sexta-feira, 14 de julho de 2017

Denúncia contra Temer é rejeitada em comissão da Câmara; veja próximos passos


Michel TemerDireito de imagemAFP
Image captionTemer é alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República, que o acusa de corrupção passiva por conta das delações da JBS

O relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) que pedia a continuidade do processo contra o presidente Michel Temer foi rejeitado nesta quinta-feira pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
O governo conseguiu o voto de 40 deputados da CCJ (de um total de 66), após manobrar para substituir nomes que manifestaram apoio ao parecer de Zveiter.
Um novo relator - Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) - leu um parecer substitutivo ainda nesta quinta, recomendando à Câmara não autorizar o Supremo a analisar a denúncia contra Temer. Esse foi o relatório aprovado, por 41 votos a 24.
Agora, esse segundo parecer seguirá ao plenário da Câmara, que é onde de fato a questão será decidida - apesar da pressão do governo para resolver a questão antes do recesso parlamentar, a votação ficou para 2 de agosto.
"De todo modo, nenhum dos pareceres vincula a decisão no plenário", explica à BBC Brasil o advogado Tony Chalita, especialista em direito eleitoral do escritório Braga Nascimento e Zilio Advogados Associados. "Essa movimentação (de aprovação de parecer favorável ao governo) é para demonstrar força política."
Temer é alvo de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República, que o acusa de corrupção passiva - a suspeita é que ele tenha recebido propina da JBS por meio do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures.
Ao dar o parecer inicial, favorável à denúncia, Zveiter havia declarado que a delação da JBS apresentou "indícios suficientes" para que a ação contra o presidente avance.

Sergio Zveiter e Antonio Mariz de Oliveira na CCJDireito de imagemMARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Image captionRelatório de Sergio Zveiter (esq) foi rejeitado após manobra do governo para colocar nomes de aliados na Comissão de Constituição e Justiça

"Não é fantasiosa a acusação. É o que temos e deve ser apurada", disse o deputado na ocasião, agregando que o encontro entre Temer e o empresário Joesley Batista em março traz "sólidos indícios" de que o presidente tenha tentado obter vantagens para si. Ele ressaltou, porém, que seu parecer não implica em condenação do presidente, mas sim no prosseguimento da ação.
Já o advogado de Temer, Antonio Mariz de Oliveira, afirmou na defesa entregue à CCJ que "a acusação não se funda em prova e nem em indício", e é "uma peça de ficção".
Veja, a seguir, quais são os próximos passos do caso:

Plenário da Câmara

Agora, o plenário da Câmara decidirá se o Supremo deve prosseguir com a ação contra Temer.
O Regimento Interno prevê que o parecer seja submetido a votação nominal, pelo processo da chamada dos deputados.
A estratégia inicial do Planalto era apressar a votação em plenário, para minimizar o desgaste já vivido pelo governo e evitar que eventuais fatos novos sejam tornados públicos pela Procuradoria-Geral da República antes de uma decisão dos parlamentares.
O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que colocaria a denúncia em votação caso estivessem no plenário pelo menos 342 deputados - dois terços do total. E, no fim do dia, anunciou que a análise será realizada apenas em agosto.
Na votação, dois desfechos são possíveis: o primeiro é Temer conseguir que 172 deputados federais votem contra a denúncia ou se abstenham. Nesse caso, o processo contra o presidente é encerrado no Supremo.

STFDireito de imagemJOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
Image captionCaberá ao plenário da Câmara decidir se caso contra o presidente terá andamento no STF

Passado o final do mandato - quando acaba o foro privilegiado -, o caso seguiria à Justiça comum, para ser analisado em primeira instância, explica Chalita.
O segundo desfecho possível é que 342 deputados votem pela validade da denúncia. Nesse caso, esta seguirá para o Supremo.

