quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Quem é quem no 'quadrilhão do PMDB' apontado pela PF

Michel Temer
Image captionMichel Temer: "Nunca participeu nem participo de quadrilha" | Foto: Antonio Cruz/Ag. Brasil
Ao concluir a investigação sobre a suposta organização criminosa formada por integrantes do grupo político conhecido como PMDB da Câmara, a Polícia Federal colocou Michel Temer no centro de dois organogramas nos quais orbitam auxiliares diretos, ex-assessores que já foram presos e aliados de longa data do presidente.
Além de Temer, apontado no relatório como alguém que tinha poder de decisão nas ações do grupo, a PF identificou outras 11 pessoas que seriam parte do que agora está sendo chamado de "quadrilhão do PMDB".
O aumentativo "quadrilhão" é uma alusão ao tamanho e ao poder dos integrantes do grupo suspeito de, entre outros crimes, organização criminosa - quando quatro ou mais pessoas se associam para o fim específico de cometer infrações penais cujas penas máximas superem quatro anos.
Os investigadores dividiram os integrantes do grupo entre primeiro e segundo escalões.
"Importante frisar, antes, que tais nomes não apareceram de forma aleatória. Na verdade, diversos réus e colaboradores investigados indicam fatos relacionados aos integrantes da organização, informações obtidas justamente por fazerem parte, cada um ao seu modo, das engrenagens que mantêm em funcionamento o esquema criminoso, mas integrando os seus devidos lugares nos núcleos administrativo, financeiro e empresarial", diz o relatório da PF.
São seis os apontados como integrantes do grupo político/gerencial e, nas palavras da polícia, "há outros indivíduos com participação não tão destacada, ou hierarquicamente menos relevante no grupo do 'PMDB da Câmara'". Esse segundo grupo, continua a PF, atua como "longa manus", "orbitando e executando as decisões tomadas pelo 1º escalão."
O relatório da Polícia Federal foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e deve servir de base para o procurador-geral Rodrigo Janot oferecer provável nova denúncia contra Temer.
O presidente e principais auxiliares rechaçaram todas as suspeitas levantadas pelos investigadores. Temer disse que nunca "participou nem participa de quadrilha" - em nota divulgada nesta terça pela Presidência, afirma que "facínoras roubam do país a verdade" e que "bandidos constroem versões" em busca de imunidade ou perdão de crimes.
Confira quem é quem no primeiro e segundo escalão da organização apontada pela PF, e o que dizem os suspeitos. A BBC Brasil não conseguiu contato com os representantes legais dos citados que estão presos e com alguns dos outros suspeitos.

Michel Temer, presidente do Brasil

Além de destacar "a extensa carreira política" do presidente, a PF afirma que Temer tinha "poder de decisão nas ações do grupo do PMDB da Câmara" para indicar cargos estratégicos e articular com empresários beneficiados nos supostos esquemas ilícitos.
"E, como em toda organização criminosa, com divisão de tarefas, o presidente Michel Temer se utiliza de terceiros para executar ações sob seu controle e gerenciamento", escreveu a PF.
São atribuídos a Temer os crimes de corrupção passiva, embaraço de investigação de infração penal praticada por organização criminosa, caixa 2 eleitoral e lavagem de dinheiro. Segundo os investigadores, ele teria recebido mais de R$ 30 milhões de "vantagem".
A PF afirma que foram usados como evidências as delações do operador Lúcio Funaro e da JBS, a análise do celular do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e investigações como a que monitorou o ex-assessor de Temer, Rodrigo Rocha Loures, que recebeu uma mala com R$ 500 mil da multinacional brasileira.
Em nota divulgada pela Presidência da República, Temer nega as acusações, classificando-as de "insinuações descabidas".
"O presidente tampouco fez parte de qualquer 'estrutura com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagens indevidas em órgãos da administração pública'", diz o texto.
Ao comentar a divulgação do relatório, a nota afirma que Temer "lamenta que insinuações descabidas, com intuito de tentar denegrir a honra e a imagem pública, sejam vazadas à imprensa antes da devida apreciação pela Justiça".

Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência

Moreira Franco
Image captionMoreira Franco diz que jamais participou "de qualquer grupo para a prática do ilícito" | Foto: Antonio Cruz/Ag. Brasil
Ex-deputado federal, o ministro ocupou a Decretaria de Aviação Civil no governo Dilma Rousseff entre 2013 e 2014. Foi nomeado por Temer como secretário do Programa de Parcerias de Investimentos, cargo no qual esteve entre maio de 2016 e fevereiro de 2017, quando foi promovido a ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência e passou a desfrutar de foro privilegiado.
De acordo com o relatório da PF, "há indícios de ter sido beneficiário" de um pagamento de R$ 5 milhões feito por uma construtora e que teria sido destinado a Temer. Suspeita-se que esse valor tenha sido contabilizado como caixa 2 eleitoral e refira-se a uma contrapartida dos interesses da empreiteira OAS na concessão de aeroportos, "conforme consta em relatório de análise das mensagens encontradas no celular de Eduardo Cunha".
Moreira Franco também é suspeito de ter solicitado contribuições eleitorais para o PMDB e de ter sido beneficiado com pagamentos de esquemas de propina da Caixa Econômica Federal.
O ministro nega todas as acusações e afirmou repudiar a suspeita. "Jamais participei de qualquer grupo para a prática do ilícito", disse ele, que acrescentou que vai responder "de forma conclusiva quando tiver acesso ao relatório do inquérito".

