João Lira:"Senhora Juliana, com todo respeito que lhe tenho, porém não posso admitir que a senhora como uma simples cidadã venha a minha cidade tentar aparecer mostrando problema que não lhe compete. Faça esta cobrança ao vereador de Umari que vc aliciou, aí sim este é o trabalho do vereador. Vá se preocupar com os buracos, estouvamento de cano da sua cidade, melhorar a saúde do povo que estão vindo dezenas diariamente para meu município em busca de um simples atendimento médico, faça a conservação das estradas de orobó antes de tentar enganar o eleitor da minha cidade e de outras com uma carrada de pissaro comprada com dinheiro do povo de Orobó. Antes de apontar as falhas e defeitos, consente os da sua cidade. Bom Jardim tem prefeito senhora, nosso povo sabe disso"...
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a soltura do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), cuja prisão preventiva havia sido decretada nesta sexta-feira (14). Como este site mostrou mais cedo, o tucano já havia pedido que Gilmar analisasse seu pedido de liberdade. Richa estava preso desde terça-feira (11), e sua prisão temporária chegava ao fim hoje (sexta, 14).
Além da soltura, Gilmar Mendes expediu ainda um salvo-conduto para que o tucano não volte a ser preso e não precise se submeter a decisões como a que prorrogava sua prisão por tempo indeterminado, assinada pelo juiz Fernando Fischer. O tucano é apontado como chefe de quadrilha que se beneficiava do pagamento de propinas feito por fornecedoras do governo do Paraná. Outras 14 pessoas foram beneficiadas com a ordem de soltura.
Ele tenta se eleger senador nas eleições deste ano. Antes de ser preso, chegou a 28% das intenções de voto na última pesquisa Ibope, perdendo apenas para o senador e também ex-governador paranaense Roberto Requião (MDB), que atingiu 43% das intenções de voto.
Freio
Diante da prisão, Gilmar Mendes se manifestou sobre a ação do Ministério Público. "Pelo que estava olhando no caso de Richa, é um caso de 2011. Vejam vocês que fundamentaram a prisão preventiva a uns dias da eleição, alguma coisa que suscita muita dúvida. Essas ações já estão sendo investigadas por quatro, cinco anos, ou mais. No caso de Alckmin, Haddad, todos candidatos. E aí [o Ministério Público] anuncia uma ação agora! É o notório o abuso de poder", declarou o magistrado, defendendo "freios" nos ímpetos dos promotores.
Amigo declarado de diversos tucanos e indiciado para o STF pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Gilmar Mendes tem se destacado na soltura de políticos e empresários presos em operações policiais de grande proporção, como a Operação Lava Jato. Em 26 de junho, por exemplo, o Congresso em Foco mostrou que o ministro já havia determinado àquela época, a cada dois dias, a soltura de um investigado em operações decorrentes da Lava Jato.
No recorte de 15 de maio a 25 de junho, Gilmar atendeu a 23 pedidos de liberdade a suspeitos presos pela Polícia Federal por solicitação do Ministério Público e determinação da Justiça. Duas pessoas foram libertadas duas vezes.
Operação Piloto
Além de Richa, foi presa a esposa do tucano e Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete do ex-governador. As prisões estão relacionadas a investigações sobre o programa Patrulha Rural. Os mandados foram cumpridos pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A casa onde o casal mora foi alvo de busca e apreensão em nova etapa da Operação Lava Jato, batizada de Piloto.
Deonilson Rodo ainda é alvo de prisão da Polícia Federal (PF) na 53ª fase da Lava Jato, que cumpriu, ao todo, 36 ordens judiciais no Paraná, na Bahia e em São Paulo. A investigação apura o pagamento milionário de vantagem indevida, em 2014, pelo Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht, o departamento de propina da empreiteira, para agentes públicos e privados no estado do Paraná.
Segundo os delatores, a contrapartida era o direcionamento do processo licitatório para investimento na duplicação, manutenção e operação da rodovia estadual PR-323 na modalidade parceria público-privada. Pesam contra os acusados as suspeitas de terem cometido os crimes de corrupção ativa e passiva, fraude à licitação e lavagem de dinheiro.
Burla ao STF
Os advogados de Richa alegam que não há urgência que justifique a prisão temporária do casal. Segundo eles, houve "evidente ilegalidade" e "coação ilegal" na medida determinada pela Operação Rádio Patrulha. De acordo com a defesa do ex-governador, sua prisão foi decretada para burlar a proibição do STF à condução coercitiva.
A prisão de Beto Richa e as denúncias apresentadas nos últimos dias contra os candidatos a presidente Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT) foram citadas pelo ministro como exemplo de "notório abuso de poder de litigar". A ação dos promotores resultou em uma inédita abertura de investigação contra os próprios acusadores.
O corregedor-geral do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Orlando Rochadel, determinou, na última quarta-feira (12), abertura de reclamação disciplinar contra cada um dos promotores que, iniciada a temporada eleitoral, formalizaram acusações contra candidatos nos últimos dias. A intenção da corregedoria-geral do CNMP é saber se as ações contra os políticos candidatos foram aceleradas com o objetivo de impactar o eleitorado a pouco menos de um mês das eleições.
Fala-se de tudo. Contam-se muitas histórias. Os homens aparecem promotores de grandes movimentos. Eles parecem ter o domínio da história. Aliás, deus é um substantivo masculino. Não é à toa. As mudanças, geralmente, querem trazer certas rupturas. A palavra revolução ganha espaço na modernidade. Um conceito que inquietou, trouxe salvacionismos, não deixou de sacudir utopias. Mas os tempos passam, a cultura se reinventa. Reforçam-se necessidades de pensar comportamentos, diluir machismos, respirar outros perfumes.
As lutas se multiplicam. Não bastam armas. É preciso afeto, discutir mesmices, duvidar de soberanias. Complexidades surgem de forma diferente do século XIX. A cidadania se amplia, a sexualidade coloca questões, Marcuse retoma Eros,Simone quebra verdades tradicionais. Isso sacode o mundo. As mulheres não desistem de agitar a política. Vivemos um período em que arriscar é fundamental. Descentralizar as ordens sociais, criar possibilidades de diálogos, amassar discursos opressores.
Bolsonaro quer desfazer conquistas. Merece ser combatido. Ele destila vinganças, brinca com ameaças. As mulheres marcam posição, denunciam. Mais um movimento que reúne pessoas para transcender o lugar comum das políticas. As contaminações são grandes, porém a clareza não deve fugir de tudo. O simbolismo do protesto fere os apáticos e conformados. Se há um sonho, não se deve punir quem sonha. A vida pede sensibilidade e não apenas gritos de partidos ou lideranças messiânicas.
Portanto, vamos adiante, sem desconsiderar a memória, atiçando desejos. A mudez pode punir quem se afasta do inconformismo e adota práticas fascistas sem compreender os danos que causam. As curvas da história são perigosas. Adotar a linearidade é não sentir os abalos. Não há rupturas velozes. Os ritmos dançam conformes os interesses e a sociedade capitalista é cruel. Olhe o passado. Imagine. Busque entender as diferenças. Não despreze quem critica e fortalece a socialização. Não apague sua imagem no espelho. Por Paulo Rezende
Quando todos esperavam uma determinação para realização do concurso... foi tudo por água abaixo. Veja o que foi divulgado na imprensa do mppe
MPPE recomenda que Prefeitura de Bom Jardim ressarça inscritos em concurso público de 2016
12/09/2018 - Após receber denúncias, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou à Prefeitura Municipal de Bom Jardim que devolvesse os valores referentes às inscrições no concurso público de 2016 do município, que foi suspenso. Alguns candidatos ainda não receberam de volta o valor e estão indo à Promotoria de Justiça de Bom Jardim para reclamar.
A Prefeitura tem até 15 dias para informar quando e de qual forma será feita a devolução dos valores. Além disso, uma vez decidida a maneira de entrega do dinheiro, a informação deverá ser veiculada no site da Prefeitura de Bom Jardim, no site da organização do concurso e nas rádios locais.
Segundo o texto, a prefeitura municipal deve restituir quem não recebeu a taxa “sob pena de causar dano patrimonial a esses candidatos e, simultaneamente, propiciar o enriquecimento ilícito da Prefeitura, o que poderá ter consequências penais e civis, inclusive no âmbito da improbidade administrativa”.
Por fim, o MPPE solicita a comunicação do cumprimento das medidas recomendadas, anexando aos autos cópia da documentação. Caso as orientações não sejam seguidas, serão tomadas as medidas administrativas e judiciais cabíveis.
