A erupção do vulcão Hunga-Tonga Hunga-Ha’apai, na nação polinésia de Tonga, que aconteceu no sábado (15), foi um evento de escala global. Conforme destaca o MetSul, a violenta explosão gerou uma nuvem de cinzas que chegou a 30 km de altura, alcançando a estratosfera do planeta – segunda camada da atmosfera, depois da troposfera.
De tão violento que foi o estouro provocado pela erupção, ele gerou uma enorme onda de choque visível nas imagens de satélites meteorológicos que estão entre as mais impressionantes desde que a ciência passou a observar o planeta a partir do espaço.
De acordo com o diretor técnico do Serviço Brasileiro de Observação de Meteoros (Bramon, na sigla em inglês) e colaborador do Olhar Digital, Marcelo Zurita, a onda de choque, basicamente, é o som da explosão do vulcão. “Provavelmente, em uma frequência inaudível para a gente, mas é a propagação dessa explosão pela atmosfera”.
Imagens de satélite mostram onda de choque se espalhando
É possível ver a enorme coluna de cinzas eclodindo no meio do Pacífico e se expandindo ao alcançar altitudes mais elevadas enquanto uma onda de choque se espalha radialmente a partir do centro da erupção.
Segundo o MetSul, o evento foi tão significativo que o som da explosão do vulcão em Tonga acabou sendo ouvido a centenas de quilômetros de distância. Moradores de Fiji, a 800 km do vulcão, gravaram vídeos dos ruídos gerados pelo processo eruptivo.
Meteorologistas em vários lugares do mundo observaram em estações de monitoramento meteorológico uma súbita mudança de pressão atmosférica com a chegada da onda e publicaram os dados em redes sociais. O mesmo padrão foi observado na Nova Zelândia, Japão, Alasca, Nova York, Porto Rico, Los Angeles, Oklahoma, Miami, Zurique e até na Finlândia, país do norte europeu que fica a 15 mil km de distância do vulcão.
Para calcular a onda de choque com anomalia de pressão atmosférica, os cientistas usaram como dados: o horário de sua chegada, a distância para a erupção e o horário do evento eruptivo em cerca de 1.300 km/h no Hemisfério Norte.
Como a erupção foi pouco depois da 1h deste sábado, pelo horário de Brasília, e a velocidade estimada de propagação na maioria dos locais foi de 1.000 km/h, a onda de choque provavelmente alcançaria o Brasil cerca de 12 a 13 horas depois.
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E foi exatamente o que ocorreu. Repetindo o padrão observado em estações meteorológicas de diferentes países e continentes, o levantamento da MetSul Meteorologia indicou um pico de pressão atmosférica do Sul ao Norte do Brasil nos dados das estações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Explosão do vulcão de Tonga altera pressão atmosférica
Um pico de pressão atmosférica de ~1,0 a ~1,5 hPa foi registrado em estações do Inmet entre 14UTC e 16UTC (11h a 13h pelo fuso de Brasília) em estações do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Amazonas, Mato Grosso e outros estados, a maioria na faixa das 15UTC a 16UTC, logo em torno do meio-dia.
Segundo a meteorologista Estael Sias, sócia-diretora da MetSul Meteorologia, pancadas de chuva e temporais, comuns nesta época do ano, geram correntes descendentes e com resfriamento da atmosfera que eleva a pressão. “Isso poderia explicar a subida da pressão atmosférica em uma estação ou outra com chuva na localidade ou nas proximidades, contudo jamais no mesmo horário, em uma centena de estações, em tantos estados e distantes, do Sul ao Norte do Brasil”.
Para ela, o que produziu o padrão de incremento súbito da pressão ao redor das 12h deste sábado foi a chegada da onda expansiva que se propagou pelo planeta a partir da explosão do vulcão no Pacífico Sul.
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