Henrique Eduardo Alves, ex-presidente da Câmara e ex-ministro do Turismo

Foi o deputado federal com maior tempo no cargo, tendo permanecido na Câmara por 44 anos, de 1971 a 2015, quando assumiu o Ministério do Turismo ainda no governo Dilma Rousseff.
Alves voltou a ocupar a mesma pasta na gestão Temer, mas acabou perdendo o cargo em junho de 2016, depois de ter o nome citado pelo ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado como beneficiário de R$ 1,55 milhão em propina entre 2008 e 2014.
"Devido à sua trajetória e influência no PMDB na Câmara, por vezes dividia com Eduardo Cunha a indicação de postos importantes pleiteados pelo grupo", destaca o relatório da Polícia Federal, que aponta Alves como "figura de destaque no núcleo político investigado".
O ex-ministro foi presidente da Câmara entre fevereiro de 2013 e a fevereiro de 2015.
Ele ainda é suspeito de ser beneficiário de uma offshore sediada em Cingapura, que operava, por meio de transações ilícitas, recursos que teriam sido desviados da Caixa. A PF lista valores que se aproximam dos R$ 30 milhões como "vantagem" atribuída ao ex-deputado e usa como evidências depoimentos de três colaboradores.
Alves, que está preso desde junho de 2017, é também alvo de uma operação que investiga corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, estádio construído no Rio Grande do Norte para a Copa de 2014, realizada pela OAS.
Preso, Geddel desce do avião escoltado pela PF
Image captionGeddel Vieira Lima foi preso pela segunda vez na semana passada | Foto: Valter Campanato/Ag. Brasil

Geddel Vieira Lima, ex-ministro

Geddel foi deputado federal por cinco mandatos, líder do PMDB em várias ocasiões e, segundo a PF, atuava em "perfeita sintonia com Eduardo Cunha".
O relatório afirma que ele "transita entre os núcleos político e administrativo do grupo investigado, tendo sido peça fundamental na organização criminosa no período em que foi vice-presidente na Caixa", cargo que ocupou entre março de 2011 e dezembro de 2013.
No governo Temer, Geddel foi nomeado ministro da Secretaria de Governo e tinha como atribuição, nas palavras da polícia, "coordenar o relacionamento do Executivo com o Congresso". Perdeu o cargo depois de pressionar o então ministro da Cultura a liberar uma obra de seu interesse em uma área protegida de Salvador.
Geddel foi preso pela segunda vez na semana passada. A polícia encontrou as digitais do ex-ministro em notas guardadas em malas e caixas de dinheiro que, somadas, ultrapassavam os R$ 51 milhões e estavam guardadas num apartamento que estaria sendo usado por ele.
Ele é suspeito de corrupção passiva e de ter cometido fraudes para liberar recursos para diferentes empresas no período que esteve na Caixa.

Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara

Deputado federal desde 2003, foi presidente da Câmara entre fevereiro de 2015 e julho de 2016, tendo renunciado ao comando da Casa depois de ser acusado de ter recebido e administrado de forma ilegal recursos fora do país.
Para a PF, Cunha é "figura central do grupo investigado" e operador "da maior parte dos crimes praticados pela organização criminosa". No organograma da PF, ele aparece ao lado de Temer.
Além de poder de decisão, escreveram os investigadores no relatório, ele indicava pessoas para cargos estratégicos, cooptava empresários para pagamento de propinas em troca de contratos e liberação de recursos e também apresentava atos legislativos "em benefício de ações criminosas".
A polícia acredita ainda que Cunha era chefe informal do operador Lúcio Funaro, determinando quem seriam os beneficiários finais dos recursos captados sob a forma de propina pelo grupo. Diz ainda que "praticamente todos os crimes levantados levam a assinatura" do ex-deputado.
Preso desde outubro de 2016, ele já foi condenado a mais de 15 anos de prisão pelo juiz federal Sergio Moro. Planilhas apreendidas com um dos delatores sugerem que ele tenha recebido mais de R$ 130 milhões.

Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil

Eliseu Padilha
Image captionPadrilha disse que só vai se pronunciar "quando e se houver acusação formal contra ele que mereça resposta" | Foto: Marcelo Camargo/Ag. Brasil
Último integrante do "primeiro escalão" do grupo do PMDB investigado pela PF, o ex-deputado federal foi ministro da Aviação Civil em 2015, ainda no governo Dilma Rousseff, e comanda a Casa Civil desde que Temer chegou ao poder, em maio de 2016.
O nome de Padilha foi citado nas delações assinadas por executivos da Odebrecht como "suspeito de cobrar propinas em nome do PMDB e do presidente Michel Temer para financiar campanhas eleitorais".
Segundo a PF, baseando-se nas delações da Odebrecht e do operador Lúcio Funaro, o ministro teria recebido R$ 4 milhões em dois pagamentos. Contra ele pesa a suspeita de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e caixa 2.
Padilha afirmou que só irá se pronunciar "quando e se houver acusação formal contra ele que mereça resposta".
Rocha Loures
Image captionRocha Loures é apontado como um dos homens próximos a Temer | Foto: Divulgação

Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor de Temer

Listado como o primeiro integrante do "segundo escalão" da organização criminosa, Rocha Loures foi assessor de Temer quando ele ainda ocupava a Vice-Presidência e é suspeito de atuar como preposto do presidente.
Foi filmado após receber de um executivo do grupo J&F - controlador da JBS -, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, uma mala com R$ 500 mil em São Paulo.
Foi preso em junho e colocado em prisão domiciliar. No primeiro interrogatório à Polícia Federal, Rocha Loures preferiu ficar em silêncio.

Tadeu Filippelli, ex-assessor de Temer

Após ser preso na Operação Panatenaico, ex-vice-governador do DF Tadeu Filippelli chega à superintendência da Polícia Federal
Image captionTadeu Filippelli foi exonerado do cargo de assessor especial da Presidência em maio, depois de ser detido pela PF | Foto: José Cruz/Ag. Brasil
Ex-presidente do PMDB no Distrito Federal e ex-vice-governador, Filippelli teve o nome listado no organograma, mas seu papel não foi detalhado pela PF.
No relatório, os investigadores afirmam ser possível que vários assessores de Temer "tenham se envolvido em diversas ações suspeitas, possíveis crimes".
"Nessa condição aparece Tadeu Filippelli, figura conhecida do PMDB/DF", escreve a PF, assinalando que o peemedebista foi exonerado do cargo de assessor especial da Presidência em maio, após ser preso pela Polícia Federal, na Operação Panatenaico - que apura suposto esquema de corrupção e suspeita de superfaturamento na construção do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília. A prisão revogada no final de maio.

Sandro Mabel, ex-assessor de Temer

Ex-deputado federal, Mabel também foi assessor especial do presidente.
Segundo a PF, seria uma pessoa de "confiança de Eduardo Cunha para propor emendas e medidas provisórias". Há suspeitas de que ele tenha beneficiado uma construtora e recebido pagamentos indevidos.

Antonio Andrade, vice-governador de Minas Gerais

Antonio Andrade
Image captionAntonio Andrade foi Ministro da Agricultura | Foto: Wellington Pedro/Imprensa MG
Atual vice-governador de Minas, foi ministro da Agricultura no governo Dilma Rousseff, cargo que ocupou, segundo a PF, por indicação direta de Temer.
Andrade também comandou a bancada do PMDB mineiro na Câmara quando atuava como deputado federal.
Para a PF, ele tem "posição de destaque nos fatos investigados". É suspeito de ter participado da edição de atos no Ministério da Agricultura para favorecer a JBS que, em troca, teria pago R$ 7 milhões a integrantes do grupo do PMDB investigado pela PF.

José Yunes, ex-assessor de Temer

A PF diz não ter identificado atividade partidária do suspeito, mas o identifica como amigo de longa data de Temer, que o nomeou como assessor especial.
Nas palavras dos investigadores, Yunes "foi arrastado pelo maremoto provocado pelas delações da Odebrecht". O escritório dele foi um dos endereços indicados para a entrega de R$ 10 milhões que a empreiteira diz ter dado ao PMDB.
Depois de ter o nome citado, ele foi exonerado do cargo no governo.

Lúcio Vieira Lima, deputado federal

Irmão de Geddel, Vieira Lima é suspeito de atuar no Congresso para favorecer interesses de grandes construtoras em troca de doações de campanha.
Da BBC Brasil em Londres
Professor Edgar Bom Jardim - PE

STF decide hoje se Janot pode denunciar Temer: entenda o que está em jogo

Michel Temer caminha à frente de Rodrigo Janot
Image captionAcusações da defesa de Temer contra o procurador-geral ganharam novo fôlego na semana passada | Foto: Agência Brasil
Depois de quatro anos no papel de acusador, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, conclui seu mandato à frente do Ministério Público Federal nesta semana tendo que se defender.
Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) se reúne para decidir se Janot é suspeito para investigar o presidente Michel Temer e se deve ficar impedido de apresentar nova denúncia contra ele, até que sejam concluídas as investigações sobre supostas ilegalidades na condução do acordo de delação premiada fechado com executivos da JBS.
As acusações da defesa de Temer contra o procurador-geral ganharam novo fôlego após a divulgação na semana passada de um "autogrampo" entre Joesley Batista, dono da JBS, e Ricardo Saud, um dos diretores do grupo. Na conversa, há indícios de que a delação premiada teria sido discutida com a PGR, por meio do ex-procurador da República Marcello Miller, antes mesmo da gravação da conversa entre Batista e Temer, o que seria ilegal.
Em reação, Janot disse na terça que "tantos são os fatos e tão escancaradamente comprovados, que a estratégia de defesa não pode ser outra senão tentar desconstituir, desacreditar a figura das pessoas encarregadas do combate à corrupção".
Entenda o que pesa contra Janot e quais podem ser as consequências do julgamento para a esperada segunda denúncia contra Temer.
1) Possível ilegalidade do acordo de delação
A acusação mais grave contra Janot, levantada pela defesa de Temer, é que ele teria conhecimento de negociações dentro da PGR para acordo de delação com a JBS mesmo antes dos executivos do grupo gravarem autoridades, entre elas o presidente, no dia 17 de março.
Isso seria ilegal porque a procuradoria só pode realizar esse tipo de gravação com autorização do Supremo. Dessa forma, se ficar provado que a gravação foi realizada sob orientação da PGR, ela representaria um "flagrante forjado", nota o jurista Ives Gandra.
No pedido ao STF, o advogado de Temer, Antônio Claudio Mariz de Oliveira, sustenta que a conversa gravada acidentalmente entre Batista e Saud indica que Janot sabia "de uma relação" entre Miller e os delatores, "na qual houve uma negociação informal do acordo de delação tempos antes do início das tratativas oficiais".
STF durante julgamento
Image captionO Supremo Tribunal Federal se reúne nesta quarta-feira | Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF
Miller chegou a integrar a defesa do grupo JBS logo após deixar o Ministério Público Federal, mas depois acabou demitido do escritório Trench Rossi Watanabe e agora é investigado por supostas interferência indevida no acordo de delação.
Além das acusações envolvendo a atuação de Miller, Mariz cita também o depoimento prestado por outro delator da JBS, Francisco de Assis e Silva, para sustentar que Janot já sabia das tratativas para um acordo de colaboração com a JBS. Nesse depoimento, Assis afirma ter ligado para o procurador da República Anselmo Lopes em 19 de fevereiro, avisando que Batista queria se tornar delator.
"Contudo, se o citado acordo de colaboração premiada somente foi assinado em 03 de maio de 2017, restou evidente, portanto, que o I. (Ilustríssimo) Procurador-Geral da República previamente sabia da intenção dos alcaguetes e os aconselhou, por si e por seus assessores, sobre como agir, inclusive sobre a clandestina gravação do Sr. Presidente da República por Joesley Batista no Palácio do Jaburu", argumenta o advogado, na questão de ordem apresentada ao STF na semana passada.
Janot nega que tivesse conhecimento da atuação de Miller e instaurou uma investigação contra ele. "O Ministério Público Federal atuou na mais absoluta boa fé para a celebração desse acordo. Se ficar provada qualquer ilicitude, o acordo de delação será rescindido. Eventual rescisão do acordo não invalida as provas até então oferecidas", disse o procurador-geral, na semana passada, quando veio à tona o "autogrampo".
2) Acusações de suspeição
Rodrigo Janot
Image captionO procurador-geral da República, Rodrigo Janot, conclui seu mandato nesta semana tendo que se defender | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O pedido se suspeição, apresentado em agosto, já citava a atuação "conflitante de Miller" para desacreditar atuação de Janot. Além disso, Mariz argumenta que o "açodamento" na condução da delação da JBS também seria indício da "ausência de imparcialidade" de Janot, ao por exemplo usar como prova contra o presidente a gravação de sua conversa com Batista sem realização de uma perícia.
Outro elemento que na visão da defesa indicaria suspeição do procurador-geral seria a decisão de "fatiar" as denúncias contra Temer em vez de apresentar uma única peça de acusação.
O ministro Edson Fachin chegou a recusar individualmente o pedido de Mariz, que agora recorre ao plenário do Supremo. O relator da Lava Jato no STF considerou que Janot tem "independência funcional" para formular acusações e que o fatiamento das denúncias não poderia ser motivo para suspeição "na medida em que cada apuração é marcada por amadurecimento em lapso temporal próprio".
3) Possíveis impactos do julgamento
Para juristas ouvidos pela BBC Brasil, é improvável que o STF aceite o pedido de suspeição contra Janot, ainda mais considerando que faltam poucos dias para que ele passe o cargo para sua sucessora, Raquel Dodge. Ela toma posse na segunda-feira.
"Acima da questão individual, você tem uma questão institucional-política. Acho difícil (o STF) abrir um precedente para que os réus julguem os procuradores suspeitos. Mesmo porque a função deles é suspeitar e investigar as pessoas", afirma Joaquim Falcão, Diretor da FGV Direito Rio.
Na sua avaliação, o fato de as investigações sobre a delação da JBS ainda estarem em curso também dificulta decisões do Supremo contra Janot.
"Um procurador-geral em fim de mandato, que atuou em casos polêmicos, fatos não claros (sobre o acordo de delação): é (uma discussão) muito além de uma questão pessoal, é uma questão institucional, e acredito que isso vai ser considerado", acrescentou.
Chuva na Praça dos Três Poderes
Image captionSupremo só poderá avaliar a abertura de processo contra o presidente se for autorizado por ampla maioria na Câmara | Foto: Agência Brasil
O advogado e professor de direito penal da USP Gustavo Badaró também não acredita que o STF vá declarar Janot suspeito, já que a Corte não tem jurisprudência de acatar pedidos como esse.
Quanto à solicitação para suspender a possibilidade do procurador-geral apresentar denúncias até o fim das investigações, Badaró diz que se trata de um pedido inédito. "Eu não conheço que o Supremo tenha um precedente que trate de uma cautelar (decisão dada em situação urgente) para impedir provisoriamente que alguém pratique um ato. Com isso ele (o advogado de Temer) tira um pouco o foco de uma questão jurídica e acho que joga a questão num patamar mais político", observa.
Mesmo que o STF decida em favor de Janot, no entanto, a tendência é que o julgamento abra espaço para os ministros discutirem a legalidade da delação da JBS, gerando desgaste para o procurador-geral. O ministro Gilmar Mendes tem sido especialmente crítico e deve estimular o debate, acredita Badaró.
Se não ficar impedido de apresentar uma nova denúncia, espera-se que Janot use a delação de Lúcio Funaro, tido como operador de propina do PMDB, para reforçar as acusações contra o presidente levantadas ne delação da JBS.
O presidente Michel Temer
Image caption'A defesa de Temer na Câmara hoje tem artilharia reforçada. O Janot de agora não é o Janot da primeira denúncia, ele está mais fragilizado', avalia Gustavo Badaró | Foto: Marcos Corrêa/PR
A expectativa é que a denúncia acuse Temer de obstrução de justiça, por supostamente ter estimulado a tentativa de compra do silêncio de Funaro e do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, e de formação de quadrilha, supostamente por operar amplo esquema de obtenção de propinas junto com parlamentares peemedebistas.
Se isso se confirmar, o Supremo só poderá avaliar a abertura de um processo contra o presidente se for autorizado por ampla maioria da Câmara. No início de agosto, os deputados rejeitaram o andamento da primeira denúncia, que acusava Temer de corrupção passiva.
"A defesa de Temer na Câmara hoje tem artilharia reforçada. O Janot de agora não é o Janot da primeira denúncia, ele está mais fragilizado", avalia Badaró.
"Ele entra fragilizado para fazer a denúncia se não tiver toda a apuração (sobre supostas ilegalidades da delação da JBS) concluída. Isso facilita a rejeição pela Câmara", acredita também Ives Gandra.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Jornal da Cultura | 12/09/2017 CRISE Política. Assista ao VIVO aqui em Leia Mais


