assumiram compromisso de vender itens que não fossem frutos de áreas de desmatamento", diz.
Gráfico sobre queimadas na Amazônia

'Motosserra de ouro'

Maggi, assim como Bolsonaro, também já foi considerado inimigo internacional do meio ambiente. Em 2005, o ex-ministro foi premiado com a "Motosserra de Ouro", da ONG Greenpeace. A premiação, conforme a entidade, foi dada em virtude da contribuição dele, um dos maiores produtores de soja do Brasil, para a destruição da Amazônia. Chegou a ser considerado também, em reportagem da revista britânica Economist, como ameaça à floresta.
Jair Bolsonaro gravando pronunciamentoDireito de imagemPRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Image captionBolsonaro gravando o pronunciamento que foi ao ar na noite desta sexta-feira (23)
O ex-ministro afirma que aprendeu muito sobre preservação ambiental depois disso.
"Toda crise nos ensina muitas coisas. Na época, me aproximei da ciência, do mercado e dos ambientalistas. Entendi que não somos uma ilha e que precisamos estar permanentemente conversando. Os produtores de Mato Grosso também entenderam isso", diz.
"Montamos um programa chamado MT legal, com a presença dos órgãos como Ministério Público, Polícia Federal, Secretaria de Meio Ambiente e associações de produtores. Na época, reduzimos o desmatamento e as queimadas em mais de 80 %. Desde então, nunca mais houve fechamento de aeroportos em Mato Grosso por fumaça", explica.
Ao ser questionado sobre o que Bolsonaro pode aprender com as críticas que vem sofrendo por conta da política ambiental que tem adotado, Maggi se esquiva. "Não sei. Mas ele vai aprender."
Passando uma temporada em Paris, na França, o ex-ministro continua atento à política, mas afirma que não irá mais se candidatar a nenhum cargo. "Para tudo tem seu tempo, o da política terminou", diz. Governador de Mato Grosso por dois mandatos e senador pelo Estado por oito anos, ele afirma que vive uma fase de "reintegração à vida de um cidadão normal, com família, amigos e negócios."
Ricardo SallesDireito de imagemUESLEI MARCELINO / REUTERS
Image captionSalles (MMA) criticou a atuação do Ibama várias vezes. Em janeiro, levantou suspeitas sobre um contrato de viaturas da autarquia
Apesar de afirmar que quer evitar se aproximar da política, Maggi ainda está relacionado ao tema. Isso porque ele responde na Justiça por um crime que teria sido praticado em 2009, enquanto era governador. Ele é acusado de participar de um esquema de compra de vaga no Tribunal de Contas de Mato Grosso.
O ex-ministro nega participação em qualquer esquema ilegal. "Infelizmente a política tem dessas coisas. Mas isso é jurídico, responderei com cabeça erguida e provarei minha inocência", afirma.
Professor Edgar Bom Jardim - PE