sábado, 7 de janeiro de 2023

Como deve mudar relação do Brasil com a China no novo governo Lula




Movimento de aperto de mãos com bandeiras da China e do Brasil

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No plano político, os quatro anos de governo Bolsonaro foram marcados por animosidade com a China

Foi em 2009, penúltimo ano do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), agora de volta à Presidência, que a China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil, ultrapassando os Estados Unidos. Desde então, a relação econômica entre os dois países ganhou força e se consolidou.

Mas, no plano político, os últimos quatro anos, sob a presidência de Jair Bolsonaro (PL), representaram um ponto fora da curva nesses laços: foram marcados por animosidade, com direito, inclusive, a troca pública de farpas, como o episódio que envolveu Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, e o então embaixador chinês em Brasília, Yang Wanmig (relembre no fim desta reportagem).

Apesar disso, o atrito não esfriou o comércio entre os dois países que, ao que tudo indica, pode bater novo recorde em 2022.

Como está, então, a relação entre o Brasil e a China e o que deve mudar neste terceiro mandato de Lula?


Animosidade 'teatral'?

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil dizem acreditar que, se por um lado, não deve haver grandes mudanças no comércio bilateral entre os dois países, por outro, esperam uma reaproximação no campo político, além de um enfoque maior em setores como sustentabilidade e meio ambiente, uma agenda já definida como prioritária pelo novo governo brasileiro.

Um bom sinal nesse sentido, na opinião deles, veio com o anúncio de que Lula vai visitar a China, além de Estados Unidos e Argentina — os três países são, atualmente, os principais parceiros comerciais do Brasil.

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João Fellet tenta entender como brasileiros chegaram ao grau atual de divisão.

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Os especialistas alertam, contudo, que o novo governo petista deveria estabelecer bases para uma relação "mais sofisticada" com a China dentro do próprio agronegócio, bem como reduzir sua dependência da exportação de commodities (matérias-primas como petróleo e soja), por meio de produtos de maior valor agregado. Parcerias em setores estratégicos, como energia e tecnologia, têm que ser aprimoradas e intensificadas, acrescentam.

"A relação política com a China esfriou muito no governo Bolsonaro. Mas ainda assim a parte comercial em si não foi particularmente prejudicada, tendo inclusive crescido no ano passado (até novembro; os dados de dezembro ainda não foram divulgados). Acho curioso que, apesar desse desinteresse — e até mesmo certa animosidade — de parte do governo Bolsonaro, a relação com a China fluiu muito bem em termos práticos na área econômica. Os investimentos aumentaram, o comércio bateu recorde atrás de recorde, abriram novos mercados para produtos agrícolas na China", explica à BBC News Brasil Tulio Cariello, diretor de conteúdo e pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

"Então, no fim das contas, acho que todo esse suposto afastamento da China foi uma coisa "teatral" de uma minoria do governo passado. Até porque existem setores poderosos absolutamente interessados na manutenção de boas relações com o país, com é o caso do agronegócio e da mineração. Até mesmo parte da indústria (aquela que compra insumos importados) busca intensificar as relações com a China", acrescenta.

Bandeiras da China e do Brasil

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China é principal parceira comercial do Brasil desde 2009

Cariello lembra que, a despeito das tensões políticas entre Brasil e China, com declarações repetidas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pessoas do seu entorno contra o gigante asiático durante seu governo, o Ministério da Agricultura criou um "Núcleo China", uma unidade especial que cuidava das relações com aquele país, a pedido da ex-ministra Teresa Cristina e ligada diretamente a seu gabinete.

De fato, segundo documento intitulado "Investimentos chineses no Brasil: histórico, tendências e desafios globais (2007-2020)", do CEBC, o mais abrangente já realizado sobre o tema, as ações concretas do governo brasileiro indicaram "mais continuidade do que ruptura na relação bilateral" com a China.

Entre 2007 e 2021, a China investiu no Brasil US$ 70 bilhões — só em 2021, os investimentos totalizaram US$ 5,9 bilhões, o maior valor desde 2017.

