A história está rodeada de sentimentos. Como somos carentes, lembrando de Simone de Beauvoir, falta alguma coisa para que se passe por todas as brechas. Não dá para firmar apatias, nem isolar o mundo das divergências e multiplicidades desejos. O outro é fundamental, sobretudo para fechar a porta das ausências. Não nascemos prontos, infalíveis. A cultura inventa comportamentos que mudam historicamente. Há sinais desconhecidos que avistamos cada dia. O amor se garante, quando cada um encontra sua cada uma.Mas não se empolgue com a eternidade.
Lembrando ainda Simone, a moral é ambígua, circulamos e somos trapezistas imperfeitos. Sartre e Simone eram parceiros de profundidade.Imagine que havia certos escorregões, ninguém deixar de olhar para o que existe ao redor. As relações procuram sobreviver, porém se desfazem quando a tristeza se estica e exige outras aventuras. Não esqueçamos que as dificuldades se encontram com os sonhos e atiçam desconstruções nos afetos, aparentemente, inatacáveis. Quem não se enfrenta com hesitações tão humanas? Quem não se assusta com as estreitas ambições dos narcisistas? É importante ver as curvas e apagar as retas.
O amor se solta pelas estradas.Depende do calor das moradias, da força da luz que entra pela janela e da recusa repentina em algum momento de desgoverno. Os voos existem para transformar os ares e escutar sons diferentes. Por isso, o amor muda de direção e bate em paredes refeitas.No amor, as dissonâncias não são uma mentira. Sarte e Simone refizeram caminhos, conheceram silêncios e segredos, reclamaram das injustiças e criaram espaços políticos inusitados.Foram cidadãos do mundo, dividiram sofrimentos e agonias coletivas, não fugindo da solidariedade. Eram fraternos. Não só a tristeza compõe as sinfonias inacabadas de alguns músicos frustrados. Surgem surpresas, paixões que se escondem nas primeiras esquinas.
Quem não vacilou? Sartre e Simone contribuíram para repensar as relações sociais, ocuparam lideranças, deixaram escritos importantes. Ler as peças teatrais de Sartre nos ajudam a compreender as situações limites. Simone lutou pela autonomia feminina, redefiniu conceitos já arcaicos. Quem é a mulher que entra nas cidades estranhas ou disfarça suas intenções afetivas? Tudo produzido num tempo de turbulências intelectuais, com memórias das guerras e as intimidades do coração.Jean-Paul e Simone não abandonaram as ruas, nem elogiaram a concentração de riquezas. Ousaram, foram próximos.Traçaram argumentos de igualdades, sem se desfazer da coragem da lucidez serena.
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