quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Quem defende a tortura?



A sociedade sente o gosto amargo de frases polarizadas. Nada é feito, apenas, para soltar balões e divertir aqueles que sofrem com a desigualdade. A política não vacila , quando quer centralizar suas decisões e firmar privilégios devastadores. Ninguém é ingênuo. Votou-se. Muitos acreditaram numa mudança. Elegeram um grupo que defende opressão e desmonta instituições. Há quem ria. Mas a situação não traz alegrias e espalha desamparos. Trata-se de usar o governo para concentração de princípios nada coletivos, sempre voltados a propagar o deboche e esconder corrupções que prometia extinguir.
O pior: defende-se um passado de torturas e ditaduras. Espalham-se medos, testemunham-se vinganças, inibem-se rebeldias. No processo eleitoral, existiam polarizações delineadas com ódios futuros esboçados. Observei ,com cuidado, comportamentos arrogantes. Parecia uma campanha para redimir os pecados nacionais. Desfizeram-se afetos e as tensões se ampliaram. Hoje, há temores de graves abalos, pois a violência é justificada pelo governante máximo. Muitos mostram seu lado obscuro, ressuscitam preconceitos e procuram esconder-se nos devaneios perversos. Querem a banalidade do mal com a ajuda de anjos. Os cinismos se configuram e rasgam máscaras.
É a visão congelada do absurdo ou um espetáculo de minorias envolvidas com ressentimentos seculares? Pergunta complexa quando se analisa que o jogo é profundo, as cartas estão sujas e os argumentos são desequilibrados. Mesmo os beneficiados, os amigos dos golpes milicianos, não deixam de apontar equívocos. Há mobilizações de quem condena o autoritarismo, de quem nega a exploração da mídia e busca respirar o sossego. Não é um momento de uma simples crise que os ventos vão transportar para abismo de forma sigilosa. Quem sabe se amanhã um outro dia inquietará mais ainda quem se frustra com o limite cotidiano?
Se a instabilidade toma conta do fazer histórico, as ações trazem insegurança não o que Hannah Arendt tanto defendia: a liberdade para agir e desmonta as opressões. Não vamos imaginar paraísos, nem o absoluto firmando perdões e abrindo , totalmente, os olhos da justiça. A história é a construção da possibilidade, possui estradas curvas. As utopias estimulam, inventam generosidades. No entanto, os desejos circulam, a cultura se nutre seus pântanos, a sociedade não abandona, de vez, seus escorregões. Porém, dói imaginar a continuidade de estragos que apontam perversidades. A esquizofrenia social investe e ataca. Não cessa de criar hienas e desmanchar expectativas de redenção.
Por Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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