Um fóssil doado anonimamente para o Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues, da cidade de Candelária, na região centro-oeste do Rio Grande do Sul, está ajudando a aumentar o conhecimento que se tinha sobre o Período Triássico (de 251 a 201 milhões de anos atrás) no território onde hoje fica o Brasil.
Pesquisadores das universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Vale do São Francisco (Univasf) descobriram que os restos fossilizados pertenciam a uma espécie de réptil até então desconhecida, que viveu há 237 milhões de anos. Ela foi descrita num artigo publicado no periódico britânico Zoological Journal of the Linnean Society.
O Triássico é o primeiro período da Era Mesozoica - que teve ainda o Jurássico (entre 195 a 136 milhões de anos) e o Cretáceo (entre 136 a 65 milhões de anos) - um importante momento na história da vida dos animais terrestres, porque é o intervalo de tempo no qual surgiram os primeiros dinossauros, além dos ancestrais dos lagartos, crocodilos e mamíferos atuais.
Compostos por um crânio, uma mandíbula, algumas vértebras do pescoço e placas ósseas do dorso do animal, os restos foram analisados com técnicas de tomografia computadorizada, a partir das quais os cientistas obtiveram muitas informações sobre a anatomia dos ossos do animal sem danificá-los.
Quando descreveram a nova espécie, os pesquisadores não sabiam onde exatamente o fóssil havia sido encontrado, por isso a batizaram de Pagosvenator candelariensis, em homenagem ao município ao qual pertence o museu e que é rico em sítios paleontológicos de grande valor científico.
Caçador dos pagos
O nome significa "caçador da região de Candelária". Pago ou pagos é um jargão do linguajar gaúcho usado para se referir à cidade natal ou região de origem de alguém. O termo é derivado do latim pagus, que significa aldeia, região, província. Venator, também do latim, quer dizer caçador.
Segundo o líder da pesquisa, Marcel Lacerda, que conduziu o trabalho durante seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFRGS, o Pasgosvenator era um animal de médio porte, com até três metros de comprimento, e, com base na comparação com outras espécies semelhantes já conhecidas, existe forte evidência de que seria um quadrúpede.
"Por causa dos dentes longos, recurvados e com serrilhas que o animal possuía, podemos inferir também que provavelmente ele era carnívoro", revela.
"O réptil devia se alimentar de pequenos e médios animais."
O professor de paleontologia da Univasf, Marco França, coautor do estudo, foi responsável pela análise mais acurada da linhagem evolutiva e dos parentescos da nova espécie. De acordo com ele, o Pagosvenator pertence ao grande grupo dos arcossauros, que, por sua vez, se divide em dois subgrupos: um formado por dinossauros, pterossauros e aves, e outro pelos ancestrais dos crocodilianos modernos.
"Ele não tem relação com as aves nem com os dinossauros, mas está na linhagem que deu origem aos crocodilos, embora ainda seja muito distante deles", explica.
Mais especificamente, o grupo a que pertence o Pagosvenator é o denominado de Erpetosuchidae.
"Apesar de ser conhecido e estudado há muito tempo (desde o século XIX), não se possui muitas informações sobre a anatomia e as relações de parentesco entre os componentes desse grupo", diz França.
"Isso porque ele é representado apenas por espécimes incompletos. Até nossa descoberta, havia apenas duas espécies descritas no mundo, a Erpetosuchus, do Triássico Superior (230 a 227 milhões de anos), da Escócia, e a Parringtonia, do Triássico Inferior (240-242 milhões de anos), da Tanzânia."
Já o Pagosvenator é do período entre o Triássico Médio e Superior, vindo de rochas datadas entre cerca de 240 a 235 milhões de anos atrás. Desse modo, o fóssil novo conectaria temporalmente os dois registros anteriores do grupo. Outra descoberta é que o novo réptil muda o local de origem dos Erpetosuchidae.
"Ele é o mais basal desse grupo", explica França. "Isso é significativo, porque indica que o animal que descobrimos estava mais próximo do ancestral comum de todos dos Erpetosuchidae. Sendo assim, a origem deles não estava na África ou na Europa, mas sim na América do Sul. Claro que temos que considerar que, nessa época, os continentes estavam unidos em um supercontinente chamado de Pangea."
Características regionais
O trabalho é importante, ainda, porque se soma a outros estudos na área que buscam compreender como era a região onde o Pagosvenator viveu há 230 milhões de anos.
"Graças a essas pesquisas, hoje sabemos que os predadores dessa época eram bem diversos", diz França.
"Vários deles, como o próprio Pagosvenator candelariensis, eram maiores que os dinossauros do mesmo período."
Dessa forma, a descoberta amplia o conhecimento das espécies fósseis do Rio Grande do Sul e do Brasil, e aumenta a compreensão dos processos evolutivos que levaram à diversidade de registros fósseis do país.
"Toda informação nova é útil para conseguirmos entender como eram o ambiente e a fauna daquela época", diz Lacerda. "São dados que ajudam a contar a história da diversidade da vida daquele período."
Imagine só a seguinte situação: você quer tomar uma vacina contra a gripe. Mas em vez de procurar o posto de saúde mais próximo, ou mesmo aquela clínica particular que vai cobrar um valor considerável pelo procedimento, você faz uma compra on-line, recebe a dose e uma seringa com microagulha pelo correio e aplica em si mesmo o produto.
Simples? Sim. Impossível? Na verdade, não.
Pelo menos é isso que querem mostrar cientistas da área de imunologia.
Um grupo de 14 pesquisadores de universidades americanas, canadenses e israelenses publicou nesta quarta-feira um artigo no periódico científico Science Advances explicando a tecnologia - que, no estudo, foi feita para uma cepa letal de gripe, mas que na vida prática poderia ser aplicada a outros tipos de vacinas.
Os pesquisadores criaram um medicamento para injeção intradérmica - ou seja, na pele, entre a derme e a epiderme -, o que facilita muito o esquema self-service: essa aplicação é fácil e pode ser feita mesmo que a pessoa não tenha nenhum conhecimento médico.
A maioria das vacinas hoje é aplicada com injeção subcutânea, que atinge camadas mais profundas do tecido e, por isso, só pode ser administrada por alguém com conhecimento médico.
As vacinas contra a gripe, por exemplo, são aplicadas no músculo deltoide, que recobre o ombro. Para adultos, usa-se uma agulha que pode chegar a 3,8 centímetros de comprimento.
O método desenvolvido pela equipe atingiu bons resultados tanto em furões - usados para verificar a eficácia dos medicamentos - quanto em humanos, mesmo quando foi testada uma das variedades mais nocivas do vírus da gripe.
O procedimento, conforme explica o artigo, é todo feito sem o auxílio de um profissional.
Pelo mecanismo, o aplicador utiliza uma microagulha que, a partir da pele, pode penetrar nos tecidos profundos ou vasos sanguíneos.
"Um dia, isto pode ser enviado pelo correio para autoadministração. Isso poderia aliviar grandemente as multidões em centros de saúde no caso de um surto ou de uma pandemia", afirmam os cientistas no estudo.
O artigo ainda lembra que, mais do que mutirões para aplicar vacinas, um grande desafio enfrentando em períodos críticos, de pandemias, é justamente a produção e a distribuição das vacinas - e a autoaplicação facilitaria a disseminação dos agentes imunológicos na população.
Vacinas turbinadas
Para melhorar a qualidade das vacinas, os cientistas têm utilizado adjuvantes - aditivos, ou melhor, agentes químicos que tornam as tornam mais eficazes -, que aumentam a resposta imunológica do organismo.
O bioquímico Darrick Carter, do Instituto de Pesquisas de Doenças Infecciosas de Seattle, nos Estados Unidos, combinou três tecnologias para obter um produto eficiente e seguro. Sempre, ressalta-se, por meio da tal microagulha.
Carter utilizou ainda uma técnica alternativa ao uso do vírus inativado, a chamada vacina recombinante, para produzir uma resposta imunológica ainda mais forte.
Por fim, o pesquisador fez com que fosse aplicado, junto à vacina, um adjuvante à base de um lipídio que pode aumentar sua eficácia - pelo menos este foi o resultado observado em furões.
Depois de testada em animais, a vacina contra a gripe foi utilizada em 100 humanos. Não foram registrados efeitos adversos e os resultados foram positivos.
De acordo com os pesquisadores, o sucesso do teste permite um planejamento para que, num futuro próximo, seja realidade a ideia de a população receber um pacote com vacina e dispositivo para aplicação intradérmica com facilidade, pelo correio.
Reforço na produção de vacinas
Também hoje, o periódico especializado Vaccine publicou uma pesquisa que pode ser um avanço na outra ponta da questão das vacinas: a produção.
Os cientistas descobriram uma maneira, utilizando feixes de laser, para medir rapidamente a infectividade viral (a capacidade de um agente de causar infecção) no desenvolvimento e na produção das vacinas.
Isso significa melhorar a efetividade dos medicamentos, "acertando" com mais destreza a carga viral da vacina.
No artigo, os pesquisadores, das empresas Thermo Fisher Scientific e LumaCyte, mostram como o laser possibilita que cientistas analisem rapidamente as vacinas virais. Com a maior precisão, a ideia é que o desenvolvimento de medicamentos seja acelerado, com um grau de eficácia mantido.
"Muitas vacinas utilizam o próprio vírus para a criação de uma resposta imunológica no corpo. Assim, a medição da concentração dos vírus infecciosos é crítica para a segurança e eficácia das doses", explicam os cientistas.
A quantificação viral durante uma doença, enquanto ela é manifestada, é muito importante: afinal, atrasos na produção e distribuição da vacina podem ter efeitos sérios no dia a dia das pessoas.
Em geral, hoje em dia, essa medição é feita por meio do que se chama "teste de placas de lise". Isso significa que amostras da vacina são colocadas em uma superfície pequena e, por meio de observação microscópica, analisa-se a disseminação - ou não - do vírus. Um processo, portanto, menos acurado e menos ágil do que a novidade proposta.
Os cientistas acreditam que, com o novo método, gargalos do processo sejam eliminados. E, em breve, vacinas mais eficazes estejam disponíveis para males como ebola, zika vírus e influenza, a gripe.
Gripe
A maior dificuldade na imunização contra a gripe é a rápida mutação das cepas do vírus, que mudam praticamente a cada nova temporada de vacinação.
Cientistas, entretanto, têm trabalhado para que, em breve, esteja disponível uma vacina "universal" contra a doença - o que eliminaria a necessidade, por exemplo, de campanhas anuais de imunização, como ocorre no Brasil, sobretudo focadas na população mais idosa.
Estudo publicado no ano passado na revista Scientific Reports mostra que uma das estratégias que vêm sendo testadas pelos cientistas é a criação de uma vacina que combata a "raiz" do vírus da gripe, em vez do vírus de modo geral. Isto faria com que toda a árvore genealógica do agente infeccioso fosse combatida.
Esta é a ideia de pesquisadores do centro médico da Universidade de Rochester, instituição localizada ao norte de Nova York, nos Estados Unidos.
Para explicar o conceito, os cientistas envolvidos no projeto fazem uma analogia com uma flor comum. Eles afirmam que há uma proteína, chamada hemaglutinina, que tem a capacidade de cobrir o exterior do vírus da gripe. Esse efeito é semelhante ao de uma flor: há o talo e a cabeça, o caule e as pétalas.
Até então, as vacinas são todas focadas na cabeça, ou seja, a parte do vírus que acaba sendo a mais exposta - e, consequentemente, aquela que mais muda evolutivamente, no esforço para escapar das defesas imunológicas.
Os cientistas utilizaram supercomputadores para analisar as sequências genéticas dos vírus da gripe H1N1 em circulação entre humanos desde 1918. Em laboratório, o vírus foi manipulado e juntado com anticorpos humanos. O software de computador encontrou variações evolutivas no vírus tanto na cabeça quanto no caule - mas, segundo os cientistas, a variação observada na cabeça sempre foi muito maior.
"Uma vacina contra a gripe universal baseada no caule seria mais amplamente protetora do que as que usamos agora, mas essa informação deve ser levada em conta à medida que avançamos com pesquisa e desenvolvimento", afirma o professor de microbiologia e imunologia David J. Topham, um dos autores da pesquisa.
"É muito mais difícil promover as mutações no caule do vírus, mas não é impossível."
Dados
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mesmo com intensas campanhas de vacinação ao redor do mundo, estima-se que 1 bilhão de pessoas, em todo o mundo estejam infectados com o vírus da gripe. Os casos graves estão entre 3 a 5 milhões por ano - que causam de 300 mil a 500 mil mortes decorrentes da doença.
Nos Estados Unidos, as vacinas existentes ainda hoje protegem de 40% a 70% da população, também de acordo com dados da OMS.