sábado, 18 de julho de 2020

O poder faz parte da aventura humana


Há sempre dúvidas. Muitos desejam o absoluto, mas mergulham em decepções quando fracassam. Não percebem as fragilidades, multiplicam delírios, esquecendo dos limites. Somos seres que não dispensam sonhos. Temos que superar os impasses do cotidiano. Não fugimos das idealizações. No entanto, o infinito é uma criação transcendente, apenas uma forma de levantar os ânimos diante das contradições que nos cercam. Nem sabemos de onde surgiu o projeto da vida, se ele pertence aos deuses e é um acaso perturbador. Será que o tribunal do juízo final é supremo?

Construímos fantasias, para nos livrar das banalidades. A vida sem brilho é monótona. O mundo está repleto de tecnologias, divertimentos, planejamentos espetaculares. Nem por isso, aos escorregões deixam de acontecer. Diante de esperanças, muitas vezes, surgem fracassos inesperados. A sociabilidade não dispensa poderes, exige que os outros participem das aventuras e consolidem tradições. A solidão existe, porém há sempre o ruido, o enigma, a ambição. Nunca é definitiva, traz incertezas, lembranças de sentimentos compartilhados. Ser e não ser é uma questão profunda, talvez sem resposta.

A complexidade crescente mostrar que não há sossego previsível. O poder mora nas relações sociais. Há seduções, convencimentos. As violências físicas assustam e confirmam que a cordialidade se ausenta quando as tensões se radicalizam. Mesmo assim, teimamos em imaginar utopias, sociedades pacíficas e repletas de bons encontros. É difícil aceitar o limite, observar que as depressões ganham espaço, que as religiões se infiltram nos jogos do mercado e a grana faz pactos velozes com a política. O trágico não é incomum. Corta corpos e diminui futuros.

As relações de poder estão na história.  Ampliam seus mecanismos de persuasão com a prevalência de redes socais e escutas sofisticadas. Elas se escondem, porém não deixam de agir. Analisem como os governantes lançam promessas, recuam, se sentem vítimas, acusam. As relações de poder não preservam simplicidades. Buscam armadilhas, seguram comportamentos que desfazem as forças coletivas e conservam privilégios. Sem elas, não haveria história. Os entrelaçamentos dos tempos ajudam a compreender as idas e as vindas do poder. Lembrem-se de Zeus, de Pinochet, de Salazar, de Édipo, de Nietzsche. Nada apaga certas continuidades, ações e teorias.

 Por Paulo Rezende


Professor Edgar Bom Jardim - PE

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