sábado, 19 de maio de 2018

A coisa tá ficando preta:‘Com Obama meu filho se viu como presidente; agora minha cor está na família real’

Smith e BahamasDireito de imagemBBC BRASIL
Image captionAs americanas Smith e Bahamas (à dir.) foram à Inglaterra só para ver o casamento real
Karin Bahamas viajou de Nova York para a cidade de Windsor, a 40 km de Londres, para finalmente conseguir "se ver" ocupando espaços até então restritos à nobreza branca europeia.
A chegada da conterrânea Meghan Markle ao núcleo da família real britânica, ao se casar com o príncipe Harry, neste sábado (19), a fez lembrar da sensação que o seu filho experimentou quando Barack Obama se transformou no primeiro negro a ocupar a Casa Branca, nos EUA.
"Antes de Obama, viamos todos aqueles homens que não refletiam quem somos (na presidência dos EUA). Depois, meu filho encontrou um presidente igualzinho a ele."
Ela prossegue: "A importância desse casamento vai além do Reino Unido e mostra como as coisas mudaram no mundo. Para mim, que também tenho um casamento interracial, é incrível ver na família real alguém da minha cor".
Coro de cantores negros canta 'Stand by me' no casamento de Harry e MeghanDireito de imagemREPRODUÇÃO / PALÁCIO DE KENSINGTON
Image captionCoro de cantores canta 'Stand by me' no casamento de Harry e Meghan
Bahamas viajou junto da amiga Leslie Smith, que também é negra e se vestiu a caráter com um fascinator (enfeite de cabeça tradicionalmente usado em casamentos da elite britânica), porque faziam questão de presenciar este "momento histórico".
"Meghan não é só uma mulher independente. Ela também é fruto de uma mistura racial. Isso é magnífico", disse, enquanto posicionava sua cadeira e buscava uma garrafa de champanhe.
"Acho que o legado da (princesa) Diana para seus dois meninos foi o de se casarem com quem eles amem. E é impressionante como a familia real tem respeitado isso."

Revolução Meghan

Não o foi so a dupla de americanas que ressaltou a "importância histórica" do casamento.
A BBC Brasil acompanhou a cerimônia do lado de fora do castelo de Windsor, onde mais de 100 mil pessoas vindas de diversos lugares do mundo se reuniram desde as primeiras horas deste sábado.
Entre os muitos negros presentes, o principal interesse no evento era a diversidade que a figura de Meghan traz a uma instituição tão tradicional quanto a familia real britânica.
O angolano IsraelDireito de imagemBBC BRASIL
Image captionO angolando Israel Campos esteve no meio da multidão que acompanhou a saída dos noivos da capela
O angolano Israel Campos, de 18 anos, estuda no interior da Inglaterra e veio sozinho a Windsor "para ver uma realidade que só encontramos nos filmes".
"É um conto de fadas real", disse, mostrando satisfação ao encontrar interlocutores que também falavam português.
"Há um tempo atras era impensável uma pessoa como a Meghan, que é atriz, modelo fotográfica e tem raízes negras, entrar para a familia real. Ela vem quebrar padrões e mostrar que as pessoas dos castelos e dos contos não têm que ser necessariamente de um tipo. Não há um padrão para ser bonito ou da realeza, para ser importante. O padrão está dentro de nós, é aquilo que nós somos. Meghan traz uma revolução grande e sabe disso", afirmou o jovem à BBC Brasil.
Meghan, antes de se casar com Harry, trabalhou por anos como atriz e era uma das protagonistas da série Suits, da Netflix, que mostrava a vida num escritório de advocacia. Ela precisou abandonar a carreira para se tornar integrante da familia real.
A americana conciliava o trabalho como atriz com o ativismo: foi embaixadora da ONU Mulheres, onde se declarou várias vezes feminista.
Noiva entra na capela, com crianças carregando a calda do vestidoDireito de imagemDANNY LAWSON/PA WIRE
Image captionO momento em que a noiva Meghan Markle entra na capela
O fato dela ter entrado sozinha na capela de São Jorge, já que seu pai não pode comparecer à cerimônia por problemas de saúde, foi elogiado entre as mulheres presentes do lado de fora.
Só já perto do altar ela caminhou acompanhada do príncipe Charles.

Minorias

A repercussão em torno da origem de Meghan, que será chamada a partir de agora de duquesa de Sussex, se justifica pela composição étnica da sociedade britânica - majoritariamente branca.
Segundo dados do Censo de 2011, apenas 3,5% da população do país se declaravam negros. Já os mestiços, chamados no Reino Unido de "mixed race", representavam 2%. Ainda assim as minorias étnicas estão em crescimento - em 2001, o percentual total era de 9% e passou para 14% em 2011.
Reverendo Michael Curry, negro, discursa no casamento de Harry e MeghanDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionReverendo americano Michael Curry discursa no casamento de Harry e Meghan
Dentro desse contexto, também foi simbólica a presença de um reverendo negro e americano, Michael Curry, na celebração do casamento.
Curry discursou por 13 minutos e citou por duas vezes frases do ícone da luta pelos direitos civis dos negros americanos, Martin Luther King, assassinado há 50 anos. "Precisamos descobrir o poder redentor do amor. Quando o fizermos, faremos deste velho mundo, um mundo novo."
O casamento também teve um coral de cantores gospel e um violinista negro.

Simbologia x realidade

Apesar do poder simbólico da união ressaltado pelos presentes não se sabe se isso vai influenciar a dinâmica racial no Reino Unido.
Entre 2015 e 2016, o Ministério do Interior britânico registrou um aumento de 41% nos crimes de ódio, que incluem ataques a minorias raciais.
Quando o príncipe assumiu oficialmente o relacionamento com Meghan, pediu que a imprensa maneirasse nas tintas racistas e sexistas em relação à sua então namorada.
Violoncelista Sheku Kanneh-Mason, de 19 anos, toca enquanto Harry e Meghan assinam o registro matrimonialDireito de imagemREPRODUÇÃO / PALÁCIO DE KENSINGTON
Image captionVioloncelista Sheku Kanneh-Mason, de 19 anos, toca enquanto Harry e Meghan assinam o registro matrimonial
Ela também sofreu comentários racistas nas redes sociais. Além disso. em fevereiro deste ano, a polícia de Londres classificou como "crime de ódio racista" uma carta com ofensas endereçadas ao casal.
Apesar da incógnita sobre o poder de transformação do casamento de Meghan e Harry na sociedade britânica, a presença de uma afrodescendente na familia real gera esperanças nas próximas gerações.
A pequena Zara Pochan, de nove anos, junto com a mãe e e a tia, balançava uma bandeirinha inglesa com a foto dos noivos.
A pequena contou à BBC Brasil que aprendeu com Meghan a "nunca desistir e sempre dar seu máximo". "A autoestima dela me inspira", afirma ela, que sonha em ser ginasta.
A jovem ZaraDireito de imagemBBC BRASIL
Image captionA pequena Zara se sentiu inspirada pelo casamento real


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Casamento reforça a cultura e a marca real


O príncipe Harry e atriz americana Meghan Markle se casam neste sábado às 8h do horário de Brasília (12h na Inglaterra), na Capela de São Jorge, localizada em Windsor, nos arredores de Londres.
A noiva chegou pontualmente às 12h, em um Rolls Royce Phantom, com um vestido branco. Os príncipes Harry e William chegaram juntos, por volta de 11h35 (07h35 do horário de Brasília). A Rainha da Inglaterra Elizabeth 2ª e seu marido, o Duque de Edimburgo, estão presentes.
A capela está decorada com folhagens e flores brancas. Faz um dia de sol.
A apresentadora Oprah Winfrey foi uma das primeiras convidadas a chegar. Entre outros famosos presentes estão David e Victoria Beckham, George e Amal Clooney, a tenista Serena Williams e o cantor Elton John, que era amigo da princesa Diana, mãe de Harry.
Milhares de pessoas estão em Windsor para ver os noivos. O casal também convidou 1.200 membros do público para o castelo de Windsor - entre eles, trabalhadores em organizações de caridade.
Harry, o filho mais novo de Diana com o príncipe Charles, é o sexto na linha de sucessão ao trono britânico - atrás de seu pai, de seu irmão mais velho William e dos três filhos dele com Kate Middleton.

Detalhes sobre a roupa da noiva

O vestido de Meghan Markle foi desenhado pela estilista britânica Clare Waight Keller.
A noiva usa uma tiara de diamantes emprestada pela Rainha, segundo o Palácio de Kensington. O véu tem flores de cada um dos 53 países da Commonwealth.

Como é a cerimônia do casamento real?

A cerimônia do casamento real é celebrada pela Ingreja Anglicana, um ramo do cristianismo protestante, da qual a rainha da Inglaterra é a chefe. Integrantes da família real devem ser membros ativos da igreja. Por isso, Meghan Markle foi batizada em março.
pai de Meghan, Thomas, não compareceu ao casamento por motivos de saúde. Na sua ausência, a noiva entrou sozinha na igreja. O príncipe Charles a conduziu na reta final do altar. O irmão mais velho de Harry, William, é padrinho.
Estima-se que cerca de 100 mil pessoas partam de Londres para Windor para ver os noivos.

Quem é Meghan Markle?

Meghan Markle, de 36 anos, é uma atriz americana, divorciada e feminista. Ela integrava o elenco da série Suits, da Netflix, e já indicou que vai deixar a carreira de atriz para se dedicar a atividades ao lado de Harry.
A atriz é afrodescendente - sua mãe, a assistente social e instrutora de ioga Doria Ragland, é negra. O ingresso de Meghan na família real britânica intensificou a discussão sobre relações raciais no Reino Unido.
Meghan e Harry, de 33 anos, se conheceram em Londres, em julho de 2016, por meio de amigos em comum.
Depois do casamento, Meghan não deve ganhar o título de princesa, por não ter "sangue real" - o mesmo aconteceu com Kate Middleton e mesmo com Diana, que era chamada popularmente de princesa mas não tinha o título oficialmente.
Com informações da BBC.
Telefoto:Edgar S. Santos
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Casamento real: quanto vai custar e quem pagará a conta?

Príncipe Harry e Meghan MarkleDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCasamento de príncipe Harry com Meghan Markle pode custar até 32 milhões de libras (R$ 160 milhões)
É difícil realizar um casamento de baixo custo - muito menos um casamento real. Em meio à expectativa sobre o casamento do príncipe Harry, sexto na linha de sucessão ao trono britânico, com a atriz americana Meghan Markle, o custo do evento é um dos principais objetos de especulação.
Harry, 33, e Meghan, 36, que namoram há um ano e meio, vão se casar neste sábado na capela de São Jorge, nas dependências do castelo de Windsor, a 40 km de Londres. A cerimônia será restrita a 600 convidados - entre eles, monarcas de outros países europeus. Dali, partirão para uma festa restrita a 250 amigos e familiares.
Qualquer um que já tenha organizado um casamento sabe o grande número de detalhes - e custos - envolvidos, do bolo à decoração do salão, da comida ao DJ. Acrescente a isso convidados VIPs, segurança e toda a pompa necessária em uma união como a de Harry e Meghan e a conta pode chegar a muitos milhões.
Tradicionalmente, o custo total dos casamentos reais não é divulgado ao público. Contatado pela BBC, o Ministério do Interior britânico informou que revelar essa despesa poderia comprometer a segurança nacional.
Mas a imprensa britânica vem circulando a estimativa de 32 milhões de libras (cerca de R$ 160 milhões), calculada pela plataforma virtual de organização de casamentos Bridebook, com base no preço das flores, comida, entretenimento ─ e do vestido da noiva.

Segurança é a maior despesa do casamento

A maior despesa, contudo, seria com a segurança do evento (30 milhões de libras, segundo a Bridebook), a ser paga pelo contribuinte britânico. Haverá desde snipers até policiais à paisana, passando por um sistema antidrones. Uma das preocupações é com a ameaça de terrorismo - maior do que no casamento de William com Kate Middleton.
Já o vestido, segredo guardado a sete chaves, custaria em torno de 300 mil libras e seria pago por Meghan, segundo a empresa.
A BBC contatou o dono da Bridebook, Hamish Shepard, e perguntou que metodologia foi usada para chegar à estimativa de 32 milhões de libras.
Ele disse que o orçamento foi baseado na suposição de que a família real pagaria por todos os custos a preços de mercado.
Canecas com fotos de Harry e MeghanDireito de imagemEPA
Image captionEvento pode injetar 500 milhões de libras na economia britânica
Mas, na falta de dados públicos, a estimativa não passa de uma adivinhação, embora embasada.
Por exemplo, não se sabe se os fornecedores poderiam oferecer descontos pelo privilégio de fornecer seus serviços para o casamento real, adicionando prestígio a suas marcas.
Mas, se a cifra estiver correta, seria um dos dez casamentos reais mais caros da história, praticamente igualando-se ao do irmão mais velho de Harry, William, que se casou com Kate Middleton na famosa Abadia de Westminster, em abril de 2011. As festividades custaram, à época, 34 milhões de libras.
Mesmo somados, os valores ainda ficam aquém dos do casamento dos pais dos atuais príncipes. As bodas de Diana e Charles, na Catedral de São Paulo em 1981, custaram cerca de US$ 48 milhões, em valores da época, cerca de 80 milhões de libras em valores atuais, corrigidos pela inflação.
Cortejo após casamento de Harry e Meghan

Quem vai pagar a conta do casamento real?

Reza a tradição que o pai da noiva pague pelo casamento, mas o Palácio de Kensington, onde Harry vive atualmente e viverá com a futura mulher, divulgou um comunicado informando que bancará os custos do evento.
"Como ocorreu no casamento do Duque e a Duquesa de Cambridge (William e Kate), a Família Real vai pagar pelos aspectos centrais do casamento, como a cerimônia religiosa, a música associada, as flores, decorações e a posterior recepção", informou o comunicado.
Ainda assim, o custo da segurança para o casamento, realizado pela polícia local, vai ser bancado pelo contribuinte britânico.

De onde vem o dinheiro da família real?

São várias as fontes de renda da família real. Uma delas é o chamado Fundo Soberano, espécie de pagamento fixo do Tesouro Britânico à rainha que paga pelos salários dos funcionários da família, pelas viagens oficiais e pela manutenção dos palácios.
No ano fiscal de 2017/2018, esse valor vai totalizar cerca de 82,2 milhões de libras (R$ 410 milhões).
O Fundo Soberano é composto por uma porcentagem fixa dos lucros do patrimônio da Coroa - gerenciados pelo Crown Estate - que anunciou um lucro de 328 milhões de libras (R$ 1,4 bilhão) em 2016/2017, um aumento de 24 milhões de libras (R$ 101 milhões) em relação ao ano fiscal anterior.
Spice GirlsDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionSpice Girls devem se apresentar na festa de casamento de Harry e Meghan
O Crown Estate foi criado em 1760, quando o rei George 3º chegou a um acordo com o governo estabelecendo que o lucro desse patrimônio iria para o Tesouro e, em troca, o monarca receberia um pagamento anual - o Fundo Soberano.
O Estate é uma entidade patrimonial independente que administra um dos maiores portfólios de propriedades e concessões do país, que inclui residências, escritórios, lojas, empresas e centros comerciais. A monarquia é dona de terras na Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
A rainha ou rei em exercício recebe, do Tesouro, 15% dos lucros anuais do Crown Estate para pagar os custos com sua equipe, manutenção de propriedades, viagens e compromissos oficiais.
O governo já havia anunciado, no entanto, que entre 2017 e 2027 esse percentual aumentará para 25%, para ajudar a pagar uma reforma de 369 milhões de libras no Palácio de Buckingham, residência oficial do soberano.
Tecnicamente, o patrimônio da Coroa pertence ao monarca durante a duração de seu reinado, mas, na prática, não pode ser vendido por ele ou ela.

Privy Purse, o rendimento privado da rainha

A Rainha Elizabeth 2ª também tem seu rendimento privado, chamado Privy Purse, para custear os gastos gerados por outros membros da realeza.
Os dividendos vêm, em sua maioria, do Ducado de Lancaster, um portfólio de terras, propriedades e bens da rainha que é administrado de forma separada do patrimônio da Coroa e transmitido por gerações desde quando o país ainda era um regime feudal.
Anualmente, são cerca de 17 milhões de libras.
Este portfólio consiste de 18.454 hectares de terras na Inglaterra e no País de Gales, além de propriedades comerciais, agrícolas e residenciais.
Apesar de ser classificado como um patrimônio privado da rainha, não pode ser vendido por ela.
Assim como o patrimônio da Coroa, os lucros do Ducado de Lancaster vão para o Tesouro, que então financia parte das despesas da rainha não cobertas pelo Fundo Soberano.
Fachada da Capela de São Jorge em WindsorDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor, será local do casamento
O chanceler do Ducado de Lancaster é quem administra as propriedades e aluguéis deste ducado.
De forma semelhante, a receita do Ducado da Cornualha financia os gastos privados e oficiais do príncipe de Gales (Charles) e da duquesa da Cornualha (Camilla).
Ambos são isentos do pagamento de taxas para o governo porque são entidades da Coroa.
De acordo com o Sunday Times, a rainha tem ainda um portfólio de investimentos que consiste em sua maior parte de ações de empresas britânicas consideradas mais confiáveis, avaliado em 110 milhões de libras.
Seus bens ainda incluem uma coleção de selos, joias, carros, cavalos, o legado da rainha-mãe. Tudo isso contribui para sua fortuna pessoal.
Separadamente, ainda há a coleção real, que inclui joias da Coroa, obras de arte, móveis antigos, fotografias históricas e livros, num total de mais de 1 milhão de objetos avaliados em 10 bilhões de libras.
Mas essa coleção não pode ser contabilizada na fortuna da monarca porque é administrada em nome de seus sucessores e do país.
Já os gastos com segurança devem ser pagos pelos contribuintes, assim como aconteceu no casamento de William e Kate.
Apesar de todos esses gastos, especialistas acreditam que o casamento de Harry e Meghan possa injetar até 500 milhões de libras na economia britânica.
Fonte:BBC

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Religião:Escândalo sexual leva todos os bispos do Chile a pedirem demissão ao papa


Luis Fernando Ramos Pérez, membro da conferência episcopal chilena, anuncia a demissão dos bispos chilenosDireito de imagemAFP
Image captionAlém de apresentar sua renúncia aos cargos, os bispos pediram perdão ao Chile, às vítimas de abusos e ao papa
Foi um pedido de demissão em massa sem precedentes. Os 34 bispos do Chile ofereceram nesta sexta-feira a renúncia aos seus cargos ao papa Francisco em meio ao escândalo envolvendo o bispo chileno Juan Barros, acusado de encobrir abusos sexuais na Igreja Católica no país.
"Colocamos nossos postos nas mãos do Santo Padre e deixaremos que ele decida livremente por cada um de nós", informaram os bispos em uma coletiva de imprensa no Vaticano. Eles também pediram perdão ao Chile, às vítimas de abusos e ao papa.
Até o início da tarde, Francisco não havia se manifestado sobre aceitar ou não as renúncias.
Em declarações à chilena Rádio Cooperativa, Juan Carlos Cruz, uma das pessoas que afirmam terem sido vítimas de abuso perpetrado por um sacerdote católico no Chile, disse que o anúncio da renúncia constitui um fato "absolutamente inédito".
"Os bispos usam eufemismos para explicar o que aconteceu, mas todos os bispos renunciarem, colocando seus cargos à disposição do papa, é algo que nunca havia ocorrido em uma conferência episcopal", afirmou.
Cruz foi um dos principais denunciantes de Barros. Ele disse estar satisfeito com a atitude de Francisco perante os prelados chilenos - o pontífice atribuiu a responsabilidade em relação aos casos de abuso sexual.
"Os que mais causaram danos e nos provocaram dor e sofrimento foram os bispos", declarou.

Reunião no Vaticano

Papa FranciscoDireito de imagemEPA
Image captionEm sua visita ao Chile em janeiro, Francisco defendeu a inocência de Barros e, depois, pediu desculpas
Os bispos chilenos se reuniram por três dias com o papa no Vaticano para tratar dos erros e omissões na gestão dos casos de abusos nos quais estava envolvido Barros, acusado de encobrir os atos do sacerdote Fernando Karadima.
Francisco entregou um documento de dez páginas em que acusa a hierarquia eclesiástica chilena de negligênica e, ao concluir as reuniões, entregou uma carta a cada um dos bispos.
"À luz destes acontecimentos dolorosos em relação aos abusos - de menores, de poder e de consciência -, aprofundou-se a gravidade dos mesmos, assim como as trágicas consequências para as vítimas. A algumas delas, eu mesmo pedi perdão do fundo do meu coração, ao qual vocês se uniram em uma só vontade e com o firme propósito de reparar os danos causados", escreveu Francisco.
Bispo Juan BarrosDireito de imagemREUTERS
Image captionBarros assumiu em 2015 como bispo de Osorno em uma tensa cerimônia
O bispo Barros é questionado há anos no Chile por seus vínculos com Karadima, que tanto a Justiça comum quanto a eclesiástica consideraram responsável por abuso sexual de menores. Os crimes teriam sido cometidos nos anos 1980 e 1990.
O sacerdote foi suspenso permanentemente de suas funções, e suas vítimas acusam Barros de ter atuado para encobrir os casos, algo que ele nega.

Perdão

Em abril, o papa reconheceu ter cometido "graves equívocos em sua avaliação" do caso de bispo Barros. Em uma visita ao Chile em janeiro, Francisco defendeu a inocência do bispo, mas depois pediu desculpas e ordenou uma investigação.
Em uma carta enviada à Conferência Episcopal do Chile, o pontífice perdiu perdão a todos que possa ter ofendido e disse sentir "dor e vergonha".
Juan Carlos CruzDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCruz foi um dos principais denunciantes de Barros e mandou uma carta ao Vaticano
Para esclarecer o caso, o papa enviou aos Estados Unidos e ao Chile o arcebispo Charles Scicluna, um dos investigadores mais experientes do Vaticano, para que entrevistasse vítimas de Karadima que acusaram também Barros.
Uma delas foi Cruz, que informou em fevereiro à imprensa que, em 2015, enviou uma carta a Francisco detalhando os abusos sofridos por ele e outros menores nas mãos de Karadima, e dizendo que a Igreja no Chile e Barros haviam ocultado por anos esses casos.
Cruz diz que a carta foi recebida em abril de 2015 por um assessor do papa que colabora no combate aos abusos, o cardeal Sean O'Malley, que teria depois assegurado às vítimas e seus representantes que o papa estava ciente das denúncias, algo que o Vaticano não confirma.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Política:Lula trata gestão de Paulo Câmara como uma 'vitrine'


Ex-prefeito de São Paulo fez afagos aos três governadores nordestinos logo após conversar com Lula, que está preso em Curitiba (PR). Foto reprodução
Ex-prefeito de São Paulo fez afagos aos três governadores nordestinos logo após conversar com Lula, que está preso em Curitiba (PR). Foto reprodução

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, e saiu do encontro fazendo elogios a três governadores – Flávio Dino (PCdoB), Paulo Câmara e Ricardo Coutinho, ambos do PSB. Segundo Haddad, que esteve na prisão federal de Curitiba, Lula está determinado a disputar a Presidência da República, mesmo estando preso, e lhe pediu que visitasse os estados “vitrines” para colher “boas ideias” dos governos, entre eles o de Pernambuco. Haddad se encontrou com o petista ao lado da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Chamando a gestão de Paulo Câmara de “vitrine”, Haddad enfraqueceu a perspectiva de da vereadora Marília Arraes, pré-candidata do PT ao governo estadual, adversária ferrenha do PSB. 

O afago de Haddad às gestões de Paulo, Ricardo Coutinho e Flávio Dino foi feito na mesma semana em que Gleisi Hoffmann conversou com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e com a presidente do PCdoB, Luciana Santos. A iniciativa foi vista como uma última cartada de Lula para sair do isolamento e conseguir o apoio do PSB, que caminha para apoiar o futuro presidenciável Ciro Gomes (PDT), e do PCdoB, que mantém a pré-candidatura de Manuela D´Ávila. 

Por outro lado, a fala de Haddad chegou praticamente como a “bênção” de Lula para uma aliança local entre o PSB e o PT, o que Marília não contava. Na Paraíba, os petistas vão apoiar o candidato do PSB ao governo do estado, o sucessor de Ricardo Coutinho. E no Maranhão, o mesmo acordo já foi selado para reforçar o palanque de Flávio Dino. Já em Minas Gerais, há uma articulação para Márcio Lacerda (PSB) retirar a pré-candidatura e apoiar o governador Fernando Pimentel (PT), que corre o risco de sair sem apoio de qualquer partido. Fernando Pimentel, inclusive, jantou ontem à noite com o governador Paulo Câmara.

“Ele (Lula) quer que seu plano de governo reflita as boas ideias de governadores como Flávio Dino, Paulo Câmara, Ricardo Coutinho. Entre junho e julho, eu vou fazer uma viagem aos estados progressistas para incorporar, no plano de governo (do PT), as vitrines estaduais que podem ser nacionalizadas”, declarou Haddad, que tinha acabado de fazer um discurso para a militânciapresente usando megafone.    

Segundo Haddad, Lula estimulou “vivamente a conversa com os partidos políticos” de centro-esquerda e a manutenção do diálogo, mesmo que as demais legendas tenham candidato à presidência. O objetivo é que um dos nomes adversários de Temer chegue ao segundo turno. “Ele liderou a vida inteira o diálogo. É do interesse dele que os partidos progressistas que se opõem ao governo Temer mantenham o diálogo independentemente de ter candidato próprio”. 

A bênção de Lula reforça a tese de aliança com o PSB defendida pelo senador Humberto Costa. Ela chegou no mesmo dia que o Grupo de Trabalho Eleitoral do PT nacional se prontificou a elaborar um encaminhamento para o PT pernambucano sobre as eleições, após um processo de escuta interna. A indicação deve propor um acordo a Marília e pedir que ela dispute um mandato de deputada federal. O PT estadual não é obrigado a seguir a indicação, mas seria o mesmo que contrariar Lula.  

Marília Arraes preferiu não se pronunciar sobre as declarações de Haddad. Ela mantém a agenda de encontros políticos e, no próximo domingo, às 10h, reúne-se com a militância, no Clube Internacional do Recife, para defender a tese de “Lula livre”, bem como sua eleição presidencial. No evento, Marília estará reunida com os apoiadores do seu projeto de concorrer ao governo do estado. A petista mantém o apoio, especialmente, de movimentos sociais, trabalhadores rurais e sindicatos, a chamada base petista.
Aline Moura - Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE