O presidente russo Vladimir Putin sugeriu que está pronto para usar armas nucleares para defender seu território, aumentando o temor de que ele use na Ucrânia dispositivos nucleares "táticos" ou de pequena escala.
O presidente norte-americano Joe Biden advertiu Putin dizendo que um movimento do tipo representaria a mais séria escalada militar no mundo desde a Segunda Guerra Mundial.
O que são armas nucleares táticas?
Armas nucleares táticas são compostas por pequenas ogivas e sistemas de lançamento para uso no campo de batalha ou para ataques limitados.
São projetadas para destruir alvos inimigos em uma área específica sem causar uma dispersão de radioatividade generalizada
As armas nucleares estratégicas são maiores (até 1.000 quilotons) e são lançadas de uma distância maior.
Em comparação, a bomba atômica que os EUA lançaram sobre Hiroshima em 1945 tinha 15 quilotons.
Que armas nucleares táticas a Rússia tem?
De acordo com a inteligência dos EUA, a Rússia tem cerca de 2.000 armas nucleares táticas.
Suas ogivas nucleares táticas podem ser colocadas em vários tipos de mísseis que normalmente são usados para lançar explosivos convencionais, como mísseis de cruzeiro e projéteis de artilharia.
Armas nucleares táticas também podem ser disparadas de aeronaves e navios - como mísseis antinavio, torpedos e cargas de profundidade (que são usadas contra submarinos).
Os EUA dizem que a Rússia recentemente investiu pesadamente nessas armas para melhorar seu alcance e precisão.
As armas nucleares táticas já foram usadas antes?
Esse tipo de armamento nunca foi usado em conflitos.
Potências nucleares como os EUA e a Rússia consideram que é igualmente eficaz destruir alvos no campo de batalha usando munições convencionais modernas.
Há outra razão: até o momento nenhum país com armas nucleares esteve disposto a eventualmente desencadear uma guerra nuclear total empregando esse armamento tático.
Mas a Rússia poderia lançar mão de dispositivos nucleares menores, táticos, em vez dos mísseis estratégicos maiores.
"Talvez os russos não vejam isso como ultrapassar esse grande limiar nuclear", diz Patricia Lewis, chefe do programa de segurança internacional do think tank Chatham House.
"Eles poderiam ver isso como parte de suas forças convencionais."
É preciso se preocupar com as ameaças nucleares de Putin?
Em fevereiro de 2022, pouco antes de invadir a Ucrânia, o presidente Putin colocou as forças nucleares da Rússia em "prontidão especial de combate" e realizou exercícios nucleares de alto nível.
Mais recentemente, o líder russo disse: "Se a integridade territorial de nosso país estiver ameaçada, sem dúvida usaremos todos os meios disponíveis para proteger a Rússia e nosso povo. Isso não é um blefe".
A Rússia planeja anexar as regiões do sul e leste da Ucrânia que ocupou. O Kremlin planeja realizar supostos referendos para criar "repúblicas populares" separatistas, e Putin afirma que está pronto para defender a "integridade territorial" das regiões "por todos os meios".
A inteligência dos EUA vê esses movimentos como uma forma de impedir o Ocidente de ajudar a Ucrânia e não como um sinal de que ele está planejando uma guerra nuclear.
Mas outros temem que a Rússia, em caso de mais reveses, possa ficar tentada a usar uma armas nucleares de menor intensidade na Ucrânia como uma "mudança de jogo", para quebrar um impasse ou evitar a derrota.
James Acton, especialista nuclear do Carnegie Endowment for International Peace, um think tank baseado em Washington, diz: "Estou legitimamente preocupado que, nessas circunstâncias, Putin possa usar uma arma nuclear — provavelmente em solo ucraniano para aterrorizar a todos e conseguir o que quer. Ainda não estamos nesse ponto".
Como os EUA responderam?
O presidente norte-americano Joe Biden alertou a Rússia de que o uso de armas nucleares na guerra na Ucrânia teria consequências.
Durante uma entrevista à CBS News, Biden disse que uma ação do tipo "mudaria a face da guerra diferente de tudo desde a Segunda Guerra Mundial", acrescentando: "Será consequente".
Como os EUA e a Otan responderiam a qualquer manobra nuclear é difícil de prever. Eles podem não querer escalar ainda mais a situação e arriscar uma guerra nuclear total, mas também podem querer traçar uma linha.
No entanto, a Rússia também pode ser dissuadida de usar armas nucleares táticas por outra potência — a China.
"A Rússia depende fortemente do apoio chinês", diz Heather Williams, especialista nuclear do Kings College de Londres."
"Mas a China tem uma doutrina nuclear de 'não usar primeiro'. Então, se Putin as usasse, seria incrivelmente difícil para a China apoiá-lo."
"Ele provavelmente perderia a China."
Fonte: BBC
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