terça-feira, 28 de maio de 2019

4 fatores que mostram o que há de errado com a economia brasileira

Em 1º de janeiro, quando o presidente Jair Bolsonaro tomou posse, muita gente estava com receio de que o mandatário não seria capaz de unir o país.
Mas um setor foi praticamente unânime em elogiar sua ascensão ao poder: o empresariado.
Na campanha eleitoral, o então candidato a presidente chegou a alardear que não entendia nada sobre economia.
Uma vez no poder, delegou todas as decisões sobre o assunto ao economista e empresário Paulo Guedes, que se tornou um "superministro" da Economia.
A missão de salvar a economia brasileira, à beira de mais uma recessão, era urgente. A economia continua no mesmo nível em que estava em 2014

Os mercados ficaram entusiasmados com as perspectivas de reformas liberais que estavam por vir.
Mas as esperanças logo começaram a desmoronar. Uma série de erros do governo - disputas políticas internas, a tentativa desajeitada de intervenção do Estado na política de combustíveis e a falta de liderança no Congresso - dificultaram as perspectivas de crescimento.
A maioria dos analistas reduziu pela metade suas expectativas de crescimento para o Brasil e agora acredita que até 2020 não haverá crescimento significativo.
Confira abaixo alguns dos principais índices que sugerem que a economia brasileira não está avançando.

1. Não há recuperação econômica à vista

Na década anterior, o Brasil era enaltecido (juntamente com a Rússia, Índia, China e África do Sul) como uma das potências do Brics - economias emergentes com taxas super altas de crescimento que ultrapassariam as economias desenvolvidas até 2050.
O desempenho econômico desta década, no entanto, indica que o Brasil não pertence a essa categoria.
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Uma recessão paralisante de dois anos em 2015 e 2016 fez a economia contrair quase 7%.
A recuperação tem sido lenta. Em 2017 e 2018, a economia cresceu a um ritmo de 1,1% ao ano.
E as notícias negativas não param por aí: desde o começo do ano, os economistas reduziram pela metade suas expectativas de crescimento econômico para 2019, a uma taxa não muito diferente da observada nos últimos dois anos.
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2. O problema do desemprego não está sendo resolvido

Quem paga o preço são os trabalhadores brasileiros.
O número de desempregados aumentou de 7,6 milhões em 2012 para 13,4 milhões neste ano.
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Para Bolsonaro, estes números subestimam, na verdade, a imagem real. Ele acredita que a situação é pior.
Os dados oficiais de desemprego mostram que 28,3 milhões de pessoas estão subutilizadas - o que significa que não estão trabalhando ou estão trabalhando menos do que poderiam.
Há menos pessoas com empregos formais, enquanto os salários mal conseguem acompanhar a inflação - que tem um impacto violento. Desde o início da recessão no Brasil há quatro anos, os preços subiram 25%.

3. A moeda e a bolsa frustraram as expectativas pós-eleitorais

Durante grande parte da campanha, o real se recuperou fortemente quando ficou claro que Bolsonaro venceria a eleição.
Foi um sinal claro de confiança dos investidores no exterior.
Uma pesquisa da Bloomberg, realizada no fim do ano passado com os principais estrategistas internacionais, colocou o Brasil no topo da lista das melhores apostas em três categorias: câmbio, títulos e ações.
Após quase cinco meses, as perspectivas agora são sombrias.
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Tanto a bolsa de valores quanto a moeda - que geralmente antecipam o ritmo da economia real - se encontram perto do mesmo nível em que estavam no início deste ano.
A bolsa de valores atingiu uma alta histórica em março, mas perdeu a maior parte de seus ganhos após resultados corporativos decepcionantes.

