sexta-feira, 1 de março de 2024

Discurso do presidente Lula durante a Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC)


Foto: EBC




Discurso lido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a Cúpula da CELAC, em Kingstown (São Vicente e Granadinas), no dia 1º de março de 2024


É muito bom vir a São Vicente e Granadinas para participar da oitava Cúpula da CELAC.

Este belo e acolhedor país caribenho recebe hoje os líderes responsáveis por tornar realidade nossos ideais de integração.

Uma das experiências mais gratificantes dos meus primeiros mandatos está relacionada ao renascimento do projeto integracionista na primeira década do século XXI.

Tive a oportunidade e a satisfação de viver um momento ímpar desse desejo coletivo de maior aproximação entre nós.

Trabalhamos pelo fortalecimento e ampliação do MERCOSUL e pela criação da UNASUL.

Participei das etapas iniciais de formação da CELAC em 2008, na Bahia, quando reunimos, pela primeira vez, os 33 chefes de Estado e de Governo da América Latina e do Caribe.

Foi preciso esperar 500 anos para que isso acontecesse.

Apesar da nossa diversidade, soubemos avançar a passos firmes na construção de consensos regionais.

Nossa extraordinária variedade cultural, étnica e geográfica não foi um empecilho.

Nossos distintos modelos políticos e econômicos tampouco impediram o esforço permanente pelo entendimento.

Tínhamos a nos unir anseios comuns de justiça social, combate à pobreza e a promoção do desenvolvimento.

Construímos uma cultura de paz e entendimento.

Nos últimos anos, contudo, voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria.

Entre muitos de nós, a intolerância ganhou força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar à mesma mesa.

Estamos deixando de cultivar nossa vocação de cooperação e permitindo que conflitos e disputas, muitas delas alheias à região, se imponham.

Defender o fim do bloqueio a Cuba e a soberania argentina nas Malvinas interessa a todos nós.

Todas as formas de sanções unilaterais, sem amparo no Direito Internacional, são contraproducentes e penalizam os mais vulneráveis.

Num momento em que os gastos militares globais ultrapassam 2 trilhões de dólares por ano, recuperar o espírito de solidariedade, diálogo e cooperação não poderia ser mais atual e necessário.

Num mundo em que tantos conflitos vitimam milhares de inocentes, sobretudo mulheres e crianças, nossa região deve ser um exemplo de construção da paz.

Senhoras e senhores,

Não podemos deixar de refletir sobre o nosso lugar no plano internacional.

Num contexto de difusão do poder global e de reforço constante da multipolaridade, a questão que volta a se colocar é se os países da América Latina e do Caribe querem se integrar ao mundo unidos ou separados.

Isso é particularmente relevante no momento atual, em que a nossa região se converterá no centro de gravidade da diplomacia global, ao receber as cúpulas do G20, da APEC, do BRICS e da COP30.

Se falamos como região, temos mais chances de influenciar os grandes debates da atualidade.

Se atuamos juntos, criamos sinergias que fortalecem nossos projetos individuais de desenvolvimento.

As três prioridades da presidência brasileira do G20 dialogam muito com nossos desafios históricos.

Nossa proposta da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, pode se beneficiar do Plano de Segurança Alimentar e Erradicação da Pobreza” da CELAC.

De acordo com a CEPAL, dos 660 milhões de latino-americanos e caribenhos, ainda há 180 milhões de pessoas que não possuem renda suficiente para suas necessidades básicas e 70 milhões ainda passam fome.

Esse é um paradoxo para uma região que abriga grandes e diversificados provedores de alimentos.

O desenvolvimento sustentável e a transição energética são uma urgência do nosso tempo e uma oportunidade para todos nós.

Possuímos o maior potencial energético renovável do mundo, se levarmos em conta a capacidade de produzir biocombustíveis, energia eólica, solar e hidrogênio verde.

Contamos com mais de um 1/3 das reservas de água do planeta e uma biodiversidade riquíssima.

Em nosso solo se encontra vasto e diversificado conjunto de minerais estratégicos de grande importância para os projetos industriais de última geração.

Neste ano em que celebramos os 60 anos da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), vale a pena retomar o debate sobre o caráter estrutural do subdesenvolvimento.

Economistas como Raul Prebisch e Celso Furtado explicitaram os riscos associados a uma inserção internacional baseada unicamente em vantagens comparativas.

Com a integração, podemos atuar para as ferramentas de Inteligência Artificia sejam uma aliada dos nossos projetos de reindustrilização, mitigando seus efeitos nefastos no mercado de trabalho.

O FMI estima que 40% dos empregos no mundo serão negativamente afetados por essas novas tecnologias.

As necessárias reformas das organizações internacionais embutem a demanda por mecanismos inovadores de financiamento.

Os bancos multilaterais de desenvolvimento devem destinar mais recursos, e de forma mais ágil e sem condicionalidades, para iniciativas que realmente façam a diferença.

Com isso, será mais fácil enfrentar nossa deficiente conexão física e investir na construção de estradas, ferrovias, pontes, portos e conexões aéreas que permitam uma efetiva circulação de pessoas e de mercadorias.

Senhoras e senhores,

Agradeço ao companheiro Ralph Gonsalves, uma vez mais, pelo excepcional trabalho realizado durante sua presidência.

Tenho certeza de que a companheira Xiomara Castro terá o mesmo êxito na condução da CELAC.

O Brasil acredita na CELAC como foro de construção de consensos, que cultiva a via do entendimento e que não se deixa tentar por soluções impositivas.

Quero concluir parafraseando o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, grande defensor da vertente regional da política externa brasileira e que nos deixou recentemente.

Para atingir seus objetivos estratégicos de desenvolvimento, os estados da periferia do mundo capitalista precisam enxergar uns aos outros pelos próprios olhos e não pelo prisma dos países centrais.

A CELAC nos proporciona essa possibilidade de pensar nossa inserção no mundo a partir de nossas agendas e interesses.

Meus amigos e minhas amigas,

Na Ucrânia, a cada dia em que os combates prosseguem, aumentam o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares.

No Haiti, precisamos agir com rapidez para aliviar o sofrimento de uma população dilacerada pela caos social. Há anos o Brasil vem dizendo que o problema do Haiti não é só de segurança, mas, sobretudo, de desenvolvimento.

A tragédia humanitária em Gaza requer de todos nós a capacidade de dizer um basta para a punição coletiva que o governo de Israel impõe ao povo palestino.

As pessoas estão morrendo na fila para obter comida.

A indiferença da comunidade internacional é chocante.

Quero aproveitar a presença do secretário-geral da ONU, meu companheiro António Guterres, para propor uma moção da CELAC pelo fim imediato desse genocídio.

O secretário-geral pode invocar o artigo 99 da Carta da ONU para levar a atenção do Conselho tema que ameaça a paz e a segurança internacional.

Faço um apelo ao governo japonês, que assume a presidência do Conselho a partir de hoje, para que paute esse tema com toda a urgência.

Peço aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU que deixem de lados suas diferenças e ponham fim a essa matança.

Já são mais de 30 mil mortos. As vidas de milhares de mulheres e crianças inocentes estão em jogo.

As vidas dos reféns do Hamas também estão em jogo.

Eu quero terminar dizendo para vocês que a nossa dignidade e humanidade estão em jogo. Por isso é preciso parar a carnificina em nome da sobrevivência da humanidade, que precisa de muito humanismo.

Muito obrigado.

gov.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Governo do Estado define cronograma de extinção das faixas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros; Faixa “A” será extinta a partir de junho







Para atender a um pleito antigo dos servidores militares, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Administração (SAD), definiu o cronograma e o formato de extinção das faixas de soldo da Polícia Militar de Pernambuco e do Corpo de Bombeiros Militar. A reestruturação na remuneração e na carreira dos militares do Estado terá início no mês de junho deste ano, sendo concluída plenamente em junho de 2026. A primeira fase ocorrerá, na proposta do Executivo, em junho deste ano, com a extinção da faixa “A”. Um projeto de lei será enviado pela governadora Raquel Lyra para a Assembleia Legislativa, que apreciará a proposta. 

“Após muito diálogo e planejamento, anunciamos hoje o cronograma de extinção das faixas salariais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Estamos finalizando os detalhes para o envio do Projeto de Lei, que será analisado pelas deputadas e deputados. Esse é mais um passo decisivo para atendermos a uma demanda histórica de quem faz nossas forças de segurança, reforçando o Juntos pela Segurança, que é uma prioridade”, ressaltou a governadora Raquel Lyra.

Para a secretária de Administração, Ana Maraíza, “o fim das faixas vai devolver a esses profissionais o princípio da hierarquia, ponto fundamental para o trabalho dos que fazem a segurança em nosso Estado”, pontuou. A titular da pasta completou ressaltando que essa nova configuração da carreira militar propiciará aos seus integrantes uma maior mobilidade em termos de progressão.

Aguardada desde 2017 pelos militares do Estado, o fim das faixas de soldo será materializado progressivamente, sendo extinta inicialmente a faixa “A”, em junho de 2024; a faixa “B”, em junho de 2025 e, finalmente, em junho de 2026, as demais faixas, inclusive possibilitando reajustes salariais variados.

Foto: SDS/Divulgação


Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Ciranda Maravilhosa no melhor do carnaval de Bom Jardim. Assista






Professor Edgar Bom Jardim - PE

Pastor Henrique Viera desmascara hipocrisia criminosa de Silas Malafaia. Assiste o vídeo








Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

BBC: Protesto de Bolsonaro na avenida Paulista: manifestantes contam suas motivações


                         Bolsonaro e a fotografia do golpe.


A BBC News Brasil acompanhou o protesto convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no domingo (25/2) na avenida Paulista, em São Paulo. O ato aconteceu em meio ao avanço de investigações da Polícia Federal sobre um suposto plano de golpe de Estado do qual o ex-presidente é acusado de ter participado. O protesto contou com a presença de muitas pessoas com a bandeira de Israel - ambulantes vendiam bandeiras do país ao lado de bandeiras do Brasil. Alguns dos entrevistados citaram, entre os motivos para estarem no ato, sua rejeição à posição do governo Luiz Inácio Lula da Silva sobre Israel e a guerra em Gaza. Outros defenderam a inocência de Bolsonaro frente às investigações em curso. Confira na reportagem de João Fellet, João da Mata e Vitor Serrano
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Brasileiros querem saber quando Bolsonaro e Malafaia serão presos?


Bolsonaro falando, observado por manifestantes

CRÉDITO,REUTERS

Legenda da foto,

Em discurso, Bolsonaro pediu 'pacificação'

Jair Bolsonaro (PL) negou que tenha tentado dar um golpe de Estado e disse que agiu dentro dos limites da Constituição em protesto em São Paulo no domingo (25/2).

ex-presidente também afirmou estar em busca de "pacificação" do país e que deseja "passar uma borracha no passado".

O ato, que reuniu milhares de apoiadores de Bolsonaro na avenida Paulista, foi convocado pelo ex-presidente em meio ao avanço das investigações da Polícia Federal (PF) sobre um suposto plano de golpe de Estado.

De acordo com a PF, há indícios de envolvimento de Bolsonaro e de alguns de seus então auxiliares para reverter o resultado das eleições que levaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto


Golpistas, traidores da Constituição não serão perdoados é o que muitas autoridades defendem. Portanto, o que o povo quer saber é quando Bolsonaro e Malafaia serão presos. 

Professor Edgar Bom Jardim - PE

O protesto de Bolsonaro em SP em 5 pontos


Para os investigadores, as declarações de Bolsonaro apontam que o ex-presidente tinha conhecimento da existência de minutas de golpe, o que levou integrantes da Polícia Federal a reforçarem a linha de investigação sobre a ligação de Bolsonaro e aliados à trama golpista. Durante o ato, o pastor ligado a extrema direita, Silas Malafaia, fez ataques aos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, e pediu anistia para os condenados pelo 8 de janeiro

Bolsonaro em protesto

CRÉDITO,REUTERS

Legenda da foto,

A presença de várias bandeiras de Israel foi um dos destaques da manifestação

protesto convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu políticos e milhares de manifestantes em São Paulo no domingo (25/2) em meio ao avanço das investigações da Polícia Federal (PF) sobre um suposto plano de golpe de Estado depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O protesto foi realizado, segundo seus organizadores, como uma defesa da “liberdade e do Estado democrático de direito”.

Mas a manifestação foi vista por analistas como um esforço do ex-presidente de demonstrar que tem força política e apoio popular.

Bolsonaro pediu que o público não levasse faixas contra autoridades e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como ocorreu em outros atos com a participação do ex-presidente

Do alto de um trio elétrico, diante de manifestantes que carregavam a bandeira do Brasil e vestiam a camisa da seleção, Bolsonaro negou que tenha havido uma tentativa de golpe de Estado e defendeu que agiu dentro dos limites da Constituição

Bolsonaro também pediu anistia para os acusados de invadir os prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e afirmou querer "passar uma borracha no passado".

O protesto contou com a participação da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, que abriu o ato na avenida Paulista com uma oração e um discurso emocionado.

pastor Silas Malafaia, principal organizador do ato, foi o último a discursar antes do ex-presidente e assumiu tom mais duro em sua fala.

A manifestação também contou com a presença de diversos políticos, entre eles o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Jorginho Melo (PL), de Santa Catarina, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (PSDB), além de parlamentares.

O ato também ficou marcado pelas centenas de bandeiras de Israel, empunhadas por bolsonaristas ao longo da Paulista e da presença de judeus, após Lula ter sido criticado por ter comparado o conflito em Gaza ao Holocausto.

A BBC News Brasil reuniu em cinco pontos os principais momentos e fatos do protesto convocado por Bolsonaro.

1. Bolsonaro: Negativa de golpe e pedido de anistia

multidão na avenida Paulista

CRÉDITO,REUTERS

Legenda da foto,

Protesto ocupou quarteirões da avenida Paulista


Em seu discurso, que durou 22 minutos, Jair Bolsonaro refutou a acusação de que teria planejado dar um golpe de Estado após a vitória de Lula nas eleições de 2022.

"Eu teria muito a falar, e tem gente que sabe o que eu falaria, mas o que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado, é buscar uma maneira de nós vivermos em paz, é não continuamos sobressaltados", disse, dirigindo-se a deputados e governadores que estavam ao seu lado.

De acordo com investigações da PF, Bolsonaro teria se envolvido na confecção de uma minuta de decreto com medidas que impediriam a posse de Lula para mantê-lo no poder


Militares próximos a Bolsonaro também teriam organizado manifestações contra o resultado das eleições e atuado para garantir que os manifestantes tivessem segurança.

Já o grupo em torno de Bolsonaro teria monitorado os passos do ministro do STF Alexandre de Moraes, incluindo acesso à sua agenda de forma antecipada.

A minuta, encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, previa "estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, Distrito Federal, com o objetivo de garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022, no que pertine [sic] à sua conformidade e legalidade, as quais, uma vez descumpridas ou não observadas, representam grave ameaça à ordem pública e a paz social".

Inicialmente, Bolsonaro negou ter conhecimento da minuta, mas um documento com este mesmo teor foi encontrado depois pela PF na sala do ex-presidente na sede do PL, seu partido.

Em sua fala no protesto, Bolsonaro afirmou que agiu dentro dos limites da Constituição e que, para ser aplicado, o decreto de estado de defesa dependeria da aprovação do Congresso.

"Continuam me acusando de um golpe, porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha santa paciência", disse.

"Querem entubar a todos nós um golpe, usando dispositivo da Constituição cuja palavra final quem dá é o Parlamento brasileiro."

No protesto, o ex-presidente também pediu aos congressistas um projeto de lei que anistie seus apoiadores que foram em Brasília por participarem na depredação de prédios públicos em 8 de janeiro de 2023.

“[Queremos] Anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília, nós não queremos mais que seus filhos sejam órfão de pais vivos. Agora nós pedimos a todos os 513 deputados e 81 senadores um projeto de anistia para que seja feita a Justiça em nosso Brasil”, disse Bolsonaro.

“E quem, porventura, depredou o patrimônio, nós não concordamos com isso. Que paguem, mas que essas penas não fujam ao mínimo da razoabilidade.”

2. Valdemar da Costa Neto: ‘PL é maior partido do Brasil’

presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, compareceu ao ato na Paulista, mas discursou horas antes de Bolsonaro chegar ao local.

Ambos estão proibidos pela Justiça de manter contato, após Costa Neto ser alvo em 8 de fevereiro de uma operação da PF que investiga a suposta tentativa de golpe, que teria o envolvimento de Bolsonaro, segundo os investigadores.

Costa Neto chegou a ser preso por porte ilegal de arma de fogo e teve sua liberdade provisória concedida por Moraes dois dias depois.

Seus advogados afirmam que “a arma é registrada, tem uso permitido, pertence a um parente próximo e foi esquecida há vários anos” no apartamento do presidente do PL, onde foi encontrada.

Na Paulista, Costa Neto falou por poucos segundos, do alto de um trio elétrico, e agradeceu ao público.

"Vim aqui só para falar que vocês transformaram o PL no maior partido do Brasil. Pátria, saúde, liberdade e família", disse.

3. Michelle Bolsonaro: 'Estamos sofrendo'

Michelle Bolsonaro ao lado do ex-presidente

CRÉDITO,REUTERS

A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro abriu o ato na avenida Paulista com seu discurso e uma oração, momento em que causou forte reação do público presente, como testemunhou a reportagem.

Emocionada, ela chorou citando “um momento tão difícil da história”.

"Desde 2017, estamos sofrendo porque exaltamos o nome do senhor no Brasil, porque meu marido foi escolhido e declarou que era Deus acima de todos", disse.

"Não tem como não se emocionar vendo o exército de Deus nas ruas, o exército de homens e mulheres patriotas que não desistem da sua nação."

A ex-primeira-dama foi implicada em alguns escândalos envolvendo o ex-presidente e sua família.

Um deles foi o caso das joias que foram presenteadas ao casal Bolsonaro em 2021 pelo governo saudita.

Uma investigação apura se as joias foram trazidas ao país de forma ilegal.

Bolsonaro e Michelle prestaram depoimento à PF sobre o caso em agosto do ano passado. Ambos negam quaisquer irregularidades.

Em sua fala durante o ato na Paulista, Michelle também agradeceu o público.

"Aqui fica meu agradecimento a cada uma de vocês, por saírem de suas casas, de sua zona de conforto para dizer que o Brasil é do senhor, que somos um povo que defende valores e princípios cristãos".

A ex-primeira-dama é desde o ano passado presidente do PL Mulher, braço da legenda de Bolsonaro dedicado a mobilizar o eleitorado feminino, e sempre atuou como uma ponte do ex-presidente com o eleitorado evangélico.

Após Bolsonaro ser considerado inelegível pela Justiça Eleitoral, Michelle passou a ser citada como uma possível herdeira do seu capital político e um nome forte para futuras eleições.

4. Bandeiras de Israel

O protesto contou com a presença de muitas pessoas que carregavam a bandeira de Israel, e havia entre os presentes judeus com adereços tradicionais judaicos.

Os ambulantes vendiam bandeiras de Israel ao lado de bandeiras do Brasil.

A BBC News Brasil conversou com um dos ambulantes, que se apresentou como Francisco e disse ter vendido todas as 50 bandeiras israelenses que tinha levado para o ato, ao preço de R$ 50 cada.

O protesto ocorreu uma semana depois de o presidente Lula comparar a morte de 30 mil palestinos em ataques de Israel na guerra contra o Hamas com o Holocausto sofrido pelos judeus na 2ª Guerra Mundial.

"O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", disse Lula a jornalistas em Adis Abeba, capital da Etiópia, onde ele participava de uma cúpula da União Africana.

Isso gerou uma forte reação de Israel, que o declarou persona non grata, e exigiu um pedido de desculpas.

Congressistas da oposição protocolaram um pedido de impeachment do presidente devido à declaração, criticada até mesmo por alguns aliados do governo, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Outros congressistas da base governista, no entanto, defenderam a fala de Lula.

Na sexta-feira (23/2), o ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, publicou no X (antigo Twitter) uma ilustração que mostra brasileiros e israelenses abraçados em meio às bandeiras dos dois países e pessoas vestidas de amarelo.

"Ninguém vai separar o nosso povo — nem mesmo você, Lula", escreveu Katz na postagem, publicada em português e em hebraico.

Em novembro do ano passado, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, participou de um encontro com Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

Fábio Wajngarten, ex-secretário de Bolsonaro, disse na rede social X (ex-Twitter) que iria sugerir ao ex-presidente que convidasse o embaixador israelense e que ele seria "muito bem recebido e acolhido".

Wajngarten disse depois a jornalistas que Zohar não chegou a ser formalmente chamado para o ato.

Além da proximidade de Bolsonaro e aliados com o governo Netanyahu, a defesa de Israel é uma bandeira cara a muitos evangélicos - um dos grupos mais próximos de Bolsonaro.

Manifestante segurando bandeira de Israel

CRÉDITO,REUTERS

Legenda da foto,

Bandeiras de Israel eram vendidas por R$ 50 na avenida Paulista

5. Silas Malafaia e aliados no palanque

A manifestação bolsonarista também teve a presença de quatro governadores.

Além de Tarcísio de Freitas, de São Paulo, também participaram os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina.

Bolsonaro fez acenos aos quatro em seus discursos, assim como ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (PSDB), que também compareceu ao ato.

Tarcísio de Freitas falou ao público e, em seu discurso, disse que “não era ninguém” até ser indicado por Bolsonaro para ser ministro da Infraestrutura.

"Ele é um presidente que sempre defendeu a liberdade acima de tudo. Meu amigo Bolsonaro, você não é mais um CPF, não é mais uma pessoa, você representa um movimento de quem acredita que vale a pena brigar pela família, pela pátria e pela liberdade", disse Tarcísio.

"Muito obrigado, Bolsonaro, nós sempre estaremos juntos."

Tarcísio ao lado de Bolsonaro

CRÉDITO,REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Legenda da foto,

Tarcísio de Freitas compartilhou nas redes sociais sua participação no protesto

Entre os parlamentares estavam os deputados federais Nikolas Ferreira e Marco Feliciano, ambos do PL.

O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, foi um dos principais organizadores do protesto.

Malafaia foi o último a falar antes de Bolsonaro. Coube a ele os comentários em tom mais incisivo e críticas mais duras.

Malafaia questionou, por exemplo, se Lula sabia com antecedência das invasões do 8 de janeiro.

"Eu tenho algumas perguntar para fazer: primeiro, por que Lula saiu às pressas de Brasília e foi para Araraquara? Ele foi avisado que ia ter baderna?", disse Malafaia.

Lula estava em visita oficial à cidade do interior paulista, que havia sido atingida por fortes chuvas e enchentes, e é governada por Edinho Silva (PT).

"Outra pergunta: cadê os vídeos gravados pelas câmeras do governo? Que estão em posse de Alexandre de Moraes?! O povo precisa saber quem está por trás daquela baderna, daquela safadeza", afirmou.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (à dir.), ao lado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado

CRÉDITO,REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Legenda da foto,

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (à dir.), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União) estiveram presentes no ato

Malafaia também criticou os ministros Alexandre de Moraes, que conduz as investigações contra Bolsonaro no STF, e o atual presidente da Corte, Luís Roberto Barroso.

"Alexandre de Moraes diz que a extrema direita precisa ser combatida na América Latina. Como o ministro do STF tem lado? Ele não tem que combater nem a extrema direita nem a extrema-esquerda. Ele é guardião da Constituição", disse o pastor.

Na ocasião, em agosto de 2023, Moraes afirmou que via um aumento de ataques à democracia no mundo, relacionado ao crescimento do populismo da direita radical.

Malafaia em seguida falou: "O presidente do STF, ministro Barroso, disse 'nós derrotamos o bolsonarismo'. Isso é uma afronta, uma vergonha".

A declaração de Barroso foi feita em um evento da União Nacional dos Estudantes (UNE) em julho de 2023.

O ministro disse em nota depois que se referia "ao extremismo golpismo e violento que se manifestou em 8 de janeiro e que correspondeu a uma minoria".

Também afirmou que "jamais pretendia ofender os 58 milhões de eleitores do ex-presidente nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática que é perfeitamente legítima".

*Com reportagem de João da Mata, João Fellet, Leandro Machado, Rafael Barifouse e Vitor Serrano


Professor Edgar Bom Jardim - PE