A velocidade manipula notícias, destrocando verdades e inventando fantasias. A confusão se globaliza. Já se espalha como uma brincadeira que assombra redes sociais. Faz parte do cotidiano. A política, então, se desmonta. Quem quer mesmo mudar, refazer a solidariedade, denunciar os grupos mafiosos? Há suspeitas imensas e cinismo elaborados com sofisticação. A quantidade de informações mostra a superficialidade. Ela atinge a reflexão, inquieta. E a sua vida, a suas memórias, as possibilidades de voo? Cada um dentro da sua história se esconde de forma nada lúcida. O outro passa a ser o alvo.
Não custa ir adiante, voltar ao passado, se lembrar das conversas longas. Compare com a rapidez do zap. Não há cuidado. Vale a propaganda, a exaltação ao charme, a dubiedade sempre presente. A história se mistura com a memória que interessa aos dominantes. Foca-se no comportamento embriagado. Retoma-se trivialidades. Você termina se desconhecendo, não entende certos isolamentos,se acha estranho. Não é à toa, portanto, que a sociedade se sinta no meio de tantas controvérsias. A Venezuela é artigo do dia, a grana pública serve a minorias, a China amplia seus poderes, as milícias ditam normas agressivas.
Você se olha no espelho. Sente a pressa. Como imaginar o futuro ou ousar? A repetição consegue prevalecer, embora use cores plastificadas. A chama do poder arde, as academias buscam decifrar desenganos, sem observar que as máscaras garantem sucessos surpreendentes. Não é que as utopias se apagaram de vez, que estamos num meio de niilismo absoluto. Existem sonhos, porém a coisificação elege o mercado, o outro é empurrado. Tornou-se comum o deboche. Não pense que as transformações técnicas garantem a superação dos impasses.
O tempo para contar sua história é curto. Você se perde nas mensagens fugazes e posta suas fotos para uma plateia. De repente, nem você sabe se as lembranças da infância ajudam a construir seu afeto. O negócio puxa, artificializa. Como avaliar seus alicerces? O salário é instável, o vizinho mal humorado.Tudo fica transtornado, num cotidiano que se firma nos desencontros sociais. A sua história se perde. Seus esquecimentos se vestem de neuroses. As terapias enchem as farmácias de clientes atordoados. Há quem nem se envolva com o mundo, cultive o descompromisso. Para quê? A tempestade é parceira do juízo final.
A astúcia de Ulisses - Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE
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