Se o caso for levado ao STF

No Supremo, Temer seria intimado a apresentar sua defesa prévia, que seria analisada pelos ministros do tribunal. Em plenário, os ministros decidiriam então se aceitam ou não o processo contra o presidente.
Caso a denúncia seja rejeitada, Temer é mantido no cargo. Mas se for aceita, ele se tornaria réu e seria citado para apresentar defesa e imediatamente afastado por 180 dias, período em que Rodrigo Maia assumiria interinamente, considerando a linha sucessória.
Se nesse período de 180 dias o tribunal não julgar o caso, Temer retoma o cargo e continua a exercer seu mandato - o que não significa, porém, a extinção ou paralisação do processo contra ele.
Se absolvido, Temer continuaria governando. Mas no caso de condenação com trânsito em julgado, caberia a Maia convocar eleições indiretas para a escolha de um novo presidente.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Temer pode não resistir às próximas denúncias de Janot, diz amigo do presidente


O presidente Michel TemerDireito de imagemREUTERS
Image captionCâmara analisa se denúncia contra Temer pode prosseguir

Amigo de Michel Temer há 30 anos, o consultor político Gaudêncio Torquato diz acreditar que o presidente consegue sobreviver à iminente votação na Câmara que pode levar ao seu afastamento, mas tem dúvidas se ele resistirá a novas denúncias.
"O grande teste será enfrentado por ocasião da votação da denúncia na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e no plenário. O governo tende a passar pelo primeiro teste, seja porque ele substituiu alguns dos deputados na comissão, seja porque ainda tem alguma força", afirmou Torquato à BBC Brasil.
"A minha dúvida, e o meu receio, é que nas próximas (denúncias) talvez os deputados já achem mais difícil não aprovar."
A CCJ da Câmara dos Deputados discute nesta semana a primeira denúncia feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente. Ele é acusado de corrupção passiva sob suspeita de ter recebido propina do empresário Joesley Batista, da JBS, através do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures.
Como a abertura de uma ação penal teria como consequência o afastamento de Temer, é preciso que a Câmara autorize a investigação antes de o assunto ser analisado pelo Supremo Tribunal Federal. Caso ambos autorizem o processo, o peemedebista se tornaria réu e ficaria afastado por até 180 dias para o julgamento.
A expectativa é que Janot apresente mais duas denúncias contra Temer - por obstrução de Justiça e organização criminosa - antes do fim de seu mandato na Procuradoria, em setembro.

Gaudêncio TorquatoDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionPara Torquato, recesso parlamentar irá afetar apoio parlamentar a Temer

Para Torquato, essas eventuais novas ações seriam mais difíceis para o presidente, já que no recesso os deputados voltam a entrar em contato com suas bases, que devem pressionar pela queda de Temer.
Se a votação da primeira denúncia não for feita antes do recesso, que começa na terça, há o risco de Temer cair até mesmo neste primeiro momento, avalia o consultor político.
"Eles voltarão depois de ter tido esse contato, e como o presidente é impopular junto à base, vai haver uma pressão muito forte para que haja alguma mudança."
Torquato, que havia dito que operações da Polícia Federal não iriam derrubar o governo se a economia estivesse bem, diz que reconsiderou sua opinião. "Ficou mais grave para o governo, mesmo com a economia melhorando."
Consultor político durante todo o processo que levou Temer ao Palácio do Planalto, ele diz que não tem conversado com o amigo nos últimos meses. "Não quis incomodá-lo, ele está com muita gente aconselhando. Estou observando à distância."

A cúpula

O grupo informal que o consultor e professor da USP havia montado para aconselhar o presidente - com nomes como o historiador Marco Antonio Villa e o cientista político Rubens Figueiredo - desidratou em dezembro passado.
"Não tinha mais clima. Nessa altura, a crise é tão grande que não dá tempo de dar sugestões", diz Torquato.

O ex-deputado Rodrigo Rocha LouresDireito de imagemEPA
Image captionRodrigo Rocha Loures é pivô do escândalo que pode derrubar Temer

E ele não é único amigo que não mais tem estado próximo ao presidente. Outras pessoas de seu círculo pessoal também acabaram afastadas, mas por outros motivos. Rocha Loures e o advogado José Yunes, que chegaram a ser presos recentemente, são exemplo disso.
Já os braços direitos de Temer no Planalto, os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil), aceleraram o passo, se encontrando com o maior número de deputados possível nas últimas semanas para garantir uma votação favorável na Câmara.
Boa parte do ministério, no entanto, não estaria assim tão preocupada com uma eventual mudança, de acordo com duas pessoas ligadas ao governo - nomes como Mendonça Filho (Educação) e Fernando Coelho Filho (Minas e Energia) continuariam num eventual governo de Rodrigo Maia (DEM), que assumiria a Presidência interinamente caso Temer seja afastado.
Para alguns partidos da base aliada que ainda mantém ministérios, uma administração Maia seria um desgaste menor - é o caso do PPS, segundo um nome importante do partido.
A legenda ameaçou desembarcar quando o escândalo envolvendo Temer veio à tona. O então ministro da Cultura, Roberto Freire, deixou o cargo, mas Raul Jungmann (Defesa) acabou continuando no posto.
A aprovação da Reforma Trabalhista no Senado, na terça, será apresentada com uma prova de força de Temer - o que teria dado um novo gás aos deputados governistas.
Para Torquato, o governo está muito mais forte do que a imprensa "faz parecer".
"Quando você lê as coisas, vê que a gravidade é aumentada na mídia. A imprensa derrubou o governo há muito tempo, enquanto na realidade ele continua com força", critica ele.
Na semana passada, Torquato disse no Twitter que o clima pessimista de blogueiros o faziam ter vontade de se desligar das redes sociais.
"Seja qual for o desfecho, a crise política não vai terminar, porque o quadro para 2018 é conturbado", conclui.

Da BBC Brasil em São Paulo.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Lula condenado. Veja a reação do PT no Senado.



               ESSE DESENHO É ANTIGO.
O juiz Sergio Moro condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sentença, anunciada nesta quarta-feira, é a decisão derradeira de Moro no processo em que o petista foi acusado pela força-tarefa da Lava-Jato de receber propina da OAS, uma das empreiteiras do chamado clube do bilhão, que se refestelou nos últimos anos com contratos bilionários na Petrobras. Entre as vantagens recebidas por Lula, segundo a acusação, está um apartamento tríplex no balneário do Guarujá, em São Paulo. É a primeira vez que um ex-presidente do Brasil é condenado por corrupção.
Pouco menos de dez meses se passaram entre a acusação formal feita pelos procuradores da Lava-Jato e a sentença do juiz Moro. Ao acusar Lula, a força-tarefa apontou o ex-presidente como “chefe” do esquema de corrupção montado na Petrobras e o acusou de participar, em parceria com a OAS, do desvio de mais de R$ 87 milhões dos cofres da estatal. “Após assumir o cargo de presidente da República, Lula comandou a formação de um esquema delituoso de desvio de recursos públicos destinados a enriquecer ilicitamente, bem como, visando à perpetuação criminosa no poder, comprar apoio parlamentar e financiar caras campanhas eleitorais”, escreveram os procuradores. “Lula era o maestro dessa grande orquestra”, chegou a dizer, na ocasião, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol.
Fonte: Veja.
REAÇÃO DO PT NO SENADO
O senador Humberto Costa (PT/PE) repudiou a decisão do Juiz Sérgio Moro.  " É uma decisão, parcial, politizada... É uma forma de tirar o ex- presidente Lula da disputa das eleição do próximo ano", disse Humberto Costa. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Saiba como o senador do seu estado votou na reforma trabalhista


Em sessão tumultuada, após senadoras oposicionistas ocuparem a Mesa Diretora da Casa por quase sete horas impedindo a votação, o Senado aprovou, por 50 votos favoráveis contra 26 contrários, a reforma trabalhista proposta pelo governo. Houve ainda uma abstenção e três ausências de plenário – Acir Gurgacz (PDT-RO), Hélio José (PMDB-DF) e Maria do Carmo Alves (DEM-SE).
O texto aprovado altera mais de cem pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A matéria foi aprovada com a promessa de que Temer, denunciado por corrupção passiva e sob julgamento na Câmara, compromete-se a vetar pontos polêmicos da proposta.

Pedro França/Agência Senado
Placar mostra vitória governista com quase o dobro dos votos

Veja como cada senador votou:
Quem votou a favor da proposta de Temer:
Aécio Neves (PSDB-MG)
Airton Sandoval (PMDB-SP)
Ana Amélia (PP-RS)
Antonio Anastasia (PSDB-MG)
Armando Monteiro (PTB-PE)
Ataídes Oliveira (PSDB-TO)
Benedito de Lira (PP-AL)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Cidinho Santos (PR-MT)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Cristovam Buarque (PPS-DF)
Dalirio Beber (PSDB-SC)
Dário Berger (PMDB-SC)
Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Edison Lobão (PMDB-MA)
Eduardo Lopes (PRB-RJ)
Elmano Férrer (PMDB-PI)
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Garibaldi Alves (PMDB-RN)
Gladson Cameli (PP-AC)
Ivo Cassol (PP-RO)
Jader Barbalho (PMDB-PA)
João Alberto Souza (PMDB-MA)
José Agripino Maia (DEM-RN)
José Maranhão (PMDB-PB)
José Medeiros (PSD-MT)
José Serra (PSDB-SP)
Lasier Martins (PSD-RS)
Magno Malta (PR-ES)
Marta Suplicy (PMDB-SP)
Omar Aziz (PSD-AM)
Paulo Bauer (PSDB-SC)
Pedro Chaves (PSC-MS)
Raimundo Lira (PMDB-PB)
Ricardo Ferraço (PSDB-ES)
Roberto Muniz (PP-BA)
Roberto Rocha (PSB-MA)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Ronaldo Caiado (DEM-GO)
Rose de Freitas (PMDB-ES)
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Simone Tebet (PMDB-MS)
Tasso Jereissati (PSDB-CE)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Vicentinho Alves (PR-TO)
Waldemir Moka (PMDB-MS)
Wellington Fagundes (PR-MT)
Wilder Morais (PP-GO)
Zeze Perrella (PMDB-MG)
TOTAL: 50 votos

Senadores que votaram contra a reforma trabalhista:
Álvaro Dias (Pode-PR)
Ângela Portela (PDT-RR)
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)
Eduardo Amorim (PSDB-SE)
Eduardo Braga (PMDB-AM)
Fátima Bezerra (PT-RN)
Fernando Collor (PTC-AL)
Gleisi Hoffmann (PT-PR)
Humberto Costa (PT-PE)
João Capiberibe (PSB-AP)
Jorge Viana (PT-AC)
José Pimentel (PT-CE)
Kátia Abreu (PMDB-TO)
Lídice da Mata (PSB-BA)
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Otto Alencar (PSD-BA)
Paulo Paim (PT-RS)
Paulo Rocha (PT-PA)
Randolfe Rodrigues (Rede-AP0
Regina Sousa (PT-PI)
Reguffe (sem partido-DF)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Roberto Requião (PMDB-PR)
Romário (Pode-RJ)
Telmário Mota (PTB-RR)
Vanessa Grazziotin (PC do B-AM)
TOTAL: 26

Abstenção:
Lúcia Vânia

Não votou:
Eunício Oliveira (PMDB-CE) – O senador tem a prerrogativa de só votar em casos de desempate.
Fonte: Congresso em Foco.
Professor Edgar Bom Jardim - PE