Ninguém duvida das armadilhas das violências.Elas se sofisticam, ganham espaços tecnológicos, mascaram brutalidades cotidianas. A violência nunca se foi da história. A mitologia mostra deuses irados e vingativos. O militarismo tem adeptos seculares. Os pactos sociais buscam, muitas vezes, estabilidade e sossego, porém as surpresas trazem desgovernos ou as desigualdades estimulam o desuso do diálogo. A violência é ampla e complexa. Simboliza lutas ou inibe reações, inventa turbulências, organiza quadrilhas, infiltra-se nas dominações políticas. Não significa, apenas, o corpo morto, as misérias propagadas pelo fome, a manutenção do trabalho escravo. Há as violências simbólicas que reproduzem preconceitos, justificam racismos, consolidam crenças separatistas e multiplicam as ordem ditas moralistas. É um sinal de ruína crescente.
A sociedade se amedronta, fecha suas portas, gerencia suas andanças, se enclausura.O perigo parece um grande fantasma de garras assassinas.Está na rua, na casa do vizinho, no trânsito, nas moradias abandonadas, nos olhares. A segurança passou a ser, para oportunistas, um negócio atraente. O capitalismo não vacila e atrai muita gente para seus planos de guarda privada. Porém os sustos permanecem e o medo se fixa. Os governantes colaboram para instabilidade e se ligam aos esquadrões que desconstroem e mantêm territórios de poder. A desconfiança se generaliza. Quem mais sofre? Quem é vítima? Quem alicia? Quem simpatiza com os milicianos? Quem fabrica as estatísticas?
É inegável que a sociedade não se despediu das disputas covardes, nem elegeu um ética que satisfizesse utopias. Quem controla os governos promete punir, discute planos, mas escolhe seus parceiros estranhos e alguns celebram a eficiência das polícias pela quantidade de intimidações e a quebra de comunidades carentes de qualquer ajuda. Eliminar quem incomoda a agitação do capital ressuscita manobras fascistas. O pior: muitos silenciam e se negam a criticar e resistir. No Brasil, as noticias nefastas são frequentes, mata-se, cerca-se o desfavorecido com uma crueldade atiçada por hienas fardadas e cínicas
Morreu Ágatha levando seu sorriso. Quantas pessoas não desaparecem sem deixar vestígios? Como sobrevivem os refugiados na aridez diária de seus desmantelos? A história está cheia de invisibilidades. O que se conta? O que se quer contar? As informações circulam anunciando que há controles e tentam argumentar com arrogâncias. O sistema não se move sem invejas e corrupções articuladas. Tudo isso expande pessimismo, fragiliza rebeldias, fortalece privilégios. As minorias alicerçam seus poderes cultivando agressividades e traçando hierarquias. A violência existe e serve para manter concentrações de riqueza e aprisionar sonhos. Quem a festeja se aproxima do desequilíbrio fatal e não observa que o desamparo adoece e tortura. Há cansaços e desmanches no meio de coragens que ainda produzem ruídos e reações. Não custa se abraçar com quem se nega a aceitar psicopatias programadas e oficiais.
Por Paulo Rezende. A astúcia de Ulisses.Professor Edgar Bom Jardim - PE
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