Em pesquisa do BC, economistas dos bancos diziam esperar manutenção. Mas parte das instituições já apostava em queda no mercado de juro futuro.
Em meio às turbulências nos mercados internacionais, fruto da nova etapa da crise financeira, e à pressões políticas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, colegiado formado pela diretoria e presidente da autoridade monetária, adotou uma postura agressiva e optou por baixar os juros básicos da economia de 12,50% para 12% ao ano.

Selic 12% - agosto 2011 (Foto: Editoria de Arte/G1)
Trata-se da primeira queda desde julho de 2009. O Copom vinha subindo os juros desde janeiro deste ano. Foram cinco reuniões consecutivas de elevação. No fim de 2010, a taxa básica da economia estava em 10,75% ao ano. Mesmo com o corte de juros nesta quarta-feira, a alta acumulada em 2011, até o momento, é de 1,25 ponto percentual.
A decisão do BC de baixar os juros surpreendeu o mercado financeiro, cuja estimativa, divulgada por meio de pesquisa feita pelo Banco Central, era de que juros seriam mantidos neste encontro. Tendo por base a curva de juros futuros, que representa a aposta dos bancos, porém, parte das instiuições financeiras já apostava em uma redução de juros nesta quarta-feira.
Aumento do superávit primário e pressões políticas
O corte nos juros vem após o governo anunciar uma contenção extra de R$ 10 bilhões em gastos públicos neste ano, recursos que foram direcionados para o chamado "superávit primário", a economia feita para pagar juros da dívida pública, com o objetivo justamente de possibilitar a queda dos juros.
Também aconteceu depois da presidente Dilma Rousseff ter declarado publicamente que gostaria de ver, mesmo sem citar a data, os juros caindo, assim como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, além de empresários e centrais sindicais.
Explicação
Ao fim do encontro, o Copom divulgou uma longa explicação para sua decisão. Veja as razões do Copom:
"O Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 12,00% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela manutenção da taxa Selic em 12,50% a.a. Reavaliando o cenário internacional, o Copom considera que houve substancial deterioração, consubstanciada, por exemplo, em reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos. O Comitê entende que aumentaram as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado. Nota ainda que, nessas economias, parece limitado o espaço para utilização de política monetária e prevalece um cenário de restrição fiscal. Dessa forma, o Comitê avalia que o cenário internacional manifesta viés desinflacionário no horizonte relevante.