quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Quem serão os eleitos nos Estados?


Candidatos a governo do 2º turnoDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionDisputa ainda está indefinida em 13 Estados e no Distrito Federal
Neste domingo, a maioria dos eleitores brasileiros terá de votar não apenas para eleger um novo presidente, mas também escolher seu governador.
A eleição para o cargo não foi definida no primeiro turno em 13 Estados e no Distrito Federal - entre eles, os três maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro - e, agora, os dois candidatos com o melhor desempenho em 7 de outubro seguem na disputa.
Ao todo, 92,4 milhões de eleitores, ou 62,75% do total, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), decidirão nas urnas o 2º turno dos governos estaduais.
Saiba a seguir onde isso ocorrerá e quem são os candidatos.

Amapá

O atual governador, Waldez Góes (PDT), tenta se reeleger na disputa contra o ex-governador João Capiberibe (PSB). Góes chegou à frente no primeiro turno com 33,55% dos votos válidos. Capiberibe teve 30,10%.
Os votos recebidos por Capiberibe chegaram a ser considerados nulos no dia da eleição após o Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) indeferir os registros de todos os candidatos do PT no Estado por falta de prestação de contas de seu diretório regional em 2015.
O PT fez uma coligação no Estado com o PSB de Capiberibe e havia indicado Marcos Roberto para vice na chapa. Após um recurso, o TSE validou a candidatura de Capiberibe, por entender que ele não havia cometido irregularidades, e condicionou sua participação no segundo turno à troca do vice - posto agora ocupado por Andreia Tolentino (PSB).
Góes, de 57 anos, foi deputado estadual pelo Amapá entre 1995 e 1999. Em 1996, concorreu à Prefeitura de Macapá, mas foi derrotado por Annibal Barcellos (PFL, sigla que deu lugar ao DEM). Tornou-se governador em 2002 e conseguiu um segundo mandato na eleição seguinte. Ele deixou o cargo em 2010 para concorrer a uma vaga ao Senado, mas não se elegeu.
Capiberibe, de 71 anos, foi prefeito de Macapá (1989-1992) e governador do Estado por dois mandatos seguidos (1995-2002). Renunciou ao cargo para concorrer ao Senado e se elegeu, mas teve o mandato cassado dois anos depois por compra de votos. Voltou ao Senado em 2011, cargo que ocupa até hoje.
Esta não é a primeira vez que os dois se enfrentam em uma eleição para o governo do Estado. Em 1998, Capiberibe, então governador, se reelegeu. Em 2006, foi a vez de Góes se reeleger.

Amazonas

Wilson Lima (PSC) e o atual governador Amazonino Mendes (PDT) disputam o segundo turno no Estado. O resultado do primeiro turno foi bastante apertado: Lima teve 33,73% dos votos válidos, e Mendes, 32,74%.
Lima, de 42 anos, é jornalista. Era apresentador da TV A Crítica, afiliada da Record, onde comandava o programa Alô Amazonas. Filiou-se ao PSC em março deste ano ano, após se desfiliar do PR em 2017, e concorre ao cargo de governador pela primeira vez. Nunca teve um mandato político.
Mendes, de 78 anos, tenta sua reeleição. Ele governa o Estado desde o ano passado, quando foi realizada uma eleição suplementar por conta da cassação do governador eleito em 2014, José Melo (PROS), e do seu vice, Henrique Oliveira (SD), por compra de votos.
Já foi senador pelo Amazonas (1991-1992), três vezes prefeito de Manaus (1983-1986, 1993-1994 e 2009-2012), e eleito governador do Estado três vezes (1987-1990, 1995-1998 e 1999-2002) antes do atual mandato.

Distrito Federal

O segundo turno é travado entre Ibaneis Rocha (MDB) e o atual governador Rodrigo Rollemberg (PSB).
Rocha terminou o primeiro turno com uma ampla vantagem sobre seu adversário ao obter 41,97% dos votos válidos, enquanto Rollemberg teve 13,94%.
Ibaneis, de 47 anos, é advogado e foi, entre 2013 e 2015, presidente da OAB-DF, onde atualmente é diretor do conselho federal e corregedor-geral da entidade. Filiou-se ao MDB no ano passado e concorre pela primeira vez a um cargo público.
Rollemberg, de 59 anos, é formado em História e foi deputado distrital por duas legislaturas (1995-1996 e 1999-2002), deputado federal (2007-2010) e senador (2011-2014). Em 2002, disputou o governo do Distrito Federal e ficou em quarto. Elegeu-se governador em 2014 no segundo turno, com 55,56% dos votos válidos.

Mato Grosso do Sul

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) tenta sua reeleição contra Odilon de Oliveira (PDT). Azambuja terminou o primeiro turno à frente, com 44,61% dos votos válidos, enquanto Oliveira teve 31,62%.
Azambuja, de 55 anos, é agropecuarista. Foi prefeito de Maracaju por dois mandatos seguidos (1997-2004). Em 2006, foi eleito deputado estadual e, em 2010, deputado federal. Elegeu-se governador no segundo turno em 2014, com 55,34% dos votos - foi a primeira vez que o PSDB assumiu o governo do Estado.
Oliveira, de 69 anos, é juiz federal aposentado e atuou na área criminal entre 1987 e 2017, ganhando fama por ter condenado integrantes do crime organizado e do narcotráfico, entre eles Fernandinho Beira-Mar. Filiou-se ao PDT no ano passado para disputar sua primeira eleição.

Minas Gerais

A disputa para governador do segundo maior colégio eleitoral do país será decidida entre Romeu Zema (Novo) e Antonio Anastasia (PSDB). Zema avançou em primeiro, com 42,73% dos votos válidos, enquanto Anastasia teve 29,06%.
Zema, de 53 anos, é empresário, dono do Grupo Zema, que atua no varejo, distribuição de combustíveis, concessionárias, locadoras de veículos e no setor de autopeças. Ele foi o único candidato a governador do Novo a ter êxito nas urnas. Zema afastou-se das atividades de sua companhia para disputar sua primeira eleição.
Anastasia, de 57 anos, é formado em Direito e fez carreira na administração pública. Foi eleito vice-governador de Minas Gerais na chapa com Aécio Neves (PSDB) em 2006 e tornou-se governador em 2010, quando o tucano renunciou para concorrer ao Senado. Foi reeleito e ficou no cargo até abril de 2014, quando se candidatou - com sucesso - ao Senado.

Pará

Helder Barbalho (MDB) e Marcio Miranda (DEM) disputam o segundo turno no Estado. Barbalho chegou perto de se eleger no primeiro turno, com 47,69% dos votos válidos, enquanto Miranda teve 30,21%.
Barbalho, de 39 anos, é filho do senador Jader Barbalho. Formado em Administração, foi vereador em Ananindeua (2001-2002) e deputado estadual (2003-2004). Em 2005, tornou-se prefeito de Ananindeua aos 25 anos e foi reeleito. Foi ministro da Pesca e Aquicultura, ministro-chefe da Secretaria de Nacional dos Portos e ministro da Integração Nacional. É a segunda vez que disputa o governo do Estado - em 2014, foi derrotado no segundo turno pelo atual governador, Simão Jatene (PSDB).
Miranda, de 61 anos, é médico e deputado estadual desde 2003, cargo que ocupa há quatro mandatos consecutivos - em 2012, ficou em segundo lugar na eleição para a Prefeitura de Castanhal, derrotado por Paulo Titan (MDB). É atualmente presidente da Assembleia Legislativa do Pará e tem o apoio de Jatene.

Rio de Janeiro

Wilson Witzel (PSC) e Eduardo Paes (DEM) disputam o segundo turno no terceiro maior colégio eleitoral do país. Witzel ficou em primeiro em 7 de outubro, com 41,28% dos votos válidos. Paes teve a segunda maior votação, com 19,56%.
Witzel, de 50 anos, nunca teve um mandato político. É fuzileiro naval reformado e foi juiz federal nas áreas criminal e civil por 17 anos, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Ele deixou a magistratura em março deste ano e se filiou ao PSC. Esta é a primeira eleição da qual participa.
Paes, de 49 anos, é formado em Direito e começou cedo na política. Foi eleito vereador do Rio de Janeiro aos 27 anos e ficou cargo por só um ano. Foi eleito deputado federal por dois mandatos seguidos (1999-2006) e prefeito do Rio em 2008. Reelegeu-se no primeiro turno quatro anos depois, com 64,60% dos votos.
Neste ano, migrou do MDB, do atual governador, Luiz Fernando Pezão, e do ex-governador Sérgio Cabral, hoje preso por crimes de corrupção, para o DEM para disputar pela segunda vez o cargo de governador - na primeira, em 2006, teve pouco mais de 5% dos votos.

Rio Grande do Norte

A senadora Fátima Bezerra (PDT) avançou para o segundo turno em primeiro lugar, com 46,17% dos votos válidos, e terá como adversário Carlos Eduardo Alves (PDT), que obteve 32,45%.
Bezerra, pedagoga de 63 anos, é a única petista e a única mulher ainda na disputa por um governo estadual. Filiada ao partido desde 1981, foi deputada estadual por dois mandatos seguidos (1995-1998 e 1999-2002).
Tornou-se deputada federal em 2003 e se reelegeu por duas vezes, até assumir como senadora em 2015. Por quatro vezes, disputou a Prefeitura de Natal, sem vencer.
Alves, de 59 anos, é formado em Direito. Elegeu-se deputado estadual em 1986 e permaneceu no cargo por quatro legislaturas. Em 2000, tornou-se vice-prefeito de Natal e assumiu a Prefeitura dois anos depois quando Wilma Faria (então filiada ao PSB, hoje no PTdoB) renunciou para disputar - e vencer - a eleição para governador.
Reelegeu-se em 2004. Voltou à Prefeitura em 2013 e permaneceu por dois mandatos, até abril deste ano, quando renunciou para disputar o governo. Esta é segunda vez que se candidata ao cargo - a primeira foi em 2010, quando ficou em terceiro lugar, com 10,37% dos votos.

Rio Grande do Sul

Os resultados de 7 de outubro levaram Eduardo Leite (PSDB) e o atual governador, José Ivo Sartori (MDB), para o segundo turno. Leite avançou em primeiro, com 35,90% dos votos válidos, mas uma pequena margem em relação ao seu adversário - Sartori recebeu 31,11%.
Formado em Direito, Leite, de 33 anos, é o mais jovem candidato a governador no segundo turno. Disputou sua primeira eleição aos 19 anos, quando se candidatou a vereador em Pelotas, e não se elegeu. Conquistaria o cargo na eleição seguinte. Em 2010, não se elegeu deputado federal.
Dois anos depois, venceu a disputa para a Prefeitura de Pelotas e exerceu seu mandato até 2016. Não tentou a reeleição, apoiando sua vice, Paula Mascarenhas, hoje prefeita da cidade. Leite é desde o ano passado presidente estadual do seu partido.
Sartori, de 70 anos, formou-se em Filosofia e foi professor antes de começar sua carreira política em 1977 como vereador em Caxias do Sul, já pelo MDB. Em 1983, tornou-se deputado estadual e se reelegeu quatro vezes consecutivas. Depois, tornou-se deputado federal (2003-2004).
Em 2005, após duas tentativas de ser prefeito de Caxias do Sul, em 1992 e 2000, conseguiu se eleger - e foi reeleito em 2008. Tornou-se governador em 2014 ao derrotar Tarso Genro (PT), então ocupante do cargo, no segundo turno com 61,21% dos votos válidos.

Rondônia

Expedito Junior (PSDB) recebeu 31,59% dos votos válidos no primeiro turno e disputará o segundo com Coronel Marcos Rocha (PSL), que teve 23,99%.
Junior, de 55 anos, é professor e começou na política ainda jovem, quando se elegeu vereador de Rolim de Moura (1984-1986) aos 21 anos. Foi deputado federal por três vezes (1987, 1995-1998 e 1999-2003). Em 2002, disputou uma vaga ao Senado, mas não se elegeu.
Em 2006, tornou-se senador pelo PPS, mas migrou para o PR logo em seguida. Teve seu mandato cassado pelo Supremo Tribunal Federal em 2009 por compra de votos e abuso de poder econômico. No mesmo ano, refiliou-se ao PSDB. Em 2014, disputou o cargo de governador e foi derrotado pelo então governador Confúcio Moura (MDB). Há sete anos, é presidente estadual do PSDB em Rondônia.
Rocha, de 50 anos, é formado em Administração e policial militar reformado. É o atual presidente estadual do PSL. Dirigiu uma escola militar na capital, Porto Velho, e foi secretário municipal de educação da cidade. Assumiu como secretário estadual de Justiça em 2014 e deixou o cargo para disputar sua primeira eleição.
Mulher vota em urna eletrônicaDireito de imagemABR
Image captionAo todo, 92,4 milhões de eleitores, ou 62,75% do total, voltarão às urnas para o 2º turno dos governos estaduais

Roraima

O segundo turno no Estado, que é o menor colégio eleitoral do país, está sendo travado entre Antonio Denarium (PSL) e José de Anchieta (PSDB). Denarium chegou em primeiro lugar no primeiro turno com 42,27% dos votos válidos, enquanto Anchieta obteve 38,78%.
Denarium, de 54 anos, é empresário, atuando principalmente no setor agropecuário. Nunca ocupou cargos públicos. Filiou-se ao PSL neste ano para disputar sua primeira eleição e assumiu a presidência estadual da legenda pouco depois.
Anchieta, de 53 anos, é engenheiro. Foi eleito vice-governador do Estado em 2006 e assumiu no ano seguinte quando o governador Ottomar Pinto morreu. Reelegeu-se em 2010 e chegou a ter seu mandato cassado pelo TRE-RR no ano seguinte sob a acusação de ter usado uma rádio do governo para fazer campanha, mas reverteu a decisão no TSE, que concluiu que o então governador não foi responsável pelo que foi veiculado.
Ainda em 2011, seu mandato foi cassado uma segunda vez pelo TRE-RR por gastos irregulares com despesas pessoais e pagamento de colaboradores de sua campanha, mas obteve uma liminar do TSE para permanecer no cargo.
Renunciou ao governo estudual em 2014 para disputar uma vaga ao Senado, sem sucesso - seu sucessor, Chico Rodrigues (PSB), teve o mandato cassado pelo TRE-RR no mesmo ano, por arrecadação e gastos ilícitos na campanha. Anchieta foi excluído do processo por já ter renunciado ao cargo à época do julgamento.

Santa Catarina

Gelson Merisio (PSD) e Carlos Moisés da Silva (PSL) disputam o segundo turno. Merisio avançou em primeiro lugar, com 31,12% dos votos válidos, enquanto Silva teve 29,72%.
Merisio, de 52 anos, é administrador de empresas. Aos 22, foi eleito vereador de Xanxerê. Tornou-se deputado estadual em 2006. Foi reeleito para as duas legislaturas seguintes - em ambas as ocasiões, como o mais votado. É o atual presidente estadual do PSD em Santa Catarina.
Mais conhecido como Comandante Moisés, o candidato do PSL tem 51 anos e fez carreira como bombeiro militar - hoje, é coronel da reserva. Filiou-se ao PSL neste ano e disputa sua primeira eleição.

São Paulo

Esta será a primeira vez em 16 anos que haverá segundo turno para governador no maior colégio eleitoral do país, que tem 33 milhões de eleitores. O último foi em 2002, entre Geraldo Alckmin (PSDB) e José Genoíno (PT), com a vitória de Alckmin.
João Doria (PSDB) teve 31,77% dos votos válidos no primeiro turno e disputa com o atual governador Márcio França (PSB), que obteve 21,53%.
Doria, de 60 anos, era prefeito de São Paulo até abril deste ano, quando deixou o cargo após 15 meses de mandato para concorrer pela primeira vez ao Executivo paulista. A eleição na capital foi a primeira da sua carreira - ele havia atuado só como empresário e jornalista até então, e se licenciou do Grupo Doria para entrar na política.
França, de 55 anos, foi eleito vice-governador em 2014 e assumiu o governo quando Geraldo Alckmin (PSDB) se afastou para disputar a Presidência. Ele fez sua carreira política em São Vicente, no litoral do Estado, onde se elegeu vereador (1989-1996) e prefeito (1997-2004), em ambos por dois mandatos seguidos. Também já foi deputado federal (2007-2010).

Sergipe

O atual governador, Belivaldo Chagas (PSD), e Antônio Carlos Valadares Filho (PSB) disputam o segundo turno no Estado. No primeiro, Chagas ficou à frente, com 40,84% dos votos válidos. Filho teve 21,49%.
Chagas, de 58 anos, é defensor público aposentado. Foi deputado estadual por quatro legislaturas consecutivas (1990-2006). Foi eleito vice-governador em 2006, na chapa com Marcelo Déda (PT), e em 2014, na chapa de Jackson Barreto (MDB). Assumiu o governo em abril deste ano quando Barreto renunciou para se candidatar ao Senado - ele ficou em quarto e não se elegeu.
Filho, de 38 anos, é formado em administração e presidente estadual do PSB. Elegeu-se deputado federal em 2006 e exerce o cargo há três mandatos consecutivos. Disputou a Prefeitura de Aracaju em 2012 - quando foi derrotado por João Alves Filho (DEM) no primeiro turno - e em 2016 - perdeu no segundo turno para Edvaldo Nogueira (PCdoB).
Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Miriam Leitão: Bolsonaro pode transformar o Brasil na Venezuela de Chávez. O povo quer Haddad, o mais confiável


Jornal GGN - A jornalista Miriam Leitão publicou artigo em O Globo, nesta terça (23), alertando que a eleição de Jair Bolsonaro pode significar o "início de um processo de cerco à democracia, que na Venezuela do coronel Hugo Chávez começou pelo enfraquecimento do Judiciário."
 
A jornalista escreveu que, além do filho ter ameaçado fechar o Supremo Tribunal Federal caso a vitória do PSL seja contestada, Bolsonaro "sempre foi associado ao pouco apreço às instituições democráticas."
 
Segundo Miriam, o PT, "merecidamente", sempre foi associado ao "risco Venezuela", mas por outro motivo: o partido poupava críticas e até elogiava quando Chávez prometeu, depois de eleito, fazer uma "revolução socialista" no País.
 
Bolsonaro, por sua vez, também já elogiou Chávez no passado, mas por motivo oposto: porque o ditador usou apoio de parte das Forças Armadas para tentar um golpe de Estado.
 
"Hugo Chávez tentou um golpe no estilo clássico, em fevereiro de 1992. Alegava ser contra a corrupção. Conseguiu o apoio de uma parte das Forças Armadas, mas fracassou. E esse Chávez é que recebeu elogios de Jair Bolsonaro. O coronel foi preso, indultado, mas, em 1998, chegou ao Miraflores pelo voto, dizendo que faria uma revolução socialista. E foi esse Chávez que recebeu o apoio do PT."
 
Miriam anotou que "não existe ditadura do bem" e que o medo, com Bolsonaro, não é de um golpe aberto como aconteceu no Brasil dos anos 1960, mas de ver os pilares da democracia serem minados por um governo "populista e autoritário". A ditadura seria por aproximação dos ideais autoritários.
 
"A inaceitável fala do deputado Eduardo Bolsonaro não surge do nada. Ela reflete o ambiente político no qual seu pai sempre esteve imerso, de defesa do regime militar. Era ele atrás do pai, repetindo em mímica, o nome do torturador homenageado durante o voto do impeachment. Essa é a sua formação", comentou.
Leia a coluna completa aqui.


Fonte:jornalggn.com.br/ /o globo/carta
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Educação:Só 2,1% dos alunos carentes no Brasil aprendem o nível aceitável em Ciências, diz OCDE


Menino escreve com lápis em folhaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionIndicador coloca Brasil abaixo de países como Colômbia, Costa Rica e Romênia
Apenas 2,1% dos alunos carentes no Brasil conseguem atingir o nível de bons conhecimentos em Ciências, Matemática e Leitura, segundo um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) publicado nesta terça-feira.
Entre os países da OCDE, a maioria ricos, 25% dos estudantes desfavorecidos obtêm um bom nível de conhecimentos nas três áreas, segundo o estudo Igualdade na Educação: Derrubando Barreiras à Mobilidade Social.
A estatística se refere ao percentual de alunos que atingiram o nível três ou acima, entre os seis existentes, do teste Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), realizado pela OCDE com alunos de 15 anos.
Os níveis de competência evoluem em função do grau de dificuldade das perguntas do teste.
A OCDE considera que o desempenho abaixo do nível 2 - de conhecimentos rudimentares e com poucas análises e interpretações - representa dificuldades escolares e também, no futuro, problemas no mercado de trabalho e de evolução social.
Com apenas 2,1% de alunos carentes que conseguem atingir pelo menos o nível 3 do Pisa, o resultado do Brasil é um dos piores nesta questão social entre os cerca de 70 países do estudo.
Quadro negro com fórmulas, vidros com experimentos e canetas representam disciplinas de ciênciasDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEstudo avaliou níveis de conhecimento em Ciências, Matemática e Leitura
O Brasil fica atrás de países como Colômbia, Costa Rica, Geórgia, Romênia e Trinidade e Tobago.
O resultado brasileiro supera apenas o do Peru, Argélia, Indonésia, Jordânia, Kosovo, Líbano, Tunísia e Macedônia.
Em Hong Kong (China), 53,2% dos alunos desfavorecidos atingiram o nível 3 do Pisa. No Japão, o número é de 40,6% e, na Finlândia, 39,5%.

Desempenho ruim em Ciências, Matemática e Leitura

No último PISA, realizado em 2015, apenas 2,2% dos estudantes brasileiros em geral conseguiram atingir os níveis 5 e 6 do teste, com elementos e argumentações mais complexos. E 44,1% ficaram abaixo do nível 2.
O país está entre os últimos na classificação internacional nas três áreas avaliadas (Ciências, Matemática e Leitura).
"No Brasil, o número de alunos em geral que obtém melhores desempenhos no Pisa é baixo", ressalta Pauline Givord, analista da equipe do programa internacional da OCDE, se referindo ao também baixo total de estudantes desfavorecidos com nível de bons conhecimentos.
Ao mesmo tempo, 11,2% dos alunos carentes no Brasil na faixa de 15 anos estão entre os melhores resultados em ciências, em nível nacional.
Segundo a OCDE, as desigualdades escolares já são visíveis a partir de dez anos de idade.
O relatório divulgado nesta terça-feira destaca uma forte relação entre o perfil socioeconômico da escola e os resultados dos alunos.
"Os que frequentam escolas com mais vantagens têm melhores resultados nas provas do Pisa", diz a organização.
Vultos de alunos circulando entre portas, escadas e corredores de uma escolaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionRelatório destaca forte relação entre o perfil socioeconômico da escola e o desempenho dos alunos

Diferença reduzida

O estudo também revela que o Brasil conseguiu reduzir, entre 2006 e 2015, a diferença de performance entre alunos desfavorecidos e os demais nas provas de Ciências do Pisa. O mesmo ocorreu com a leitura entre 2000 e 2015.
Em 2006, quase 17% da variação de performance em Ciências dos estudantes brasileiros estava relacionada ao status econômico-social, de acordo com a OCDE.
Em 2015, esse percentual caiu para 12,5%, sem que houvesse, no entanto, queda no desempenho geral em Ciências, ou seja, que os demais tivessem obtido resultados piores.
Houve até uma leve melhora no resultado geral do Brasil, que passou de 390 pontos na disciplina em 2006 para 401 pontos em 2015.
No último Pisa, que deu destaque para a área de Ciências, os estudantes carentes totalizaram, na média, 368 pontos na disciplina. Os mais favorecidos atingiram 450 pontos.
Para a OCDE, é "fundamental" desenvolver a pré-escola, permitindo acesso cedo à escolarização, principalmente no caso de crianças carentes, "para favorecer a aquisição de aptidões sociais e emocionais indispensáveis na continuidade do percurso escolar".
A organização também recomenda que os governos direcionem recursos focados para os alunos e escolas de áreas desfavorecidas, além de reduzir a concentração de estudantes de famílias de baixa renda nos mesmos estabelecimentos de ensino.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Entidades repudiam declaração de Eduardo Bolsonaro sobre o STF


(foto: Agencia Camara)
  ((foto: Agencia Camara)
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(foto: Agencia Camara)
Apesar da retratação pelas redes sociais, as declarações em tom jocoso do deputado Eduardo Bolsonaro, de que pretendia “fechar o Supremo Tribunal Federal (STF)” - em caso de impugnação da candidatura de seu pai, o presidenciável Jair Bolsonaro - e para tal bastaria “um soldado e um cabo”, foram repudiadas por membros do Judiciário, Ministério Público e sociedade civil. 

Em nota, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, afirmou que a Corte é uma instituição centenária e essencial ao Estado democrático de direito. “Não há democracia sem um Poder Judiciário independente e autônomo. O país conta com instituições sólidas e todas as autoridades devem respeitar a Constituição. Atacar o Poder Judiciário é atacar a democracia”, reiterou Toffoli, sem citar o nome do parlamentar.

Da mesma forma, o ministro Alexandre de Moraes, durante um evento, lamentou que “ainda tenhamos que ouvir tanta asneira de um representante público”, qualificou a frase como “débil” e “inacreditável” e sugeriu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) a investigue. “Estas afirmações merecem por parte da PGR imediata abertura de investigação porque, em pese se deva analisar o contexto da declaração, isso é crime da Lei de Segurança Nacional, artigo 23 inciso III, incitar a animosidade entre as Forças Armadas e instituições civis. Isso é crime previsto na Lei de Segurança Nacional”, afirmou.

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Celso de Mello, em carta enviada aos jornais Folha de S.Paulo e O Globo, considerou "inconsequente e golpista" a declaração do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL).
Em nota conjunta, OAB, Anamatra, CNBB, ANPT, Sinait, Abrat e Fenaj, independentemente de “cores partidárias ou correntes ideológicas”, aproveitou a oportunidade para criticar todo o processo eleitoral de 2018, e reiterar “o peremptório repúdio a toda manifestação de ódio, violência, intolerância, preconceito e desprezo aos direitos humanos”, sob qualquer pretexto, contra indivíduos ou grupos sociais, “qualquer incitação política, proposta legislativa ou de governo que venha a tolerá-las ou incentivá-las”. Para o juiz Guilherme Feliciano, presidente da Anamatra, “ataques às instituições e discursos que desrespeitem as instituições não podem ser tolerados”. A maior preocupação do procurador Angelo Farias da Costa, presidente da ANPT, é com “o cenário de intolerância e de ódio, de desrespeito à democracia e de agressões físicas e verbais”. “Os candidatos querem que a Constituição se adéque aos seus respectivos programas, e não o contrário”, disse Costa. 

“As instituições são tão importantes na democracia quanto o voto da população, E a democracia, para ser sólidad, as instituições não podem ser atacada. As declarações do deputado, nesse sentido, são, no mínimo, desastradas”, assinalou reforçou José Robalinho, presidente da Associação Nacional dos Procardores da República (ANPR). Cláudio Lamachia, presidente nacional da OAB, salientou que o grande desafio do Brasil é a preservação dos valores da democracia e da República. “A separação entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário é condição para a existência do Estado de Direito. A atuação da OAB é sempre contrária às investidas contra a Constituição e qualquer fala que pregue o fechamento do STF é um atentado à democracia. A lei não tem partido nem ideologia, ela serve para todos, para a esquerda e para a direita”.

O presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe) Fenando Mendes, salienta, por meio de nota, que, em qualquer contexto, espera que candidatos e seus apoiadores tenham uma postura equilibrada, democrática e institucional. “Não há caminho possível fora da ordem constitucional. Os magistrados e magistradas federais irão cobrar, de forma intransigente, a defesa dos preceitos consagrados em nossa Constituição Federal, de qualquer um que venha a ser eleito para comandar o país”. O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) também emitiu nota repelindo com veemência as “declarações estapafúrdias” do deputado federal Eduardo Bolsonaro. 

No documento, o IAB destaca que, “neste momento, em que se apregoam ameaças às instituições democráticas do país, estará ao lado de todos os democratas na defesa dos valores constitucionais”. O documento, assinado pela presidente Rita Cortez, destaca, ainda que, nos seus 175 anos de existência, o IAB sempre foi porta-voz das aspirações libertárias e dos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos brasileiros. “Durante a ditadura militar, implantada com o golpe de 1964, o Instituto manteve posições firmes e corajosas de combate ao rompimento da ordem institucional”, acentuou.

STJ

Em uma linha de análise menos crítica, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, minimizou as declarações de Eduardo Bolsonaro. Segundo Noronha, a fala foi "superestimada" e em nenhum momento sentiu tom de ameaça na declaração. 
 
Noronha se aproximou da declaração da ministra Rosa Weber, que além de integrar o STF é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda no domingo à noite, Rosa ressaltou que o vídeo foi desautorizado por Bolsonaro e que as insituições brasileiras estão "funcionando normalmente". "E juiz algum que honra a toga se deixa abalar por qualquer manifestação que pode ser compreendida como inadequada", acrescentou a ministra.  
Diario de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Começou a entrevista de Fernando Haddad no Roda Viva da TV Cultura



O Roda Viva desta segunda-feira 22 de outubro 2018 entrevista o candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad.
Acesse aqui: https://www.facebook.com/rodaviva/videos/865474837176750/
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 20 de outubro de 2018

Política:No novo Brasil do Bolsonaro, o império midiático do bilionário Edir Macedo é usado para investigar e tentar intimidar jornalistas – inclusive The Intercept


O pastor evangélico bilionário Edir Macedo é projetado em uma tela exibida do lado de fora de uma réplica do Templo de Salomão durante sua cerimônia de inauguração em São Paulo, Brasil, em 31 de julho de 2014. (Photo: Paulo Fridman/Bloomberg/Getty Images)
Billionaire Edir Macedo, owner and chairman of Rede Record de Televisao Angola Lda, is projected on a screen displayed outside a replica of Solomon's Temple during its inauguration ceremony in Sao Paulo, Brazil, on Thursday, July 31, 2014. Billionaire Edir Macedo's temple spans two city blocks and cost 680 million reais ($300 million) to erect. Macedo's net worth has grown to $1.5 billion since he bought the Record TV network in 1989 with a $45 million interest-free loan from the Universal Church of the Kingdom of God, which he founded, according to the Bloomberg Billionaires Index. Photographer: Paulo Fridman/Bloomberg via Getty Images
do The Intercept


A PROVÁVEL ASCENSÃO ao poder do extremista de direita Jair Bolsonaro já está gerando um clima no qual jornalistas que criticam a ele, ou ao seu movimento, – incluindo jornalistas que reportam para o Intercept – estão sendo expostos a uma campanha agressiva de investigações pessoais, tentativas de intimidações e escrutínios perniciosas de membros de nossas famílias.
Esses ataques estão sendo orquestrados pelos meios de comunicação de propriedade do pastor evangélico bilionário e afogado em escândalos, Edir Macedo, que agora é um defensor explícito de Bolsonaro. O vasto império de mídia de Macedo – que inclui a segunda maior emissora de TV do país (Record), portais online (R7) e outras agências de notícias – está sendo usado para punir e retaliar jornalistas pelo crime de denunciar criticamente Jair Bolsonaro, seu movimento e as empresas de Macedo.
No sábado passado, o Intercept publicou uma denúncia sobre como jornalistas dentro do R7, um enorme portal on-line de propriedade de Macedo, são “reféns” de sua agenda, impedidos de publicar matérias negativas sobre Bolsonaro e completamente forçados a sacrificar sua integridade jornalística a serviço da agenda política extremista de Macedo. O artigo, escrito por Leandro Demori para o Intercept, baseado em relatos de jornalistas anônimos desesperados do R7, viralizou, tornando-se rapidamente um dos nossos artigos mais lidos esse ano. Na quinta-feira, após a reportagem, a chefe de redação de longa data do principal programa de notícias da TV Record, Luciana Barcellos, pediu demissão.
Ao longo de 2017 e 2018, o Intercept publicou algumas das reportagens críticas ao movimento Bolsonaro mais agressivas e mais lidas do país. O Intercept vem reportando criticamente sobre Bolsonaro há muito tempo. Em 2014, publicamos um artigo chamando-o de o “político eleito mais misógino e odioso do mundo democrático”. No final do ano passado, Bolsonaro, no Twitter, usou um epíteto para LGBTs para me atacar como uma bicha depois que eu o descrevi como um fascista.
Desde a publicação, por nós, da reportagem de sábado sobre o R7, os agentes de estimação do Macedo – aqueles que já foram um dia jornalistas, mas agora foram metamorfoseados à força em guerreiros pró-Bolsonaro – foram mobilizados para investigar não apenas os jornalistas do Intercept, mas também as famílias daqueles que fornecem ao Intercept o seu jornalismo. Em poucas horas, eles foram atrás da vida pessoal dos pais de Demori em uma pequena cidade do interior de Santa Catarina, alegando coisas que não têm qualquer relação com ele e com sua carreira, e que remontam a 1992, quando ele tinha apenas 11 anos de idade. Eles cavaram seu passado para encontrar fotografias dele aos 20 e poucos anos.
Eles enviaram e-mails ao Intercept com uma série de acusações implícitas, insinuações de escândalos fabricados e afirmações equivocadas sobre as finanças do meu marido – no e-mail que nos enviaram, eles usaram informações públicas sobre seu patrimônio e seus gastos eleitorais de modo a levantar dúvidas, ignorando outras informações igualmente públicas que poderiam ter sido acessadas nos mesmo lugares e que desmontavam sua versão maliciosa.
Menos de dois dias após a publicação de nossa denúncia sobre o uso de jornalistas do R7 para fazer propaganda pró-Bolsonaro, o portal publicou um ataque imprudente e cheio de falsidades sobre os jornalistas envolvidos nas reportagens publicadas pelo Intercept, bem como sobre mim e meu marido. Alegou, falsamente, que:
  • Eu sou o “dono” do site (não sou e nunca tive nenhuma participação societária e nem ninguém da minha família tem; aliás, eu nem sequer sou o editor do site);
  • Somos um veículo estrangeiro que existe para interferir na política brasileira, atacando Bolsonaro e promovendo os interesses do partido do meu marido, o PSOL (os artigos sobre o Brasil publicados no Intercept são apurados e escritos principalmente por jornalistas brasileiros, que também publicaram numerosos artigos criticando todos os partidos de esquerda – incluindo o de meu marido, que foi alvo de uma crítica mordaz em 2016, de minha autoria);
  • E não incluiu nenhum comentário do Intercept, que enviou uma longa resposta às perguntas na noite anterior à publicação do artigo (dois de seus comentários foram adicionados horas após a publicação).
A fragilidade desses ataques fez com que o tiro saísse pela culatra. Ainda que o artigo tenha sido compartilhado em massa pelos apoiadores do Bolsonaro, a recepção foi largamente negativa, com internautas destacando as afirmações falsas, as acusações incoerentes e a tentativa pueril de atirar lama com esperança de que algo emplacasse.
AGORA, PORÉM, OS esforços do império midiático do Bispo Macedo estão cada vez mais sérios, mais intimidadores e mais sinistros. Eles notificaram o Intercept sobre sua intenção de publicar o que eles consideram uma denúncia de grande importância sobre nós, a ser exibida num dos programas de mais audiência da grade da emissora, o Domingo Espetacular, uma espécie de genérico do Fantástico, da Rede Globo. Nessas notificações enviadas, ficou claro que recursos significativos foram empregados para investigar não só o passado dos jornalistas do Intercept, mas também de suas famílias.
Para substanciar a acusação absurda de que Demori é membro do mesmo partido que meu marido, o PSOL, os agentes do Bispo Macedo desenterraram uma foto de mais de 10 anos em que Demori posa com a Luciana Genro, quadro importante do partido. A foto foi tirada após uma entrevista que Genro concedeu a ele, algo que repórteres devem fazer por definição (eu, por exemplo, tirei fotos com todos os candidatos que entrevistei esse ano, bem como os ex-presidentes que entrevistei em 2016).

Editor-executivo do TIB, Leandro Demori, com Luciana Genro do PSOL, em 2008, após uma entrevista. (foto fornecida por Record)
Ironicamente, no mesmo ano, Demori entrevistou Onyx Lorenzoni, figurão conservador e um dos braços direitos de Bolsonaro, agora cotado para assumir um ministério num eventual governo do PSL. Após a entrevista, Demori e Lorenzoni tiraram uma foto juntos, o que, de acordo com a lógica utilizada pela Record, significa que Demori não passa de um bolsonarista de extrema-direita.
O motivo da Record de vingança retaliatória é óbvia também pelo seu bizarro e súbito interesse nas finanças do meu marido, apenas um membro da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, oito dias antes de uma eleição nacional em segundo turno em que ele não é candidato. Esta decisão de investigá-lo agora é particularmente reveladora dada aparente falta de interesse da Record em um grande escândalo implicando a campanha de Bolsonaro que atraiu a atenção internacional: alegações de que Bolsonaro se beneficiou de dinheiro corporativo ilegal gasto em uma campanha massiva de divulgação de notícias falsas via WhatsApp: uma história que o R7 enterrou.
Em contraste com o que a mídia internacional reportou de forma incisiva, o R7 e, ao que parece agora também a Record, mal estão tentando esconder o fato de que não estão fazendo jornalismo, mas sim uma missão de vingança por nossa reportagem crítica sobre Bolsonaro e seu apoiador bilionário. Como eles agora investigam o passado das famílias de jornalistas do Intercept, a primeira página do portal R7 no dia da reportagem da Folha de S. Paulo não mencionou este escândalo enorme do Bolsonaro:
Quando o R7 entrou em contato com o Intercept pela primeira vez solicitando comentários, foi enviada uma longa resposta às suas perguntas. Porém, quando vimos que eles publicaram um artigo recheado de falsidades – e que não incluía nem as respostas ou comentários que enviamos na sua versão original –, os editores do Intercept chegaram à única conclusão possível: o que eles estavam fazendo não era de forma alguma jornalismo, mas sim uma campanha de intimidação como punição pelas reportagens críticas a Bolsonaro e ao Bispo Macedo.
Como resultado, quando o programa de TV da Record solicitou uma entrevista para explorar questões muito mais abrangentes sobre tudo isso, a editora-chefe do Intercept, Betsy Reed, se recusou a fornecer mais respostas, explicando para Diego Costa, da Record:
Eu recebi sua solicitação para uma entrevista. Entretanto, ao invés de falar com vocês, nós forneceremos apenas essa declaração, já que o artigo cheio de erros publicado no portal R7 demonstrou claramente que vocês não são jornalistas e sim operadores partidários da extrema-direita, amarrados à agenda extremista de seu dono. Na resposta que Leandro Demori preparou para o Intercept, a qual vocês inescrupulosamente não incluíram no artigo publicado pelo R7 na segunda-feira, nós afirmamos que a matéria que vocês estão planejando é obviamente um tática mesquinha de retaliação contra a reportagem viral que publicamos recentemente, na qual documentamos as pressões exercidas por Edir Macedo sobre seus funcionários para que produzam propaganda pró-Bolsonaro de acordo com suas preferências políticas.
Betsy Reed, Editora-Chefe
Ao que tudo indica, incluindo aí novos e-mails repetindo as mesmas perguntas e acrescentando novas, a organização do Bispo Macedo continua em sua investigação sobre o Intercept, os jornalistas que ali trabalham, e suas famílias, e pretende veicular para milhões de pessoas essas acusações falsas e difamatórias em seu programa de domingo à noite.
Não espanta que com os novos tempos de um regime Bolsonaro que se aproxima, os métodos do jornalismo da Rede Record se assemelhem cada vez mais às intimidações da Igreja Universal de Edir Macedo. Em 2007, a repórter da Folha de S. Paulo, Elvira Lobato, precisou responder a 111 processos em várias cidades do Brasil, movidos por fiéis e pastores da Igreja Universal, porque publicou uma matéria mostrando como Edir Macedo tinha construído seu império. A estratégia de usar ovelhas para processar a jornalista foi tão maldosamente pensada que, num mesmo dia, Elvira chegou a ter audiências no Rio Grande do Sul, no Mato Grosso e no Piauí, na mesma hora.
Num domingo à noite, a emissora expôs o rosto de Elvira em rede nacional no mesmo programa Domingo Espetacular que pretende usar para nos atacar.”Eles incitavam as pessoas a entrar com ações contra mim. E comecei a entrar em pânico. Eu dizia: ‘Eu vou ser apedrejada na rua! Porque nós estamos falando de fiéis que vão achar assim: ‘Aquela mulher é um demônio! O que ela fez contra a minha fé? Porque é que ela humilhou a minha fé?’”.
NO FIM DE SETEMBRO, Macedo confirmou em público o que muitos já suspeitavam: ele apoiaria a candidatura de Bolsonaro à presidência (ele originalmente pareceu apoiar Alckmin, mas abandonou o barco após o fracasso total dessa candidatura). Desde sua declaração pública de apoio a Bolsonaro, os órgãos de imprensa do Bispo Macedo mal disfarçam sua nova função de produção de propaganda pró Bolsonaro.
Nos dias logo antes do primeiro turno das eleições, em 7 de outubro, Bolsonaro anunciou que não participaria do debate da TV Globo – tradicionalmente o momento mais importante dos ciclos eleitorais – alegando estar ainda cuidando dos ferimentos decorrentes do atentado à faca que sofreu. A Record anunciou, entretanto, que exibiria, simultaneamente ao debate da Globo, uma entrevista “exclusiva” com Bolsonaro, com perguntas tão chapa-branca e favoráveis a ele que surpreende que o entrevistador não as tenha feito de joelhos. O TSE assistiu a tudo passivamente.
Foi nesse contexto que o R7 e outros jornalistas da máquina do Bispo Macedo começaram a lamentar, sob proteção do anonimato, que foram transformados de jornalistas a reféns disseminadores de propaganda em favor de um candidato visto crivelmente por amplos setores como fascista. Foi nesse contexto que o Intercept pôde publicar uma reportagem sobre o funcionamento interno do R7 e as fortes pressões às quais seus jornalistas estão submetidos, sendo forçados a distorcer a verdade e produzir propaganda pró-Bolsonaro e antipetista.
Uma coisa é o bispo Macedo usar sua fortuna e seu império de mídia para eleger um extremista. É outra coisa completamente diferente que ele explore e abuse de seus veículos de mídia – sua TV é uma concessão pública – para intimidar, investigar e ameaçar jornalistas pelo crime de publicar reportagens críticas sobre ele e Bolsonaro. Isso representa uma ameaça séria à liberdade de imprensa: é virtualmente impossível praticar jornalismo sobre Bolsonaro se sabe-se que a imensa fortuna e os veículos midiáticos do bispo Macedo serão usados para caluniar e intimidar não somente os jornalistas responsáveis, mas também suas famílias.
Macedo e sua máquina podem gastar quanto dinheiro quiserem, empregar o quanto quiserem seus megafones para mentir, distorcer e difamar. Isso vai ocorrer, ao menos segundo dizem planejar fazer, na noite de domingo. O Intercept vai manter seu compromisso inabalável com o jornalismo independente e destemido, que certamente inclui, agora mais do que nunca, o escrutínio agressivo e crítico de Jair Bolsonaro e do bispo bilionário que pretende elegê-lo.


Fonte:jornalggn.com.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE