sábado, 5 de agosto de 2017

Procurador-geral corre para apresentar nova denúncia contra o peemedebista antes de ser substituído por Raquel Dodge

Rodrigo Janot e Raquel Dodge
Segunda na lista tríplice, Dodge foi a escolhida de Temer para substituir Janot


Enquanto a Câmara dos Deputados analisava a denúncia contra Michel Temer por corrupção passiva, Rodrigo Janot, procurador-geral da República, movimentava as peças de seu tabuleiro de xadrez para avançar novamente sobre o "rei", salvo por seus "súditos" na quarta-feira 2.
Às 16h42 do mesmo dia, Janot pediu ao Supremo Tribunal Federal que incluísse o peemedebista no rol de investigados em um inquérito já instaurado contra 15 parlamentares do PMDB da Câmara. Janot solicitou ainda que os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, escudeiros de Temer, sejam investigados no mesmo processo.
Com o pedido, feito após uma solicitação da Polícia Federal, Janot procura um atalho para vincular relatos das delações da JBS sobre a atuação de Temer à frente do PMDB da Câmara com as investigações já em curso contra políticos e operadores do grupo, entre eles o ex-ministro Henrique Eduardo Alves, o doleiro Lúcio Funaro, o líder do governo no Congresso, André Moura, e o lobista Fernando Baiano.
O inquérito em curso relaciona-se com parte das delações de JBS que apontam para a atuação do grupo de Temer em desvios no Fundo de Investimentos do FGTS, representado pela Caixa Econômica Federal.

Enquanto municia a investigação em curso, Janot prepara uma segunda denúncia contra Temer baseada nas delações de Joesley Batista e de executivos da JBS. O grupo de trabalho da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República trabalha para apresentar mais uma peça contra Temer, que incluirá tanto a acusação de organização criminosa quanto o crime de obstrução da Justiça, ambos relacionados à gravação de uma conversa com Temer entregue por Joesley aos investigadores.
Derrotada na Câmara, a denúncia por corrupção passiva relacionava-se à estreita relação entre Temer e Rodrigo Rocha Loures, o "homem da mala". Segundo Janot, a entrega da mala de 500 mil a Loures, flagrada pela Polícia federal, era proveniente de um acordo de propina com a JBS que teria como beneficiário final o próprio presidente.
Na nova denúncia, a Procuradoria pretende explorar principalmente a narrativa de Joesley sobre a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e de Funaro, ambos presos, com o suposto objetivo de impedi-los de assinar uma delação contra Temer. A estratégia de manter a dupla calada parece ter falhado: ambos negociam um acordo de colaboração com o Ministério Público atualmente.

No áudio entregue por Joesley às autoridades, o empresário dá a entender que está pagando uma mesada à dupla. Temer replica: "Tem que manter isso, viu?". No mesmo encontro registrado em áudio, Joesley também relatou a Temer que tinha relações com dois juízes e um procurador em Brasília para obstruir ações da Justiça. No diálogo, Temer não fez qualquer objeção à narrativa de Joesley, como também não comunicou a suposta tentativa de obstrução às autoridades policiais, o que pode ser visto como prevaricação.

O tempo de Janot é curto. Seu mandato terminará daqui a apenas um mês e meio, o que o obriga a acelerar a apresentação da segunda denúncia antes da ascensão de sua colega Raquel Dodge. Escolhida por Temer como sua substituta, ela foi a segunda mais votada na lista tríplice apresentada pela Procuradoria. Foi a primeira vez desde 2003 que a escolha do chefe do parquet não atendeu à preferência da maioria dos procuradores.
Há riscos de o próprio Janot ser alvo de ações judiciais por parte de investigados da Lava Jato assim que deixar o comando, como informou a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da "Folha de S.Paulo", nesta quinta-feira 3. Se as iniciativas contra Janot forem adiante, elas serão apresentadas ao Superior Tribunal de Justiça, pois o atual procurador-geral manterá foro privilegiado se seguir como subprocurador.
Com a escolha de Dodge, Temer pode ter influência sobre a Procuradoria para rever ou mesmo anular o acordo de delação firmado por Janot com a JBS e Joesley Batista. A proximidade da futura procuradora-geral com o ministro do STF Gilmar Mendes, um notório crítico da delação que atingiu Temer, também pode beneficiar o atual presidente.
Em julgamento sobre a homologação do acordo da JBS, Mendes sugeriu uma possível anulação do acordo caso se comprovasse que Joesley era "chefe de quadrilha". Na legislação sobre acordos de colaboração, um chefe de quadrilha não pode ser beneficiado com redução da pena por contribuir com a Justiça.

Em reportagem recenteCartaCapital apurou que uma das pontes de Dodge com o Palácio do Planalto nos últimos tempos foi justamente Loures. Além do contato com o “maleiro”, a futura procuradora-geral teria ido ao Planalto para reuniões noturnas e secretas. E ao gabinete de Gilmar Mendes, conselheiro e advogado informal do presidente. Temer e Mendes jantaram na casa do ministro no dia da eleição da lista tríplice. 
Recentemente, Janot garantiu que "enquanto houver bambu, vai ter flecha", ao se referir às novas acusações contra Temer a serem apresentadas antes do fim de seu mandato. Embora ainda haja "bambu" em abundância, ou seja, matéria-prima para "denúncias-flechas" da Procuradoria contra Temer, o próximo cacique não parece disposto a travar com o mesmo empenho a guerra contra as tribos do Executivo e do Legislativo.
Não há dúvidas de que haverá bambu suficiente para Dodge disparar flechas após o fim do mandato de Janot. Resta saber se o alvo continuará a ser o atual presidente e a classe política, ou o próprio trabalho do atual procurador-geral. 
Com Carta Capital
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Foto da Semana:o trabalho edifica os sonhos

Com Amanda e Taênia.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

No meio do mundo: as verdades e as mentiras


Há insistência na busca de verdade, desde o início da história.Existem os contrapontos. Não há uma verdade absoluta, embora muitos cantem o eterno. As suspeitas não desaparecem. As concepções de mundo se transformam de forma veloz, sobretudo no tempo que vivemos. Há dúvidas e subterrâneos  inundados por fantasias. A quantidade de meios de informações cria guerra invisíveis que tumultuam iludem. A política fala de uma democracia que não se firma nunca. A fragmentação se constrói e assusta. Como evitar os pesadelos iluminados pelo sul?
Um mundo homogêneo não tem tamanho. Há sempre conflitos e desacertos. As crenças religiosas se abraçam com  salvacionismos. No entanto, não esqueçamos das mercadorias. A força do capitalismo é avassaladora. Como pensar  em mudar a lógica da acumulação? Há pertencimentos estranhos, bandidagem sofisticadas. Não são novidades. As manipulações constantes fermentam desconfianças. As redes sociais agilizam emboscadas e boatas. As ciências vendem fórmulas e os assaltos aos cofres públicos desmontam planejamentos.
Nota-se a dissonância. O fascismo reaparece incentivando o corporativismo. Sobra espaço para violência e falta controle, ordem, regras que possam ser discutidas.  Não entre no trem que não respeita as fronteiras, porque os desenhos do apocalipse transcendem fronteiras diplomáticas. Portanto, as perguntas dizem do medo e não ouvem respostas. Diante da multiplicidade da cultura a globalização é frustante e não celebra a paz. As discordâncias crescem e empurram os fantasmas da instabilidade.
Não se trata, aqui, de forjar cenas bélicas com palavras vazias. A história prometeu revoluções, os socialismos queriam igualdade e a ciência alimentar o fim dos preconceitos. Infelizmente, os profetas, às vezes, acertam. Leiam o que Marx escreveu sobre o capitalismo, o que Darwin elaborou sobre a evolução das espécies, as teses de Freud sobre o desejo e sonho. Aquela racionalidade encantadora se perde com os golpe cotidiano que pouco explicam. Será possível esconder o animal que persegue e se vinga? Sera que Nietzsche conhecia a loucura?
O mundo dividido esperneia, grita, busca soluções. Muita gente sem moradia, andando pelas ruas, fugindo dos desertos, preparando terrorismo. Difícil é apontar o equilíbrio tão elogiado pelos gregos. Talvez, um dia, as palavras possam assumir outros significados e verdade e mentira não provoquem assédios ao poder. O que está na vitrine é a incerteza, o massacre das informações, as astúcias dos cínicos. Porém, o silêncio incomoda. As reflexões inquietam. As rachaduras do mundo já estavam abertas no paraíso. Adão e Eva não se enganaram. Escreveram a história.
Por Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Saem 'família' e 'Deus', entram 'reforma' e 'estabilidade': os termos mais ditos pelos deputados na votação de Temer


Votação do impeachment de Dilma e da denúncia de TemerDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL/REUTERS
Image captionMenções a família e a Deus diminuíram muito na votação da denúncia contra Temer

Os deputados federais evitaram menções religiosas e a familiares em seus votos na sessão que salvou o presidente Michel Temer nesta semana. É o contrário do que ocorreu na votação que autorizou o impeachment de Dilma Rousseff, em abril de 2016. Falas sobre a situação econômica do país e a corrupção prevaleceram desta vez.
Em 17 de abril de 2016, quando a Câmara dos Deputados autorizou o prosseguimento do processo de impeachment de Dilma, a palavra "Deus" foi mencionada mais de 70 vezes pelos deputados. O termo "família" aparece 125 vezes nas notas taquigráficas da ocasião.
Já nesta quarta-feira, quando a Câmara decidiu pelo arquivamento do caso contra Temer, estes termos praticamente sumiram das falas dos deputados. "Deus" só foi citado oito vezes. E "família" surge apenas em 23 trechos no registro da sessão.
Ao todo, 263 deputados votaram a favor do presidente, e 227 contra. Para que ele pudesse ser processado criminalmente, seria necessário o aval de 342 deputados (dois terços da Câmara). Graças ao resultado favorável, a acusação de corrupção passiva contra Temer pela Procuradoria-Geral da República não será enviada para apreciação do Supremo Tribunal Federal.

Montagem com palavras mais citadas nas duas ocasiçõesDireito de imagemMONTAGEM
Image captionMontagem com palavras mais citadas na Câmara durante sessões do impeachment de Dilma, à esquerda, e de análise do relatório contra Temer, à direita

Durante a votação, os termos que mais apareceram foram aqueles que fazem menção às acusações de corrupção contra o peemedebista e à situação econômica do país. Explica-se: de um lado, a oposição tentava arranhar ainda mais a imagem de Temer e de seus aliados. De outro, a base aliada se mostrou afinada no discurso de "salvação nacional".
A palavra "denúncia" aparece 152 vezes nas notas da sessão de quarta-feira, junto com "investigação" (97 vezes) e "corrupção" (75 vezes). O discurso econômico também é muito presente. "Reforma" e "reformas" foram mencionadas 99 vezes, assim como "estabilidade" (62 vezes) e "economia" (57 vezes).
Um discurso comum entre os deputados que votaram a favor de Temer: o afastamento do presidente criaria, disseram eles, ainda mais instabilidade política no país, prejudicando a retomada da economia.
"Investigar é preciso, mas não é urgente. Urgente é unir trabalhadores e empreendedores do Brasil para desenvolver o país", declarou o deputado Júlio Lopes (PP-RJ) em seu voto. Ele se refere ao fato de que a investigação contra Temer voltará a tramitar na Justiça comum quando o peemedebista deixar a Presidência da República.
Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) foi na mesma linha: "Eu voto a favor da recuperação da economia. Eu voto a favor de milhões de desempregados que estão vendo, neste momento de recuperação econômica, a sua salvação. Eu voto a favor do relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG, favorável a Temer)".

Júlio Lopes (PP-RJ)Direito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionJúlio Lopes (PP-RJ) ressumiu discurso comum entre apoiadores de Temer: "investigar não é urgente"

O próprio Temer ecoou a tese dos aliados em uma declaração à imprensa, logo depois do fim da votação na Câmara.
"Estamos retirando o Brasil da mais grave crise econômica de nossa história. Embora seja repetitivo, eu digo que é urgente colocar o país nos trilhos do crescimento, da geração de empregos, da modernização e da justiça social", disse.
Na lista de palavras das votações que selaram o destino de Dilma e de Temer, o único ponto em comum são as menções constantes às investigações, geralmente por deputados de oposição. A palavra "corrupção" aparece 75 vezes nas notas taquigráficas de Temer, e 86 nas de Dilma.
"As digitais de cada um dos senhores ficarão na história. Ou você defende as investigações, o trabalho da Justiça, a Lava Jato, ou você se alia a esse governo, que é um governo que tira direitos e está mergulhado em um mar de corrupção", afirmou o deputado de oposição Aliel Machado (Rede-PR).

"Golpe" caiu em desuso

Ao longo do processo que terminou com o impeachment de Dilma, o PT e outros partidos de esquerda argumentaram que a ex-presidente foi vítima de um "golpe". Mas, a julgar pelo registro da sessão de quarta-feira, a tese do golpe já não tem mais tanta força para a oposição.
O termo "golpe" apareceu 141 vezes nas falas dos deputados nas 331 páginas de notas taquigráficas que registraram tudo o que foi dito durante a sessão do impeachment de Dilma. Já na votação da denúncia contra Temer, a palavra só foi dita 10 vezes.

Deputados da oposição em votação da denúnciaDireito de imagemEPA
Image captionOposição a Temer citou o termo "golpe" dez vezes durante votação na Câmara

A ausência de manifestações populares significativas durante a votação da quarta-feira também não passou despercebida aos deputados.
As "ruas" foram mencionadas 74 vezes na votação do impeachment de Dilma, mas só 12 vezes durante a votação que salvou o governo Temer.

Disputa de narrativa

Geralmente, a distribuição de cargos e verbas por si só não é suficiente para vencer votações importantes no Congresso. É preciso também criar uma justificativa plausível que deputados e senadores possam repetir para seus eleitores.
"No fim das contas, o governo foi bem-sucedido em duas frentes: tanto na negociação fisiológica de cargos, emendas e benesses, quanto na criação de uma narrativa convincente. A fisiologia é fundamental, mas precisa estar calcada num discurso", diz o analista político Richard Back, da corretora XP Investimentos.
"E de certa forma há dados para sustentar esse discurso. O desemprego finalmente parou de crescer, os juros estão recuando e o PIB (a soma de tudo que o país produz) não deve despencar em 2017", diz Back.
"Houve quem votasse com Temer com medo de que a crise política retroalimentasse a crise econômica. Era uma preocupação real para alguns deputados. Como se dissessem: 'podemos até não ser a solução, mas pelo menos não estamos aumentando o problema'", diz o analista, que acompanhou a votação no plenário da Câmara.

Nova denúncia?

Na quarta-feira, a Câmara determinou que a ação contra Temer só voltará a ser analisada pela Justiça quando o peemedebista deixar de ser presidente.
Mas a agonia do governo pode se repetir nos próximos dias. É possível que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente nova denúncia contra o peemedebista, desta vez pelos crimes de obstrução à Justiça e formação de quadrilha. Neste caso, todo o rito no Congresso se repetiria. Por BBC.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Muita alegria no Náutico


Após um jejum de quatro meses e 11 jogos, o Náutico voltou a vencer em casa. Na estreia do técnico Roberto Fernandes, a equipe derrotou o Luverdense por 1x0, na Arena de Pernambuco, pela Série B 2017, na noite desta sexta-feira (4). O último triunfo como mandante tinha sido no Campeonato Pernambucano, diante do Central. Os alvirrubros fecham o primeiro turno da competição na lanterna, com 14 pontos, mantendo vivo o sonho de escapar da degola. "Eu acredito", gritam os torcedores.

Após dois técnicos, três meses e nove jogos, o Náutico finalmente venceu a primeira partida em casa nesta Série B 2017. Com um gol de Erick, de pênalti, o Timbu bateu o Luverdense por 1x0, na Arena de Pernambuco, terminando o primeiro turno da competição com 14 pontos. A distância para o time de Lucas do Rio Verde, atualmente 17º colocado, é de seis pontos. Embora o momento seja de empolgação após o segundo triunfo consecutivo no torneio, o técnico Roberto Fernandes preferiu manter um tom modesto. 

“Dentro de uma realidade de pontuação, nada é mais importante do que vencer. Mas cabe a comissão técnica entender que a vitória não pode esconder o que precisamos melhorar. Ninguém faz uma campanha com tão poucos pontos por apenas uma situação. Mas a atitude dos jogadores nos vestiários, no treinamento e no jogo me deixou feliz. Esse grupo vai vender caro cada jogo”, afirmou o treinador. 
Com Folha de Pernambuco.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Como a exposição à pornografia estimula o sexismo, segundo pesquisadores


Jovem vê pornografia no computadorDireito de imagemSCIENCE PHOTO LIBRARY
Image captionEstudo mostra que idade em que homem é apresentado à pornografia molda suas atitudes em relação às mulheres

A idade em que um homem vê pornografia pela primeira vez está associada a determinadas atitudes sexistas no decorrer da vida, afirma uma equipe de pesquisadores da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos.
De acordo com a pesquisa, quanto mais cedo acontece a exposição à pornografia, maior é a probabilidade de que o homem queira exercer poder sobre as mulheres.
Por outro lado, se são apresentados à pornografia em uma idade mais avançada, estariam mais propensos a ser sexualmente promíscuos.
Ao todo, 330 alunos de graduação na faixa dos 20 anos participaram da pesquisa - a idade média em que eles viram pornografia pela primeira vez foi aos 13 anos.
O mais novo tinha cinco anos, enquanto o mais velho, 26.
Os resultados do estudo, ainda não publicado, foram apresentados na conferência anual da Associação Americana de Psicologia, em Washington.

Estilo playboy

A pesquisadora Alyssa Bischmann e sua equipe perguntaram aos homens, a grande maioria formada por brancos heterossexuais, quando viram pornografia pela primeira vez e se foi um ato intencional, acidental ou forçado.
Na sequência, os participantes responderam 46 perguntas que mediram sua afinidade com os seguintes modelos comportamentais - exercer poder sobre as mulheres ou ter comportamento sexualmente promíscuo e adotar um estilo de vida playboy.
A equipe constatou que aqueles que foram apresentados à pornografia mais cedo provavelmente concordariam com declarações sobre o domínio masculino, como "as coisas tendem a ser melhores quando os homens estão no comando".
Os pesquisadores ficaram surpresos ao descobrir que o acesso mais tardio à pornografia estava associado a um estilo de vida playboy, preferindo, por exemplo, trocar com frequência de parceiro sexual.

Pornografia onlineDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPara especialista, pornografia não oferece boa inspiração aos jovens

A pesquisadora Christina Richardson explica que aqueles que foram expostos à pornografia cedo muitas vezes não gostam do sexo na vida real.
"Esses homens costumam ter muita ansiedade em relação ao desempenho com as mulheres na vida real. As experiências sexuais não saem como planejado ou da maneira que veem na pornografia", afirma.
Por outro lado, "aqueles que assistem pornografia mais tarde gostam mais do sexo na vida real e, portanto, podem ser mais propensos a adotar um estilo de vida playboy".
A pesquisa não leva em consideração, no entanto, a quantidade de pornografia consumida pelos participantes, o tipo ou outros fatores demográficos, como aspectos sociais e econômicos.
Outros traços de personalidade também poderiam ter determinado quando os homens foram expostos à pornografia.

'Sexualmente descontrolado'

"A pornografia pode e tem um impacto sobre as atitudes de muitos homens jovens em relação ao sexo", diz Peter Saddington, terapeuta sexual do Relate, que oferece suporte a relacionamentos no Reino Unido.
"A consequência pode ser que os jovens desenvolvam atitudes sexistas e sejam, em essência, sexualmente descontrolados", completa.
De qualquer maneira, Richardson diz que a pornografia "não é a coisa mais saudável para os homens".
Segundo ela, os jovens precisam de "inspirações melhores para desenvolver crenças mais saudáveis ​​sobre a masculinidade".
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Com dívida de R$ 20 mil e sem salário, professora da Uerj compartilha extrato bancário zerado


Professora Stela Guedes Caputo, da UerjDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionProfessora Stela Guedes Caputo, da Uerj, não recebe salários há três meses e vê as contas acumularem

A professora Stela Guedes Caputo, de 50 anos, tomou um susto quando, na semana passada, checou sua conta bancária: estava vazia, zerada, sem nenhum tostão. Ela não tinha nem sequer um real para ajudar a pagar a passagem até a universidade pública onde dá aulas há cinco anos, a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
Não que Caputo tenha dificuldade para administrar suas contas. O problema é outro: o governo do Estado não paga o salário dos professores da Uerj há três meses. Governado por Luiz Fernando Pezão (PMDB), o Rio de Janeiro passa por uma crise financeira que afeta o pagamento de servidores públicos de vários setores.
A gestão diz reconhecer a importância da universidade e ter concentrado esforços para solucionar os problemas financeiros da instituição.
Caputo, que dá aula em cursos de graduação e pós na área de educação, decidiu publicar o extrato de sua conta zerada no Facebook. Junto, postou um texto de protesto contra os atrasos salariais. A publicação já teve mais de 1,5 mil compartilhamentos.
"É como estar desempregada, só que trabalhando. Eu quis mostrar porque não sei se todo mundo entende o que estamos passando", escreveu ela. "Ver aquela conta zerada, o que nunca tinha acontecido comigo, foi um soco no coração."
Diante das "condições precárias da universidade", em suas próprias palavras, o reitor da instituição, Ruy Garcia Marques, anunciou nesta segunda-feira a suspensão das aulas dos cerca de 30 mil alunos.
Ele justificou a suspensão, que não tem prazo de acabar, citando o drama dos professores: "O atraso salarial, cada vez maior, gera endividamento crescente, insegurança, angústia e situações de estresse incontroláveis, maximizadas naqueles que se veem impedidos até da simples compra de medicamentos para manutenção básica da saúde".

Publicação da professora Stela Guedes Caputo no FacebookDireito de imagemREPRODUÇÃO
Image captionStela Guedes Caputo diz que está devendo R$ 20 mil, além de prestações de seu apartamento

Em entrevista à BBC Brasil, Caputo diz que tem passado por problemas como os citados pelo reitor. "Estou me sentindo humilhada por dar aulas, por trabalhar e não receber. O (governador) Pezão está roubando a dignidade dos professores da Uerj", diz.
A universidade passa por uma crise financeira desde 2016. Há um ano, o governo estadual começou a pagar os salários dos 2,4 mil professores de forma fracionada. Em alguns meses, os vencimentos eram divididos em até cinco parcelas.
Desde outubro, no entanto, os atrasos começaram a ser constantes. A gestão ainda não pagou o 13º salário de 2016 e as férias de professores e funcionários. Também houve atrasos no pagamento de empresas terceirizadas de limpeza, vigilância e manutenção, contratadas por meio de licitações públicas. Neste ano, bolsas de docentes e alunos, inclusive cotistas, também não estão sendo depositadas.

Aluno entra em campus da Uerj, no RioDireito de imagemTÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL
Image captionA universidade pública passa por problemas financeiros desde 2016, com atraso de pagamentos

Muitas cobranças

As contas de Caputo começaram a se acumular com os atrasos da universidade. O último salário que ela recebeu foi o de abril, pago também de forma fracionada.
Hoje, ela diz que deve quatro parcelas - R$ 2.7 mil cada - do financiamento do apartamento que comprou em 2012. "O que eu faço se a Caixa Econômica resolver tomar minha casa por falta de pagamento?", questiona. O banco público já enviou cartas cobrando as prestações.
A professora também deve a fatura do cartão de crédito e cerca de R$ 20 mil para amigos e parentes que a socorreram em situações de emergência. Também desligou o telefone para não receber mais ligações de cobrança - sua luz já foi cortada.
Outro drama é manter as aulas, produção de pesquisas e participação em congressos acadêmicos sem receber salário.
No mês passado, Caputo viajou para um congresso em Maceió. Ganhou passagem e hospedagem, mas tinha apenas R$ 40 na conta para outras despesas. "É muito constrangedor quando você evita sair com seus colegas porque não tem dinheiro para pagar um jantar", conta.

Veículos abandonados no campus da UerjDireito de imagemTÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL
Image captionEmpresas de limpeza, manutenção e vigilância também sofreram com falta de pagamento de contratos

Greve e pagamento

Em junho, a Justiça do Rio intimou Pezão a cumprir uma liminar que obrigava o governo a pagar os salários dos servidores da Uerj em 48 horas. O governador disse que não tinha dinheiro para quitar a dívida.
Nesta segunda, o peemedebista pediu ao governo federal para ingressar no Regime de Recuperação Fiscal, uma espécie de socorro da União para ajudar a recuperar as finanças do Estado.
"A adesão ao regime de recuperação fiscal permitirá o reequilíbrio financeiro do Estado, possibilitando a regularização do pagamento dos salários dos servidores ativos, inativos e pensionistas e do custeio das atividades fundamentais para prestação de serviços à população", afirmou o governo estadual em nota à BBC Brasil. A gestão, porém, não deu prazos.
No início do ano, parte dos professores da Uerj iniciaram uma greve contra a falta de pagamento. Em março, Pezão ameaçou cortar os vencimentos dos grevistas em 30%.
O orçamento estadual previa um repasse de R$ 1,1 bilhão à universidade em 2016. No total, R$ 767,4 milhões foram enviados. Segundo o governo, a diferença ocorreu por causa da "crise finanças estaduais, provocada pela significativa queda na receita de tributos em consequência da depressão econômica do país, pelo recuo na arrecadação de royalties e a redução dos investimentos da Petrobras".
"Em relação ao pagamento de pessoal da Uerj, encontram-se em aberto os salário de maio e junho, assim como para demais categorias. No dia 14/7, foram pagos R$ 550 referentes ao salário de maio", disse a gestão Pezão, sem mencionar os valores referentes a julho.
Enquanto não recebe os salários atrasados, Caputo vive como pode. Tem feitos alguns trabalhos esporádicos, pois, como é contratada em regime de dedicação exclusiva, não pode ter vínculo empregatício com outra empresa.
Na manhã desta terça, a professora foi até a caixa de correio de seu prédio. Achou que receberia outra cobrança. Dentro de um envelope, encontrou R$ 450 e uma carta anônima.
"Fiquei emocionada. Não sei quem enviou a doação. A pessoa escreveu que admira a força dos professores da Uerj", conta.
Professor Edgar Bom Jardim - PE