Ministro do Supremo, Luis Roberto Barroso autoriza inquérito para investigar o presidente Michel Temer por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro no decreto dos portos. Além disso, líder da tropa de choque do Planalto, Deputado Carlos Marun, assume a relatoria da CPI da JBS. Na bancada, Marco Antonio Villa e Airton Soares.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

STF AUTORIZA ABERTURA DE INQUÉRITO CONTRA TEMER E ROCHA LOURES

PF aponta “organização criminosa” envolvendo Temer e peemedebistas
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, autorizou a abertura de um inquérito para investigar o atual presidente Michel Temer e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) pelos supostos crimes de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo, a Polícia Federal afirma que o presidente recebeu R$ 31,5 milhões de ‘vantagem indevida’.
Fonte: Diário de Pernambuco/ O Estado de São Paulo
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Parada da Diversidade espera reunir 500 mil pessoas em Boa Viagem

Tayara, Valesca, Karol, Gloria, Ju e Romero estão entre os shows confirmados nos trios e no palco do evento
Tayara, Valesca, Karol, Gloria, Ju e Romero estão entre os shows confirmados nos trios e no palco do evento

A 16ª edição da Parada da Diversidade de Pernambuco que será realizada neste domingo, 17 de setembro, espera reunir 500 mil pessoas. Esta é a expectativa de Rivânia Rodrigues, coordenadora do colegiado de Lésbicas do Fórum LGBT de Pernambuco, que coordena o evento. O lançamento oficial do evento aconteceu na manhã desta terça-feira, na Assembleia Legislativa do Estado.

Na ocasião, foram apresentadas as atrações confirmadas: Valesca Popuzuda, Karol Konka, Romero Ferro e Lorena Simpson, que estarão entre os 10 trios elétricos que irão desfilar a partir do meio-dia pela Avenida Boa Viagem, do Parque Dona Lindu até o 1º Jardim. No trio da Boate Metrópole, apresentam-se a diva do brega recifense Tayara Andreza, a drag Gloria Groove e o DJ paulista Paulo Pringles. No palco principal, no Dona Lindu, irá se apresentar a sambista Ju Moraes. A concentração está prevista para as 9h. 

Com o tema "Por cidades diversas, nenhum direito a menos!", numa alusão à busca por espaços públicos mais inclusivos e sem homofobia, o evento fará uma a homenagem à artista performática pernambucana Sharlene Esse.

O evento faz parte da programação do Setembro da Diversidade, que envolve debates com participação do Ministério Público, Centro de Combate à homofobia, a parada LGBT de Nova Descoberta e, no dia 24 de setembro, a 9ª edição da Parada LGBT do Recife, com dois trios e a Frevioca. Este ano, o mês dedicado às causas LGBT traz o lema "Respeito Começa em Casa". De acordo com dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), entre 2014 e 2016 houve 635 casos de violência domiciliar contra a população LGBT. 

Parada da Diversidade espera reunir 500 mil em Boa Viagem. Foto: Isabelle Barros/DP
Parada da Diversidade espera reunir 500 mil em Boa Viagem. Foto: Isabelle Barros/DP


Os casos estão relacionados à ameaça por violência doméstica/familiar; dano por violência doméstica/familiar; difamação por violência doméstica/familiar; injúria por violência doméstica/familiar; lesão corporal por violência doméstica/familiar; perturbação do sossego por violência doméstica/familiar; vias de fato por violência doméstica/familiar; constrangimento ilegal por violência doméstica/familiar. Segundo as estatísticas, 6% das vítimas de estupro que procuram o Disque 100 do Governo Federal são mulheres homossexuais vítimas de violência, em sua maioria de fundo sexual. Chamada de "estupro corretivo", a violência sexual contra mulheres lésbicas tem requintes de crueldade e é motivada por ódio e preconceito.

Dados - De acordo com o Grupo Gay da Bahia, o ano passado foi o mais violento dos últimos 40 anos para a comunidade LGBT. Segundo a entidade, 343 pessoas foram mortas em todo o Brasil, uma média de um assassinato a cada 25 horas. A maior parte dos crimes de LGBTfobia acontecem em lugares ermos das cidades ou dentro de casa e a predominância é de vítimas jovens, com idades que variam entre 19 e 30 anos. O relatório do GGB apontou 14 assassinatos no ano passado em Pernambuco.

Confira a programação completa do Mês da Diversidade no estado:

DIA 12 – Lançamento da Parada da Diversidade de Pernambuco
Realização: Fórum LGBT de Pernambuco/ Gabinete do deputado Isaltino Nascimento
Local: Plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) - Horário: 9h

DIA 12 – Formação e sensibilização sobre Diversidade Sexual
Público: gestores da Educação
Realização: Secretaria Estadual de Educação (SEE)
Local: Gerência Regional da Educação (GRE) de Caruaru - Horário: 14h

DIA 12 – Audiência Publica Ministério Publico de Pernambuco
Atividade: Audiência sobre garantia dos direitos a dignidade das pessoas transexuais e a livre identidade de expressão de gênero na assistência a saúde por meio da iniciativa privada
Realização: Ministério Público de Pernambuco (MPPE)
Local: Auditório do MPPE: Av. Visconde de Suassuna, 99, Santo Amaro. - Horário: 14h

DIA 13 – Audiência Publica no Ministério Público de Pernambuco
Atividade: Políticas Públicas destinadas ao segmento LGBT
Realização: Ministério Público de Pernambuco (MPPE)
Local: Auditório do MPPE: Av. Visconde de Suassuna, 99, Santo Amaro - Horário: 14h

DIA 13 - Roda de Dialogo com estudante médio municipal e escolas estaduais
Realização: Prefeitura Municipal de Surubim
Local: Auditório da Prefeitura de Surubim - Horário: das 9 às 17h

DIA 13 – Roda de Conversa de profissionais da rede com público LGBT
Local: Auditório da Prefeitura Municipal de São João - Horário: 14h

DIAS 13 e 14 - I Simpósio de Gênero e Diversidade na Escola
Local: Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) do Recife - Horário: 9h

DIA 14 - Lançamento do Projeto Trabalho Comunica, voltado ao público LGBT
Local: Agência do Trabalho do Recife - Horário: 14h

DIAS 14 e 15 - Ação noturna de rua para profissionais do sexo: ajudar e acolher
Realização: Natrape/ Governo do estado/ Prefeitura do Recife
Local: Em toda Região Metropolitana do Recife - Horário: 14h

DIA 15 - Treinamento e orientação para atendimento ao público LGBT
Local: Agência do Trabalho de Caruaru - Horário: 14h

DIA 15 – Gincana da Inclusão de Moreno
Público: alunos da rede pública de Moreno
Realização: Coordenadoria LGBT da Prefeitura de Moreno
Local: Escolas municipais e estaduais do município de Moreno - Horário: 9h

DIA 15 – Lançamento e distribuição da Cartilha Sobre Saúde das Lésbicas e Mulheres Bissexuais
Realização: Secretaria de Saúde do Recife, Secretaria Estadual de Saúde; Secretaria Estadual da Mulher; Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude; Coletivo de Lésbicas e Mulheres Bissexuais de Pernambuco.
Local: Forte das Cinco Pontas, Centro do Recife - Horário: 14h

DIA 15 – Lançamento da campanha institucional de combate à LGBTfobia em ônibus do Recife e Região Metropolitana, em alusão ao Setembro da Diversidade.
Realização: Centro Estadual de Combate à Homofobia – Secretaria Estadual Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco

DIA 17
Parada da Diversidade de Pernambuco
Realização: Fórum LGBT de Pernambuco
Local: Av. Boa Viagem - Horário: 10h

Mutirão na Parada da Diversidade de Pernambuco:
Atividade: Atendimento psicossocial e jurídico, acolhimento de denúncias e orientações sobre retificação de nome social de pessoas transsexuais.
Realização: Centro Estadual de Combate Homofobia – Secretaria Estadual Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco
Local: Av. Boa Viagem - Horário: das 10h às 12h

DIA 19 - Formação com profissionais de Saúde  "A construção do cuidado: olhar sobre a identidade de gênero e a orientação romântica, afetiva e sexual".
Realização: Secretaria Estadual de Saúde e Prefeitura de Ipojuca
Local: Município de Ipojuca - Horário: das 9h às 12h

DIA 20 - Cine debate sobre Diversidade sexual e identidade de gênero
Realização: Centro Estadual de Combate à Homofobia – Secretaria Estadual Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco
Local: Escola Doutor Fábio Correa (Rua Adalberto Elias Costa, Beberibe) - Horário: 9h

DIA 20 - Oficina de sensibilização para a coleta do exame de Papanicolau
Público: Homens Trans e usuários da Rede SUAS
Realização: Secretaria Estadual de Saúde/Centro Integrado de Saúde Amauri de Medeiros (Cisam)
Local: Sala do CISAN, Encruzilhada, Recife - Horário: das 14h às 16h

DIA 21 – Roda de Diálogo sobre Diversidade Sexual com pessoas com deficiência
Realização: Prefeitura do Recife
Local: Centro de Referência em Cidadania LGBT (Rua dos Médicis, 86, Boa Vista, Recife) Horário: 14h

DIA 21 – Roda de Diálogo sobre Diversidade Sexual com pessoas com deficiência
Local: Gerência Regional da Educação (GRE) de Arcoverde - Horário: 14h
Realização: Secretaria Estadual de Educação (SEE)

DIA 21 e 22- Formação sobre Diversidade Sexual para profissionais de saúde
Realização: Secretaria Estadual de Saúde e Prefeitura de Paulista
Local: Prefeitura Municipal do Paulista - Horário: das 14h às 17h

DIA 21 e 22 - Ação noturna para profissionais do sexo: ajudar e acolher
Realização: Natrape/ Governo do estado/ Prefeitura do Recife
Local: Região Metropolitana do Recife - Horário: 14h

DIA 22 - Treinamento e orientação para o bom atendimento ao público LGBT
Local: Agência do Trabalho de Goiana - Horário: 14h

DIA 22 - Cine Debate sobre Diversidade Sexual
Realização: Grupo Homossexual de Pernambuco
Local: Escola Dr Francisco Pessoa de Queiroz (Av. Hildebrando de Vasconcelos, Dois Unidos, Recife) - Horário: 8h

DIA 22 - Roda de Conversa - "Conscientizar para combater o preconceito"
Público: adolescentes e jovens da Escola Municipal João de Assis Moreno
Local: Auditório da Prefeitura Municipal de São João - Horário: 14h

DIA 23 - Roda de Conversa - "Conscientizar para combater o preconceito”
Público: adolescentes e jovens da Escola Estadual João Fernandes da Silva
Local: Auditório da Prefeitura Municipal de São João - Horário: 14h

DIA 23 - Torneio de Futebol LGBT do Recife
Realização: Grupo Homossexual de Pernambuco
Local: Quadra Esportiva de Dois Unidos - Horário: 14h

DIA 24
Parada da Diversidade do Recife em Dois Unidos
Realização: Grupo Homossexual de Pernambuco
Local: Terminal de ônibus de Dois Unidos - Horário: 13h

Mutirão para Parada da Diversidade de Dois Unidos:
Atividade: Atendimento psicossocial e jurídico, acolhimento de denúncias e orientações sobre retificação de nome social de pessoas transexuais.
Realização: Centro Estadual de Combate Homofobia – Secretaria Estadual Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco
Local: Terminal de ônibus de Dois Unidos - Horário: 13h

DIA 25 – Oficina de sensibilização sobre diversidade sexual
Público: estudantes do Serta
Realização: Coordenadoria LGBT de Pernambuco/SESES
Local: Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta) em Gloria do Goitá - Horário: 10h

DIA 25 – Audiência Publica do Ministério Público de Pernambuco
Atividade: Audiência sobre garantia dos direitos das lésbicas, mulheres bissexuais e homens trans na Colônia Penal Feminina
Realização: Ministério Público de Pernambuco (MPPE)
Local: Auditório do MPPE: Av. Visconde de Suassuna, 99, Santo Amaro - Horário: 14 h

DIA 25 – I Seminário Comunitário de Politicas LGBT do Ibura
Atividade: Debate sobre Diversidade Sexual com público LGBT do bairro do Ibura
Realização: Coordenadoria LGBT/SESES, Governo Presente/SEART, Rede Reação e ONG Leões do Norte.
Local: Estação do Governo Presente no Ibura - Horário: 18h

DIA 26 - Encontro com entidades LGBT sobre elaboração de projetos e captação de recursos
Realização: Coordenadoria LGBT de Pernambuco/SESES.
Local: Sala de reunião da SDSCJ - Horário: 14h

DIA 27 – Palestra de sensibilização sobre os direitos da população LGBT
Público: Servidores de Surubim
Realização: Prefeitura de Surubim
Local: Auditório Nelson Barbosa ao lado da Prefeitura de Surubim - Horário: 14h

DIA 28 - Oficina para servidores da Prefeitura Municipal de São João
Atividade: Sensibilização de funcionários e profissionais da rede de proteção para fortalecimento da garantia de direitos e serviços.
Local: CREAS - Horário: 10h

DIA 28 – Oficina Sobre Diversidade Sexual
Atividade: Sensibilizar os gestores sobre a temática LGBT
Realização: Prefeitura Municipal de Floresta
Local: Prefeitura de Floresta - Horário: 10h

DIA 28 – Formação sobre diversidade sexual na escola
Realização: Secretaria Estadual de Educação (SEE)
Local: Gerência Regional da Educação (GRE) de Garanhuns - Horário: 14h

DIA 28 – Encontro com movimentos da população LGBT
Realização: Secretaria Estadual de Educação (SEE)
Local: Auditório da SEE (Av. Afonso Olindense, 1513, Várzea) - Horário: 14h

DIA 29 – Formação e socialização de experiências exitosas em sexualidade.
Público: técnicos e servidores da Gerência de Direitos Humanos da SEE
Realização: Secretaria Estadual de Educação (SEE)
Local: Auditório da SEE (Av. Afonso Olindense, 1513, Várzea) - Horário: 9h

DIA 29 - Lançamento do Projeto Pesquisa Empresa, voltado ao público LGBT
Local: Agência do Trabalho do Recife - Horário: 14h

DIA 30 - I Sarau pela Diversidade e hasteamento da bandeira LGBT
Realização: Secretaria de Cultura, Juventude e Diversidade
Local: Teatro Santa Cecília - Horário: 18h
Av. Cel. Jerônimo Pires, n. 1109, Centro, Belém do São Francisco-PE.
Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Temer recebeu mais de 31 milhões revela investigação da Polícia Federal


A Polícia Federal concluiu um inquérito que revela o que todo mundo já imaginava: Michel Temer e a cúpula do PMDB são, na verdade, uma quadrilha que usa o poder para assaltar o país. A investigação da PF, concluída nesta segunda (11), aponta prática de crimes por membros da cúpula do partido na Câmara, que mantinham uma estrutura organizacional para obter vantagens indevidas em órgãos da administração pública.
O inquérito indica que o grupo agia por meio de crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e evasão de divisas. Segundo a PF, entre os envolvidos no esquema estão Michel Temer, os ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, e da Casa Civil, Eliseu Padilha, além do ex-ministro Geddel Vieira Lima e dos ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Alves.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Projeto de Lei 011 vai mostrar o lado de cada vereador de Bom Jardim

A Rede Sustentabilidade Bom Jardim defende o concurso público para Prefeitura Municipal de Bom Jardim e o arquivamento do projeto.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

'O mar secou': por que a água se retrai antes da chegada de um furacão


Barco em Tampa, FlóridaDireito de imagemREUTERS
Image captionMuitos barcos ficaram encalhados na areia em Tampa, Flórida, quando o mar se retirou

Quando o furacão Irma, o mais poderoso da década no Atlântico, ainda se aproximava da costa da Flórida, a ventania se intensificava, a chuva começava a cair quando, de repente, o mar começou a se retrair.
Aos poucos, a água foi sendo sugada, recuando e se afastando das costas e praias. Deixou um rastro de algas, pedras, troncos, ouriços do mar e caramujos.
Barcos, que antes boiavam à beira mar, ficaram afundados na areia. Essas cenas foram vistas várias vezes à medida que o furacão avançava para os EUA - e imagens pipocaram durante todo o fim de semana nas redes sociais.
As primeiras foram registradas nas Bahamas e, depois, nas costas de Key West, Naples, St. Petersburg, Sarasota e Tampa, cidades no oeste da Flórida.
E por que o mar recuou se o um ciclone estava se aproximando? Não seria o caso de a maré subir, provocar ondas e inundar tudo?
"Nem sempre isso acontece. Depende da força e da direção dos ventos do furacão", explica Juan Carlos Cárdenas, meteorologista do Centro Mundial de Prognósticos do The Weather Company, empresa de previsão e tecnologia de clima e tempo.
O fenômeno deixou muita gente surpresa e causou intensa discussão nas redes sociais.
"Foi muito estranho porque tinha muito vento, mas, ao invés de ter ondas, o mar foi embora. Foi algo estranhíssimo", contou Sandra Padrón, moradora de Naples, à BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC. Ela disse que teve medo. "O mar recuou muito na manhã (de domingo). Pensei que era com anúncio de algo ruim."

O que o vento leva


Foto de um píer em Tampa publicado no Twitter por um usuário chamado Kim Kuizon FOX 13
Image captionEm Tampa, a água praticamente sumiu debaixo do píer. Crédito: Kim Kuizon FOX 13/Twitter

De acordo com o especialista, para compreender esse fenômeno é preciso entender a estrutura e o movimento de um furacão.
Os ventos dos ciclones tropicais, quando se formam ao norte do Equador, circulam no sentido anti-horário, isto é, da direita para a esquerda.
"Assim, quando Irma foi se aproximando da Flórida, o vento, que é muito forte, sopra do leste para o sudeste, de forma que arrasta, 'puxa' a água, da costa para dentro (do oceano)", explica Cárdenas.
"O que tem que ser levado em consideração neste caso é que a forma e força com que o vento avança são tão poderosos que fazem a água se mover na mesma direção", completa o especialista.
Portanto, diz ele, como a costa oeste da Flórida está localizada na direção oposta ao vento, a água tende a recuar nessa região.

Jovens caminham pela areia onde deveria estar o mar em Tampa
Image captionCentenas de moradores aproveitaram o recuo para tirar selfies e conferir o solo do mar (Crédito: KPRC 2 Houston/Twitter)

Cárdenas diz que o mesmo aconteceu nas Bahamas. "Algumas das ilhas do arquipélago são de sotavento (as que se encontram na direção na qual o vento se move) e, por isso, explica porque o mar também tenha recuado", completa o especialista. Quando Irma provocou esse fenômeno nas costas da Flórida já havia enfraquecido, chegando às categorias 3 e 4. Ele havia passado pelo Caribe na mais elevada potência, a categoria 5, sustentando ventos de cerca de 298 km/h.
Por que então o Irma não provocou fenômeno similar nas praias de outras ilhas caribenhas?

Profundidade das águas

Cárdenas explica que, além da força e da direção do vento, um fator a ser levado em consideração é a profundidade do mar.
"Antes, o Irma se moveu por zonas do Atlântico onde a profundidade do mar é muito grande. Então, o vento arrasta a água, mas, como ali é muito profundo, a água afunda e volta em direção à costa. Não há recuo".

Imagem de setélite do olho do furacão Irma.Direito de imagemAFP
Image captionO mar foi "dragado" no oeste da Flórida e nas Bahamas, onde a profundidade do mar é menor

No entanto, o meteorologista explica que, perto da plataforma continental, a profundidade do oceano é menor. Por isso, água não pode afundar e voltar para a costa, e o mar acaba seguindo a mesma direção do vento.
"É algo que pode acontecer no sul da região ocidental de Cuba e na costa oesta da Flórdia porque há muito espaço para o mar recuar e pouca profundidade", argumenta.
No caso de furacões fortes, como o Irma, esse fenômeno pode produzir um efeito no qual as ondas geradas podem afetar outras áreas do Golfo do México.
Mas esse recuo do mar, segundo o especialista, não é definitivo. Os mesmos ventos fortes que levaram as águas vão trazê-las de volta e, possivelmente, com mais força.

O que vai, volta

O meteorologista explica que, pelo próprio movimento dos ventos do furacão, há mudanças na rota do deslocamento. É possível até que, ao trocar de direção, um furacão volte pelo caminho inverso.
"Então, quando o vento retorna ao sudoeste, o mesmo acontecerá, mas na direção oposta, é o que chamamos de inundação costeira de furacões. Ouvimos informações de que, no domingo, houve lugares no sul da Flórida onde a água subiu a 15 pés (4,5 metros)", diz o especialista.

Jovens fazem self na areia da praia
Image captionDepois do recuo, há a possibilidade de que a água volte às praias com mais força

Pressão no olho do furacão

O meteorologista da BBC Clive Mills-Hicks explica que "a força dos ventos não apenas cria ondas gigantescas como também empurra e puxa a superfície do oceano em escala regional, elevando o nível do mar em algumas áreas e, inevitavelmente, sugando ele de outras áreas, que é o que aconteceu nas Bahamas".
Segundo Mills-Hicks, um segundo fator a ser considerado é a pressão atmosférica no centro do furacão, que, no caso do Irma, é muito baixa. "O peso do ar fazendo pressão sobre a água é reduzido, o que permite elevar o nível da água no olho do furacão. Mas, áreas adjacentes verão uma queda no seu nível à medida que a água é puxada para cima no olho do furacão."
O fenômeno também ocorre com a chegada de tsunamis, quando a água de uma praia é puxada para dentro do mar para alimentar a onda - causando a redução do nível do mar.
Professor Edgar Bom Jardim - PE