sábado, 20 de junho de 2020

Como os bandeirantes, cujas homenagens hoje são questionadas, foram alçados a 'heróis paulistas'

Retrato de Domingos Jorge Velho
Direito de imagemACERVO MUSEU PAULISTA (USP)
Image captionRetrato de Domingos Jorge Velho mostra "muitas das características que acabaram por se tornar uma convenção de como representá-los", diz historiador

Eles eram rudes, geralmente iletrados, passavam longos períodos embrenhados em matas e campos desconhecidos, comiam mal e perseguiam índios. Figuras típicas do Brasil colonial, diretamente responsáveis pelas incursões "do homem branco" pelos confins então desconhecidos do Brasil, os bandeirantes acabaram elevados ao panteão dos heróis — sobretudo dos paulistas —, em um movimento iniciado no fim do século 19, incorporado aos discursos das comemorações do primeiro centenário da Independência, em 1922, reforçado na Revolução Constitucionalista de 1932 e consolidado nas celebrações do Quarto Centenário de São Paulo, em 1954.

Documentos do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo atestam que o primeiro logradouro público a ser batizado com o termo foi a rua dos Bandeirantes, no bairro do Bom Retiro, em maio de 1891. De lá para cá, o povo paulista ganhou a avenida dos Bandeirantes, a rodovia dos Bandeirantes, o canal de TV Bandeirantes e até a sede oficial do governo do estado se chama Palácio dos Bandeirantes.

Monumentos e estátuas são inúmeros. Do Monumento às Bandeiras, obra de Victor Brecheret (1894-1955) concluída em 1953, à estátua do Borba Gato, polêmico trabalho de Júlio Guerra (1912-2001), inaugurada em 1957, não faltam homenagens aos bandeirantes pelas ruas e espaços públicos da cidade.

Na esteira dos movimentos que pedem a retirada de monumentos racistas ao redor do mundo — alguns indo às vias de fato —, o Brasil vive, sobretudo nas redes sociais, fenômeno semelhante. E o alvo tupiniquim são os bandeirantes.

"É importante que a gente derrube, reescreva, renomeie. Mas que fique registrada a historicidade disso", opina à BBC News Brasil o historiador Marcelo Cheche Galves, professor da Universidade Estadual do Maranhão (UEM) e membro do instituto Proprietas, que fomenta discussões sobre o bem comum.

"Não basta derrubar, não basta renomear. É preciso registrar o momento histórico em que isso ocorreu, por que isso ocorreu. Afinal, se trata de disputas por memória. E nos momentos em que essas questões emergem, memórias em disputa podem provocar renomeações e derrubadas. Isso é positivo."

Segundo o historiador Paulo César Garcez Marins, professor do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP), quem primeiro elegeu os bandeirantes, também chamados de sertanistas, como heróis foram os membros do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP), na década de 1890, em conjunto com genealogistas de então.

"Os sertanistas, vistos como bárbaros por grande parte dos membros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, sediado no Rio de Janeiro, e por artistas cariocas, foram progressivamente enaltecidos nos círculos literários e intelectuais paulistas como líderes do processo de construção territorial do Brasil", contextualiza ele.

"Romances, artigos em jornais e na revista do IHGSP, livros de história, monumentos escultóricos públicos e pinturas históricas foram os maiores responsáveis pela disseminação de uma visão positiva dos bandeirantes, que enalteciam como heróicos os feitos de 'desbravamento' — a retirada do bravio dos sertões — por meio da destruição das missões jesuíticas espanholas, de quilombos, como o de Palmares, e de populações indígenas sertanejas das capitanias do Norte, atual Nordeste."

"A figura do bandeirante como aquele herói que ampliava as fronteiras da então colônia, ou daquele que descobre as riquezas minerais, começou a ser construída a partir da ascensão econômica de São Paulo, especialmente a partir dos fim do século 19 e início do século 20", explica o historiador Luís Soares de Camargo, diretor do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo.

"O contexto histórico é fácil de ser entendido: São Paulo despontava como a grande potência econômica, mas faltava-lhe uma base historiográfica que desse uma base a esse novo papel do povo paulista. Faltava um 'herói' para dar mais consistência a uma tese de que desde o passado São Paulo já estava à frente das demais capitanias. Assim, alguns historiadores deram início a esse processo de glorificação do passado paulista e a figura que mais se adequava era a dos sertanistas. Forte, corajoso, guerreiro."

Professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp), o historiador Paulo Henrique Martinez também atribui a consolidação do mito do bandeirante ao poderio econômico experimentado por São Paulo a partir do início do século 20.

"Houve a consagração e associação deste espírito aventureiro [dos bandeirantes] com os empreendimentos econômicos no estado de São Paulo, impulsionados pelo café e que alcançaram o mercado imobiliário, ferrovias e navegação, bancos e indústria", comenta ele à BBC News Brasil.

Os "que vão ao sertão"

Uma pesquisa nas atas da Câmara de São Paulo comprova que o termo bandeirante não existia antes do fim do século 19. "A documentação oficial não se referia a eles nem como bandeirantes nem como sertanistas", pontua Camargo. "O mais próximo que vi é 'homens que vão ao sertão'."

Em 16 de maio de 1583, por exemplo, a Câmara registrou a reclamação de Jerônimo Leitão, capitão de São Vicente, indignado com as pessoas que iam "ao sertão" sem sua licença, causando "prejuízo" para a capitania. Ele contava estar "informado de muita devassidão" nessas empreitadas mata adentro.

Camargo aponta o historiador e monge beneditino Gaspar Teixeira de Azevedo (1715-1800), mais conhecido como Frei Gaspar da Madre de Deus, como o primeiro a chamar, em livro, de bandeiras as incursões pelo sertão — o faz em "Memórias Para a História da Capitania de São Vicente", publicado originalmente em 1797. "Mas ele ainda não empregava o termo bandeirantes. Chamava-os apenas de paulistas", atesta Camargo.

Em 1870, o historiador, militar e diplomata Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878) publicou "História Geral do Brasil". Na obra ele também usa o termo bandeiras — mas não menciona nem bandeirantes nem sertanistas.

palácio dos bandeirantesDireito de imagemGILBERTO MARQUES / A2IMG
Image captionAvenidas e o palácio do governo estadual de São Paulo levam nome de bandeirantes

Segundo as pesquisas do historiador Camargo, a primeira menção do termo bandeirante pela imprensa ocorreu em 11 de abril de 1837. Uma nota publicada pelo jornal "Pharol do Império", do Rio de Janeiro, narrando que um "bandeirante", Sebastião Fernandes Tourinho, chefiou em 1573 uma expedição que "subiu pelo Rio Doce, e atravessando imensos sertões desceu pelo Jequitinhonha para a província da Bahia conduzindo escravos, algumas amostras de esmeraldas ou safiras".

Em 1867 o escritor e jornalista português José da Silva Mendes Leal (1820-1886) publicou o romance Os Bandeirantes em cuja primeira página o leitor já é apresentado a "um viageiro de trajo modesto e boa presença".

Na tese de doutorado "Entre Batismos e Degolas: (Des)caminhos Bandeirantes em São Paulo", defendida na USP, a socióloga e antropóloga Thaís Chang Waldman afirma que o primeiro registro da palavra bandeirante em um dicionário de língua portuguesa data de 1871. Trata-se do dicionário publicado pelo frei Domingos Vieira, diz Waldman, no qual "bandeirante é definido como 'o afiliado da bandeira, ou companhia de exploração das matas virgens".

A pesquisadora ainda cita o dicionário Houaiss, edição de 2009, em que "o bandeirante é registrado como substantivo masculino que denomina um 'indivíduo que no Brasil colonial tomou parte em bandeira (expedição)'".

Vale ressaltar que a palavra bandeirante, portanto, passa a ser utilizada quando o ciclo das bandeiras já estava encerrado — conforme assinala o historiador e sociólogo Ricardo Luiz de Souza no artigo "A Mitologia Bandeirante: Construção e Sentidos".

Martinez lembra que o "termo bandeirante se refere aos integrantes das bandeiras, expedições de portugueses e colonos ao interior do continente sul-americano que resultavam em múltiplos ganhos: conhecimento geográfico, escravização de indígenas, estabelecimento de povoações e pontos de apoio a futuras expedições, localização de minas de ouro e prata, terras para agricultura, entre outros".

Taunay: o 'formulador' do mito

Mas para compreender totalmente a instauração do mito do bandeirante como herói paulista é preciso voltar a um intelectual da primeira metade do século 20: o historiador, biógrafo, romancista, tradutor e professor Afonso d'Escragnolle Taunay (1876-1958).

"A construção desse imaginário histórico teve nele o seu principal formulador e divulgador, em várias obras históricas e no Museu Paulista [o Museu do Ipiranga]", ressalta Martinez.

"Taunay escreveu muito para jornais e depois refundia os textos em livros sem citar nenhuma fonte de documentação e das publicações anteriores", contextualiza o historiador. "Mas esse mito foi sendo construído ao longo de décadas e as caracterizações sofrem variações de autor para autor."

Entre 1924 e 1950, Taunay publicou "História Geral das Bandeiras Paulistas", obra em 11 tomos. Como diretor do Museu do Ipiranga — cargo ocupado de 1917 e 1953 —, o historiador também contribuiu para a consolidação desse imaginário. "Ele encomendou toda a representação iconográfica e a estatutária do bandeirismo que decora os salões do museu", diz Martinez. "O ano chave aqui foi 1922, nos preparativos para as comemorações do centenário da Independência do Brasil." Taunay trabalhou, segundo o historiador, para "enaltecer o papel dos paulistas na conquista territorial do interior do continente".

Camargo vê Taunay como o primeiro a "tratar o bandeirante como herói".

"É preciso lembrar que sua tarefa foi facilitada pelo acesso que ele teve aos documentos do Arquivo Histórico Municipal. Autor positivista, que somente dá crédito a partir de provas documentais, ele teve nesses documentos a prova necessária para suas análises", afirma.

A própria imagem do bandeirante, com suas características físicas e vestuário, acabou sendo criada nesse momento.

"Não existem retratos de bandeirantes realizados no momento em que esses homens viveram. Por isso, nada sabemos sobre suas fisionomias e pouco sobre como andavam vestidos pelos sertões", pontua o historiador Marins.

Como exemplo, ele cita o retrato de Domingos Jorge Velho (1641-1705), obra executada em 1903 por Benedito Calixto (1853-1927). "Foi a primeira representação visual de um bandeirante a entrar na coleção do Museu Paulista. Nessa tela, já aparecem muitas das características que acabaram por se tornar uma convenção de como representá-los: traços europeus e pele branca, chapéus de aba larga, botas de cano alto, bacamarte e a pose altiva inspirada diretamente nos retratos de reis, a partir do modelo de Hyacinthe Rigaud para o célebre retrato de Luís 14, hoje no Louvre", contextualiza ele.

Reprodução da capa do tomo 1 da obra História das Bandeiras Paulistas, de Taunay.Direito de imagemREPRODUÇÃO
Image captionTaunay trabalhou, segundo historiador, para "enaltecer o papel dos paulistas na conquista territorial do interior do continente"

Segundo o historiador, as obras encomendadas por Taunay acabaram "reforçando as características visuais [dos bandeirantes] e trazendo outras, como o uso do gibão acolchoado em losangos, cobrindo o tronco".

"Essas características iconográficas estabelecidas no Museu Paulista foram muito utilizadas em dois momentos chave da história paulista: a Revolução de 1932 e o Quarto Centenário de São Paulo", prossegue Marins. "Foi assim que apareceram em cartazes, cédulas, selos, porcelanas, anúncios comerciais, murais e em monumentos públicos, como o Monumento às Bandeiras, inaugurado em 1953, e no Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932, inaugurado em 1955, ambos no Ibirapuera (principal parque da cidade de São Paulo)."

Aos poucos, o paulista passa a se identificar — e a ser identificado — como bandeirante, como o sucessor do bandeirante.

Em sua tese, a antropóloga Waldman se debruçou sobre a transformação da acepção da palavra. A resposta estava em jornais antigos. "Notei que na década de 1920 o termo paulista já era amplamente evocado como bandeirante nas mais diferentes colunas jornalísticas, seja em discussões sobre 'a moda bandeirante', 'o esporte bandeirante', 'a lavoura bandeirante', 'a jurisprudência bandeirante', 'o meio social bandeirante', 'a terra bandeirante', entre tantas outras referências que remetem a São Paulo de então e aos seus habitantes", escreve ela.

"Mas afinal, quem é esse personagem que se insere em frentes, espaços e ramos tão diversos? Desbravador do Brasil, assassino, herói, genocida e mártir?", afirma a antropóloga. "(Des)portador do sertão, caçador de índios, destruidor de quilombos e soldado pacificador do gentil inimigo? Ou capitão do mato, sertanista e pioneiro no garimpo do ouro e das pedras preciosas? Inimigo dos espanhóis e dos jesuítas, defensor dos interesses da Coroa portuguesa e ao mesmo tempo insubmisso vassalo do rei de Portugal? E ainda aristocrata, bruto, milionário, despojado e self-made man? Mameluco, português, indígena? Caipira, monçoneiro, tropeiro, cafeicultor? Quatrocentão, modernista, imigrante, migrante, negro e mulher paulista?"

No artigo "Bandeirantismo e Identidade Nacional", publicado em Terra Brasilis, revista da Rede Brasileira de História da Geografia e de Geografia Histórica, a geógrafa Silvia Lopes Raimundo afirma que o "discurso regionalista, centrado na figura do bandeirante", se tornou ponte entre o local e o nacional em São Paulo.

"Na historiografia paulista produzida nesse período as ideias de conquista e civilização aparecem relacionadas com qualidades que as elites desejavam ver no Brasil da época, tais como progresso, modernidade, riqueza e integração territorial", escreve ela. "Nesse momento o estudo do movimento das bandeiras também foi utilizado para destacar a singularidade do habitante de São Paulo e seu papel na conquista e, posteriormente, na ocupação do território."

Taunay não foi o único a definir o bandeirante. Outra obra de referência nesse quesito é "Vida e Morte do Bandeirante", publicada em 1929 pelo jurista e escritor José de Alcântara Machado de Oliveira (1875-1941). Outro autor que também contribui para esse imaginário foi o caricaturista, pintor, cronista, escritor e ilustrador Belmonte, como era conhecido Benedito Carneiro Bastos Barreto (1896-1947) — é dele o livro "No Tempo dos Bandeirantes". "Suas representações dos bandeirantes serviram como inspiração para outros artistas também representarem essa figura do herói", comenta Camargo. "Acredito até que Júlio Guerra, autor do monumento 'Borba Gato', se inspirou em Belmonte para fazer sua estátua."

"A construção de uma mitologia implica na invenção de tradições, e a mitologia bandeirante foi utilizada neste sentido pelas elites paulistas; para enobrecer suas origens", escreve Souza.

Momentos-chave

Durante o movimento conhecido como Revolução de 1932, quando tropas paulistas estavam guerreando contra o restante do país, a ideia do bandeirante servia como argumento a diferenciar os de São Paulo dos brasileiros de outros Estados.

