Muitos mitos retratam violências fundantes. Nem sempre, significam uma renovação para derrubar preconceitos ou refazer práticas sociais generosas. A sociedade sonha com paraísos, mas convive com artimanhas imperiosas. Há fomes frequentes, desde os tempos mais remotos. Grupos disputam espaços como quadrilhas. Não há inocências angelicais predominando a história. Muitas religiões defendem vinganças, acumulam patrimônios, afirmam um amor que não praticam. Portanto, os instrumentos da violência não são os mesmos, se transformam e se sofisticam. Não estamos na época de Mussolini, nem da Inquisição medieval.
Não adianta querer esconder as lutas sociais ou mesmo o lado obscuro de nós mesmos. Há revolução que busca derrubar desigualdades e que, depois, optam pela censura e pela opressão. Os sentidos se multiplicam e dependem das ações humanas. Platão ressaltava uma inteligência que difere das reflexões de Adorno ou dos egocentrismos de Pinochet. A violência também forma valores, institui verdades ameaçadoras. Ela fere com seu autoritarismo. A história segue interpretações que não se consolidam. Há quem julgue visando perpetuar privilégios e outros busquem desmembrar injustiças.
A tecnologia atiçou estratégias de dominação. Trouxe animações nas ciências, mas ajudou a construir bombas, reproduzir lugares sombrios, testemunhar poderes mesquinhos. Observe o que você pode fazer usando um simples celular. Quantos boatos estão contidos nas armações políticas ensaiadas? A violência tem sutilezas, se expande articulando-se com ilusões. Não esqueça os disfarces, as falas de generais do serviço secretos, os pregadores do messianismo marcado pelas travessuras das ambições. Quem não se lembrar das guerras mais recentes e das ameaças da energia nuclear? O discurso do inevitável é feroz e intimida.
Com tanta solidão, a história caminha para os excessos depressivos e ansiedades agressivas. O mundo da droga sintética amplia lucros, promete remediar desencontros. Porém, as notícias se espalham denunciando assassinatos e os refugiando procuram auxílio. Há perplexidades imensas e sentimentos destroçados. Os significados se esvaziam, a competição se acelera o afetos se coisificam. Nota-se uma perturbação profunda. Não se trata apenas de disputas por cargos e ou mansões. Há desesperos atormentadores. A violência acende a destruição de corpos, alucinações, pulsões de morte. Cria-se uma insegurança que se mistura com a apatia. Tudo tem um preço e uma manipulação.
A astucia de Ulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE
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