E, no ano passado até novembro (os dados de dezembro ainda não foram divulgados), a corrente de comércio bilateral já aponta novo recorde: US$ 139,4 bilhões, cifra que supera a marca de US$ 135,4 bilhões registrada em todo o ano de 2021.

Vale lembrar também que o maior superávit (diferença entre exportações e importações) do Brasil com um só país é com a China — isso significa que mais recursos estão entrando no país, melhorando a economia e gerando mais renda, do que saindo. E também representa algo pouco comum, uma vez que geralmente é a China quem tem superávit com seus parceiros (ou seja, vende mais do que compra).

'Aquém do potencial'

Larissa Wachholz, que chefiou o 'Núcleo China' do Ministério da Agricultura sob a gestão Bolsonaro e é atualmente senior fellow do Núcleo Ásia do CEBRI (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), um think tank de relações internacionais, diz esperar uma relação "muito positiva" do novo governo brasileiro com a China, mas ressalva que ela ainda não é explorada em seu potencial.

"As interações pessoais são muito importantes na cultura asiática e isso se aplica à China. Agora, isso voltou a ser possível com o governo chinês suspendendo as medidas mais severas contra a covid. O Brasil segue sendo um parceiro importante para a segurança alimentar e energética da China, mas em termos de estratégia de desenvolvimento, precisamos ir mais longe", diz.

Wachholz lembra que os três principais produtos exportados pelo Brasil à China ainda são petróleo, minério de ferro e soja. Mas apesar de o Brasil, como tradicional exportador de commodities (matérias-primas), ter se beneficiado do acelerado crescimento econômico chinês ao longo dos anos, "isso não é suficiente", em sua visão.

"Tem sido muito benéfica para nós (exportação de commodities para a China), mas acho que não é suficiente. Acho que deveríamos almejar ir além. O Brasil tem uma ambição correta, a meu ver, de ser uma economia diversificada. Poderíamos fazer uso das nossas competências e da nossa grande capacidade de exportação, de recursos naturais, de commodities para alcançar o nosso objetivo de sermos uma economia diversificada. A China pode ser um parceiro excelente para que esse objetivo seja alcançado", opina.

Ela assinala que, apesar de ser a segunda maior economia do mundo, a China ainda investe muito pouco do seu PIB (Produto Interno Bruto, ou soma de bens e serviços de um país) no exterior, ao contrário do Japão (acima de 60%), Estados Unidos (40%) e União Europeia (30%).

"É muito pouco para a segunda maior economia do mundo. Tem muito potencial de crescimento e o Brasil pode ser um grande receptor desses investimentos. E esses investimentos podem auxiliar o Brasil nesse projeto de desenvolvimento e de ter uma economia diversificada".

"Acho que essa é a grande reflexão. Aonde a gente quer chegar? Quais perfis de cadeias industriais a gente quer atrair? A China pode ser parte disso. Por isso digo que deveríamos almejar ir além".

"São investimentos que podem gerar emprego e renda no Brasil. Que não vão apenas abastecer o mercado nacional brasileiro, mas que podem tornar o Brasil um polo exportador desses produtos na América do Sul", acrescenta.

Riscos

Tanto Wachholz e Turiello fazem um alerta: na opinião deles, a China já deu sinais de que não quer depender de poucos fornecedores para garantir sua segurança alimentar e energética e, por isso, vem buscando ampliar o escopo de países de quem compra matérias-primas — nesse sentido, o Brasil pode acabar "ficando para trás" no "longo prazo".

"A China tem a pretensão de aumentar seu potencial agrícola nacionalmente. Isso é difícil. Ela já trabalha com a produção agrícola no limite. Mesmo que ela passe a produzir mais, sua produção não dá conta da demanda", ressalva Wachholz.

É o caso da soja. Hoje, a China já produz o grão localmente. Mas só 16 milhões de toneladas das 100 milhões de que precisa todos os anos.

"Para produzir muito mais do que isso, a China teria que produzir menos arroz, trigo ou milho, que também são commodities importantes para a sua segurança alimentar. Mas qual é o risco? A China se sente encorajada de desenvolver outros fornecedores no mundo, que possam ajudar a atender sua demanda, como países africanos", acrescenta Wachholz.

