Não há silêncio que resista. A sociedade pede comunicação, não joga fora os ruídos e as possibilidades de conversa. As pessoas não só gostam de falar, mas de escutar e observar os malabarismos da vida. Há máquinas que intermediam contatos, agem como se estivessem estimulando inteligências conscientes, porém as intimidades não estão mais escondidas como antes. Os diálogos não revelam formalidades, conduto, ficam cercados disfarces. Existem desvios nos caminhos e, nem sempre, a máscara esconde o rosto. O poder das invenções modernas não impede o desejo de trocar experiências. Há outros olhares sobre o conhecimento, outros perfumes nos corpos, outros fetiches nos saberes científicos. A conversação multiplicou seus cenários e redefiniu seus textos.
O privilégio dado ao espetáculo produz comportamentos diferentes, com excessos de signos, concentrados em seduções imagéticas poderosas. O espectador não é apenas inquietude. Ela guarda suas perguntas, controla suas ansiedades, mesmo que a euforia geral embriague a maioria. O facebook é cenário, aparentemente, dominado por solidões avulsas, mas se trata de um grande teatro. Os atores constroem seus dramas com rapidez e não estão tomados pela falta de armaduras. Introjetam opiniões, agem com suas reservas mais astuciosas, sem deixar de se embaralharem em muitas situações. O outro se encontra multiplicado e, muitas vezes, fazendo da tela um espelho desproporcional.
A informação circula, recebe curtições, comentários. Há vazios na comunicação, porque o ritmo não tem uma harmonia fixada. Ela assume dissonâncias, tem preferências pelas danças solitárias ou mergulha em águas de um extenso oceano narcisista. Há quem ria de si próprio. Há quem se sinta numa convivência solta, sem artificialidade e exibicionismo. Portanto, os palcos exigem artistas, nem todos brilhantes, com desejo de esticarem desassossego e esquecerem que o relógio existe. O jogo é ambíguo, a convivência tem histórias inesperadas, desde os tempos que se revolveu costurar os panos da cultura. Os significados se extinguem, nem admiram as pausas.
Nos esconderijos da impessoalidade, nada está preso ou sem escapes. O absoluto é ameaça que não se concretiza. Penso numa imagem, sugiro uma tirinha, critico os governos, busco compartilhar as emoções , enfim tenho opções que fazem duvidar da incompletude. Os lugares da cultura também formulam ilusões, possuem ficções e projetos de verdades. É a mistura que descortina a dúvida. Não é a pós-modernidade que desfez valores ou se vestiu das imitações. A história não lembra gramáticas com palavras e regras esclarecedoras. Ela não receita continuidades, contudo visualiza as novidades com suas armadilhas recorrentes.
O mundo da internet é avassalador. Difícil acompanhar a velocidade dos seus códigos. Corta hábitos que pareciam sacralizados. No entanto, muitos anunciaram a decadência da civilização ocidental séculos atrás. Talvez, a travessia comporte decadências ou redenções. Quando a revolução industrial fragmentou antigas concepções a sociedade se assustou. Portanto, não razão para desenhar apocalipses. Não vivemos no pior dos mundos. Não escapamos das perplexidades, nem das manipulações de poder. Não estamos ausentes dos espetáculos, por mais pudor que alimente nosso estar no mundo. Quando o telefone e o rádio lançaram seus fascínios e medos, muitos se desmoronaram. E agora?
Assista ao vídeo ao Vídeo Inteligência Artificial ( Matéria de Capa)
https://www.youtube.com/watch?v=u-Gdu4YJzJg&t=4s&ab_channel=Mat%C3%A9riadeCapa
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