segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Bom Jardim - PE gasta R$ 526,00 por habitante em educação e R$ 343,00 com serviço público de saúde. Você sabia? Veja o valor em seu município



Notas de 50, 100 e 200 reais e moedas de 1 real e de 10 centavos

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,A Frente Nacional de Prefeitos e Prefeitas (FNP) fez um levantamento com dados oficiais de diversas fontes, a pedido da BBC News Brasil, que mostra as despesas de cada município brasileiro por habitante nas áreas de saúde e educação


Todos os municípios brasileiros devem, pela Constituição Federal, aplicar uma parcela mínima de seus recursos em serviços básicos de saúde e educação.

Há, no entanto, uma enorme desigualdade em quanto se gasta e como.

A Frente Nacional de Prefeitos e Prefeitas (FNP) fez um levantamento com dados oficiais de diversas fontes, a pedido da BBC News Brasil, que mostra as despesas de cada município brasileiro por habitante nas áreas de saúde e educação.

Em saúde, foram considerados os gastos em Ações e Serviços Públicos de Saúde, ou ASPS, que incluem, por exemplo, pagamentos de salários, desenvolvimento científico e tecnológico, produção, aquisição e distribuição de insumos dos serviços de saúde


Já na educação foram considerados os gastos com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE), que incluem pagamento de professores, capacitação, construção e reforma de prédios escolares, dentre outros

O levantamento mostra também quanto os gastos nessas áreas representam no total de receitas de cada município e se cumprem o mínimo constitucional de 15% em educação e de 25% em saúde.

No topo desse "ranking" estão cidades menores, com até 50 mil habitantes.

Um exemplo é Borá, no interior de São Paulo, segunda cidade menos populosa do país, com apenas 907 habitantes (mais apenas do que Serra da Saudade, em Minas Gerais, com 833), que gasta R$ 4,9 mil por pessoa na saúde. Na cidade de São Paulo, em comparação, o valor é de R$ 1,4 mil.

"É comum que cidades pequenas gastem mais por habitante, justamente por estas cidades terem um orçamento (por habitante) relativamente maior", diz Kleber Castro, assessor econômico da FNP, que organizou os dados.

Castro diz que esse orçamento maior é consequência de falhas no sistema de distribuição de receitas públicas entre os entes federados.

Enquanto a arrecadação tributária está concentrada nas cidades com maior atividade econômica, as transferências de recursos acabam privilegiando cidades menores, diz o economista.

Mas o que são essas transferências?



Muitos municípios brasileiros, especialmente os menores, não conseguem se sustentar apenas com a arrecadação própria de impostos e se mantêm com repasses vindos dos Estados e da União.

Um estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), com dados de 2022, mostrou que mais da metade dos municípios tem uma situação crítica em sua capacidade de sustentar sua estrutura básica com a própria atividade econômica, conforme mostrou uma reportagem da BBC News Brasil.

O Fundo de Participação dos Municípios (FPM), por exemplo, é repassado da União às prefeituras e representa quase metade das receitas de cidades com menos de 10 mil habitantes, segundo outro estudo feito pela FNP.

Para a organização, o arranjo atual desse repasse favorece as cidades menores, já que o modelo de repartição foi criado em outro contexto, na década de 1960, com o objetivo de proteger as cidades menores com uma fonte permanente e estável de financiamento.

"Ocorre que, de lá para cá, a economia se descentralizou e alterou-se a dinâmica demográfica do país, caracterizada pela redução da parcela da população rural e maior concentração urbana, sobretudo em cidades grandes e médias", diz a organização.

Royalties do petróleo

O economista Vladimir Fernandes Maciel, coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, aponta que parte dos municípios no topo do ranking de maiores despesas conta com fontes extras de receita, como royalties do petróleo ou compensações financeiras pela exploração mineral.

Um dos exemplos é Maricá (RJ), com uma despesa por habitante de R$ 23,3 mil em 2023.

Segundo reportagem do jornal O Globo, a cidade foi a que mais recebeu royalties pela indústria de extração de petróleo e gás no país em 2023, seguida por Saquarema (R$ 1,7 bilhão) e Macaé (R$ 1,3 bilhão), ambas no Rio de Janeiro.

"Nessas localidades, essas receitas adicionais permitem cobrir investimentos em diversas áreas, liberando recursos para aumentar as despesas em saúde e educação", diz Maciel.

Ele destaca que análises da questão não podem se limitar ao valor das despesas por habitante, mas devem também buscar indicadores que apontem os resultados obtidos com os valores investidos.

"Avaliar a eficiência do gasto público é essencial para uma análise completa e precisa", diz o economista.

Gasto público maior = serviços melhores?

Diversos estudos já compararam a relação entre aumento nos gastos públicos, eficiência dos serviços oferecidos à população e qualidade de vida.

Um deles, A Broken Social Elevator? How to Promote Social Mobility (Um Elevador Social Quebrado? Como Promover a Mobilidade Social), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado em 2018, identificou que países que mais gastaram no passado com educação e saúde pública tiveram maior mobilidade social — ou seja, melhora na situação socioeconômica das famílias.

Neste estudo, o Brasil foi o segundo pior em mobilidade social entre 30 países.

O levantamento buscou identificar quais elementos fazem com que famílias tenham condições de vida melhores e como políticas públicas podem impulsionar isso.

As condições de saúde têm impactos significativos nos rendimentos das famílias e nos resultados futuros das crianças, seja porque podem tirar alguém do mercado do trabalho ou por implicar em maiores despesas para as famílias, diz o relatório.

Já em educação, o relatório revisa uma série de estudos que apontaram que os gastos públicos na área ajudaram a diminuir a desigualdade entre crianças ricas e pobres.

"Pelo menos parte da razão pela qual as crianças mais pobres ficam para trás dos seus pares mais ricos em termos de resultados educacionais é porque frequentam escolas diferentes", diz o relatório, que aponta que escolas que atendem alunos mais pobres tendem a ter menos recursos.

Mas a própria OCDE admite que essa relação entre gasto e qualidade não é direta, porque depende de como os recursos foram usados e se há foco nos grupos mais desfavorecidos socialmente.

Aluno escrevendo sobre carteira escolar

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Secretário diz que é preciso ter cuidado ao relacionar, de forma direta, mais gastos com qualidade educacional

"A resposta política não se limita, portanto, a gastar mais, em geral, mas sim a direcionar os gastos para programas eficazes", diz a OCDE.

Castro, da FNP, complementa que "há locais que gastam menos e têm mais qualidade, e há o contrário também".

"O que é certo é que municípios que recebem mais recursos do que necessitam, em geral, tendem a gastar pior e a desperdiçar mais recursos", afirma Castro.

A economista Carla Beni, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ressalta que os gastos nos municípios devem vir acompanhados de políticas públicas adaptadas à realidade local.

"Quanto mais se generaliza decisões e ferramentas, mais incorre-se em erros. Cada município tem sua particularidade. Um é industrial, outro mais focado em comércio ou agropecuária", diz Beni.

Ela também critica o que chama de demonização do setor público no Brasil, em que se pede menos Estado e mais privatizações.

"Um dos fundamentos da política fiscal é promover a qualidade de serviços públicos para diminuir desigualdade de oportunidades", diz Beni.

O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Alessio Costa Lima, lembra que a principal despesa na área da educação está relacionada aos gastos com pessoal, que representa quase 90% do total.

"O que varia de um município para o outro é a forma de organização da rede de ensino", diz Lima, que cita como exemplo o número de escolas e de professores por escola.

Ele destaca também que o nível de formação dos profissionais da rede pode aumentar os custos.

"Há municípios em que todos os profissionais da rede possuem ensino superior e até pós-graduação", pontua Lima.

"Quanto mais qualificado, maior é o investimento que se faz na folha de pagamento desses profissionais."

Lima, que também é secretário de educação em Ibaretama, no Ceará, diz que é preciso ter cuidado ao relacionar, de forma direta, mais gastos com qualidade educacional.

"Não podemos negar que qualidade de educação pressupõe mais investimento, porque não depende só do esforço e boa vontade de professores, alunos e famílias. Mas a questão não é tão linear", diz Lima.

"Muitos fatores interferem no desempenho dos alunos. Uma mesma política, com mesmo volume de recursos e aplicada a cidades do mesmo tamanho, pode produzir resultados totalmente diferentes, para pior ou melhor."

Emendas parlamentares reforçam desigualdade?

O presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Hisham Hamida, diz que os recursos que financiam a saúde hoje não são suficientes para as despesas dos municípios nesta área.

"Há um subfinanciamento, onde tenho cada vez mais um aumento [de despesas] seja por incorporação de novas tecnologias, o aumento da expectativa de vida, tudo isso impacta na saúde", diz Hamida.

Ele lembra também que as emendas parlamentares, destinadas por deputados federais e senadores, também criaram disparidades.

Só em 2024, parlamentares empenharam mais de R$ 13 bilhões em emendas para a saúde, segundo o painel InvestSUS.

Nesta modalidade, são os próprios deputados que escolhem para onde vai o recurso.

"Não há um critério técnico per capita ou por necessidade de saúde daquela região. Na maioria das vezes essa emenda é indicada por uma afinidade político-partidária, um local que é da base daquele parlamentar", ressalta Hamida.

"Com isso, há uma tendência de aumentar essa desigualdade. Quem tem alguma influência política maior vai ter tendência a captar mais emenda do que aquele que não tem."

Um artigo publicado no periódico Cadernos de Saúde Pública (CSP) em 2024 analisou dados de 2015 a 2020 e identificou que houve "grande discrepância de valores per capita entre os municípios de diferentes portes populacionais" e que cidades menores foram mais favorecidas. O trabalho foi produzido pesquisadoras da Universidade Estadual de Londrina, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e da Fundação Oswaldo Cruz.

O estudo diz que, em vez de corrigir as iniquidades, as emendas podem aumentá-las ainda mais.

"Foram identificadas diferenças de até 16 vezes no valor per capita em emendas parlamentares para Atenção Primária à Saúde (APS) entre os municípios com até 5 mil habitantes e aqueles com mais de 500 mil, evidenciando as distorções causadas por essa forma de transferência de recursos no período avaliado", afirma o estudo


Fonte: BBC
Dados: Frente Nacional de Prefeitos e Prefeitas (FNP)
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 12 de janeiro de 2025

Bom Jardim: o descuido com o meio ambiente é de todos nós?


*Rua do Frade 28 de fevereiro 2024.

Raios, trovões, chuvas, ventos, Tudo muito lindo! O problema é que o Rio Tracunhaém foi aterrado.
O rio é uma ameaça aos moradores, as casas, ao comércio, aos empregos e até a vida das pessoas.
A prefeitura, o governo municipal, a atual gestão precisa colocar homens e máquinas dentro do rio para retirar a terra, o mato, o lixo.

       * Leito do Rio Tracunhaém - Rua Manoel Augusto 2023

A Prefeitura do Bom Jardim na gestão João Lira deixou muita terra espalhada dentro do rio com a construção da Avenida Iris Vieira. Entupiu o rio de terra, pau, pedra.
Janjão nada fez até agora para retirar os bancos de terra que ficaram acumulados no leito do rio.
O rio ficou mais raso, em alguns lugares mais de um metro de terra, mato, entulho. Foram dezenas de toneladas de terras que ficaram espalhadas no leito do rio na construção do binário.
Toda essa terra acumulada forma pequenas ilhas onde o mato e o capim crescem, formam barreiras pra água passar.

Também muita gente fez construção e depositou entulhos , restos de material de construção dentro do rio.
Há os cidadão que cortam árvores e jogam dentro do rio, há os moradores que realizam o cercamento do rio, faz criação de porco, cavalo, boi, faz plantação de capim. Tem gente que vende até plantação de capim dentro do rio.

Estamos vivendo os efeitos do clima. Todos os dias os canais de TV mostram as tragédias do clima.
O que as autoridades estão fazendo? Nada. Esperam a água invadir suas casas, destruir seus móveis, destruir suas mercadorias, destruir sonhos, trabalho de uma vida toda. Esperam que pessoas percam tudo, empregos serem destruídos, miséria na vida do povo.
Quando o problema acontecer vai aparecer político para carregar o saco de fubá ou peça de tecido do seu comércio. Vereadores irão falar da bosta na água, deputados do nada irão dizer:" eu mandei emendas para comprar máquina, tratores, carros e patrol".


*Rua da Palha no início da enchente de 2011


Negócios! Quem é que não faz o certo nesta história? É o povo, o eleitor, os políticos, as autoridades, o fracasso da sociedade e o descuido com cidadania? O que pensa o sindicato rural, as igrejas, as escolas os comerciantes e moradores jogadores de lixo no rio?
Cadê a organização, a regra, as normas, o serviço de proteção ao patrimônio, os cuidados com o meio ambiente?
Bom Jardim é uma cidade de escravizados, de analfabetos políticos, de pessoas sem responsabilidades. É de todos nós?

*Avenida José Moreira 2024.


Tá na hora das autoridades, dos homens da lei, homens representantes dos Três Poderes fazem algo em defesa da cidade, do povo, da natureza, do patrimônio, da vida. Os moradores já fizeram ciência dos problemas às autoridades.
Cadê a providência da prefeitura? Até agora nenhum trabalho existente para garantir a sustentabilidade ambiental na cidade de Bom Jardim. A Câmara parece jogar contra o povo, não se manifesta, não fiscaliza, não apresenta se quer uma proposta de reunião entre o povo e os edis para debater o problema, ouvir a comunidade, os moradores afetados e os que não querem cuidar do rio.

Somos uma cidade sem democracia, sem diálogo com os representantes dos poderes. Não somos, ouvidos, considerados, respeitados.



Professor Edgar Bom Jardim - PE


Eles: os "grandes" empresários, banqueiros, capitalistas, políticos da extrema direita, alguns líderes das igrejas, alguns militares querem o fim do presidente Lula. PF investiga novo plano para matar Lula








- Foto: Ricardo Stuckert (PR)
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 11 de janeiro de 2025

Os gráficos que mostram como Terra atingiu 'linha vermelha' de aquecimento em 2024



Imagem criativa mostrando linhas brancas onduladas em um fundo vermelho à esquerda, simbolizando o aquecimento global, e um quarto do globo terrestre à direita
  • Author,Mark Poynting, Erwan Rivault e Becky Dale
  • Role,BBC Climate, BBC Verify e equipe de jornalismo de dados da BBC

O planeta deu um grande passo em direção ao aquecimento acima de 1,5 °C, segundo revelam novos dados, apesar de os líderes mundiais terem prometido há uma década que tentariam evitar isso.

O serviço climático europeu Copernicus, um dos principais fornecedores de dados globais, afirmou nesta sexta-feira (10/1) que 2024 foi o primeiro ano a ultrapassar o limite simbólico, além de ter sido o mais quente já registrado.

Isso não significa que a meta internacional de 1,5ºC tenha sido descumprida, pois ela se refere a uma média de longo prazo ao longo de décadas, mas esse resultado nos deixa mais perto disso, uma vez que as emissões de combustíveis fósseis continuam a aquecer a atmosfera.

Na semana passada, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, descreveu a recente série de recordes de temperatura como "colapso climático".

"Precisamos sair deste caminho para a ruína — e não temos tempo a perder", disse ele em sua mensagem de Ano Novo, pedindo que os países reduzam as emissões de gases que causam o aquecimento global em 2025.

Gráfico de barras das temperaturas médias anuais globais entre 1940 e 2024. Há uma tendência crescente, e 2024 apresenta a maior temperatura média global, de acordo com o serviço climático europeu.

As temperaturas médias globais de 2024 ficaram cerca de 1,6 °C acima das do período pré-industrial — antes de os seres humanos começarem a queimar grandes quantidades de combustíveis fósseis —, de acordo com os dados do Copernicus.

Com isso, 2024 bateu o recorde estabelecido em 2023 em pouco mais de 0,1ºC — e agora os últimos 10 anos são os 10 anos mais quentes já registrados.


O Met Office, centro nacional de meteorologia britânico, a Nasa, agência espacial americana, e outros grupos climáticos devem divulgar seus próprios dados ainda nesta sexta-feira.

A expectativa é de que todos concordem que 2024 foi o ano mais quente já registrado, embora os números precisos possam variar um pouco.

O calor do ano passado se deve principalmente às emissões de gases que aquecem o planeta, como o dióxido de carbono, que ainda estão em níveis recordes.

Os padrões climáticos naturais, como o El Niño, em que as águas na superfície do Oceano Pacífico tropical oriental ficam excepcionalmente quentes, tiveram um papel menor.

"De longe, a maior contribuição que impacta nosso clima são as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera", afirmou Samantha Burgess, vice-diretora do Copernicus, à BBC.

O marco de 1,5°C se tornou um símbolo poderoso nas negociações internacionais sobre o clima desde que foi acordado em Paris em 2015, com muitos dos países mais vulneráveis considerando-o uma questão de sobrevivência.

Os riscos das mudanças climáticas — como ondas de calor intensas, aumento do nível do mar e perda de vida selvagem — seriam muito maiores com um aquecimento de 2ºC do que com 1,5ºC, de acordo com um relatório de referência da ONU de 2018.

No entanto, o mundo tem se aproximado cada vez mais de romper a barreira de 1,5ºC.

"É difícil prever quando exatamente vamos ultrapassar o limite de 1,5ºC de longo prazo, mas é óbvio que já estamos muito perto agora", adverte Myles Allen, do Departamento de Física da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e um dos autores do relatório da ONU.

Mapas para cada década desde 1970, mostrando as temperaturas médias do ar ao redor do mundo em comparação com o período de referência de 1991-2020.

A trajetória atual provavelmente faria com que o mundo ultrapassasse 1,5ºC de aquecimento de longo prazo no início da década de 2030. Isso seria politicamente significativo, mas não significaria o fim da linha para a ação climática.

"Não é como se 1,49ºC fosse bom, e 1,51ºC fosse o apocalipse. Cada décimo de grau é importante, e os impactos climáticos pioram progressivamente quanto maior for o aquecimento", explica Zeke Hausfather, cientista climático da Berkeley Earth, um grupo de pesquisa nos EUA.

Até mesmo frações de um grau de aquecimento global podem provocar condições climáticas extremas mais frequentes e intensas, como ondas de calor e chuvas fortes.

Em 2024, o mundo sofreu com temperaturas escaldantes na África Ocidental, seca prolongada em partes da América do Sul, chuvas intensas na Europa Central e algumas tempestades tropicais particularmente fortes na América do Norte e no sul da Ásia.

Estes fenômenos foram apenas alguns dos que se tornaram mais intensos devido às mudanças climáticas no ano passado, de acordo com o grupo World Weather Attribution.

Inclusive nesta semana, quando os novos números foram divulgados, a cidade de Los Angeles foi atingida por incêndios florestais devastadores, alimentados por ventos fortes e falta de chuva.

Embora haja muitos fatores que contribuíram para os eventos desta semana, os especialistas dizem que as condições propícias aos incêndios na Califórnia estão se tornando mais prováveis em um mundo em aquecimento




Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Por que Groenlândia, cobiçada por Trump, é parte da Dinamarca



Donald Trump e mapa antigo da Groenlândia

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Trump defende que Groenlândia é um território fundamental para a defesa dos EUA
  • Author,André Biernath
  • Role,Da BBC News Brasil em Londres

Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, voltou a manifestar o desejo de tornar a Groenlândia um território americano.

Numa coletiva de imprensa realizada na terça-feira (7/1), Trump reafirmou que a ilha é estratégica para a segurança nacional americana.

A Groenlândia está no caminho da rota mais curta entre a América do Norte e a Europa — e já abriga bases aéreas americanas desde a década de 1950.

A região também possui vastos depósitos de minerais — como carvão, ferro, chumbo, zinco, molibdênio, diamantes, ouro, platina, nióbio, tantalita e urânio — que são vitais para a fabricação de aparelhos eletrônicos e baterias, entre outros fins


Em conversa com jornalistas, Trump sugeriu que a ilha é crucial para manter os esforços militares americanos de rastrear navios chineses e russos — que, segundo ele, "estão por todos os lados"

"Estou falando aqui de proteger o mundo livre", defendeu o presidente eleito.

Ele também não descartou o uso da força econômica ou militar para atingir esses objetivos, que segundo falas recentes do presidente eleito incluem não apenas a Groenlândia, mas também o Canal do Panamá e o Canadá.

Os comentários foram feitos num momento em que o filho dele, Donald Trump Jr., realiza uma visita à Groenlândia.

Antes de chegar à ilha, Trump Jr. disse que faria "uma viagem pessoal" para conversar com as pessoas e não tinha nenhum compromisso agendado com representantes do governo local.

Avião de Trump na Groenlândia

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,O filho de Trump fez uma visita à Groenlândia para 'conversar com as pessoas'

Embora tenha autonomia e um governo próprio, a Groenlândia faz parte do Reino da Dinamarca.

Ao ser questionado sobre os comentários de Trump, a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen afirmou que "a Groenlândia pertence aos groenlandeses" e que apenas a população local poderia determinar o próprio futuro.

Ela reforçou que "a Groenlândia não está à venda", embora tenha ponderado que a Dinamarca busque sempre uma cooperação com os Estados Unidos, um aliado estratégico do país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Já o primeiro-ministro da Groenlândia, Múte Egede, disse reiteradas vezes que a ilha "não está e nem estará à venda" — e vê o atual momento como uma oportunidade de buscar uma independência total da Dinamarca.

Mas como uma ilha no Atlântico Norte, quase no Ártico, virou um território dinamarquês? Conheça a seguir os detalhes da Groenlândia e de sua história.

Mute Egede

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,O primeiro-ministro da Groenlândia, Múte Egede, afirmou que a ilha não está e nem estará à venda

Território gelado

Com 2.166.086 km², a Groenlândia é a maior ilha do mundo, considerada um território autônomo com governo e parlamento próprios.

"Apesar de fazer parte da América do Norte, a Groenlândia está politicamente e culturalmente associada com a Europa, particularmente com dois poderes coloniais, a Noruega e a Dinamarca, desde o século 9", diz o texto.

A BBC News estima que dois terços da receita orçamentária groenlandesa vêm da Dinamarca — o restante do dinheiro é obtido principalmente a partir da pesca.

Nuuk é a capital da Groenlândia e a ilha conta com 57 mil habitantes, que possuem uma expectativa de vida de 71 anos para os homens e 76 anos para as mulheres.

Mapa da Groenlândia

Durante dois meses do ano, a Groenlândia tem luz solar contínua.

No entanto, 80% do território é coberto por gelo permanente, que chega a ter 4 km de espessura em algumas partes — embora as mudanças climáticas provoquem o derretimento dessa camada e aumentem o acesso aos recursos minerais, que são uma pauta importante para a região atualmente.

O rei Frederik 10° da Dinamarca é reconhecido como chefe de Estado da ilha.

Como citado anteriormente, o primeiro-ministro é Múte Bourup Egede.

O rei Frederik 10° da Dinamarca

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,O rei Frederik 10° da Dinamarca é o chefe de Estado da Groenlândia

Egede chegou ao poder em abril de 2021 após seu partido de esquerda, Inuit Ataqatigiit, ganhar as eleições parlamentares com uma plataforma que defendia paralisar a busca por minerais em reservas ambientais.

Aliás, desavenças sobre projetos de exploração de recursos naturais foram o principal motivo que causou a queda do governo anterior.

Nas últimas semanas, na esteira dos comentários de Trump, Egede anunciou um desejo de desvincular totalmente a ilha da Dinamarca.

"A oportunidade do povo groenlandês surgiu a partir da aprovação da Lei de Autogoverno [que entrou em vigor em 2009] e cria uma base legal para que a independência seja alcançada", declarou ele.

A bandeira da Groenlândia

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,A bandeira da Groenlândia

História da Groenlândia

O site da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos lembra que os inuítes, povos originários da América do Norte, fizeram uma série de migrações para a Groenlândia ao longo de um período que vai de 2.500 a.C. até o século 11.

A região foi visitada pela primeira vez por povos nórdicos no ano 982, quando o famoso explorador Eric, o Vermelho, aportou na região sul da ilha.

Ele escolheu o nome Groenlândia, que remetia a uma "terra verde", para torná-la mais atrativa para futuros colonos.

Poucos anos depois, em 986, Eric voltou à ilha com mais pessoas para formar as primeiras colônias no local.

Os povoados nórdicos se estabeleceram no território até os séculos 14 e 15, quando sumiram do mapa — a provável explicação para isso foi uma mudança temporária nas condições climáticas do lugar, com uma queda significativa das temperaturas

Em 1721, uma expedição liderada pelo missionário norueguês com ascendência dinamarquesa Hans Egede iniciou um novo ciclo de colonização na Groenlândia.

Um povoado foi estabelecido nas proximidades do que é hoje a capital Nuuk — e a ilha passou a ser parte da Dinamarca.

No século 20, durante a Segunda Guerra Mundial, a Dinamarca foi invadida pela Alemanha.

Para evitar um possível ataque das forças nazistas à América do Norte, os Estados Unidos assumiram a defesa da Groenlândia e tiveram controle sobre a ilha entre 1941 e 1945.

Com o fim da guerra, o presidente dos EUA, Harry Truman, fez uma primeira proposta de compra da Groenlândia com uma oferta de 100 milhões de dólares, mas a Dinamarca rejeitou a oferta.

Na década de 1950, o país escandinavo (que havia retomado controle total sobre a Groenlândia) permitiu a instalação de bases aéreas americanas, que foram expandidas e aprimoradas durante a Guerra Fria como uma linha de defesa da Otan.

Nuuk

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Nuuk é a capital da Groenlândia

Em 1953, a ilha deixou de ser classificada como uma colônia e foi oficialmente reconhecida como parte integral do reino da Dinamarca.

A partir dos anos 1970, surgiram os primeiros movimentos para que a ilha ganhasse mais autonomia. Um referendo de 1979 ratificou a possibilidade de um governo local. Já em 1985, a Groenlândia saiu da Comunidade Econômica Europeia.

Em 2008, um novo referendo garantiu ainda mais liberdade política para a região, com maior controle sobre as fontes de energia e um reconhecimento do Kalaallisut como uma língua oficial.

A Dinamarca segue responsável por questões como política internacional, segurança e aspectos da economia (a coroa dinamarquesa é a moeda oficial da Groenlândia), embora o governo local tenha possibilidade de assinar acordos e tratados próprios.

Nos últimos anos, a descoberta de reservas de petróleo, gás e minerais raros atraíram os interesses de empresas do setor, embora isso seja motivo de grande debate na região.

Montanha na Groenlândia

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Legenda da foto,A exploracão de minerais e outros recursos naturais geram grande debate na Groenlândia

Em 2013, a Groenlândia acabou com um veto sobre a exploração de materiais radioativos, como o urânio, o que gerou um aumento nas exportações desses recursos.

No ano de 2019, ainda em seu primeiro mandato, Trump fez insinuações de compra da Groenlândia pelos EUA.

Já em 2021, o novo governo groenlandês baniu novos empreendimentos de exploração de óleo e gás na ilha sob a justificativa de que o preço dessas atividades era "muito alto".


Professor Edgar Bom Jardim - PE