O presidente Jair Bolsonaro (PSL) participará nesta sexta-feira, em sua viagem oficial ao Chile, de um encontro de cúpula com outros chefes de Estado sul-americanos para debater a criação de um novo fórum de desenvolvimento para o continente, o Prosul.
O organismo foi idealizado pelo presidente chileno, Sebastián Piñera, para substituir a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), criada em 2008, em um momento em que os países da região eram governados em sua maioria por presidentes de esquerda.
De acordo com o porta-voz da Presidência, Otávio Rego Barros, o objetivo é criar "um novo marco para a América do Sul para melhorar a coordenação e a integração regional, livre de ideologias, aberto a todos e 100% comprometido com a democracia e os direitos humanos".
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Saiba mais a seguir sobre os presidentes que participarão do encontro com Bolsonaro.
Sebastián Piñera (Chile)
O empresário assumiu pela segunda vez a presidência do Chile em março do ano passado. A legislação chilena impede a reeleição, mas permite que ex-governantes disputem novamente o cargo após outra pessoa ocupá-lo.
Em seu mandato de estreia (2010-2014), foi o primeiro presidente de direita do país desde 1958. Em seu retorno à Presidência, passou a ser o único político com este perfil a governar o país em dois momentos.
O bilionário lidera a coalização de centro-direita Vamos Chile e conta com um amplo apoio do empresariado. Ele sucedeu a ex-presidente Michele Bachelet com a promessa de aquecer a economia chilena, reduzir o tamanho do Estado, atrair investimentos internacionais e melhorar as áreas de segurança pública, saúde, educação e transporte.
Sob seu comando, o país teve o melhor desempenho econômico em cinco anos, com um crescimento de 4% no ano passado, impulsionado principalmente por bons resultados dos setores de mineração, serviços e comércio, de acordo com o Banco Central do país. Este índice foi bem superior ao crescimento de 1,3% registrado em 2017.
Mestre e doutor em Economia pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Piñera já foi consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e trabalhou na Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) e nos bancos Talca e Citicorp-Chile.
Aos 69 anos, é uma das pessoas mais ricas do Chile, com uma fortuna estimada pela revista Forbes em US$ 2,8 bilhões (R$ 10,7 bilhões). A maior parte do patrimônio foi conquistado à frente da empresa Bancard, que introduziu o uso de cartões de crédito no Chile.
Ele também investiu na principal companhia aérea chilena, a Lan, no clube de futebol Colo Colo e comprou a emissora Chilevisión. Ao assumir a Presidência pela primeira vez, ele se desfez desses negócios por causa de conflitos de interesse apontados por seus opositores.
O presidente chileno começou na política em 1990, ao ser eleito senador, cargo que ocupou por oito anos. Sua candidatura presidencial foi aventada dois anos depois, mas os planos foram frustrados pela eclosão de um escândalo. Escutas telefônicas revelaram que ele articulava para ser favorecido em um debate. Piñera chegou a disputar a Presidência em 2005, mas foi derrotado por Bachelet.
Mauricio Macri (Argentina)
Aos 60 anos, o presidente argentino é o primeiro governante do país após a redemocratização a não fazer parte das duas legendas mais tradicionais - o Partido Justicialista, representante do peronismo, e a União Cívica Radical.
Filho de um dos empresários mais ricos da Argentina, Macri fez carreira no setor privado e, entre 1995 e 2007, foi presidente do Boca Juniors - neste período, a equipe de futebol conquistou 17 títulos.
Ele entrou para a política em 2003, ao criar a aliança política Frente Compromisso para a Mudança, que depois seria reconhecida legalmente como partido político e se fundiria ao Recriar para o Crescimento para formar o partido Proposta Republicana.
Em 2003, Macri foi derrotado na disputa pela Prefeitura de Buenos Aires. Dois anos depois, foi eleito deputado federal. Em 2007, concorreu novamente à Prefeitura da capital, com sucesso, e foi reeleito em 2011.
Ele disputou a eleição presidencial em 2015 contra Daniel Scioli, candidato apoiado pela peronista Cristina Kirchner, e venceu com 51% dos votos. Sua vitória marcou o fim de um período de 12 anos do kirchnerismo, iniciado por Néstor Kirchner, que governou entre 2003 e 2007 e morreu em 2010, e concluído por sua viúva, Cristina, presidente de 2007 a 2015.
Macri assumiu com a promessa de resolver dois graves problemas do país - alta inflação e déficit fiscal - por meio de um modelo econômico liberal. Cortou salários públicos, baixou impostos para exportações e aumentou tarifas de serviços subsidiados, entre outras medidas.
No entanto, a Argentina segue em crise. No ano passado, a economia se retraiu cerca de 2,5%. O peso argentino perdeu 50% de seu valor ante o dólar no último ano, e espera-se que a depreciação acelere ainda mais a inflação, que já superou os 30%.
Em outubro passado, Macri fechou com o Fundo Monetário Internacional um pacote de ajuda de US$ 56,3 bilhões (R$ 215,6 bilhões) para tentar estabilizar a economia argentina.
Será neste contexto que serão realizadas as eleições presidenciais argentinas em agosto deste ano, quando Macri pode vir a ser candidato à reeleição.
Mario Abdo Benítez (Paraguai)
Manter o modelo econômico liberal que, há mais de uma década, produz um crescimento constante do PIB, redução do déficit fiscal e câmbio estável, foi um dos compromissos do presidente paraguaio ao assumir em agosto do ano passado.
Entre as metas, estavam impostos baixos e isenções para estimular investimento estrangeiro e a produção agrícola, um dos principais motores econômicos do Paraguai, além do combate à pobreza. Apesar do bom momento econômico, este problema ainda afeta 26% da população.
Sua vitória significou a manutenção no poder do partido de direita Colorado, que domina a política do país há décadas. O presidente é um representante da ala mais conservadora da legenda.
Benítez, de 47 anos, é filho de um ex-secretário de Alfredo Stroessner, que comandou o regime militar do país entre 1954 e 1989. O presidente foi alvo de críticas por defender o governo do ditador paraguaio.
Recentemente, ele tentou se distanciar do passado político de sua família ao pedir para ser chamado por seu apelido, Marito, em vez de seu primeiro nome, herdado do pai.
Abdo formou-se em marketing nos Estados Unidos e, ao voltar ao Paraguai, entrou para as Forças Armadas como paraquedista. Começou na política em 2005 ao se filiar ao Partido Colorado. No mesmo ano, tornou-se seu vice-presidente.
Em 2013, assumiu o posto de senador - dois anos depois, foi eleito presidente da Casa - e permaneceu no cargo até março de 2018.
Na Presidência, se mantém fiel ao perfil conservador da maioria da população e promete seguir "princípios bíblicos", promover uma defesa da família e ser contrário a qualquer tentativa de legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o aborto.
Martín Vizcarra (Peru)
O presidente peruano chegou ao cargo em março do ano passado, após a renúncia do então presidente Pedro Pablo Kuczynski em meio a um escândalo de corrupção e às vésperas do Congresso do país votar um segundo pedido de impeachment - o primeiro havia sido rejeitado pelos parlamentares.
Filiado ao partido Peruanos pela Mudança, de centro-direita, ele foi eleito vice-presidente em 2016 e atuou durante o governo de Kuczynski como ministro de Transportes e Comunicação e embaixador do Peru no Canadá, de onde retornou para assumir a Presidência.
O engenheiro de 56 anos havia trabalhado durante a maior parte de sua carreira no setor de construção civil, como empresário e servidor público. Entre 2011 e 2014, foi governador do departamento de Moquegua, cargo conquistado na segunda tentativa.
Uma vez à frente do governo, Vizcarra disse que suas prioridades seriam o combate à corrupção, melhorias na educação e a busca pela estabilidade institucional e governabilidade do país. Tem como desafio lidar com um Congresso controlado pela oposição.
Apesar de pressões para que convocasse novas eleições, Vizcarra disse que pretende ir até o fim do mandato, em 2021. Ele não poderá tentar a reeleição, possibilidade não prevista pela lei.
Iván Duque Márquez (Colômbia)
O presidente colombiano é afilhado político do ex-presidente Álvaro Uribe e um dos principais expoentes da direita no país.
O advogado de 42 anos elegeu-se como candidato do partido Centro Democrático, liderado por Uribe, com a promessa de rever o acordo de paz assinado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em 2016.
Mestre em direito internacional e gestão de políticas públicas, ele atuou como consultor e, depois, conselheiro do ministério de Finanças e Crédito Público durante o governo de Andrés Pastrana (1998-2002). Entre 2001 e 2013, trabalhou no Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Também já foi senador, entre 2014 e 2018. Em junho do ano passado, derrotou o candidato de esquerda Gustavo Petro ao obter 54% dos votos no segundo turno das eleições presidenciais.
Lenín Moreno (Equador)
O presidente equatoriano chegou ao cargo com o apoio do então presidente Rafael Correa, ao derrotar no segundo turno das eleições o conservador Guillermo Lasso.
Formado em gestão pública, o político de 66 anos foi vice-presidente de Correa de 2007 a 2013, mas optou por não compor a chapa para a reeleição naquele ano.
É o atual presidente do Aliança País, o mesmo do ex-presidente. No entanto, desde que assumiu, em maio de 2017, Moreno distanciou-se de Correa. De aliados, passaram a ser adversários políticos.
Em uma das principais medidas contra o legado de seu antecessor, ele fez um referendo que, entre outros sete temas em debate, levou ao fim da reeleição indefinida no país, que havia sido instituída em 2015.
Ao contrário de Correa, Moreno fez críticas ao presidente Nicolás Maduro da Venezuela e buscou reaproximar o Equador dos Estados Unidos.
Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE
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