segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Educação:Inovação não pode esperar pela situação ideal, diz especialista Lisa Duty


Professor negro cercado de alunos em uma mesa vermelha com um computador e aparelhos de robótica
Foto: Getty Images
“Não podemos nos deixar envolver na perfeição, esperar quando tudo estiver perfeito. Temos que mudar nossa mentalidade e vamos usar o que temos à nossa disposição hoje. Não espere pelo ‘perfeito’ pois o ‘perfeito’ nunca chega. E essa é a essência da inovação.”
A declaração foi dada por Lisa Duty, a educadora norte-americana e fundadora da consultoria educacional Innovation Partners. Lisa trabalhou com os departamentos de Educação de três estados norte-americanos – Ohio, Rhode Island e Carolina do Sul – para a implantação de escritórios de inovação.
Na semana passada, a especialista passou pelo Brasil, onde discutiu e apresentou os casos nos quais ela trabalhou. Ela participou de palestras e apresentação no Conect-C, a série de encontros para discutir temas relevantes ligados à inovação na Educação, promovidos pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB). Lisa e também participou de uma reunião do Grupo de Trabalho de Tecnologia do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
Entre os estados norte-americanos com os quais Lisa trabalhou, um deles se destacou por algumas semelhanças com o Brasil: a Carolina do Sul, um estado marcado pela desigualdade, pobreza e uma Educação com índices baixos.
A velocidade de conexão à internet das escolas públicas ainda é baixa, segundo pesquisa TIC Educação 2018, divulgada pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br). Um estudo recente mostrou que, em 2018, nas escolas públicas pesquisadas, 5% tinham uma conexão com velocidade de até 999 kbps; 26% contavam com conexão de 1 a 2 Mbps; 33% trabalhavam com velocidade de 3 a 10 Mbps; apenas 12% usavam uma conexão com velocidade de 11 Mbps ou mais e 24% não sabiam.
Lisa Duty conta que, há pouco tempo, os Estados Unidos também tinham problemas parecidos.
“Por muito tempo tivemos discussões sobre professores permitindo que os estudantes usassem seus próprios celulares na sala de aula, porque nós não tínhamos laptops ou equipamentos para todos os alunos. Mas quase todas as crianças tinham um celular. Então havia resistência de alguns professores de deixar usar estes equipamentos, pois eles temiam que os alunos iriam se distrair.”
A educadora lembra que houve uma mudança de mentalidade entre os professores, que começaram a usar essas ferramentas. Ainda não significava uma situação ideal, mas eles começaram a notar o impacto no aprendizado dos estudantes.
“Uma vez que você vê professores usando isso de forma eficaz e você vê os resultados, você não consegue fazer parar, não consegue evitar que se espalhe de sala de aula para sala de aula.  Mesmo que você não tenha a infraestrutura perfeita, com equipamentos todos iguais e coisas assim, não é (a situação) ideal, mas a inovação não diz respeito ao que é ideal. Inovação é sobre o que estamos tentando alcançar, qual é o objetivo de aprendizado e o que podemos fazer para alcançar esse objetivo. E se a tecnologia puder ser uma parte disso, você usa, imperfeita ou não.”
A especialista também conta que, para acelerar a mudança de mentalidade, o que foi feito nos estados onde ela trabalhou foi uma busca por professores inovadores para dar apoio a eles.
“Acredito que sempre vão existir muitos professores que estão na vanguarda, que sempre querem tentar alguma coisa de forma muito inventiva, muito criativa. O que fizemos nos Estados Unidos foi nos concentrar nesses professores que realmente queriam inovar”, diz.
A especialista em Educação norte-americana Lisa Duty durante palestra em São Paulo
A especialista em Educação norte-americana Lisa Duty durante palestra em São Paulo  Foto: Vinícius de Oliveira/Porvir
No entanto, a educadora afirma que não pode ser um processo obrigatório.
“Aqueles que estão prontos para avançar e progredir, vamos dar apoio a eles, vamos ajudá-los. Acho que ajuda muito colocá-los em contato uns com os outros, ajudá-los a se encontrarem. Em algumas escolas podem haver vários então você pode formar um grupo. E talvez em outra escola exista um ou dois. Unindo estes professores, eles podem compartilhar conhecimento, amplificar o que eles sabem, resolver problemas juntos, avançar muito mais rápido. Acredito que eles vão conseguir os resultados em qualquer país, em qualquer contexto. Sempre vão existir os professores que querem ir primeiro e isto significa uma experiência diferente na vida de seus alunos”, explica.
Para Lisa, uma vez que os resultados começam a aparecer, outros professores vão seguir.
Fragmentos de Nova Escola
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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