4. Ainda atolado em dívidas

Mas por que o Brasil está tão bagunçado?
O principal consenso entre analistas de mercado - e também entre integrantes do governo Bolsonaro - é que o país começou a gastar muito dinheiro por volta de 2013, durante a gestão da presidente Dilma Rousseff.
Desde então, um dos principais termômetros da economia brasileira tem sido o déficit fiscal - a quantidade de dinheiro gasto além das receitas do país.
Dilma foi alvo de processo de impeachment em meio a denúncias de que havia mascarado o déficit para esconder os gastos excessivos do seu governo.
Desde sua queda, todos os esforços do governo se concentraram em reduzir esse déficit fiscal.
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Alguns economistas dizem que o principal responsável é o sistema previdenciário, com os brasileiros se aposentando cedo demais (alguns com pouco mais de 50 anos) e com muitos benefícios (especialmente entre os funcionários públicos).
A reforma da Previdência proposta por Bolsonaro prevê cortes nas pensões e idade mínima de 65 anos para os homens e 62 anos para as mulheres se aposentarem.
Durante os anos de expansão, o Brasil tinha uma dívida que era 51% do tamanho da sua economia.
O crescente déficit fiscal elevou o nível da dívida para 77,1%.
O governo diz que, se nada for feito, a dívida do país será do tamanho de toda a sua economia até 2023.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Vídeo Gabriel Diniz em BOM JARDIM PE 02/02/2015 - Festa de São Sebastião


Vídeo  por Chico Pezão
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Gabriel Diniz morre e entristece legião de fãs no Nordeste


Cantor Gabriel Diniz
Cantor Gabriel DinizFoto: Divulgação
O cantor Gabriel Diniz, 28 anos, morreu em acidente de avião nesta segunda-feira (27), na cidade de Estância, no sul do Sergipe. Ele estava em uma aeronave monomotor, que caiu no litoral do estado com outras duas pessoas, que também faleceram. 

Diniz, cantor do hit 'Jenifer', havia fretado a aeronave, que decolou de Salvador/BA, após ele fazer um show em Feira de Santana/BA, no fim de semana. O corpo foi localizado em uma área de mangue.

Próximo ao local da queda aeronave, foram achados documentos pertencentes ao cantor. O avião que caiu era um Piper PA-28-180 Archer de matrícula PT-KLO. O músico queria ir para Maceió/AL comemorar o aniversário da noiva, a psicóloga alagoana Karoline Calheiros, que completou 25 anos nesse domingo (26). 
Produtora de Gabriel Diniz no Nordeste, a Luan Promoções, localizada no Recife, divulgou nota lamentando o falecimento. "Familiares, fãs, amigos e equipe estão todos muito abalados com esta triste notícia que pegou todos de surpresa nessa manhã, 27. Com muito pesar, confirmamos a morte do Gabriel Diniz e de todos tripulantes! O cantor estava em um bimotor que caiu no sul do estado de Sergipe no começo dessa tarde. Sua alegria estará para sempre em nossos corações! Não deixaremos perder a sua irreverência jamais, você conquistou uma nação com o seu trabalho e carisma! Estendemos nossos sentimentos também aos familiares dos outros tripulantes envolvidos!"

Gabriel Diniz viria a Pernambuco neste mês de junho - no dia 7, se apresentaria no São João de Caruaru, no Agreste do Estado; e, no dia 8, ele seria uma das atrações do São João da Capitá, no Classic Hall, em Olinda, no limite com Recife.

Veja abaixo apresentação de Gabriel Diniz em Feira de Santana:



Leia também:
Aeronave de Gabriel Diniz cai em praia de Sergipe; há mortos


Gabriel Diniz nasceu em 10 de outubro de 1990 em Campo Grande/MS. Com "Jenifer", GD, como era conhecido, despontou como hit do Carnaval 2019 e alcançou o auge da sua carreira.

Com Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Eles não sabem o que querem!?

Eles não sabem o que querem!?
Também não gosto dos caras, mas mandar pra forca é um pouco exagerado. 

Anderson Santos Joga os 3 no lixo , e reforça nas luvas, pra não haver contaminação,com os nossos guerreiros lixeiros.

Gilberto Junior Soares Olha o naipe da turma que apoia o Bolsonaro. Misericórdia,são incapazes de escrever a palavra FORÇA corretamente. .

Júlie Suisso Ancelmé Montagem muito mal feita, hem... Ai ai...kkkk.

Jose Alves de Suosa O corte de verbas na educação está dando resultados.

Fonte: facebook.com/cirogomessincero/
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 26 de maio de 2019

Apoiadores de Bolsonaro não sabem o que fazem

Em Caruaru "grande" manifestação com ato falho da gota, será premonição?
João Ferreira De Souza Junior (facebook) Caruaru no face
Professor Edgar Bom Jardim - PE

PISTOLAGEM:Fazendeiros formaram milícia para atacar índios no Mato Grosso do Sul, diz MPF



Fazendeiros do Mato Grosso do Sul formaram uma milícia privada, que sequestrou e atirou com armas letais contra comunidades indígenas das etnias guarani-kaiowá e guarani-ñandeva. Essa é a conclusão de uma investigação de oito meses feita por uma força-tarefa do Ministério Público Federal que culminou em duas denúncias contra 12 pessoas por esses crimes nesta sexta-feira. A região é palco de um intenso conflito fundiário que coloca de lados opostos índios e proprietários rurais e causou a morte de ao menos um indígena por ano nos últimos dez anos, segundo a Procuradoria. A última delas na terça-feira, quando o indígena Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza foi assassinado.
De acordo com a força-tarefa Avá Guarani, instituída pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, jagunços foram contratados e financiados por proprietários rurais para "violentar e ameaçar as comunidades". A comprovação da atuação dos milicianos foi feita por meio de depoimentos de testemunhas, visitas aos locais dos ataques, fotos e vídeos. O órgão não divulgou os detalhes dos casos, nem quantos foram,porque a investigação corre em segredo de Justiça.
As 12 pessoas são acusadas dos crimes de formação de milícia privada, constrangimento ilegal, incêndio, sequestro e disparo de arma de fogo. Por ter o mesmo modus operandi dos crimes investigados pela força-tarefa, o assassinato de Souza, em Caarapó na última terça, também será monitorado pelo grupo de procuradores. O agente de saúde indígena morreu depois de fazendeiros atacarem indígenas que haviam ocupado a fazenda Yvu dois dias antes. Um vídeo feito pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) mostra o momento em que vários veículos chegaram à área. Os indígenas afirmam que os produtores chegaram atirando e usaram rojões para disfarçar o barulho. José Amando Cerqueira, irmão do dono da fazenda, diz que eles usavam apenas os fogos. 
Cinco indígenas ficaram feridos por tiros de arma de fogo, segundo o hospital que os atendeu. Josiel Benites, de 12 anos, e Jesus de Souza, de 29 anos, foram feridos no abdômen. Vaudilho Garcia, de 26 anos, no tórax. Lubésio Marques, de 43 anos, recebeu três tiros: um no ombro, um no tórax e outro no abdômen. E Norivaldo Mendes, de 28 anos, também foi atingido no tórax.
A fazenda Yvu faz parte de uma área de 55.590 hectares que está em processo de demarcação pelo Governo federal. Um estudo antropológico iniciado em 2007 mostrou que o local pertencia aos guarani, que começaram a ser expulsos da área em 1882 para dar lugar ao cultivo de erva mate. No início do século XX esse processo de expulsão foi intensificado, quando o Governo brasileiro começou a vender as terras para a implementação de fazendas. O problema é que muitos desses locais foram vendidos a proprietários rurais que possuem a titularidade das terras, criando um impasse. Quando identificada como Terra Indígena pelos estudos, o Governo federal tem que desapropriar a área, mas ele só pode indenizar os fazendeiros pelas benfeitorias feitas na terra, como imóveis, por exemplo. O valor do terreno não pode entrar na conta porque reconheceu-se que ele era dos índios antes de ser dos fazendeiros e, portanto, não pode ser comprado.
Diante do impasse, que dura décadas, os índios cansaram de esperar e começaram a realizar as chamadas "retomadas", expressão usada pelos indigenistas para definir a ocupação de uma área que já pertenceu a seus ancestrais. Entram nas fazendas e montam acampamentos improvisados. Muitas vezes, acabam sendo expulsos pelos próprios fazendeiros, muitas vezes com truculência.
O ataque ocorrido na Yvu é similar ao que aconteceu em outra fazenda do município de Antonio João, próximo da fronteira com o Paraguai. Semião Fernandes Vilhalva, um guarani-kaiowá de 24 anos, acabou assassinado com um tiro na cabeça depois que fazendeiros entraram no local para expulsar índios que faziam uma retomada. O Ministério Público Federal denuncia constantemente que mesmo com a intensificação dos conflitos a região é pouco policiada. O Ministério da Justiça não explicou, após questionamento do EL PAÍS, por que a área onde houve o ataque de terça-feira não estava sendo monitorada, já que estava em litígio havia mais de um dia. A Força Nacional foi enviada para o local depois da morte do agente de saúde indígena.
brasil.elpais.com/brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Charge: Manifestações em defesa do Governo Bolsonaro

Charge divulgada em 25 de maio de 2019. Pato Arrependido(Facebook)

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Jovem que morreu por causa de choque será sepultado neste domingo em Bom Jardim


Faleceu  na tarde desta sábado, dia 25 de maio de 2019, na cidade de Lagoa do Carro-PE, o jovem Ítalo Franco, solteiro, 22 anos de idade que  residia em Carpina. Seus familiares são de Bom Jardim. Sua morte foi provocada por choque elétrico. O corpo de Ítalo Franco virá do IML para ser velado na Igreja Batista de Bom Jardim. A família enlutada agradece o comparecimento e a solidariedade de todos amigos, igreja e parentes. O sepultamento deverá ocorrer às 17 horas (5 da tarde)deste domingo(26).

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 23 de maio de 2019

O peso das utopias revolucionárias



Resultado de imagem para revolução

As frustrações políticas trazem tensões. Busca-se inventar um messias ou se cai em populismos infantilizados.A sociedade vive momento de desequilíbrios dantescos. Não se estimula o diálogo, mas a intriga e a festa irresponsável nas redes sociais. Há perplexidades, pois não se discute o tamanho das mentiras. As palavras pesadas são utilizadas por governistas com administrações fragilizados. Espera-se por um milagre? O esvaziamento intelectual é grande ou fabricada para causar negatividade? Tudo isso desperta memórias. Muita gente se esquece das singularidades do nosso tempo. Acendem utopias, apagam autoritarismos do passado com se houvesse paraísos no juízo final..
Ninguém pode anular a importância das revoluções modernas. Movimentaram novas ideias, agitaram desejo de transformar valores, cortaram preconceitos. Não houve, porém, continuidades que afirmaram definições solidárias. Promessas de socialismo se burocratizaram. Amargamos totalitarismos violentos, enquanto se esperava a liberdade. Quem não se lembra das mortes nas guerras mundiais? Os imperialismo não se foram. Stalin ajudou, de forma clara, a derrotar o nazismo, porém a União Soviética conviveu com opressões epidêmicas. Portanto, sonhos se desfizeram e pessimismos se firmaram.
Hoje, o capitalismo se  amplia. arma-se de sofisticações, conta com anúncios de felicidades  promovidos pelos projetos de  parte da imprensa imprensa. Fala-se  numa reforma mágica, sem mostrar suas ligações  com a concentração da riqueza. A revolução ganhou o território da nostalgia. Na práticas as sociabilidades atuais terminam amassando qualquer mudança solidária. A sociedade das massas delirantes se inquieta nas promoções comerciais. Elegem o reino da mercadoria. O reforço ao individualismo está em todas as esquinas e desfaz articulações sociais. Passividades vestam comportamentos e escolhemos lideranças para nos proteger totalmente desconectadas.Tropeçamos, muitas vezes involuntariamente.
O limite está dado. Nunca a história passou por impasses tão drásticos, apesar da multiplicidade de invenções, das inúmeras descobertas científicas, das rebeldias que tentam furar as portas da desigualdade.Não é sem razão que o número de suicídios aumenta e as terapias alternativas se expandem e ampliam seus jogos de saberes. Mas há estragos que intimidam a coragem, soltam atmosferas nubladas, deprimem. Será que há destinos que nos  condenam a não fugir dos labirintos? A história precisa de navegar talvez, em turbulências, para alcançar outros tempos. o futuro não deixa de acenar com enigmas.Inquieta.

Paulo Rezende/ A astúcia de Ulisses

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 22 de maio de 2019

A vida dos negros na Alemanha nazista


foto de garota negra cercada por garotas brancas, usada em palestras sobre genética na Academia Estadual de Raça e Saúde em Dresden, Alemanha, 1936.Direito de imagemBIBLIOTECA DO CONGRESSO AMERICANO
Image captionFoi a partir de uma fotografia que a cineasta britânica se interessou em contar a história dos negros na Alemanha
A cineasta britânica-ganense Amma Asante se deparou, por acaso, com uma fotografia antiga, tirada na Alemanha nazista, de uma garota negra vestindo uniforme escolar. Diferentemente das colegas brancas que encaram a câmera, ela desvia o olhar.
A foto despertou a curiosidade de Asante, que quis saber mais sobre a garota.
A imagem a levou a escrever e dirigir o longa Where Hands Touch (Onde Mãos Tocam, em tradução livre), estrelado por Amandla Stenberg (Mentes Sombrias) e George MacKay (Capitão Fantástico), que está chegando aos cinemas na Europa.
O filme é um relato imaginário do relacionamento secreto de uma adolescente mestiça com um membro da Juventude Hitlerista, mas é baseado em registros históricos.
Durante o regime nazista, de 1933 a 1945, o número de alemães com origem africana vivendo no país chegou à casa dos milhares.
Ao longo do tempo, eles foram proibidos de se relacionar com pessoas brancas e impedidos de ter acesso a educação e a alguns tipos de trabalho. Alguns chegaram a ser esterilizados; outros foram levados a campos de concentração.

'Descrença e desconsideração'

A história desses alemães negros ou mestiços ainda é pouco conhecida. Asante levou quase 12 anos trabalhando no filme.
"Há uma espécie de descrença, de desconfiança e questionamento, uma tendência a dar pouca importância às vidas difíceis que essas pessoas levaram", disse ela à BBC, ao comentar a reação que observou de algumas pessoas quando falava sobre sua pesquisa para o filme.
Amandla StenbergDireito de imagemSPIRIT ENTERTAINMENT
Image captionA atriz Amandla Stenberg interpreta Leyna no filme 'Where Hands Touch'
A comunidade africana-alemã tem suas origens no curto período do Império Colonial Alemão que, entre 1883 e 1919, administrou territórios em diferentes continentes. Marinheiros, funcionários, estudantes ou pessoas do mundo do entretenimento de regiões que hoje constituem países como Camarões, Togo, Tanzânia, Ruanda, Burundi e Namíbia foram parar na Alemanha.
Quando a Primeira Guerra Mundial começou em 1914, essa população que antes era transitória se assentou na Alemanha, segundo o historiador Robbie Aitken. E alguns soldados africanos que lutaram pela Alemanha na guerra também se instalaram no país europeu.
Mas foi um segundo grupo cuja presença acabou alimentando o temor dos nazistas relacionado à miscigenação.
Como parte do tratado assinado depois da derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, as tropas francesas ocuparam a Renânia, no oeste da Alemanha. Para policiar essa área, a França usou pelo menos 20 mil soldados do seu império na África, principalmente do norte e oeste do continente africano. Alguns deles acabaram tendo relacionamentos com mulheres alemãs.

Caricaturas racistas

O termo pejorativo "bastardos da Renânia" foi cunhado na década de 1920 para se referir às cerca de 800 crianças mestiças, filhas de alemãs com os soldados de origem africana.
O termo estava diretamente ligado ao temor que muitos tinham da miscigenação, de por em risco a "pureza" da raça alemã. Histórias inventadas e caricaturas racistas de soldados africanos como predadores sexuais circulavam na época, alimentando o medo e o ódio ao "estranho".
recorte do jornalDireito de imagemROBBIE AITKEN
Image captionManchete do jornal Frankfurter Volksblatt em 1936: "600 bastardos"
Enquanto o antissemitismo ocupava um lugar de destaque no coração da ideologia nazista, o livro Mein Kampf, ou "Minha Luta", do líder do Partido Nazista Adolf Hitler, trazia uma linha ligando judeus a negros.
"Foram e são os judeus que estão trazendo os negros à Renânia sempre com os mesmos pensamentos secretos e objetivo claro de arruinar a odiada raça branca pela resultante 'bastardização'", escreveu Hitler na obra publicada em 1925 com suas ideias e crenças.
Uma vez no poder, a obsessão nazista com os judeus e a purificação da raça levou, gradualmente, ao Holocausto e ao extermínio de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, além do extermínio de ciganos, de pessoas com deficiências e de algumas etnias eslavas.
O historiador Robbie Aitken, que pesquisa a vida dos alemães negros, diz que esse grupo também foi perseguido, ainda que não da mesma forma sistemática dedicada à perseguição de judeus, por exemplo.
Aitken diz que os negros acabaram sendo assimilados pela "radicalização da política racial" dos nazistas.

'Me senti meio-humano'

Em 1935, foram aprovadas as Leis de Nuremberg (legislação antissemita promulgada pelo regime nazista) que proibiam, por exemplo, casamento entre alemães e judeus. Emendas estenderam a proibição, colocando negros e ciganos na mesma categoria dos judeus.
O medo da miscigenação persistiu e, em 1937, crianças mestiças da Renânia foram submetidas à esterilização forçada.
Heinrich HimmlerDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEm 1943, Heinrich Himmler queria um censo para contabilizar quantos negros e mestiços moravam na Alemanha
Estima-se que pelo menos 385 pessoas foram esterilizadas. Hans Hauck, filho de um soldado argelino e de uma alemã branca, é um deles. Ele deu um depoimento ao documentário Hitler's Forgotten Victims (As Vítimas Esquecidas de Hitler) de 1997.
Ele contou como foi levado, em segredo, para fazer uma vasectomia. Ganhou um certificado de esterilização que o permitia trabalhar. Hauck precisou também assinar um acordo declarando que não se casaria ou teria relações com pessoas "de sangue alemão".
"Era deprimente e opressivo", disse aos documentaristas. "Me sentia meio-humano", completou.
Outra vítima, Thomas Holzhauser, também declarou no documentário: "Às vezes, fico feliz por não ter tido filhos. Pelo menos os poupei da vergonha de viverem comigo".
Foram muito poucas as pessoas que falaram sobre sua experiência enquanto estavam vivas e "não houve muita tentativa de revelar o que eventualmente aconteceu com a maioria delas", diz o historiador, que é um dos poucos acadêmicos que se dedicaram ao tema.
"Vale a pena lembrar de que os nazistas também destruíram, de propósito, muitos documentos pertencentes aos campos e relacionados à esterilização, dificultando reconstruir o que aconteceu com grupos e indivíduos", explica Robbie Aitken.
Acredita-se que o homem à direita nesta foto do campo de concentração de Dachau seja Jean Voste, nascido no Congo, que foi o único prisioneiro negro no campo. Cortesia de Frank Manucci.Direito de imagemMUSEU DO HOLOCAUSTO DOS EUA
Image captionJean Voste (direita), teria nascido na colônia belga no Congo e seria o único prisioneiro negro do campo de concentração de Dachau
A cineasta Amma Asante, que também escreveu e dirigiu Belle (2013) e A United Kingdom (2016, lançado no Brasil sob o título Um Reino Unido), diz que muitas dessas pessoas sofreram crises de identidade. Eles tinham mães alemãs, se viam como alemães, mas foram isolados, jamais abraçados de forma plena pela sociedade alemã.
"As crianças estavam habitando dois lugares ao mesmo tempo. Dentro e fora", disse Asante.
Ainda que submetidos a experiências diferentes, negros e mestiços foram perseguidos na Alemanha comandada pelos nazistas.
A Alemanha da era colonial, especialmente a tentativa de genocídio dos povos herero e nama na Namíbia, já tinha reforçado uma visão negativa dos africanos na Alemanha.
Depois que Hitler assumiu o poder, negros passaram a ser assediados, humilhados em público, impedidos de trabalhar em certos empregos e de estudar.
Houve, contudo, alguma resistência. O mestiço Hilarius Gilges era um agitador comunista e antinazista. Ele foi sequestrado e assassinado em 1933.
Quando a Segunda Guerra começou, em 1939, negros e mestiços passaram a se precaver mais porque poderiam ser levados à esterilização ou prisão, ou até ser assassinados.

Tentando ser invisível

Era isso o que temia Theodor Wonja Michael. Filho de um camaronês e de uma alemã, ele nasceu em Berlim em 1925. Numa entrevista à rede alemã Deutsche Welle, em 1997, ele contou que cresceu aparecendo em exibições etnográficas itinerantes .
"Com grandes saias, bateria, dança e música - a ideia era que as pessoas se apresentassem como atrações de um mundo distante exótico", disse ele. "Basicamente, era apenas um grande show."
Quando os nazistas assumiram o poder, Wonja Michael sabia que tinha que ser "invisível", passar o mais despercebido possível, especialmente quando era adolescente. "Claro que com um rosto como o meu jamais poderia desaparecer completamente, mas tentei".
Ele conta que evitava qualquer tipo de contato com mulheres brancas. "Teria sido horrível, teria sido esterilizado e também poderia ter sido acusado de contaminação racial", disse Wonja Michael à Deutsche Welle.
Amma AsanteDireito de imagemPA
Image captionA cineasta britânica Amma Asante, de 49 anos, tem origem ganesa, e demorou 12 anos para levar aos cinemas a história dos negros na Alemanha nazista
Em 1942, Heinrich Himmler, considerado um dos arquitetos do Holocausto, determinou que fosse feito um estudo estatístico dos negros vivendo na Alemanha. Isso poderia indicar o início de um possível plano de extermínio - que nunca foi executado.
Há indício de que cerca de 20 negros alemães foram parar em campos de concentração na Alemanha.
"Pessoas simplesmente desapareceriam e não se sabe o que aconteceu com elas", afirmou Elizabeth Morton no documentário Hitler's Forgotten Victims. Os pais dela comandavam um grupo de entretenimento africano.
No filme Where Hands Touch, a cineasta britânica tenta jogar luz nessas histórias. Amma Asante, de 49 anos, tem origem ganense e diz sentir que o papel e a presença de pessoas da diáspora africana na Europa são sempre deixados de fora da história.
Ela afirma que o filme dela fará com que seja difícil negar que negros sofreram nas mãos dos nazistas. "Acho que tem muita ignorância e atualmente se subestima muito o que essas pessoas passaram", diz Asante.
Where Hands Touch está sendo exibido nos cinemas no Reino Unido e também pode ser visto em serviços de streaming.

Professor Edgar Bom Jardim - PE