terça-feira, 17 de setembro de 2019

O agrotóxico que matou 50 milhões de abelhas em Santa Catarina em um só mês




abelhas mortasDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionNeste ano foram registradas mortes de abelhas causadas por agrotóxicos em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e São Paulo
Uma investigação em Santa Catarina revelou que cerca de 50 milhões de abelhas morreram envenenadas por agrotóxicos em janeiro deste ano.
Os testes - pagos com recursos do Ministério Público estadual - mostraram que a principal causa foi o uso do inseticida fipronil, usado em lavouras de soja na região.
A substância foi proibida em países como Vietnã, Uruguai e África do Sul após pesquisas comprovarem que ela é letal para as abelhas.
Santa Catarina é o maior exportador de mel do Brasil e tem 99% de sua produção certificada como orgânica. Os produtores temem que a mortandade gere dúvidas sobre a qualidade do mel catarinense e abale seus negócios.
Ao inspecionar seus apiários, em janeiro, produtores do Planalto Norte catarinense - região onde as florestas nativas vêm perdendo espaço para o eucalipto - encontraram as abelhas dizimadas.
Entre os dias 22 e 31 de janeiro, a Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), órgão do governo do Estado, coletou amostras de abelhas mortas nas duas cidades mais afetadas, Major Vieira e Rio Negrinho, e as enviou ao Ministério Público. As amostras também foram mandadas a um laboratório em Piracicaba (SP).
Os exames encontraram três agrotóxicos: o fungicida trifloxistrobina, o inseticida triflumuron, ambos fabricados pela Bayer, e, em maior quantidade, o inseticida fipronil, da Basf.
As duas empresas afirmam que seus produtos, se utilizados conforme as orientações, são seguros para o meio ambiente.
A Cidasc não responsabilizou nenhum produtor e considerou que a contaminação foi acidental.
"O impacto desses agrotóxicos é que eles são letais para as abelhas, agem diretamente no sistema nervoso central. As que não morrem durante o voo retornam adoecidas e contaminam toda a colmeia", explica o agrônomo Rubens Onofre Nodari, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Os três agrotóxicos encontrados no laudo são classificados pelo Ministério da Saúde como classe dois, que significa "altamente tóxico". A classificação varia de um, "extremamente tóxico", a quatro, "pouco tóxico". Apesar disso, o Brasil os libera para uso em lavouras.
"O Brasil anda em marcha à ré em comparação ao resto do mundo. Substâncias que provocam mortes em animais e pessoas continuam no mercado. Sem contar que, somente neste ano, de janeiro a agosto, foram liberados 290 novos agrotóxicos. 40% desses venenos são proibidos em outros países", diz a promotora Greicia Malheiros, que preside o Fórum de Combate aos Agrotóxicos e Transgênicos, órgão integrado por 80 instituições públicas e privadas.
Nos últimos três anos, foram liberados 1.587 agrotóxicos no país. De acordo com a Anvisa, 40% dessas substâncias estão classificadas como extremamente ou altamente tóxicas.
De 1990 até 2016, o consumo nacional de agrotóxicos cresceu em 770%, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), sendo que a área agrícola do país cresceu somente 48%.

Floração da soja

O fipronil é bastante utilizado nas lavouras para matar insetos como o bicudo e costuma ser pulverizado por aviões monomotores, o que é proibido. Ele também é aplicado na terra, antes do plantio, e nas sementes.
Segundo a Cidasc, os venenos foram pulverizados durante o período de floração da soja, quando há uma recomendação para que os produtores utilizem o bom senso e não envenenem as flores, pois haverá visita de polinizadores. Não há proibição ao uso, entretanto.
O professor Nodari, da UFSC, diz que as primeiras abelhas a morrer são as "operárias mais experientes que saem de manhã para vasculhar o território e procurar flores".
"Quando encontram néctar, elas voltam para a colmeia e com uma dança comunicam a direção e a distância das flores. A flor de soja não é a preferida das abelhas, mas, com o desmatamento e a monocultura, elas têm cada vez menos opções", disse.

Quase meio bilhão de mortes

Segundo a Repórter Brasil e a Agência Pública, o fipronil e neonicotinoides (inseticidas derivados de nicotina) foram responsáveis pela morte de 400 milhões de abelhas no Rio Grande do Sul, 45 milhões no Mato Grosso do Sul e 7 milhões em São Paulo entre o Natal de 2018 e fevereiro deste ano.
Os laudos foram feitos pelas secretarias de Agricultura dos Estados com apoio de universidades. Os estudos mostraram que 80% das abelhas mortas tinham essas substâncias no organismo.
"A questão pode ser ainda mais preocupante se considerarmos que, nesse cálculo de quase meio bilhão de abelhas mortas no Brasil em um curto período de três meses, as abelhas silvestres sequer entraram na conta", disse o professor Nodari.
avião agrotóxicoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPulverização de agrotóxicos por aviões pode afetar abelhas que habitem florestas vizinhas às plantações

Sumiço das abelhas

Outro fenômeno que tem preocupado biólogos no Brasil e no exterior é o desaparecimento de abelhas operárias, que deixam para trás a colônia e sua rainha com muitas crias famintas.
O sumiço tem vários nomes populares, como doença de maio, colapso de outono e síndrome do ácaro vampiro.
Nos EUA, pesquisadores o chamam de CCD (Colony Collapse Disorder), uma desordem no sistema de navegação das abelhas provocada por agrotóxicos, que faz com que elas se percam.
Os EUA têm amplas pesquisas sobre o assunto, porque perderam 50% das abelhas em meio século, o que tem relação direta com o fibronil e os neonicotinoides.
No Brasil, o CCD foi registrado pela primeira vez na região de Altinópolis (SP) entre agosto e setembro de 2008. A região tem intensa produção de cana-de-açúcar com uso de neonicotinoides e fipronil.

Mel contaminado

De acordo com a Faasc (Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina), a mortandade atingiu mais de 200 apicultores, cujo mel é quase todo exportado para Alemanha e Estados Unidos. Apenas 10% da produção ficam no Brasil.
O secretário adjunto de Agricultura e Pesca de Santa Catarina, Ricardo Miotto, afirma que o mel contaminado foi jogado fora e representa um percentual pequeno da produção catarinense. "Temos 9,7 mil produtores e 315 mil colmeias em produção. As 50 milhões de abelhas afetadas corresponderiam a 1%", disse.
O presidente da Faasc, Ênio Cesconetto, afirmou que os produtores têm receio de que esse episódio possa repercutir e cancelar o registro do mel como orgânico, o que afetaria as exportações. Santa Catarina está negociando para exportar mel para o Canadá.
"Não podemos correr o risco de exportar mel contaminado", disse Cesconetto. Anualmente, são produzidas oito mil toneladas de mel em Santa Catarina.
"Este episódio não afeta o mercado do mel catarinense, que é considerado um dos melhores do mundo, visto que a quantidade não representa impacto na produção estadual, porém expõe a problemática da utilização indiscriminada e feita de forma incorreta de agrotóxicos", diz Ivanir Cella, chefe da divisão de estudos apícolas da Epagri, vice-presidente da Confederação Brasileira de Apicultura e Meliponicultura e vice-presidente da Federação das Associações de apicultores e meliponicultores de Santa Catarina.
Em 2011, 30% das colmeias de Santa Catarina foram perdidas. Na época, porém, o motivo foi a proliferação de doenças causadas por fungos.

Queda na produção agrícola

Mortes de abelhas, principais polinizadoras da natureza, não afetam somente a cadeia do mel, diz o agrônomo Rubens Onofre Nodari, da UFSC.
"Sem a polinização das abelhas, a produção agrícola sofreria uma redução dramática, num diagnóstico conservador de 30% a 40%, mas há correntes de pesquisadores que falam em 73%, o que poderia gerar, inclusive, guerras por alimentos", disse.
Ainda não houve pesquisas sobre a redução na produção agrícola de Santa Catarina por causa da mortandade de abelhas. Mas sabe-se que, sem elas, não haveria maçãs — importante cultura da região serrana, responsável pela segunda maior produção do país.
Em Sichuan, na China, as abelhas desapareceram. A polinização é feita por trabalhadores, os "homens-abelhas". Eles sobem em árvores com uma pena de pássaro cheia de pólen para tocar as flores uma por vez.
O desaparecimento das abelhas na região, ocorrido há cerca de 20 anos, se deveu ao uso excessivo de agrotóxicos do tipo neonicotinoides.
Segundo o projeto Polinizadores do Brasil, 30% do valor anual da produção agrícola no nosso país dependem de polinizadores. Caso o serviço de polinização fosse pago, custaria em torno de US$ 12 bilhões por ano.
aplicação de agrotóxicosDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA partir de 2020, Santa Catarina vai taxar agrotóxicos vendidos no Estado

Fipronil entrou no Brasil em 1994

De acordo com Dayson Castilhos, doutor pelo Departamento de Ciências Animais da Universidade Federal Rural do Semi-Árido com pesquisa sobre desaparecimento e morte de abelhas no Brasil, o fipronil foi descoberto em 1987 e comercializado a partir de 1993. No Brasil, conforme o Ministério do Meio Ambiente, foi regulamentado em 1994.
"Inicialmente se pretendia que o fipronil fosse mais um herbicida, característica da família dos azóis, mas se mostrou um potente inseticida", disse o pesquisador.
Castilhou diz que o fipronil causa hiperexcitação neuronal nas abelhas, produzindo descargas elétricas que levam à paralisia e exaustão celular dos insetos.
Ele diz que a substância é altamente tóxica aos insetos em mínimas quantidades. "Processo semelhante ocorre com os neonicotinoides, a nova geração de agrotóxicos sintéticos", disse.
Diante da comprovação dos malefícios do fipronil, o governo do Estado negocia internamente duas propostas que deverão ser incluídas no plano de gestão até o fim do ano.
A primeira é limitar o uso do fipronil a sementes - o que pode fazer de Santa Catarina o primeiro Estado do Brasil a restringir o uso do produto.
Outra medida seria exigir dos agrônomos que prescrevam uso de fipronil informação sobre a geolocalização das lavouras, para que fique no banco de dados do Estado. Se a plantação estiver próxima a colmeias, será emitido um alerta para que técnicos da Cidasc monitorem as abelhas.

Taxação de agrotóxicos

O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, eleito pelo PSL com 71% dos votos, surpreendeu a todos por ir em sentido contrário ao do presidente Jair Bolsonaro e criar uma medida provisória para tributação escalonada de agrotóxicos.
A medida passará a valer em janeiro do ano que vem. Produtos altamente e extremamente tóxicos passarão a ser tributados em 17%, conforme a alíquota do ICMS.
Produtos moderadamente tóxicos terão carga tributária equivalente a 12%. Produtos pouco tóxicos, 7%. Improváveis de causar dano agudo, 4,8%, e bioinsumos terão isenção.
A Tributação Verde, como foi batizada, é inédita no país e pretende incentivar uma agricultura saudável em Santa Catarina.
"A tributação não é ideológica, não serve para agradar direita ou esquerda. É uma questão de segurança alimentar e saúde pública. Não é lógico que o governo incentive, onerando de tributos, produtos que comprovadamente causam danos às pessoas e ao meio ambiente", disse o governador.

Pesquisas internacionais

Em 2012, o World Conservation Congress lançou a resolução 127, que denunciava os neonicotinoides, o fipronil e outros inseticidas sistêmicos como prováveis causadores do CCD. Em 2013, a União Europeia baniu temporariamente os neonicotinoides clotianidina, imidaclopride e tiametoxam.
Em abril de 2015, a revista Science publicou um estudo da Escola de Saúde pública de Harvard, segundo o qual esses agrotóxicos são absorvidos pelas raízes e folhas e distribuídos por toda a planta, incluindo seu pólen e néctar.
A tese foi reiterada inúmeras vezes. Cientistas da Universidade de Sussex, no Reino Unido, também estudaram efeitos dos pesticidas quando a União Europeia baniu três neonicotinoides. Eles concluíram que, além dos danos às abelhas, esses venenos podem estar ligados ao declínio das borboletas, pássaros, de insetos aquáticos e possivelmente de morcegos.

Ineficiência Brasileira

O rastreamento dos resíduos no solo, na água e no ar é extremamente limitado no Brasil e não há nenhuma informação pública que traga um diagnóstico realista sobre os impactos ambientais causados por inseticidas.
O secretário de Santa Catarina, Ricardo Miotto confirma a falta de informações.
"Não sabemos a quantidade de fipronil necessária para matar as abelhas, se a morte é repentina ou em longo prazo e se afeta mais animais. Não temos pesquisas", disse.
No entanto, há no Brasil um esforço para o levantamento de dados. Um exemplo é o Bee Alert, a primeira plataforma de identificação por geolocalização das ocorrências de desaparecimento e morte de abelhas.
Os dados coletados são fornecidos por apicultores, meliponicultores e pela comunidade científica, numa atividade colaborativa.
Entre 2014 e 2017 foram monitoradas mortes de 770 milhões de abelhas em 18 Estados brasileiros. Como nem todos os apicultores utilizam a plataforma, a projeção é que tenham morrido um bilhão e meio de abelhas nesse período.
Em parceria com a Universidade Federal Rural do Semi-Árido, foram coletadas amostras e em 67% dos casos houve envenenamento por agrotóxicos, sendo que, das amostras envenenadas, 92% tinham fipronil do organismo.

Bayer e Basf dizem que produtos são seguros

"A utilização de produtos de proteção de cultivos não prejudicará as abelhas se forem aplicados corretamente e de acordo com as instruções do rótulo", diz a Bayer.
A empresa também informou que "ensina como o trabalhador rural pode agir quando encontrar uma colmeia na fazenda e como manejá-la a outro ambiente". A Bayer diz que investe há mais de 25 anos em estudos e projetos que contribuam para a saúde das abelhas, e possui um centro dedicado exclusivamente às pesquisas, o Bee Care Center.
Já a Basf, detentora da patente do princípio ativo fipronil, diz ter um "compromisso com o gerenciamento responsável e ético de todos os seus produtos, desde a descoberta do ingrediente ativo, passando pela distribuição, uso, descarte e reciclagem".
"O inseticida fipronil é altamente eficiente em baixas dosagens e está registrado em mais de 70 países para o uso em cerca de 100 cultivos, sendo uma ferramenta importante para a agricultura, tratamento de sementes em culturas especializadas e controle de pragas em residências e empresas".
Segundo a Basf, diversas empresas fabricam e comercializam produtos à base de fipronil. "Se utilizados seguindo as boas práticas agrícolas e as recomendações da Basf na bula, entre elas a não aplicação foliar do inseticida, os produtos aprovados com o ingrediente ativo fipronil são seguros para os seres humanos e meio ambiente, incluindo os polinizadores".
No Brasil, a Basf comercializa o fipronil em diversos produtos como o Regent 800WG, Standak, Blitz NA, Klap, Termidor 25 CE, Goliath Gel, Blitz Casa e Jardim e Tuit Florestal.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Fórum Nordeste busca descentralizar debate e lançar olhar sobre energias limpas


Buscando aprofundar os debates, ouvir lideranças e alargar o conhecimento sobre os desafios do setor energético, o Fórum Nordeste chega a mais uma edição em 2019. Importante evento do setor produtivo bioenergético, a 11ª edição busca descentralizar a discussão e lançar um olhar sobre as energias limpas.

O ciclo de palestras e debates, realizado pelo Grupo EQM, será realizado nesta segunda-feira (16), no Arcádia Paço Alfândega, no Bairro do Recife, área central da capital pernambucana. O Fórum terá o patrocínio da Celpe, BNB e Copergás. O apoio será do Tereos, Marsh, Governo de Pernambuco, Prefeitura do Recife, Koblitz e a recém-formada Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia.
O Fórum trará palestras para discutir o futuro do setor sucroenergético. Representantes da iniciativa privada e pública, especialistas e autoridades dos bioenergéticos e de combustíveis participarão. Além dos especialistas do setor, o Fórum Nordeste recebe também a presença de políticos, como o senador Fernando Bezerra Coelho, o governador Paulo Câmara, o prefeito do Recife Geraldo Julio, e o presidente do Sindaçúcar-PE Renato Cunha.

O presidente do Grupo EQM, Eduardo Monteiro fez um discurso de abertura saudando todos os convidados, e a importância do evento em um período que marca o início da Safra. "Eu sou saudoso das representações que estão aqui, agradeço a presença dos políticos do estado e de fora, pessoas que jamais nos faltaram na promoção desse Fórum. É um assunto importante que temos sempre que promover, é um orgulho vermos as empresas em ação, moendo e gerando emprego", destacou EQM.
Governador Paulo Câmara participa do Fórum Nordeste 2019
Governador Paulo Câmara participa do Fórum Nordeste 2019 - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
O governador Paulo Câmara destacou que o Estado já está começando a retomar com vigor o ciclo de investimentos. "Sei da necessidade de trabalhar e planejar com a agenda do futuro"', disse, ressaltando que os investimentos em energias limpas e desenvolvimento sustentável fazem parte das prioridades do Estado.

Câmara ainda citou a importância do Fórum, e que o uso das energias limpas é um fator a ser considerado por todos os governos. "São assuntos importantes, assuntos estratégicos. O Brasil assumiu metas audaciosas ao assinar o Acordo de Paris. Estamos comprometidos em mudar a agenda do futuro, é notório que estamos passando por tempos difíceis, estamos trabalhando para atender todos os segmentos. Investir em energias limpas pode ser um fator para incentivar uma garantia de qualidade de vida, emprego, renda. É no Nordeste que temos as melhores condições, e estamos buscando meios para que a região tenha um desempenho ainda melhor. Investir no biocombustível pode representar bom desempenho em um setor fundamental que gera muito emprego e renda, que tem um impacto positivo", disse.
Diretor-geral da ANP, Décio Oddone
Diretor-geral da ANP, Décio Oddone - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
Ministrada pelo diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e biocombustíveis, Décio Oddone, a primeira palestra do Fórum Nordeste 2019 apresenta desafios do setor de petróleo e gás do Brasil e o reposicionamento da Petrobras, além de ações de política energética e regulação.

Décio destacou o papel do Renovabio, e a atuação do governo federal para buscar a abertura de novos comércios no exterior. O diretor da ANP reforçou também o cenário atual do abastecimento de combustíveis, destacando o recente ataque a um centro de indústria petrolífera da Arábia Saudita, no Oriente Médio, e que traz impactos no preço da gasolina nas bombas de combustíveis devido à forma que o Brasil trata o ICMS.
Hélvio Guerra fala sobre ações do governo no setor do petróleo
Hélvio Guerra fala sobre ações do governo no setor do petróleo - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
O Secretário-Adjunto de Planejamento e Desenvolvimento do Ministério de Minas e Energia, Hélvio Guerra, realiza a segunda palestra do dia, falando sobre o planejamento do setor Elétrico para a próxima década no Brasil. Hélvio traçou um panorama atual do segmento no País, apontando as características, a composição e a evolução da capacidade instalada.

O palestrante ainda destacou que no dia 10 dezembro o Governo Federal irá lançar um novo Plano Nacional de Energia, estimulando a utilização de outros tipos de energia. Além disso, Hélvio apresentou números do setor de energia, e apontou que o Brasil também importa energia a partir da Usina de Itaipu.
Gerente de Assuntos Governamentais Luiz Paulo Heimpel fala sobre investimentos em irrigação e incrementos na produtividade
Gerente de Assuntos Governamentais Luiz Paulo Heimpel fala sobre investimentos em irrigação e incrementos na produtividade - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
Apresentada pelo Gerente de Assuntos Governamentais e Gerente Comercial Nordeste da Netafim Amanco, Luiz Paulo Heimpel, a terceira palestra do Fórum Nordeste 2019 abordou pontos sobre os investimentos em irrigação e as melhorias na produtividade da cana-de-açúcar. Luiz, apresentou em sua palestra a eficiência de métodos utilizados para um sistema de irrigação, fazendo com que a safra da cana tenha um bom desempenho. O gerente apresentou sistemas como o de Gotejamento, que traz uma melhor irrigação, e destacou a questão climática como um impacto negativo para a produtividade e eficiência da cultura.

Fórum NE: Visão estratégica do setor de açúcar e etanol. Palestrante: Plínio Nastari
Consultor da Datagro e membro do Conselho Nacional de Política Energética, Plínio Nastari - Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

O consultor da Datagro e membro do Conselho Nacional de Política Energética, Plínio Nastari, deu início a palestra sobre as estratégias para o setor de açúcar e o renovabio. Entre os pontos destacados por Plínio, está o modelo de desenvolvimento do setor agrícola no Brasil e no mundo. Além disso, o consultor trouxe números mostrando que, somente em 2018, foram produzidos 5,35 bilhões de litros de Biodiesel. 

Perspectivas para o mercado de Bioqav. Palestrante: Donizete Tokarski (Diretor superintendente da Ubrabio).
Donizete Tokarski, diretor Superintendente da Ubrabio - Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Donizete Tokarski, diretor Superintendente da Ubrabio, ressaltou as perspectivas para o mercado de Bioquerosene no Brasil. O diretor ressaltou sobre o benefício no uso do bioquerosene nas aeronaves. “As empresas áreas terão obrigação de usar o biocombustível como uma forma mais limpa de combustível”, detalha Tokarski. Além disto, Takarsi destacou a transição energética como opção à sociedade e Governos
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Estudante da UFPE implanta energia solar em escolas do Haiti


Lucas participou de projeto que mudou a realidade dos estudantes em Durissy. Foto: UFPE/Divulgação
Lucas participou de projeto que mudou a realidade dos estudantes em Durissy. Foto: UFPE/Divulgação
O estudante Lucas Fontes Correia Alves, do curso de Engenharia de Energia da Universidade Federal de Pernambuco, participou da implantação de um sistema de energia solar em um complexo escolar na comunidade de Durissy, situada na área rural de Petit-Goâve, a 75 km da capital Porto Príncipe. Ele fez parte de um grupo de 14 voluntários da organização sem fins lucrativos Twende Solar, de Portland, nos Estados Unidos.

A escola tem mais de 400 estudantes entre 6 e 17 anos, alguns dos quauis caminham até duas horas para chegar ao local. Foram instalados 80 módulos fotovoltaicos, com capacidade para gerar 3.000 kW/h por mês e permitir o funcionamento de lâmpadas e ventiladores. “A comunidade abraçou mesmo a gente: mesmo estando de férias, as crianças iam observar nosso trabalho”, afirma.

Lucas explica que já tinha interesse em empreendedorismo social e em energias renováveis quando soube do processo seletivo para o voluntariado no Haiti. “Aprendi muito e a experiência agregou demais tanto na parte social quanto na técnica”, comemora. Ele também é membro da organização global de estudantes Enactus, que promove projetos de impacto social.

“Estamos muito orgulhosos de estarmos formando não só engenheiros, mas empreendedores e pessoas. Temos a certeza de que ele colocou em prática tudo o que aprendeu no curso e que trouxe na bagagem experiências inesquecíveis”, afirmou a professora Mariana Brayner, vice-coordenadora de Engenharia de Energia. “Esperamos que o exemplo do Lucas seja seguido por vários outros estudantes”.

A Twende Solar realiza dois a três projetos por ano também em países como Guatemala, Peru, Tanzânia e Nicarágua. Os voluntários, além do trabalho, colaboram arrecadando fundos para cada projeto e a organização também busca parcerias locais para viabilizar a instalação. No último dia, foi realizada uma atividade educacional sobre a importância da energia sustentável para a qualidade de vida e a preservação do meio ambiente. (Com informações da UFPE).
DP
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 15 de setembro de 2019

Bacurau: somos histórias


A história é uma tatuagem. Talvez, sim. Mas é perigoso se fixar no singular. A multiplicidade dos traços indica que na tatuagem existem tatuagens que não são vistas. É um sentimento? É uma adivinhação? Ser um só é pouco para complexidade que nos cerca. Somos histórias, somos tatuagens, somos pretensões, somos imensamente inacabados. Tudo isso é um desafio que ultrapassa a mesquinhez narcísica da imaginação solitária diante do imaginário coletivo anônimo. Assim, a sociedade cria suas invenções e espalha seus desejos culturais. Mas a busca não se encerra. Bacurau penetra no passado, lembra as permanências, traz a tecnologia ousada, a morte mais sangrenta. Pede decifrações, nunca definitivas, nem enjauladas num texto ou numa profecia dogmatizada.
As esfinges são fugidias. Surgem as interpretações muitas vezes conflitantes. Será que a violência é moradia do social? Será que o visível não apenas é um disfarce? Se tudo possui significados o que fazer para conhecer o mundo e transformá-lo? O filme traduz concepções que não dispensam as repetições de desenganos e desigualdades. Parece que não há alternativas. Os territórios abrigam invasores ferozes, inimigos de diálogos, portadores da morte, amigo da sede dos outros, do inferno de algum ou de todos os tempos que vivemos.
O pecado se encontra na esquina. Não é estrangeiro, porém fala línguas de ódio. Quer consolidar culpas. se ausentar da tolerância, ensinar a eliminar o outro sem nenhuma cerimônia. A necrofilia se faz presente, confunde as teses dualistas. A pulsão de morte se apronta, se mostra nas cores, nos gestos, nas armas, nos buracos da secura. Alguém dúvida da realidades dos cenários, alguém levou o medo para longe ou é preciso ter medo para que haja mudança? O filme diz que o lugar comum é uma tolice que frequenta cada vida e exige o deslocamento dos tempos, sem ordens fabricadas, com sustos e impactos. A fantasia está na geometria do corpo.
Bacurau lança sínteses históricas, visita perdões não resolvidos, entra na porta da nossa casa. As histórias não são sossegos encomendados. Inexistimos sem narrativas. O difícil é encontrar o começo ou se desviar das armadilhas. A arte se apresenta, então, como uma transcendência que celebra a beleza e a simultaneidade. Deus morreu, não questiono Nietzsche. No entanto, a produção das almas e das incertezas sempre desfaz a possibilidade do ponto final. Interiorizo. A narrativa está na tela com as inseguranças que me tornam passageiro da mundo. Sou cigano e refugiado, por mais que me resuma na intimidade das palavras. Elas também são imagens atordoadas. A travessia da aridez faz o riso tímido do vagabundo de Chaplin me desenhar a forma e o tamanho do meu circo.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Mundo:Por que o controle do vale do Jordão é chave para o conflito entre Israel e Palestina


Homem brigam, um deles fortemente armado, em meio a bandeiras da Palestina e outrosDireito de imagemEMPICS
Image captionA soberania do vale do Jordão é um dos pontos de maior desacordo nas negociações de paz entre palestinos e israelenses
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, agitou ainda mais o conflito entre seu país e os palestinos com sua mais recente e controversa promessa eleitoral: anexar o vale do Jordão.
A menos de uma semana das eleições, no dia 17/9, o primeiro-ministro fez uma oferta que parece buscar o voto dos setores mais conservadores de seu país. O pleito ocorrerá porque Netanyahu, eleito em abril deste ano, não conseguiu montar uma coalização com maioria no Parlamento para poder formar um governo.
"Se eu receber de vocês, cidadãos de Israel, um mandato claro para fazê-lo, anuncio que minha intenção é, com a formação do novo governo, aplicar a soberania de Israel sobre o vale do Jordão e o norte do mar Morto", disse Netanyahu.
A promessa, anunciada na televisão, foi condenada por diversos envolvidos, como a Organização das Nações Unidas (ONU), países árabes, palestinos e adversários políticos em Israel.
Netanyahu fala ao microfone mostrando mapaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO primeiro-ministro israelense anunciou seus planos em discurso na TV

Por que esta área é chave no conflito entre israelenses e palestinos?

Israel capturou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental, Gaza e as Colinas de Golã na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Jerusalém Oriental foi anexada a Israel em 1980 e as Colinas de Golã, em 1981. Nenhum desses movimentos foi reconhecido internacionalmente por décadas.
Em 2017, no entanto, o governo Donald Trump contrariou políticas anteriores dos EUA em relação aos territórios e reconheceu as duas anexações.
Em avanço dessa política, Netanyahu passou a defender que Israel tem uma "grande oportunidade" diante do vale do Jordão.
"É uma oportunidade histórica e única de aplicar a soberania de Israel em nossos assentamentos... E em outros lugares importantes para nossa segurança, patrimônio e futuro."
O domínio da Cisjordânia tem sido o coração do conflito palestino-israelense. Israel construiu ali 140 assentamentos que são considerados ilegais sob o direito internacional - o país nega qualquer ilegalidade.
O vale em questão vai da cidade israelense de Beit Shean (90 km ao norte de Jerusalém) até o extremo norte do mar Morto, cobrindo cerca de 2.400 km², quase um terço da Cisjordânia.
Trata-se de uma terra fértil que faz fronteira com a Jordânia. Vivem ali cerca de 53 mil palestinos e 12,8 mil colonos judeus, segundo a ONG israelense anti-ocupação Paz Agora.
Vale do Jordão, com suas formações montanhosas e árvoresDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionIsrael se recusa a deixar o vale do Jordão alegando razões de segurança
Jericó é a principal cidade palestina da região, que tem pouco menos de 30 localidades menores e algumas comunidades beduínas.
Atualmente, os palestinos estão proibidos de entrar ou usar aproximadamente 85% do território, de acordo com o grupo israelense de direitos humanos B'Tselem.
"Isso ocorre porque a maior parte do território foi designada como 'Área C' sob os acordos de paz de Oslo de 1993, o que significa que está sob controle total de Israel", lembra Barbara Plett-Usher, correspondente da BBC no Oriente Médio.
Embora o acordo tenha sido assinado em 1993, desde 1967 o Vale do Jordão permanece sob o controle das tropas israelenses, que se recusam a deixar o território alegando questões de segurança.
"Controlar o vale do Jordão sempre foi fundamental para Israel. A fronteira entre Israel e a Jordânia é uma espécie de porta para o resto dos países do Oriente Médio", disse à BBC News James Sorene, analista do Centro de Comunicações e Pesquisa de Israel no Reino Unido.
"Nas últimas negociações de paz, o vale foi um ponto de desacordo, já que Israel pretendia permanecer lá por pelo menos meia década e os palestinos queriam reduzir esse tempo. Manter o controle militar é um requisito mínimo de Israel nas negociações", diz ele.
A área da Cisjordânia e do vale do Jordão, de acordo com o analista, também tem muito significado para os judeus ortodoxos porque parte de sua herança histórica transcorreu nela.

Campanha eleitoral

As eleições de 17 de setembro serão as segundas do ano, já que em abril Netanyahu não teve apoio parlamentar suficiente para formar um governo.
Nas pesquisas de intenção de voto, o Likud (partido) de Netanyahu aparece, como em abril, em disputa acirrada com a coalizão centrista Azul e Branco.
Os críticos de Netanyahu veem a proposta sobre o vale do Jordão como uma tentativa de obter votos mais à direita.
Yair Lapid, da Azul e Branco, criticou o primeiro-ministro dizendo que "ele não deseja anexar territórios, e sim votos". "É um truque eleitoral e nem mesmo particularmente exitoso, porque a mentira é clara demais", completou.
Sorene endossa a leitura de que o projeto para o vale do Jordão seja uma oportunidade eleitoral.
"Anexar o vale do Jordão e outros assentamentos israelenses na Cisjordânia são promessas da campanha. Ele (Netanyahu) fala de soberania, mas seu discurso é bastante ambíguo e não explicita como as coisas seriam feitas", diz o analista.
"Se ele vencer as eleições, essa promessa terá um longo caminho até ser realizada", diz ele. Sorene acrescenta que, se concretizada, "as implicações seriam muito graves porque violariam qualquer acordo bilateral anterior".
Esse plano também pode quebrar acordos de cooperação de que Netanyahu precisa para combater o grupo islâmico palestino Hamas, aponta o analista.
Netanhayu e Trump apertam as mãosDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionDonald Trump desviou da posição tradicional dos Estados Unidos e reconheceu a soberania de Israel sobre toda Jerusalém e as Colinas de Golã

Retaliação internacional

Diversos atores da comunidade internacional condenaram as declarações de Netanyahu.
Um porta-voz da ONU disse que a anexação "não teria efeito legal em nível internacional".
A Liga Árabe, uma organização que inclui 22 Estados, descreveu os planos de Netanyahu como "perigosos" e considerou que eles "torpedeariam" os fundamentos da paz.
Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, alertou que a anexação poderia "levar toda a área à violência" e seu colega na Turquia, Meylut Cayusoglu, disse que a intenção era "racista" e "agressiva" no contexto pré-eleitoral.
O primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina, Mohammad Shtayyeh, havia declarado em um comunicado antes do anúncio sobre o vale do Jordão que o presidente de Israel era um "destruidor do processo de paz".
Palavras ecoadas pela deputada palestina Hanan Ashrawi, que disse à agência de notícias AFP que a promessa de Netanyahu "não apenas destrói a solução dos dois Estados, mas também qualquer oportunidade de paz."

Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 14 de setembro de 2019

Pedra do Navio: Prefeitos de Bom Jardim não investem no desenvolvimento do turismo



Imaginem o parque da Pedra do Navio ser transformado em um complexo turístico com ampliação de sua área territorial, substituição da escada atual por uma escada moderna, segura, confortável, Implantar um sistema moderno de iluminação, retirada de pichações da pedra, construir estacionamento para receber 100 veículos, construir um CAT(central de atendimento ao turista), lojas para venda de artesanato, lembranças e produtos locais. Criar quiosques, dotar o entorno da Pedra do Navio de jardinagem e paisagismo moderno, quadra esportiva, auditório para atividades culturais, piscinas, arena ao ar livre  para shows, construir  sanitários, parque de diversão, área para ecoturismo e restauração da "estrada do Guede. Essa projeto de requalificação, ampliação e mudanças da atual infraestrutural da Pedra do Navio foram elaboradas e entregues ao prefeito Miguel Barbosa, a pasta da  administração e a equipe de engenharia para fazer o projeto técnico. 

A ideia não saiu do desenho que se apresenta acima. Fazer o desenho foi importante para que o prefeito e os demais membros da equipe do governo municipal tivessem uma melhor compreensão do projeto a ser concluído, levado adiante na busca dos recursos junto aos demais entes federativos.  Esta mesma ilustração acima também foi apresentada ao representante do Ministério Público local por ocasião de uma audiência pública. 

A implantação do Projeto Complexo Turístico da Pedra do Navio será essencial para o desenvolvimento econômico, cultural e turístico de Bom Jardim e região. A ideia embrionário foi proposta pelo ex-secretário de Turismo, Cultura e Esportes do Bom Jardim, Professor Edgar S. Santos, na gestão do ex-prefeito Miguel Barbosa.

Mesmo certificada, a equipe de engenharia do município e a administração, ao que parece, não desenvolveu o projeto técnico, não deu continuidade ao esboço do projeto junto ao Ministério do Turismo via  Plataforma do Siconv. A ideia não foi levada adiante por quais motivos? Oposição dentro da própria equipe, ciúmes, falta  de vontade política de alguns membros da gestão. Qual terá sido o motivo para não ir adiante? Será que a atual gestão tem interesse em levar adiante a ideia?

Bom Jardim tem potencial turístico, cultural, histórico e ambiental. É lamentável que falte vontade política de quem governa o município para promover ações no sentido de concretizar este e outros  empreendimentos essenciais, que  geram emprego, renda, lazer, riqueza  e qualidade de vida aos munícipes.
Foto:Dronel
Professor Edgar Bom Jardim - PE