Cariello, do CEBC, concorda. "Não temos como mais nos pautar só nessa ideia vender a commodity bruta para a China, produtos primários. Por que a própria China, no longo prazo, está querendo aumentar sua autossuficiência. Os chineses querem diminuir a dependência deles em relação à importação de produtos agrícolas, por exemplo", diz.

"Acho que o novo governo Lula tem uma grande chance de estabelecer bases para uma relação mais sofisticada com a China dentro do próprio agronegócio. Mas os grandes parceiros da China na área agrícola, como é o caso do Brasil, precisam explorar mercados diferentes dentro da China com maior valor agregado, com uma cesta de produtos maior e ser menos dependente de poucos produtos".

Segundo o especialista, Lula também terá que lidar com uma realidade diferente da de seus dois primeiros mandatos.

"O contexto de Lula 1 e Lula 2 era de muita euforia com a China. Empresas chinesas faziam grandes investimentos no exterior e houve um maior fluxo de comércio, sobretudo na área das commodities", lembra.

'Equilíbrio'

Roberto Abdenur

CRÉDITO,ZECA RIBEIRO / CÂMARA DOS DEPUTADOS

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Brasil vai precisar manter uma posição de "equidistância, equilíbrio" entre China e EUA

Um desses desafios, segundo Roberto Abdenur, ex-embaixador do Brasil em Pequim (China) e em Washington (Estados Unidos), é a postura que o Brasil vai adotar diante da guerra comercial e diplomática travada entre China e Estados Unidos.

Em meio a um processo que descreve como "reconstrução" da política externa brasileira após um "imenso retrocesso" durate o governo Bolsonaro, Abdenur diz que o Brasil vai precisar manter uma posição de "equidistância, equilíbrio" nesse contexto.

"Não podemos nos alinhar com a China, claro, nem tampouco os Estados Unidos, como fez de maneira ultrajante e vexatória Bolsonaro sob o governo Trump, em que ele se submeteu humildemente aos caprichos, às políticas, aos preconceitos, às ideias reaciónarias do agora ex-presidente americano".

Diretamente envolvido no lançamento da Parceria Estratégica Brasil-China, que lançou as bases para o fortalecimento das relações econômicas entre os dois países, em sua época como embaixador em Pequim, o diplomata aposentado e atual conselheiro do CEBRI diz ser "perfeitamente possível votar contra um país no plano multilateral e preservar com ele uma boa relação bilateral".

"O Brasil sempre votou contra os Estados Unidos nas questões envolvendo Israel e Palestina e na censura ao injusto embargo econômico contra Cuba", exemplifica.

Seria, portanto, um abandono do alinhamento automático aos EUA e um retorno à tradicional postura de neutralidade por meio do diálogo que sempre pautou a política externa brasileira.

Deputado federal Eduardo Bolsonaro em corredor, olhando para frente

CRÉDITO,REUTERS

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Ao comentar a adesão do Brasil a uma aliança contra o uso de tecnologia 5G da Huawei, Eduardo Bolsonaro acusou diretamente a China de espionagem

Polêmicas

As relações entre Brasil e China ficaram estremecidas no plano político no governo anterior. Mesmo antes de ser eleito presidente, Bolsonaro fez críticas à China, ainda durante sua campanha. Os ataques também vieram de pessoas próximas ao presidente, como seus filhos.

Em fevereiro de 2019, Bolsonaro visitou Taiwan, irritando os chineses — o país é considerado uma "província rebelde" por Pequim.

Em novembro de 2020, Eduardo Bolsonaro, deputado federal (PSL-SP) e filho do ex-presidente, publicou (e depois apagou) mensagem dizendo que o governo brasileiro apoiava uma "aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China".

Em comunicado, a embaixada chinesa em Brasília falou sobre o governo brasileiro "arcar com consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil".

Em maio de 2021, Bolsonaro insinuou que a pandemia de coronavírus seria parte de uma "guerra biológica" chinesa e que "os militares sabem disso". Logo depois, o ex-presidente afirmou que o Brasil é "muito importante" para a China e negou ter citado o país asiático em declaração sobre a origem do novo coronavírus.

Uma semana antes, seu então ministro da Economia, Paulo Guedes, havia dito numa reunião que "o chinês inventou o vírus". Posteriormente, pediu desculpas.

  • Luis Barrucho
  • Da BBC News Brasil em Londres

Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Reunião do presidente Lula e toda equipe de ministros



 (Ed Alves/CB/DA.Press)
Ed Alves/CB/DA.Press
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu início à primeira reunião ministerial com os 37 dirigentes da nova Esplanada. Em discurso transmitido no começo do encontro, nesta sexta-feira (6), o petista apontou a tarefa de unificar o Brasil e acabar com o ódio, e prometeu fazer "a mais importante aliança com o Congresso" feita por ele.

“Nós estamos de volta com o compromisso de unificar o povo brasilerio, acabar com o ódio esse país. Nossa tarefa é uma tarefa árdua e nobre porque precisamos entregar o país melhor, mais saudável, do ponto de vista da saúde, da geração de empregos, da educação e da civilidade. Esse país vai voltar a viver democracia.”

Confira a reunião ao vivo


O chefe do Executivo destacou ainda a importância da política civilizada. “O bom filho à casa retorna. Doze anos depois, nós estamos de volta com o compromisso de unificar o povo brasileiro, acabar com o ódio. Não acabar com as divergências, mas fazer política de forma civilizada e unificar o Brasil em torno dos interesses do próprio país.”

“Nós não somos um governo de um pensamento único. Somos um governo de pessoas diferentes. Mesmo pensando diferente, temos que fazer um esforço para que no processo de reconstrução do país a gente pense igual”, acrescentou.

Lula emendou ainda o compromisso de crescimento do país, com a geração de empregos. “É possível fazer o Brasil voltar a crescer com responsabilidade, distribuição de renda e de riqueza.”

Educação
Ao ministro da Educação, relatou que pretende se reunir com Camilo Santana para entender a situação das escolas e universidades. “Semana que vem, quero ter uma reunião com o ministro da Educação para ver quais escolas, universidades e institutos vamos visitar, para entender a situação e para recuperarmos. Vamos ter que colocar a mão na massa para produzir e reconstruir, melhorando a educação”, disse.

Combate à fome
Lula afirmou também que esse será “o mandato de sua vida”. “Eu tenho dito para todo o mundo que esse será o mandato da minha vida. Tenho uma obsessão para acabar com a fome no país, melhorar a vida do povo. Sei de gente que morreu com receita na cabeceira porque não tinha dinheiro para comprar remédio. Isso não pode acontecer.”

Mais cedo, por meio das redes sociais, o petista comentou a agenda, disse estar "otimista" com o início do governo e que a reunião servirá para organizar os trabalhos na primeira semana de Presidência.

"Hoje temos a primeira reunião ministerial, para organizar os trabalhos na primeira semana de presidência. Estou otimista com o início do governo. Pegamos a casa mal cuidada, mas já estamos trabalhando, porque nossa responsabilidade é muito grande com o povo brasileiro. Bom dia!", escreveu.

Fonte: DP
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Quem é 'El Ratón', filho de El Chapo cuja prisão causou onda de violência no México






Ovidio Guzmán

CRÉDITO,GOVERNO DO MÉXICO

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Imagem da prisão de Ovidio Guzmán em 2019

Não é uma situação incomum para os moradores de Culiacán, capital do Estado de Sinaloa, no norte do México. Na manhã desta quinta-feira (5/1) eles acordaram com uma nova onda de violência nas ruas, com bloqueios e tiroteios entre as forças de seguranças e membros do crime organizado, enquanto as autoridades capturavam Ovidio Guzmán López.

Ele é filho de Joaquín Guzmán, mais conhecido como "El Chapo", que já foi uma das pessoas mais ricas do mundo e chefiava o cartel de Sinaloa até ser detido. Segundo promotores americanos, o cartel ainda é a principal fonte de drogas para os Estados Unidos.

A operação ocorreu quase quatro anos depois que Ovidio foi detido no mesmo local, para ser solto horas depois devido à violenta resposta enfrentada pelas Forças Armadas mexicanas. Na época a cidade mergulho no caos.

A sequência de 24 horas de violência em 2019 é lembrada como "Culiacanazo".


Nesta quinta também houve relatos de carros e caminhões queimados nos arredores de Culiacán e até de um disparo contra um avião da Aeroméxico, sem deixar feridos.

As autoridades locais fizeram um apelo para a população não sair de casa.

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Final de Twitter post, 1

Em vídeos nas redes sociais é possível ver integrantes do grupo criminoso armados até os dentes, com coletes à prova de balas e armas de alto calibre, dominando as ruas da cidade em resposta à operação militar.

O governo mexicano confirmou em entrevista coletiva que Guzmán foi preso e transferido para a Procuradoria-Geral da República na Cidade do México especializada em crime organizado.

Ovidio Guzmán Lopez, apelidado de "El Ratón" ou "El Nuevo Ratón" ("O rato" ou "O novo rato"), é considerado um criminoso perigoso, acusado de tráfico de drogas pelas autoridades dos Estados Unidos e apontado como um dos líderes do cartel de Sinaloa.

Ovidio Guzmán López,

CRÉDITO,DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA

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Ovidio Guzmán López é conhecido como "El Ratón"

Ele não gosta de luxos

"El Ratón" é um dos quatro filhos do relacionamento de "El Chapo" com sua segunda esposa, Griselda López Pérez.

Estima-se que "El Chapo", que cumpre pena em uma prisão de alta segurança nos Estados Unidos, tenha ao menos 10 filhos de seus vários casamentos.

Em 2018, Ovídio, que hoje tem 32 anos, foi acusado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos de conspiração por distribuir drogas para serem enviadas para os EUA junto com seu irmão, Joaquin Guzmán López.

Veículos queimados em Culiacán após a prisão de El Ratón

CRÉDITO,GETTY IMAGES

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Veículos queimados em Culiacán após a prisão de El Ratón

Segundo os promotores mexicanos, de abril de 2008 a abril de 2018, os dois formaram um esquema para distribuir cocaína, maconha e metanfetamina do México para os Estados Unidos.

De acordo com a emissora mexicana Televisa, Ovidio é irmão de Joaquín, Griselda e Édgar Guzmán, que teria sido morto por membros do cartel Beltrán Leyva.

Ovidio e os irmãos têm uma reputação de jovens impetuosos, excessivamente violentos e sem grandes habilidades estratégicas como as do pai deles.

Em 2012, um órgão do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos incluiu o filho de "El Chapo" na lista de indivíduos ligados ao crime organizado internacional, ordenando o congelamento dos bens dele no país.

Se sabe que ele nasceu em Badiguarato, Sinaloa, terra de "El Chapo". Meios de comunicação do México informam que ele se descreve como um homem que não está particularmente interessado em luxos ou carros esportivos.

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Final de Twitter post, 2

Por outro lado, segundo a mídia local, ele se interessa por cavalos e galos de briga.

Ray Donovan, o agente especial do DEA (Drug Enforcement Administration), órgão federal responsável pela repressão e controle de narcóticos dos EUA, que liderou a operação de captura de "El Chapo", disse que "os filhos de 'El Chapo' agora ascenderam nas fileiras do cartel de Sinaloa e assumiram toda a organização".

Mas o verdadeiro poder dos filhos de El Chapo no Cartel de Sinaloa é desconhecido. No passado, falava-se que eles estavam lutando pelo controle da organização com Ismael "El Mayo" Zambada.

"O que acontece é que essas organizações não são verticais. Não funcionam como se fosse uma ditadura", explicou Alejandro Hope, analista de segurança, à BBC Mundo em 2019.

"O poder é distribuído", acrescentou.

BBC


Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

O Brasil saiu do Inferno: Posse de Lula não é o começo do paraíso, mas a saída do inferno


Depois de quatro anos de ódio, violência, golpismo e terror, surge uma luz no fim do túnel de uma democracia que agonizava

Lula recebeu a faixa presidencial de diversas pessoas que representaram o povo brasileiro

Lula recebeu a faixa presidencial de diversas pessoas que representaram o povo brasileiro

 

Foto: Andre Ribeiro/Futura Press/Folhapress


A POSSE DE LULA foi um acontecimento histórico. Motivos para defini-la assim não faltam. Ela representa não apenas o fim de um governo autoritário, golpista e fascista que aterrorizou o país nos últimos quatro anos, mas também o começo do fechamento do arco do personagem Lula na história do país.

O primeiro e único presidente operário voltou ao Planalto depois de uma saga heróica vivida nas duas últimas décadas. Lula saiu dos seus dois primeiros mandatos ostentando o recorde de 87% de aprovação e popularidade — quase uma unanimidade. Dilma, indicada por ele, se elegeu e se reelegeu antes de ser derrubada por um golpe parlamentar. A operação Lava Jato, que foi decisiva para a derrubada de Dilma, prendeu Lula quando ele aparecia nas pesquisas como o único democrata popular com capacidade de derrotar nas urnas o candidato do fascismo em 2018.

O lavajatismo abriu os caminhos para Bolsonaro se eleger e poder governar ao lado do juiz que determinou a prisão de Lula. Depois de 580 dias de cadeia, Lula foi solto. Graças às reportagens da Vaza Jato, provou-se o que já era óbvio: um conluio entre promotores, juízes e imprensa foi armado para prender Lula sem provas e retirá-lo do páreo eleitoral. Comprovada a farsa, o ex-operário agora dá a volta por cima dos farsantes e interrompe um projeto de destruição da democracia que estava em curso.

Assim como em 2018, as pesquisas eleitorais de 2022 indicavam que nenhum outro candidato poderia bater Bolsonaro nas urnas. Apenas Lula. A posse de ontem representa, portanto, a salvação do estado, da República e da democracia. Tudo isso estaria com os dias contados caso o ex-presidente fascista permanecesse por mais quatro anos. Não há exagero nessa avaliação. A história recente nos ensina que autocratas reeleitos tendem a intensificar suas práticas autoritárias. A reeleição de Bolsonaro transformaria o Brasil em uma versão tropical da nebulosa autocracia turca de Erdogan. O projeto bolsonarista era bastante claro.

O fato é que, goste-se ou não dessa constatação, Lula voltou para salvar a democracia. Qual outro democrata teria condições para derrotar o líder popular fascista nas urnas? Não existe. Lula era o único com potencial para derrotar o autocrata que estava com a faca, o queijo, o centrão e a máquina do estado na mão para se perpetuar no poder. Se Lula não existisse, estaríamos fadados a mais quatro anos sob o bolsonarismo — o que seria fatal para a democracia.

Em 2003, Lula tomou posse pela primeira vez. Na cerimônia, Fernando Henrique passou a faixa presidencial para Lula, deu os parabéns e abraçou seu principal adversário político. Eram outros tempos e vivia-se um ambiente minimamente civilizado. Ontem, exatos 20 anos depois, Bolsonaro não estava lá para cumprir esse importante rito democrático. A ausência é coerente com a carreira de um político cuja principal marca foi o profundo desprezo pela democracia. Bolsonaro fugiu do país não só para não ter que reconhecer a vitória do seu adversário nas urnas mas, principalmente, por temer ser preso em 1º de janeiro, agora que estão extintos o foro privilegiado e a imunidade presidencial.

Os últimos dias de governo foram marcados por atos golpistas e ataques terroristas por parte dos bolsonaristas, que agiram sob o silêncio conivente do seu líder. De nada adiantou. O machão “imbrochável” os abandonou e foi embora quietinho, com o rabinho entre as pena, no penúltimo dia de mandato. A fuga se deu em um avião da FAB, com tudo pago com dinheiro público. O patriota foi se esconder nos EUA.

Possivelmente esse é um dos episódios mais patéticos da história da vida pública brasileira. Ficará registrado que o presidente pateta vazou para a Disney enquanto seu gado teleguiado tomava chuva na frente do quartel esperando o golpe militar que ele tanto agitou. O bolsonarismo começou o governo enfiando a faca no pescoço da democracia, dizendo que bastaria o presidente mandar “um cabo e um soldado” para fechar o STF, mas terminou com ele fugindo da justiça a bordo do AeroLula. Bolsonaro abandonou o emprego e foi passar o réveillon com sua família no exterior com passagens pagas pelos brasileiros. Esse fim de mandato é um retrato fiel do que Bolsonaro foi como presidente e é como ser humano: medíocre, covarde e minúsculo.

Ainda bem que o fascista não quis participar dessa festa da democracia. Em seu lugar, oito representantes do povo brasileiro foram escolhidos para subir a rampa do Planalto com Lula e lhe entregar a faixa. Entre eles estava uma criança, uma catadora de lixo, um indígena, um metalúrgico, um professor, uma cozinheira e uma pessoa com deficiência. Nada mais simbólico do que ter a passagem de faixa sendo protagonizada pelo povo brasileiro em vez de um tirano que sempre desprezou a democracia.

No primeiro discurso com a faixa presidencial, Lula repudiou o racismo, agradeceu os profissionais do SUS pelo trabalho durante a pandemia, atacou a desigualdade de renda, criticou a desigualdade de gênero e a desigualdade no acesso aos serviços públicos. O presidente se emocionou ao falar sobre os brasileiros que estão na rua pedindo ajuda: “nesses últimos anos o Brasil voltou a ser um dos países mais desiguais do mundo. Há muito tempo não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando o lixo em busca de alimento para seus filhos. Famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo. Crianças vendendo bala ou pedindo esmola quando deveriam estar na escola vivendo plenamente a infância a que têm direito. Trabalhadores e trabalhadoras desempregados, exibindo nos semáforos cartazes de papelão com a frase que nos envergonha a todos: ‘Por favor, me ajuda'”. Lula teve que interromper o discurso para conter as lágrimas. Enfim, temos novamente um ser humano na cadeira de presidente.

Os novos ares democráticos já podem ser respirados com a escolha dos ministérios. Sai Ricardo Salles, entra Marina da Silva. Sai Damares Alves, entra Silvio Almeida. Sai Marcelo Queiroga, entra Nísia Trindade. As mudanças falam por si só. O negacionismo e a antipolítica saem para dar lugar à ciência e à política. A escuridão sai para dar lugar à esperança. A volta de Lula é também a volta do republicanismo, da civilidade e da democracia. Ela não significa que estamos entrando no paraíso, mas que estamos saindo do inferno e recuperando a capacidade de sonhar com um país mais justo e mais humano.

Se o governo Lula será bom ou ruim, isso só o tempo dirá. As dificuldades serão imensas. O país está quebrado financeiramente e o estado brasileiro se encontra em escombros em todos os setores. Além disso, o fascismo bolsonarista se consolidou como uma força política popular e seguirá aterrorizando a democracia. Mas, por ora, nós, os democratas, temos muitos motivos para comemorar. Depois de quatro anos de ódio, violência, golpismo e terror, surge uma luz no fim do túnel de uma democracia que agonizava.

A vitória de Lula é de uma grandiosidade sem precedentes na história da democracia brasileira. Ela simboliza o renascimento da esperança na democracia e o fim de um pesadelo fascista. Isso não é pouca coisa.

Viva a democracia. Viva Lula. Viva o Brasil


 Por João Filho - The Intercept 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

PSB reage duramente ao decreto de exoneração de Raquel Lyra

Governadora de Pernambuco, Raquel Lyra - Janaína


O PSB de Pernambuco emitiu nesta quarta-feira (4) uma nota criticando duramente a governadora Raquel Lyra (PSDB). O motivo foi o decreto que exonerou mais de dois mil servidores comissionados do Governo do Estado.

De acordo com o texto, o decreto não teve nenhum critério para o seu cumprimento. Disse ainda que "faltou diálogo e humildade para lidar com um tema tão relevante. A continuidade administrativa do Estado não pode estar condicionada a rompantes dos gestores de plantão".

O documento disse ainda "a justificativa de eficiência deixa transparecer que, na verdade, tratou-se apenas de autoritarismo".


A governadora Raquel Lyra começou a rever nesta quarta-feira (04/01) o decreto que exonerou, sem qualquer critério, servidores ocupantes de cargos comissionados e funções gratificadas e que determinou a convocação para que servidores cedidos retornem aos seus cargos de origem.

Não poderia ser diferente e acreditamos ser apenas o começo, tendo em vista que somente o desconhecimento do funcionamento da máquina pública justifica atitude tão intempestiva.

Negando a necessidade de uma transição profissional, só anunciando sua equipe no penúltimo dia do ano, a governadora queimou uma etapa fundamental de troca de informações entre antecessores e sucessores que poderia ter evitado erros graves, como o do decreto em revisão.

Faltou diálogo e humildade para lidar com um tema tão relevante. A continuidade administrativa do Estado não pode estar condicionada a rompantes dos gestores de plantão.

Setores inteiros da administração pública são tocados por servidores cedidos e/ou comissionados, estando agora paralisados por causa do ato governamental.

No final, o prejuízo recai sobre a população, e a justificativa de eficiência deixa transparecer que, na verdade, tratou-se apenas de autoritarismo.

Se a tão propalada “mudança “ será demonstrada através de atos dessa natureza, Pernambuco corre o risco de retroceder ao invés de avançar, como todos nós desejamos.

O PSB se solidariza com os servidores atingidos e, sobretudo, com a população, razão da existência do serviço público.

PSB de Pernambuco
Recife, 4 de janeiro de 2023
Professor Edgar Bom Jardim - PE

A primeira reunião de Raquel Lyra com o secretariado




 (Foto: Rafael Vieira)
Foto: Rafael Vieira
A governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) e sua vice Priscila Krause (Cidadania), realizaram nesta quarta-feira (4) a primeira reunião com o atual secretariado do estado. O encontro, além de um marco do início de cada nova gestão, é o fim da atuação de um grupo de pessoas que estava de quatro anos a oito anos nas pastas durante a administração de Paulo Câmara (PSB). Os secretários são auxiliares diretos do chefe do executivo e devem trabalhar alinhados ao pensamento do novo administrador. 

"Encerramos a primeira reunião do secretariado pra dar as primeiras instruções, fazer a integração. (...) “Esse time que tá aqui montado têm capacidade técnica, de liderança, capacidade de montar time pra que a gente possa, na ponta, mudar a vida das pessoas pra melhor", explicou à imprensa presente após o fim do plenário.

Mesmo antes do começo da sua administração em Pernambuco, o grupo de secretários escolhido por Lyra, empossado no primeiro dia útil do governo, já vinha sendo criticado. Uma das opiniões contrárias é a falta de um maior número de pessoas com experiência política no grupo. Raquel preferiu profissionais com o perfil mais técnico. Havia uma expectativa, por exemplo, para que nomes como o do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), que apoiou a tucana logo ao fim do primeiro turno, depois de sair da disputa ao Palácio das Princesas, também estivesse no grupo.

Entre as prioridades do encontro de hoje, o secretário de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Regional, Fabrício Marques, relembrou temas que devem ser centrais no atual executivo estadual. “Hoje foi uma reunião muito de alinhamento, de reforço da transversalidade porque os desafios de Pernambuco são muito complexos. (...) A governadora Raquel reforçou muito o sentido de trabalharmos juntos, todas as áreas muito juntas e reforçou os temas centrais que foram trazidos no plano de governo”, disse. Ele ainda mencionou o investimento na primeira infância e construção de creches, repetidos durante a campanha da tucana e pontos altos do seu comando no município de Caruaru.

A governadora e o secretário de comunicação, Rodolfo Costa Pinto, saudaram a imprensa presente. “Vamos fazer um trabalho com muito diálogo e muita transparência”, afirmou a gestora. “Sempre que precisarem, a gente vê a imprensa como um parceiro, uma parceria do governo pra ajudar neste trabalho e transformar nosso estado”, declarou o secretário, por sua vez.

Fonte: Diario de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE