quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Rio de Janeiro matador



Agatha
AgathaFoto: Reprodução/Instagram
A polícia concluiu que o projétil que atingiu Ágatha Félix, 8, tem formato "adequado a armas de fogo do tipo fuzil", mas não está em condições de ser comparado às sete armas apreendidas com policiais militares que estavam trabalhando na noite em que a menina foi morta.

Isso porque foi encontrado dentro do corpo da criança apenas um fragmento deformado desse projétil. Segundo o laudo do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), ele consiste em um núcleo de chumbo endurecido, sem seu revestimento metálico, pesando 4,5 gramas e medindo até 21,55 mm de comprimento.

Não será possível saber nem o calibre da arma que foi disparada. O projétil está "destituído de elementos técnicos para determinar calibre nominal, número e direcionamento das raias [ranhuras que indicam o calibre], bem como de microvestígios de valor criminalístico, fato que o torna inviável para o exame microcomparativo", diz o relatório.
Foram apreendidos cinco fuzis e duas pistolas com policiais da UPP Fazendinha [Unidade de Polícia Pacificadora]. Desses armamentos, três fuzis foram usados na noite em que Ágatha foi baleada, e os outros quatro ainda passam por um teste de eficácia, para saber se funcionam.

Um outro laudo, do IML (Instituto Médico Legal), apontou que a menina tinha apenas uma perfuração nas costas. Ela morreu com lacerações (cortes) no fígado, no rim direito e em vasos do abdômen. Uma reconstituição do caso está marcada para a próxima terça-feira (1).

A kombi em que ela foi atingida já foi periciada e continua no estacionamento da delegacia, acessível a qualquer um que passa ao lado da unidade, com os vidros abertos. É possível ver a marca do tiro no banco traseiro, mas não há furos no porta-malas, que estava aberto no momento do disparo.

DepoimentosAté a tarde desta quarta (25), haviam sido ouvidas 20 pessoas no total, segundo a Polícia Civil, sendo 11 policiais militares: oito da UPP Fazendinha, um sargento supervisor e dois da UPP Nova Brasília, que ajudaram no socorro.

Segundo o site G1, parte deles afirmou que a equipe disparou pelo menos duas vezes para se defender de criminosos. O grupo teria sido alvejado por um homem na garupa de uma moto e depois por traficantes de diferentes ângulos do Alemão.

Além dos policiais, prestaram depoimento na Delegacia de Homicídios do Rio o motorista, o proprietário da kombi e mais três testemunhas. Nesta quarta também falaram quatro parentes de Ágatha –a mãe, o pai, um tio e uma tia.

Os pais rejeitaram veementemente a versão da PM de que um confronto ocorria no momento dos disparos, de acordo com o advogado Rodrigo Mondego, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ que tem acompanhado a família no caso.

"Não se sabe se estava tendo uma briga de bar atrás, um marido tentando matar a mulher atrás, um traficante de drogas dando tiro a esmo ou se foi o próprio policial que atirou, mas não havia tiroteio no local", disse ele à imprensa na porta da delegacia.

A mãe de Ágatha, única dos familiares que estava dentro da kombi quando a menina foi atingida, afirma que não viu de onde partiram os tiros, mas que vieram da direção onde estavam policiais. Ela se lembra de ter avistado mais de dois agentes na rua.

Já o motorista da kombi, que prestou depoimento no sábado (21) e novamente na terça (24), afirmou que viu quatro policiais –dois de cada lado da via–, sendo que um deles teria atirado contra dois motociclistas sem camisa que passaram em alta velocidade ao lado da van. Ele havia encostado o veículo para que uma família desembarcasse.
Com informação de Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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