A sociedade não dispensa rituais. Alguns expressam tradições e provocam nostalgias. A vida precisa de novidades, não pode cair em armadilhas sombrias e definitivas, No tempo das tecnologias sofisticados, as festas também se apresentam e firmam rituais. O consumo comanda as alegrias mesmo que sejam passageiras. Há confraternizações que lembram momentos de afetos. Os restaurantes se enchem, as fábricas de chocolates se expandem, porém continuam os mendigos nas ruas, lembrando que estão marginalizados. O Natal impulsiona o movimento, diverte, anuncia jogos secretos, desenha risos ensaiados.
Nunca houve uma sociedade sem rituais. Fazem parte da cultura. Como deixar de periodizar a vida? Como negar o heterogêneo? As divindades gregas curtiam brincadeiras e aventuras. Hoje, se celebram missas, os perdões se exaltam e as lojas buscam lucros. Portanto, tudo seria maravilhoso para animar os amores e quebrar as melancolias. Porém, há desconfianças, ressacas, manipulações. Não sejamos absolutos. A sociedade é histórica, possui limites e cansaços. A questão maior é que alguns não aceitam os limites e se joga em eternidades.
Vivemos cercados de ilusões. Já diziam os nazistas que uma mentira muitas vezes repetida se torna uma verdade. Os totalitarismos usaram propagandas para manter suas forças. Isso não se foi. O esquema de imagens sedutoras ganha espaço na imprensa e agita saudades, ambições, delírios. Não fugimos do reino das ambiguidades. As drogas não são meros instrumentos de fuga. Elas compõem os rituais. Observe como o consumo se multiplica e faz a grana se alargar pelo mundo. As elites não se ausentam e se comportam como senhores do mundo. Cria-se uma ecologia especial.
Muitos se queixam das reflexões pessimistas. Não se trata disso. Não custa lembrar que o azul não é azul como se imagina. A desconfiança se veste de muitas cores e o afeto nem sempre é notado quando se fala nas explorações. A sociedade se balança, não é estática. Convive com permanências, sem deixar de lado sua vontade de cantar e celebrar as formas mais astuciosas de festejos. A história segue. O carnaval inquieta, o dia dos namorados toma conta das fossas e das casas comerciais, a criança recebe presentes descartáveis Lá se vai o desejo de inventar o mundo e salvar pecados assustadores. Quem se engana no meios de tantas assombrações festivas?
Por Paulo Rezende. A astúcia de Ulisses.
Professor Edgar Bom Jardim - PE
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