No livro "Confederação ou Separação" publicado em 1933, o historiador e sociólogo Alfredo Ellis Júnior (1896-1974) partiu do caráter do bandeirante para defender que os paulistas eram "diferentes" dos demais. "Eles [os bandeirantes] eram apelidados de 'portugueses', de 'vicentinos' ou de 'paulistas'. Jamais foram brasileiros", escreveu.

A relação com os bandeirantes estava presente até nos nomes dos batalhões. Muitos deles homenageavam figuras históricas do tipo, como Fernão Dias, Paes Leme Raposo Tavares e Anhanguera. "A revolução usou algumas imagens dos bandeirantes como os grandes heróis paulistas para conquistar corações e mentes durante o período", afirma o pesquisador e colecionador Ricardo Della Rosa, autor do livro "Revolução de 1932: A História da Guerra Paulista em Imagens, Objetos e Documentos". "Isso foi feito de forma intensiva, por meio da propaganda de guerra."

Essa ligação persistiu no pós-revolução. Maior exemplo é o Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32, mais conhecido como Obelisco do Ibirapuera, monumento feito por Galileo Emendabili (1898-1974) entre 1947 e 1970. "É o maior ícone de todos. Carrega essa simbologia", comenta Della Rosa. "As faces externas do Obelisco trazem associações de imagens do passado bandeirante paulista com o soldado de 32."

Retrato do historiador Afonso Taunay, feito pelo artista Henrique ManzoDireito de imagemACERVO MUSEU PAULISTA (USP)
Image captionTaunay trabalhou, segundo historiador, para "enaltecer o papel dos paulistas na conquista territorial do interior do continente". Aqui, retrato dele feito pelo artista Henrique Manzo

Essas mensagens viveram um auge nos anos 1950, sobretudo por conta das comemorações pelos 400 anos da fundação de São Paulo. "Em vários momentos a figura [do bandeirante] foi exaltada, mas o grande ápice foi mesmo em 1954 por conta das comemorações do Quarto Centenário. Naquela época, a figura gigante do bandeirante passou a ilustrar anúncios e outras publicações que exaltavam a cidade e seu povo. Nos jornais da época era comum essa utilização", afirma Camargo.

Pesquisador da história de São Paulo, Della Rosa afirma que esse movimento de revisão do heroísmo bandeirante começou a ser visto no fim dos anos 1960.

"Observamos uma degradação da imagem do bandeirante, que deixava de ser herói e passava a ser retratado como um escravizador e matador de índios", pontua.

Em sua opinião, tal revisionismo é cheio de riscos — e ele não concorda com a ideia de retirar monumentos ou renomear espaços públicos, por exemplo. "Hoje em dia vejo uma espécie de revisionismo histórico que me preocupa bastante, é o que coloca o bandeirante como se ele descesse ali, entrasse no sertão, com um exército de homens brancos… É preciso lembrar que os índios já eram bélicos. O europeu é outro ser bélico. Quando este chegou, acabou se associando a alguns índios e, se não fossem essas associações, não teriam existido as bandeiras. Colocar tudo na conta do bandeirante é um desconhecimento histórico."

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Brasil passou do sonho à distopia, diz estudioso francês



Bolsonaro sendo abordado por jornalistasDireito de imagemEPA
Image caption'O Brasil vive um processo acelerado de erosão democrática', opina o acadêmico Estrada sobre governo de Jair Bolsonaro (acima)

No período de uma década, o Brasil "passou do sonho à distopia", afirma Gaspard Estrada, diretor-executivo do Observatório Político da América Latina e do Caribe (Opalc) da universidade Sciences Po de Paris, ao comparar o cenário atual brasileiro com ficções que retratam governos totalitários ou ideologias que criam condições de vida insuportáveis à sociedade.

Em entrevista à BBC News Brasil, Estrada defende que o tripé "democracia/crescimento/previsibilidade" que fazia o Brasil ser visto há dez anos como "o campeão dos emergentes" ruiu e que o "inaceitável passou a se tornar aquilo que é normal" no governo do presidente Jair Bolsonaro.

"O Brasil vive um processo acelerado de erosão democrática", opina o acadêmico. "Qual presidente de uma democracia reivindica sua filiação à ditadura militar e defende a tortura?"

Para sustentar sua teoria de que o país vive uma distopia — palavra usada para descrever locais sob sistemas opressores e autoritários e para designar o oposto de utopia —, Estrada cita a demissão de técnicos do Ministério da Saúde, pasta atualmente sem um ministro titular; o pedido de Bolsonaro para que seus apoiadores "arranjarem um jeito de entrar e filmar" hospitais públicos, "para mostrar se os leitos estão ocupados ou não, se os gastos são compatíveis ou não"; e as reivindicações antidemocráticas e aparentes alusões a movimentos neonazistas feitas por simpatizantes do presidente em protestos em Brasília e outras cidades.

Fim de consensos

Para o diretor do Opalc, a destituição do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, havia unido o Brasil em torno de conquistas democráticas. Mas os consensos políticos, econômicos e sociais que existiam no Brasil começaram a se deteriorar na última década, levando ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que dividiu o país.

Gaspard EstradaDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionGaspard Estrada dirige o Observatório Político da América Latina e do Caribe (Opalc) da universidade Sciences Po de Paris

Estrada argumenta que o sentimento de ódio provocado pelos casos de corrupção envolvendo o PT fez com que muitos brasileiros fechassem os olhos para "o fato de Bolsonaro rejeitar as regras do jogo democrático e do Estado de direito".

O acadêmico acredita que muitos eleitores optaram por Bolsonaro pensando que ele poderia ser controlado pelas instituições e pelos mercados, diz ele. "Agora caiu a ficha", afirma.

"O que estava em jogo nas eleições de 2018 era a manutenção da República da Constituição de 1988", opina o especialista. Ele cita o livro Como as democracias morrem — dos professores de Harvard Steven Levitsky e Daniel Ziblatt — e defende que o processo de degradação institucional realizado por líderes democraticamente eleitos, descrito na obra, se aplica ao Brasil.

O processo descrito por Levitsky e Ziblatt envolve a rejeição das regras da democracia, a incitação à violência (nas ruas e nas redes sociais) contra seus opositores e a vontade de restringir a ação dos rivais políticos.

"A democracia para o presidente brasileiro é algo ligado à esquerda", diz Estrada, relembrando que Bolsonaro, em um discurso na embaixada brasileira em Washington, em 2019, declarou que sua missão era "desconstruir e desfazer muita coisa no Brasil para depois recomeçar a fazer."

'Filtro ideológico'

Estrada cita também "filtro ideológico" nas instituições culturais, como a Agência Nacional de Cinema (Ancine), com diretores ligados a movimentos religiosos, ou o fato de não ter havido punição no caso do chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Fabio Wajgarten (novo secretário-executivo do recém-criado Ministério das Comunicações), que, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, atribuiu contratos de publicidade do governo a clientes de sua própria agência. O secretário nega irregularidades.

Jair Bolsonaro e apoiadores durante manifestaçãoDireito de imagemREPRODUÇÃO
Image captionJair Bolsonaro e apoiadores durante uma manifestação em Brasília, semanas atrás; 'O consenso democrático pós-1988 no Brasil já caiu por terra. A democracia brasileira já está sob tutela', opina Estrada

Estrada também diz não entender a lógica de o Supremo Tribunal Federal barrar a nomeação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal, com base no pressuposto de que ele é próximo da família Bolsonaro e poderia cometer ações ilegais, e, ao mesmo tempo, permitir que ele continue a comandar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

"Em qualquer país do mundo, os serviços de inteligência têm mais poder e podem, por exemplo, espionar adversários políticos."

Segundo o especialista em América Latina, "às vezes" as instituições têm funcionado no Brasil na gestão do presidente Bolsonaro. Mas diz ele, há casos flagrantes em que isso não ocorre, como a suspensão, pelo presidente do STF, Dias Toffoli, da decisão judicial que havia proibido a publicação de uma nota do ministério da Defesa celebrando o golpe militar de 1964.

O texto divulgado no site da Defesa afirma que a data foi "um marco para a democracia brasileira".

"A decisão de Toffoli é um sinal claro de que o poder Judiciário está se curvando ao poder dos militares", diz o analista, acrescentando que na França o revisionismo histórico, como o que ele acha que tem sido feito por alas militares e civis brasileiras em relação à ditadura, é punido por lei.

"O consenso democrático pós-1988 no Brasil já caiu por terra. A democracia brasileira já está sob tutela", ressalta Estrada.

"Partido político militar"

De acordo com ele, o "Exército já se acostumou ao poder" e teria se tornado uma espécie de partido, sem registro, que passou a pleitear influência política, inclusive no ministério da Saúde.

Ele afirma que a apropriação, pelo Exército, de cargos de chefia na Esplanada dos Ministérios "é um fenômeno assustador, até para os partidos do centrão."

Para parte dos oficiais, entrar no governo também significa mudar de vida, com melhores salários, destaca o analista. Segundo ele, as Forças Armadas sabem, no entanto, que estão em uma posição difícil porque já estão sendo associadas ao "desastre do governo Bolsonaro."

Ele lembra que, além da influência política, as Forças Armadas têm recebido verbas importantes do governo para a realização de obras públicas.

O diretor do observatório da AL acha que o presidente Bolsonaro gostaria de dar um autogolpe, mas não tem força para levar isso adiante. O Exército, dividido, tem sua própria agenda, que é se instalar na máquina e governar, o que já faz, completa o especialista.

Bolsonaro e Mourão sentados, olhando para lados opostos, em eventoDireito de imagemEVARISTO SA/AFP VIA GETTY IMAGES
Image captionPara pesquisador, o 'Exército já se acostumou ao poder' e teria se tornado uma espécie de partido, sem registro, que passou a pleitear influência política

A tensão institucional vem crescendo no país. Neste mês, o presidente Bolsonaro divulgou nota assinada também pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, afirmando que as Forças Armadas não cumprem "ordens absurdas", como a tomada de poder, e também não aceitam "julgamentos políticos", o que foi interpretado como uma referência às decisões contrárias aos interesses de Bolsonaro no STF e à ação que pede a cassação de sua chapa nas eleições de 2018.

A formação de uma frente ampla de oposição ao governo Bolsonaro, que reuniria diversas tendências políticas, como na época das Diretas Já, dependeria, na opinião de Estrada, do julgamento, no STF, da suspeição do ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro Sérgio Moro.

A defesa do ex-presidente Lula acusa o ex-juiz e ex-ministro da Justiça de não ter agido com imparcialidade nos processos contra Lula. "Para o Lula integrar esse movimento, tem de ocorrer antes o julgamento de suspeição do Moro. Seja qual for a decisão do STF, isso permitiria encerrar um ciclo", afirma Estrada.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Jotinha da Funerária avalia disputar prefeitura de Bom Jardim


Filho natural de Limoeiro, cidadão de Bom Jardim, reconhecido nas urnas em duas eleições para exercer a função de Vereador, José Gomes de Medeiros Filho, 38 anos, casado, evangélico, concluiu o ensino médio, é empresário bem sucedido em nossa cidade. Como empreendedor Jotinha da Funerária presta um serviço essencial aos bonjardineses. 

No campo da política, enfrentou certa rejeição popular como vereador no primeiro mandato. Teve relação com altos e baixos na gestão do ex-prefeito Miguel Barbosa. Pensou em se afastar, desistir da política no meio do mandato. Perto das eleições 2016 voltou atrás e se candidatou pelo PSC. Foi eleito com 937 votos. Foi aliado do grupo do Coronel Sebastião Rufino. 
Articulado aos vereadores, com apoio de outras forças políticas desbancou a candidata de João Lira na eleição para presidência da Câmara de Vereadores. É o atual presidente do Legislativo municipal. 

Na eleição presidencial de 2018 juntou vereadores e lideranças comunitárias para apoiar ao grupo de sustentação do presidente Jair Bolsonaro.  Fez  campanha para Juliana de Chaparral e Fernando Bezerra Coelho, ambos bolsonaristas. Neste ano pretende ser candidato a prefeito pelo PRTB, partido do atual vice-presidente da República. 

Saindo um pouco da política Jotinha diz:"Gosto muito do que faço de um modo geral. Gosto de sempre orar a Deus, gosto do meu trabalho com minha empresa, gosto de ficar junto à minha família, amigos, eleitores, tenho prazer em ficar junto da população, conversando, visitando, sendo recebido em suas casas... Como vereador, isso me proporciona esse contato e esta é a minha vida. Todos sabem e conhecem como sou".   Na séria de entrevistas do Blog professor Edgar Bom Jardim, vamos conhecer mais o  perfil e o que pensa o vereador e  pré-candidato.  

1- Vereador José Gomes de Medeiros Filho(Jotinha Galego da Funerária), por que entrou na política?Interesse em ajudar as pessoas e gratidão por tudo que o povo de Bom Jardim fez por mim, pela confiança em minha empresa e no meu trabalho

2- O Senhor se considera um político de direita, esquerda, centro ou centrão? Não sou nem de direita, nem de esquerda, nem centro ou centrão. Defendo aquilo que eu entendo como correto e que é bom para o povo, sem necessariamente me revestir de algum rótulo neste sentido, pois acredito que isso apenas polariza ainda mais a participação do povo na política, sendo que o ideal é a união de todos. Sou um político que fala com o povo e que não defendo partido, político, politicagem e tampouco interesses de grupo político, mas, defendo sim o interesse de cada cidadão bonjardinense.

3- Quais possibilidades em ser candidato a prefeito diante da polarização João Lira e Miguel Barbosa? Quem são seus aliados? Total possibilidade de ser candidato pelo PRTB. E, meu principal aliado é o povo, disso não tenho dúvidas

4- Que político considera e segue? O político que considero e sigo, na verdade são três: O deputado estadual Marco Aurélio, o deputado federal Fernando Filho e o senador Fernando Bezerra Coelho, meus amigos.

5- Que Bom Jardim quer para o hoje e para o amanhã bem próximo? Um Bom Jardim ainda melhor que hoje, pensar no futuro da nossa cidade e do nosso povo, cuidar das crianças, dos nossos idosos, mais investimentos na saúde, educação, segurança pública, mobilidade urbana e gerar empregos de empresas privadas, indústrias, fazendo com que os empresários comecem a ver Bom Jardim como um foco promissor para investir em nossa cidade.

6- Imagine ser o prefeito eleito de Bom Jardim-PE. Quais pessoas seriam nomeados para  exercer as secretarias de saúde, educação e finanças, por exemplo?

Imagino! Após eleito prefeito, as pessoas que forem qualificadas, responsáveis e que queiram compromisso com a saúde, educação e todas as outras pastas, além de naturalmente preenchidos os requisitos para o cargo, serão muito bem vindos.

7- Como fazer Bom Jardim avançar no desenvolvimento social, econômico e cultural ? Primeiro de tudo, o gestor tem que ter visão empreendedora. Venho da iniciativa privada, portanto, todos conhecem a minha empresa aqui em Bom Jardim e a forma que eu administro. Quero um dia colocar em prática a minha experiência para o povo da minha cidade, gerindo o município no avanço do desenvolvimento social e econômico, através da participação organizada da comunidade local, e a difusão da cultura empreendedora e o apoio ao empreendedorismo local, fatores importantes para o desenvolvimento dessas áreas.

8- Sendo vereador teve a oportunidade de legislar e acompanhar a administração de dois prefeitos. Com quem foi melhor para trabalhar politicamente pelo município: João Lira ou Miguel Barbosa? Nenhum, pois não tive a oportunidade que eu penso que merecia.

9- Na condição de presidente da Câmara Municipal, o senhor tem sido aliado ou opositor ao prefeito João Lira?

Não sou aliado do prefeito atual, pois tenho por convicção que o Poder Legislativo tem de trabalhar ao lado do Poder Executivo naquilo que for bom para a sociedade, para o povo, além de discutir de forma clara e aberta as necessidades da população para efetivamente atendê-las. Esse é meu pensamento.

10- Como o senhor avalia a gestão do atual prefeito João Lira? Moderada.

11- O que o prefeito João Lira fez que você jamais faria como administrador do município? Não querendo faltar com a ética que me cabe, mas pontuo como intoleráveis as atitudes de fazer xingamentos a eleitores, bem como o episódio do carnaval de 2019, quando o prefeito pediu no palco, publicamente, para a Polícia Militar se retirar do evento. São práticas que não condizem com a postura e a árdua tarefa de gestor de um município.

12- Como avalia as ações do prefeito João Lira diante da pandemia? O momento delicado no qual nos encontramos requer a adoção de medidas pontuais para combater esse vírus e a disseminação em nossa cidade. É certo que o poder público tem a obrigação de fazer aquilo que lhe compete, mas também temos que contribuir, fazendo a nossa parte ao seguir as orientações da Organização Mundial de Saúde.

13- Como  avalia o desempenho do governador Paulo Câmara em relação ao município de Bom Jardim? Eu não vejo muitas ações do Governo do Estado aqui em nossa cidade. Certamente deveria ter um olhar especial para nosso município, pois aqui ele ganhou para o seu adversário.

14- O senhor está satisfeito ou arrependido de ter feito campanha e votado no presidente Jair Bolsonaro? Não fiz campanha para o presidente Jair Bolsonaro. E, como direito de todo cidadão, prefiro manter em particular a escolha de meu candidato, uma vez que o voto é livre e secreto, de acordo com a Constituição Federal, até mesmo para evitar polarizações como as que presenciamos rotineiramente.

15- É verdade que a maioria dos vereadores não quer aprovar as contas do ex-prefeito Miguel? Não chegou, até o momento, nenhuma conta a ser votada referente à gestão do ex-prefeito Miguel.

16- Bom Jardim tem aproximadamente 40 mil habitantes. Por que a Câmara Municipal em parceria com costureiras desempregadas e as demais instituições não se unem com o objetivo de produzir 120 mil máscaras para doar aos bonjardineses? A Câmara de Vereadores é um órgão Legislador, em que se tem por atribuições a aprovação de leis e fiscalização do dinheiro público. A câmara não pode executar despesas, a não ser manutenção do próprio legislativo. O poder legislativo não pode executar, segundo a recomendação dos tribunais e órgãos federais.

17- Precatórios do FUNDEF continua parado, professores municipais insatisfeitos. Por que se passaram mais  quatro anos e os professores não receberam os recursos do FUNDEF? A Câmara fez “corpo mole” diante dessa questão? A questão sobre a utilização dos precatórios do FUNDEF está em tramitação junto à Justiça Federal, e a Câmara Municipal vem acompanhando o processo. Além disso, acompanho também a movimentação da Comissão Especial criada pela Câmara dos Deputados, porém continuo defendendo que pelo menos 60% dos recursos sejam rateados com os profissionais do magistério. Isso é o justo, pois são eles os principais protagonistas da educação e merecem ser valorizados, além do que a legislação federal já garante que o mínimo de 60% dos valores deveriam ir, de fato, para custear os profissionais do magistério. Por isso, estamos aguardando o desfecho judicial desse caso para lutar pelo direito dos professores. E, até o momento, nunca chegou nenhum projeto de regulamentação vindo da prefeitura sobre os precatórios do FUNDEF.

18- Cite 3 pessoas de Bom Jardim que considera ser admiráveis: As três pessoas admiráveis, dentre tantas outras, são: Noé Souto Maior, político e escritor nato, que tem uma história política em nossa cidade; Cel. Sebastião Rufino, pela sua trajetória de vida, militar, esportiva e política; E, o meu amigo o Sr. Zeca de Zé Cirilo, pela sua história de vida e comércio em nosso Bom Jardim.

19- Quais artistas do município que você destaca? Os artistas são tantos, já que nossa cidade é um celeiro de artistas, Bom Jardim sempre está revelando artistas. São tantos já conhecidos, mas neste momento, posso citar Bráulio de Castro, Valda Sedicias, Sandro Roberto, Marco Pobre, sem falar dos nossos músicos que são grandes artistas. Se for nominar todos aqui, seria a entrevista toda. (Risos).

20- Que mensagem você deixa para a população de Bom Jardim?Nesse momento tão difícil que estamos passando, peço a Deus proteção para nosso povo. São dias difíceis, mas com Deus vencemos tudo. Devemos continuar seguindo as orientações da OMS e das autoridades competentes. Vai passar e vamos sair dessa mais fortes. Tudo passa, e é com esse pensamento que trabalho para o povo de Bom Jardim, fazer sempre o meu melhor para o meu povo, que me acolheu de braços abertos e, por isso, tento entregar cada vez mais o meu melhor para os bonjardinenses.

Por Edgar S. Santos/ Foto: Franklin Kelvin/Assessor de Imprensa Jackson Lucena.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Reitor da UFPE defende retorno das atividades presenciais em 2021



Alfredo Gomes e representantes da UFRPE, UPE e Univasf participaram de reunião virtual nesta quinta-feira (18). Portaria do MEC autoriza instituições a manterem aulas remotas até 31 de dezembro.

A volta das aulas presenciais nas instituições de ensino superior do Estado ainda é uma incógnita. Nesta quinta-feira (18), em reunião virtual promovido pela Academia Pernambucana de Ciências (APC), o reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes, defendeu que o retorno das atividades na instituição só ocorra no ano que vem. “No meu entendimento, aulas presenciais dentro da universidade não devem acontecer este ano. Claro que nós temos que avaliar e discutir esse processo, mas essa é uma posição muito baseada em análises. E a aula remota está na nossa pauta porque nós vivemos num contexto de imprevisibilidade”, afirmou.

O encontro foi realizado um dia após uma portaria do Ministério da Educação (MEC), publicada na última quarta-feira (17), prorrogar para até 31 de dezembro a autorização para que as universidades possam substituir as disciplinas presenciais por atividades remotas. O evento contou ainda com a participação dos reitores da UFRPE, da UPE e da Univasf. Não há, no entanto, uma definição sobre o tema.

Procuradas pela Folha de Pernambuco, a UFPE, UFRPE e UPE informaram que estão planejando como se dará o calendário acadêmico até o fim deste ano. A assessoria de comunicação de UFPE disse que realiza um levantamento sobre a estruturas dos cursos, além do perfil dos estudantes que poderão participar das aulas on-line. Uma das dúvidas a serem checadas diz respeito à quantidade de alunos que cada turma deverá ter para que os encontros virtuais sejam viáveis.


Por meio de nota, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) informou que também deu início à discussão interna para elaboração de uma proposta em relação ao funcionamento futuro da instituição, criando grupos de trabalho com professores, técnicos e alunos. Também foi criado um conjunto de e-mails para o envio de sugestões. Já a Universidade de Pernambuco (UPE) disse, também por nota, que está em período de planejamento em cada unidade, pensando em “todas as possibilidades”, e que não há previsão de volta às atividades presenciais.

Particulares
Embora tenham adotado o ensino remoto desde março, universidades privadas ainda não sabem a partir de quando poderão retomar as atividades presenciais. A Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) afirmou, por nota, que, depois de um semestre em regime remoto, está avaliando a experiência, vendo novas possibilidades e, apenas na segunda semana de julho, se pronunciará sobre a retomada gradual no segundo semestre. A Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire) também está fazendo um planejamento sobre isso e aguarda os protocolos do Governo do Estado. Já a Faculdade Damas informou que a portaria é recente e está discutindo a questão.

Com Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Brasil doente e confuso



Ninguém imaginava que a sociedades se desgovernasse com tanta intensidade.A queda de Dilma favoreceu ao crescimento das intrigas políticas e mostrou o desequilíbrios geral. Lula preso, as manobras de Cunha, Moro segurando a fama, fizeram o drama que se avolumava. Apareceu Jair com sua agressividade e surpreendeu. Ganhou as eleições, prometeu limpeza geral, nem tocou nos seus projetos milicianos., se diverte. Sua agenda é banal e seu ministério vive no abismo.

Há fanáticos. Jair agradou aos cínicos, soltou o verbo e preparou seu poder com ajuda do gabinete do ódio.A mediocridade se instalou garantindo absurdos. As instituições se abalaram com dizeres articulados para causar turbulências. Um delírio que dói para quem luta pela dignidade. O estrago é imenso. Jair se tornou um mito diante das ingenuidades de uns ou da perversidade de outros. Um museu de horrores se espalha, com desmatamentos, racismos, hienas caprichosas,fascismos disparados.

O Brasil adoece, treme, tem as cores de um juízo final. A pandemia arrasta medos, fabrica desejos malignos, conta com a belicosidade que invade as ruas. Falta estrutura, morrem milhares de pessoas, os desmantelos se sucedem. Esperam-se reações, porém as vacilações são visíveis. Abrem-se ambiguidades cotidianas. Os militares tentam se firmar, criam ameaças, enquanto a corrupção prossegue com disfarces medonhos. As mudanças transformam ou não existem? A estrada da incerteza fixa sua rota.

Quem sonhava com outras histórias, se intimida. A figura de Jair lembra psicopatias, profundamente desordenadas, cheias de pesadelos. Agridem sem sentimento de culpa. Ele possui o eco da destruição seguido por parceiros nada simpáticos. Há protestos internacionais. A sociedade se assombra, desenha saídas. A milícia não retrocede, a doença agiganta-se com as informações da imprensa. O Brasil se perde, escorrega, diante de grupos políticos violentos.


Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE