terça-feira, 16 de outubro de 2018

'Ele soa como nós': David Duke, ex-líder da Ku Klux Klan, elogia Bolsonaro, mas critica proximidade com Israel



David DukeDireito de imagemREPRODUÇÃO
Image captionDavid Duke é conhecido por defender a supremacia branca e negar o Holocausto
Atualizado às 14h46
Rosto mais conhecido do grupo racista Ku Klux Klan (KKK) nos Estados Unidos, o historiador americano David Duke fez um raro comentário sobre a política brasileira no programa de rádio que comanda.
"Ele soa como nós. E também é um candidato muito forte. É um nacionalista", disse o ex-líder da KKK sobre Jair Bolsonaro, candidato à presidência pelo PSL.
"Ele é totalmente um descendente europeu. Ele se parece com qualquer homem branco nos EUA, em Portugal, Espanha ou Alemanha e França. E ele está falando sobre o desastre demográfico que existe no Brasil e a enorme criminalidade que existe ali, como por exemplo nos bairros negros do Rio de Janeiro", afirmou Duke, que frequentemente classifica o prêmio Nobel da Paz sul-africano Nelson Mandela como um "terrorista", em declaração que foi ao ar em um programa de rádio no dia 9.
Os KKK, como se tornaram conhecidos, começaram a atuar em 1865 nos Estados Unidos. Frequentemente usavam capuzes brancos para proteger sua identidade e fazer com que parecessem ainda mais assustadores para suas vítimas. O grupo, que defende a supremacia branca sobre os negros e judeus, foi responsável ​​por muitas das torturas e linchamentos que ocorreram com os negros no país.
O historiador, conhecido também por negar o Holocausto, fez ressalvas à proximidade do candidato brasileiro com Israel, comparando o que classifica como "estratégia" de Bolsonaro à que teria sido adotada por Donald Trump, na visão dele.
Após a publicação desta reportagem, o candidato do PSL respondeu, pelo Twitter, às declarações de Duke. Bolsonaro disse rejeitar qualquer apoio "vindo de grupos supremacistas".
"Sugiro que, por coerência, apoiem o candidato da esquerda, que adora segregar a sociedade. Explorar isso para influenciar uma eleição no Brasil é uma grande burrice! É desconhecer o povo brasileiro, que é miscigenado", acrescentou o ex-capitão.
Bolsonaro tuitou contra o apoio de David DukeDireito de imagemREPRODUCAO
Um dos organizadores dos protestos em defesa da supremacia branca em Charlottesville, no ano passado, e cabo eleitoral de Donald Trump entre membros da extrema-direita americana (o presidente diz que não o conhece pessoalmente e que rejeita o apoio), Duke apontou Bolsonaro como parte de um fenômeno nacionalista global, mas fez ressalvas sobre sua proximidade com judeus, a quem, em uma clara manifestação de antissemitismo, acusou de promoverem uma "lavagem cerebral no mundo".
"Ele vai fazer coisas a favor de Israel, e acredito que ele esteja tentando adotar a mesma estratégia que Trump: acho que Trump sabe que o poder judaico está levando a América ao desastre, levando a Europa e o mundo ao desastre. Então, o que ele está tentando fazer é ser positivo em relação aos judeus nacionalistas em Israel como uma maneira de obter apoio", disse o americano.

'O incrível Bolsonaro'

Diferentemente de Duke, Bolsonaro mantém em sua vida política uma postura de proximidade com a comunidade judaica e a defesa do Estado de Israel.
Jair BolsonaroDireito de imagemREUTERS
Image caption'Minha primeira viagem como presidente será para Israel', disse Bolsonaro
Há dois anos, enquanto o Senado votava o impeachment de Dilma Rousseff, o capitão brasileiro foi batizado nas águas do rio Jordão. Durante a campanha eleitoral, o candidato reforçou o elo com o país e promete expandir relações políticas, culturais e comerciais se eleito.
"Minha primeira viagem como presidente será para Israel", disse Bolsonaro em transmissão ao vivo no Facebook, no último domingo.
Como Bolsonaro, Trump é um defensor do Estado de Israel e apoia um alinhamento político com o país - ele fez sua segunda viagem internacional como presidente ao país, em maio do ano passado.
Protesto de grupos supremacistas brancos em Charlottesville (2017)Direito de imagemCHET STRANGE/GETTY IMAGES
Image captionDavid Duke foi um dos organizadores da marcha em defesa da supremacia branca em Charlottesville no ano passado
Na publicação sobre o programa de rádio em seu site pessoal, o americano se referiu ao brasileiro como "o incrível Bolsonaro". Na última segunda-feira, Duke compartilhou um vídeo com legendas em inglês em que o capitão reformado discursa "contra a degradação da família" e a "desconstrução da heteronormatividade".
Assim como a campanha de Bolsonaro, Duke também não respondeu aos pedidos de comentários enviados pela BBC News Brasil.
"A verdade é que os movimentos nacionalistas, que são basicamente pró-europeus, estão definitivamente varrendo o planeta. Mesmo em um país que você jamais imaginaria", afirmou Duke em referência à ascensão de Bolsonaro, que aparece com 59% das intenções de voto no segundo turno, segundo o Ibope (Fernando Haddad, do PT, tem 41%).
Dias antes do comentário de Duke, a agência internacional de notícias judaicas JTA classificou Bolsonaro como um "candidato extremamente pró-Israel que divide a comunidade judaica por sua retórica racista e homofóbica", ressaltando que o político "conta com o apoio apaixonado de grande parte dos judeus" no Brasil.
Protesto de grupos supremacistas brancos em Charlottesville (2017)Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionManifestantes exibiram bandeiras nazistas e dos Estados Confederados da América, que representa os estados sulistas nos EUA na época da Guerra Civil, durante marcha em Charlottesville
No ano passado, em palestra no clube judaico Hebraica, no Rio de Janeiro, Bolsonaro fez críticas a quilombolas e afirmou que "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas, não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais". A fala foi aplaudida por parte dos presentes, mas depois recebeu críticas de lideranças judaicas.
À JTA, na semana passada, o cônsul honorário de Israel no Rio de Janeiro, Osias Wurman, disse que Bolsonaro "se destacou entre os muitos candidatos por incluir o Estado de Israel em seus discursos principais de campanha".
"Ele é um apaixonado pelo povo do Estado de Israel", continuou Wurman.

Do Partido Nazista a 'BlacKkKlansman'

Nos anos 1960, antes de se juntar à KKK, David Duke foi membro do extinto "Partido Nazista da América", depois renomeado para Partido Nacional Socialista das Pessoas Brancas.
A liderança de Duke no Klan começou em 1974 e foi retratada no no filme BlacKkKlansman ("Infiltrado na Klan", em português), que narra a história de um policial negro que se infiltrou na Ku Klux Klan no Colorado, em 1978, e foi lançado pelo cineasta Spike Lee em agosto. O filme foi o vencedor do Grande Prêmio do Júri do festival de Cannes de 2018.
Spike Lee (à direita) e John David Washington no set de filmagens de BlacKkKlansmanDireito de imagemUNIVERSAL
Image captionSpike Lee (à dir.) e John David Washington, que faz o papel de Ron Stallworth, no set de filmagens de BlacKkKlansman
A produção mostra como Duke, então líder nacional da organização supremacista, foi enganado pelo policial Ron Stallworth, que fingiu ser branco com a ajuda de um colega e conseguiu se tornar membro oficial da KKK.
Stallworth, que escreveu o livro que deu origem ao filme e chegou a ser designado como guarda-costas de Duke, conta que conversava com supremacista branco por telefone.
"Um dia ele me disse que era capaz de reconhecer um negro pelo telefone, porque eles falavam diferente. E me disse que, por exemplo, sabia que eu era um homem branco. Dei muitas gargalhadas depois."
Depois de sair da KKK, Duke foi congressista pelo Estado da Luisiana entre 1989 e 1992 e se candidatou, sem sucesso, a uma série de cargos nos anos 1990, incluindo senador e governador.
Em 2002, ele foi preso por um ano após de confessar que enganou apoiadores em troca de apoio financeiro e sonegou impostos.
Autor de três livros sobre o que classifica como "supremacia judaica" e defensor de teses contestadas, como a que sugere que negros seriam mais violentos e teriam QI inferior aos dos brancos, Duke voltou a ganhar projeção mundial em 2016, quando passou a apoiar a campanha presidencial de Donald Trump.
Após críticas por não se posicionar sobre o cabo eleitoral, Trump afirmou que mantém distância do historiador e se referiu a Duke como "um cara ruim". Duke, por sua vez, continuou a apoiá-lo nas redes sociais e em entrevistas.
No ano passado, o ex-líder da Ku Klux Klan agradeceu aos comentários pouco enfáticos do presidente americano sobre os protestos que liderou em Charlottesville, onde milhares de manifestantes da extrema direita empunharam tochas como as da KKK e fizeram saudações nazistas.
"Trump nos empoderou", afirmou Duke na época, após o presidente americano igualar a violência entre supremacistas brancos e grupos contrários no protesto.
Quando Trump, dias depois, fez críticas mais contundentes aos supremacistas, Duke reagiu. "Foi o voto branco esmagador que o colocou na Casa Branca e ele deveria se lembrar disso."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Corrupção, lavagem e organização criminosa: Temer é indiciado pela PF no inquérito dos portos


O presidente Michel Temer (MDB) foi indiciado pela Polícia Federal, nesta terça-feira (16), por organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro no inquérito sobre o chamado "Decreto dos Portos". Temer é acusado de integrar esquema de pagamento de propina para favorecer a empresa Rodrimar S/A, concessionário do Porto de Santos, ao editar o Decreto 9.048/2017 em maio do ano passado. Ele e mais dez pessoas constam do relatório final que a PF entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a investigação (veja a lista abaixo). A assessoria do Palácio do Planalto ainda não comentou o indiciamento alegando ainda não ter tido acesso ao relatório final.
A filha do presidente, Maristela Temer, está entre os indiciados. Mas, no caso dela, o indiciamento a enquadra exclusivamente como suspeita de lavagem de dinheiro. Além dos indiciamentos, a PF pede a prisão preventiva de João Baptista Lima Filho, o Coronel Lima, amigo e braço-direito de Temer em assuntos particulares, além de outros três investigados. Eles estão proibidos de deixar o país (confira na lista abaixo).
O assunto atormenta Temer, parentes e aliados há meses, e pode fechar o cerco ao presidente a partir de 1º de janeiro de 2019, quando ele deixa o mandato e perde a blindagem do foro privilegiado. O relatório já foi encaminhado pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso, relator do caso, para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que tem prazo de até 15 dias para se manifestar sobre as conclusões da PF.
Iniciada em 2017 a partir de delação premiada de executivos do Grupo J&F (dono da JBS), a investigação se debruçou sobre a suspeita de que o decreto de Temer – atrelado à edição da medida provisória editada em 2013, quando Temer era vice-presidente – serviu como contrapartida ao recebimento de propina paga pela Rodrimar.
A negociata da chamada “MP dos Portos”, segundo as investigações, foi intermediada pelo ex-assessor especial da Presidência da República Rodrigo Rocha Loures (PMDB), suplente de deputado pelo Paraná que passou a ser chamado de “deputado da mala”. Além de Temer e Rocha Loures, executivos da Rodrimar também são investigados.
Em 29 de abril, Loures foi filmado pela PF fugindo por uma rua de São Paulo com uma mala com R$ 500 mil em espécie e virou réu devido ao episódio. Blindado por deputados da base em duas votações de plenário, Temer, a quem foi atribuído o dinheiro, foi beneficiado pela legislação vigente e só pode ser investigado por ato cometido no exercício do mandato, e mesmo assim com autorização da Câmara. Com as negativas da Câmara, a continuidade do processo contra o presidente só terá curso quando ele deixar o mandato.
Rocha Loures foi o principal articulador do decreto. Ex-homem de confiança de Temer, o ex-deputado atuou como intermediário entre o presidente e empresas do setor portuário. Segundo a PF, os emedebistas integram o núcleo político do esquema de corrupção e devem responder pelos três crimes (corrupção, lavagem e organização).
Amigo de Temer há mais de 30 anos, Coronel Lima foi assessor militar do presidente quando o emedebista foi Secretário de Segurança Pública de São Paulo, na década de 1980, além de sócio na empresa de arquitetura e engenharia Argeplan. Segundo a PF, a firma foi utilizada como forma de disfarce para o recebimento de propina em esquema que envolveu outro sócio, Carlos Alberto Costa, em nome de Temer. Carlos também foi indiciado pelos três crimes.
Além deles, o filho de Carlos, o diretor da Argeplan Carlos Alberto Costa Filho, foi indiciado por lavagem de dinheiro, bem como o contador da empresa, Almir Martins Ferreira. Já Antônio Celso Grecco, sócio do Grupo Rodrimar, integrou o esquema e por isso deve responder por organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Outro diretor do Grupo Rodrimar, Rodrigo Mesquita, foi indiciado por lavagem de dinheiro. O núcleo empresarial do esquema, de acordo com as investigações, é Gonçalo Borges Torrealba, sócio do Grupo Libra. Ele foi indiciado por organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Reforma
O indiciamento de Maristela teve como principal elemento incriminatório uma reforma promovida em sua casa em São Paulo, entre 2013 e 2015. Com o avançar das investigações, a PF conseguiu dos empresários do grupo J&F a confissão sobre o repasse de R$ 1 milhão ao Coronel Lima em 2014.
O dinheiro, diz o relatório, era entregue na sede da Argeplan, de propriedade do coronel. A arquiteta responsável pela obra foi Maria Rita Fratezi, esposa do Coronel Lima – e, como o marido, também indiciada por lavagem de dinheiro, mas isenta dos outros dois crimes.
Diante do conjunto probatório, o relatório da PF aponta a prática dos crimes de corrupção passiva (artigo 317 do Código Penal), corrupção ativa (artigo 333 do CP), lavagem de dinheiro (artigo 1º da Lei nº 9.613/1998) e organização criminosa (artigo 1º da Lei nº 12.850/2013). O esquema criminoso, segundo as investigações, foi dividido em quatro núcleos (político, administrativo, empresarial/econômico e operacional/financeiro).
Veja a lista de indiciados:
1. Michel Miguel Elias Temer Lulia
2. Rodrigo Santos da Rocha Loures
3. Antônio Celso Grecco
4. Ricardo Conrado Mesquita
5. Gonçalo Borges Torrealba
6. João Baptista Lima Filho
7. Maria Rita Fratezi
8. Carlos Alberto Costa
9. Carlos Alberto Costa Filho
10. Almir Martins Ferreira
11. Maristela de Toledo Temer Lulia
Pedidos de prisão:
1. João Baptista Lima Filho
2. Carlos Alberto Costa
3. Almir Martins Ferreira
4. Maria Rita Fratezi

congressoemfoco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Dia do Professor: Quais são as propostas de Bolsonaro e Haddad para o magistério e para a Educação


Jair Bolsonaro e Fernando HaddadDireito de imagemREUTERS
Image captionVeja as propostas dos dois candidatos para o ensino básico, médio e superior
O Brasil está entre os países com pior desempenho em Educação no mundo. Na mais recente edição do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), em 2015, ficou nas últimas posições em Ciências (63º), Matemática (65º) e em Leitura (59ª) entre os 70 países analisados.
No Dia do Professor, a BBC News Brasil apresenta as propostas dos dois candidatos à Presidência que chegaram ao segundo turno, Fernando Haddad(PT) e Jair Bolsonaro (PSL) para essa área.
O levantamento foi feito com base nos planos de governo apresentados ao TSE, entrevistas e publicações feitas pelas candidaturas na internet.
Para ver as propostas de ambos em todas as áreas, clique aqui.

O que propõem aos professores?

Ex-ministro da Educação, Fernando Haddad diz em seu programa de governo que quer investir na formação dos educadores e na gestão pedagógica da educação básica.
"Atenção especial será dada à valorização e à formação dos professores e professoras alfabetizadoras", afirma o texto.
O petista fala em fortalecer o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), que permite aos alunos de cursos presenciais com interesse no magistério que se dediquem ao estágio em escolas públicas e que, quando graduados, se comprometam com o exercício da profissão na rede pública.
O programa do PT diz que aproximadamente 25% dos professores que atuam na educação básica não têm licenciatura específica para as disciplinas que lecionam. O plano fala que retomará a Rede Universidade do Professor, programa criado para oferecer vagas de nível superior para a formação inicial e continuada de professores da rede pública, para que possam se graduar nas disciplinas que lecionam.
Haddad diz que vai implementar a chamada Prova Nacional para Ingresso na Carreira Docente para candidatos à carreira de professor das redes públicas de educação básica.
Fala ainda em instituir diretrizes que permitam uma maior permanência dos profissionais nas unidades educacionais.
O programa diz que pretende reforçar a Universidade Aberta do Brasil (UAB), programa que visa ampliar e interiorizar - ou seja, expandir para fora das capitais - a oferta de cursos e programas de educação superior por meio da educação a distância.
Professor e alunosDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionOs dois candidatos falam em melhorar a formação dos professores das escolas públicas no Brasil
Em seu programa de governo, Jair Bolsonaro fala em aumentar a qualificação de professores, sem posterior detalhamento entre as propostas.
O candidato defende um modelo de educação "sem doutrinação e sexualização precoce" e baseado nas propostas do Escola Sem Partido.
Diz que falta disciplina no ambiente educacional e que, por isso, "hoje, não raro, professores são agredidos, física ou moralmente, por alunos ou pais dentro das escolas".

Outras propostas para a Educação

Haddad diz que o ensino médio será prioridade do seu governo.
Uma das principais propostas é criar o programa Ensino Médio Federal, que aumentará a atuação do governo federal no ensino médio, que constitucionalmente é de responsabilidade dos Estados.
A ideia é que haja maior integração, aumento de vagas nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e que o governo federal se responsabilize por escolas situadas em regiões de alta vulnerabilidade.
O plano diz querer expandir a educação integral e criar uma bolsa de permanência nas escolas, especialmente para jovens em situação de pobreza. "O governo Haddad ampliará a participação da União no ensino médio, de modo a transformar essas escolas em espaços de investigação e criação cultural e em polos de conhecimento, esporte e lazer, garantindo educação integral", diz o texto do programa de governo.
O ex-ministro da Educação de Lula diz em seu programa de governo que pretende revogar a reforma do ensino médio. Haddad pretende mexer na Base Nacional Comum Curricular "para retirar imposições obscurantistas".
O plano de governo do petista fala em criar um novo padrão de financiamento para que a Educação receba o equivalente a 10% do PIB. Segundo estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) publicado em 2017, os gastos com educação totalizam 4,9% do PIB brasileiro.
Professor e alunosDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionFernando Haddad diz que concentrará esforços em avanços no ensino médio, incluindo escola em tempo integral em lugares mais pobres
O candidato afirma ter intenção de normatizar o uso público dos recursos do Sistema S na oferta de ensino médio.
O objetivo é direcionar 70% dos recursos à ampliação da oferta de ensino médio. Fazem parte do Sistema S o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Social do Comércio (Sesc), o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac).
O programa promete a institucionalização Sistema Nacional de Educação, pendente há quatro anos. O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014, o colocou como um caminho para a articulação do sistema de ensino nos níveis federal, estadual e municipal, com o objetivo de atingir as metas estipuladas pelo governo.
No que diz respeito a minorias, o plano diz que um eventual governo Haddad "fortalecerá uma perspectiva inclusiva, não-sexista, não-racista e sem discriminação e violência contra LGBTI+ na educação". Diz também que retomará os investimentos na educação do campo, indígena e quilombola. Como contraponto ao Escola Sem Partido, o programa propõe a Escola com Ciência e Cultura.
Diz que quer focar o programa Educação para Jovens e Adultos em alfabetização. Fala, ainda, em introduzir trabalho com linguagens digitais desde o primeiro ano do ensino fundamental. Para combater violência em escolas, será criado o Programa Paz e Defesa da Vida nas Escolas.
O programa do PT diz que o foco será o ensino médio, mas também fala em expandir universidades e institutos federais.
Jair Bolsonaro, por sua vez, afirma que dará ênfase à educação infantil, básica e técnica.
O programa de governo fala em mudar a Base Nacional Comum Curricular, "impedindo a aprovação automática e a própria questão de disciplina dentro das escolas".
O programa fala que o conteúdo e método de ensino precisam ser mudados. "Mais matemática, ciências e português", diz o texto.
Bolsonaro pretende incluir no currículo escolar as matérias educação moral e cívica (EMC) e organização social e política brasileira (OSPB), disciplinas herdadas da ditadura militar.
O candidato tem ainda intenção de ampliar o número de escolas militares, fechando parcerias com as redes municipal e estadual. A meta é que haja, em dois anos, um colégio militar em cada capital. Tem também o plano de construir o maior colégio militar do país em São Paulo, no Campo de Marte.
Crianças em posição militar
Image captionJair Bolsonaro defende aumentar o número de escolas militares no país; a meta é que, até 2020, haja uma em cada capital
Fala, ainda, em integração entre governos federal, estadual e municipal.
O programa do capitão reformado dá ênfase à educação a distância nos níveis básico, médio e superior. "Deve ser considerada como alternativa para as áreas rurais onde as grandes distâncias dificultam ou impedem aulas presenciais", diz o texto.
Ainda segundo o documento, o Brasil gasta mais com ensino superior do que com o ensino básico. Bolsonaro defende que isso seja invertido.
Para o ensino superior, o programa fala em parcerias de universidades com a iniciativa privada para desenvolvimento de novos produtos visando aumentar a produtividade no país.
Diz, ainda, que universidades devem estimular e ensinar o empreendedorismo.
Bolsonaro é contra cotas raciais, mas a favor das sociais.
Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 14 de outubro de 2018

Exageros e compromissos/ disfarces e euforias

Resultado de imagem para fascismo


Não vamos achar que PT é sagrado, quebrou a política tradicional. O sagrado é perigoso, engana e cria ilusões. Houve escorregões visíveis nos governos petistas. Negar isso é querer ir para o paraíso. Portanto, estamos diante de fatos que provocam reações negativas. No entanto, usar a culpa com argumento é vazio. Negar-se a avaliar a situação limite atual é estranho. Vejo muitos ressentimentos e gente colocando suas vinganças em dia. Houve prejuízos, Dilma decepcionou, alguns perderem grana, outros desejam se manter limpos de qualquer corrupção. Não é possível imaginar profecias, prefiro agir e retomar certa reflexões de Hannah.
Política sem erros inexiste. Já se fabricaram muitas utopias e revoluções e a incompletude continua e a frustração gera crises imensas. Não só aqui. Observem as guerras mundiais, há pessoas que adoram Stálin e outras que vibram com o autoritarismo. Todos possuem uma concepção de mundo com valores que mudam. No entanto, há quem se esconda, justifique-se com racionalismos elaborados e sintam-se livres de cobrança. A heterogeneidade ganha corpo, inquieta a sociedade. Não poderia ser diferente. somos animais predadores e cheios de artimanhas.
Vivemos momentos singulares. Até afetividades antigas então sendo desmontadas. Encontrei-me com pessoas apavoradas e outras debochado do fracasso do PT. É uma ambiguidade cruel. Não há como conciliar certas coisas e muitos gritam mudanças, sabendo das proposta agressivas de Jair. Lavar as mãos é fácil. O PT surgiu pequeno, com poucos militantes. Lembro-me claramente. Estudava na UNICAMP. Seu crescimento foi inesperado. Lula fez um governo celebrado. Notícias se espalharam pelo mundo e tudo parecia nos trilhos.
Nunca assinei carteirinha de partidos, mas tenho ideias e participo da luta.Procuro manter coerência. Sou professor, faz tempo. Não fujo da raia e sei que tenho importância na hora de formar opiniões. Fica assustado com a omissão de alguns e como eles são apropriados pela mediocridade de outros. O cinismo corre acelerado. Estamos no capitalismo. O narcisismo  é forte numa sociedade de consumo. Há euforias que não entendo e vaidades que superam qualquer magia. A fraqueza de Jair é de doer. Porém, o país se divide e pega fogo. O que vem por aí é um enigma. Cada um assume sua responsabilidade e vamos tentar nos livrar do desastre.
Por Paulo Rezende. A astúcia de Ulisses.

Professor Edgar Bom Jardim - PE