quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Filosofia - Marx, Nietzsche, Freud: os tempos dialogam


Rejeitar pode ser um erro. Os tempos dialogam. É fundamental observar a renovação do que fica. Não perder de vista a crítica, ela ajuda a esclarecer a complexidade do contemporâneo. Ninguém parte do nada, há entrelaçamentos visíveis. Nem tudo pode ser radicalmente decifrado. Hábitos antigos se repetem e violências tiranas acontecem nas mais sofisticadas cidades. O historiador não pode expulsar as contradições e se iludir com as mentiras desenvolvimentistas. Elas enchem os cofres de muita gente que muda de posição de acordo com interesses. Há perplexidade, porque as ingenuidades não morrem e nem todos gostam de ser patriarcais. A sociedade se move, acolhe escândalos, toma sustos.Há especialistas em formular boatos e as verdades vacilam ou não existem..
Marx pensou a capitalismo no século XIX. Suas teorias provocaram fanatismos e iras. Seus ensinamentos atravessaram séculos, foram bastante lidos, motivaram rebeldias e interpretações múltiplas. Não deixou de sofrer críticas.Muitos acham suas análises absurdas e superadas. A luta política influencia nas leituras da obra de Marx. No entanto, é inegável a força de suas decifrações para um conhecimento das aventuras do capitalismo. As reflexões sobre fetiche da mercadoria é uma abertura incrível para penetrar nas ilusões trazidas pelas revoluções burguesas. No Capital, mostra como a burguesia se organizou para derrubar o passado e assegurar a mais-valia.Nem tudo se foi,  as crises se sucedem sem acabar com a dominação burguesa.
Sepultar as ideias de Marx como se fossem um lixo acadêmico é se encher de ressentimentos.No Manifesto Comunista, que escreveu com Engels, há um relato histórico das mudanças que abalaram a sociedade da época. Foi um salto. O texto descreve as tradições e suas quedas, ressalta a diluição de hábitos consagrados. Tinha perspectiva otimista. A burguesia continua se equilibrando e os governos ditos socialistas não alcançaram o êxito. O Manifesto critica os valores, as instituições e a precariedade de um sistema que alimenta o individualismo. Há uma fascínio que atrai, ideias que justificam a afirmação. Não existem apenas violências ou armadilhas. As controvérsias se firmam. Não há unanimidade. É   o mundo das tensões com traços marcantes de sinais de barbárie.
Nietzsche é lido, nos tempos atuais, com avidez. Tornou-se um ídolo. Há muitos autores influenciados pelas suas teses que transtornaram os bem comportados. Ele demoliu a cultura ocidental, assinalou as suas hipocrisias. Era pessimista. Apesar de pensar para além do bem e do mal, registra desencontros. Não aceita o cristianismo e combate o platonismo. O poder se salienta e a luta se evidencia. . Sobram interesses e os valores estão podres. Nietzsche foi vítima de sofrimentos físicos, delírios, mas escreveu uma obra que desnorteia pela sua radicalidade. Hoje, há grupos de estudos buscando compreendê-lo, ele circula nas academias, sacode preconceitos. Talvez, tenha sido um profeta.  A onisciência é, contudo, uma fantasia. Nietzsche não poupou os que vendiam e negociavam verdades.
Freud buscou paradigmas nas relações afetivas. Também denunciou os cinismos e as egolatrias. Não se deixou se encantar pelas generosidades de sua época. Analisou os sonhos, decifrou frustrações, entrou no romance familiar com sensibilidade. Impressiona sua sagacidade. O corpo e a sexualidade ganham espaço nas suas indagações. Debateu questões que, hoje, estão ainda assustando a sociedade. A psicanálise não é vestígio do passado. Renovou-se, porém há quem desfaça os raciocínios freudianos. Suas teses demonstram que a violência não existe por acaso. Os prazeres e os desprazes são temas que balançam a vida. Não ler Freud é um vazio na formação dos que querem encontrar esconderijos. A cultura se compõem com os malabarismos desafiadores dos que duvidam. É precioso não riscar os espelhos das imagens que atravessaram os tempos.
Por Paulo Rezende. A Astúcia de Ulisses.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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