domingo, 23 de setembro de 2018

Histórias: A praça é do povo e moradia das carências


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Pode parecer estranho, mas nem tudo permanece com era antes.  Os ritmos se distanciam. São as famosas mudanças que inquietam e trazem expectativas. Fala-se que o movimento da história é progressivo. É a navegação no mar das mentiras. Conto porque vi. Tomei um susto, mesmo sabendo que não falta miséria na nossa pátria amada. Passava apressado por uma praça bela. Um lugar que provoca encanto. Durante o dia, recebe muitas pessoas, animais domésticos e serve de estacionamento de carros. Antes, era tranquila, hoje ponto de drogas e conversas suspeitas. Não perde, no entanto, o seu charme. Merece cuidado. A história a pune de forma arbitrária.
Seguia. Era noite e observei os bancos da praça. Fiquei surpreso. Estavam todos ocupados. As pessoas dormiam ou tentavam se conciliar com a escassez de sonhos. O sombrio prevalecia, as lâmpadas vacilavam. Na nudez das lacunas sociais, tudo ganha outro sentido. Haja criatividade. Criam-se moradias. Improvisa-se. Não há como fugir de tantos desamparos, apesar das promessas dos políticos. A cidade é também moradia de ruínas, mostra que há desmantelos e cidadania cheia de buracos. O cinismo engorda, nem ousa fazer dietas. Escute as dissonância, não fique mudo.
Lamenta-se a irresponsabilidade dos governantes. Não basta a praça. o quadro é assustador. Não vou além. Lembro-me que brincava com minhas meninas  mais velhas, sem problemas e aproveitando a vegetação. Burle Max tremeria com o desprezo que existe. O que era lugar para esticar as pernas, dialogar, soltar fofocas, virou um laboratório de melancolias. Sigo apressado. Não tenho medo.Sei que a barra pesa e não há como estabelecer equilíbrio numa desordem que favorece privilégios. Não é incomum.As minorias curtem suas acumulações e a maioria busca sobreviver. Até quando?
A cidade  forma um cartografia de desajustes. Assombra quem se recolhe em casa, para meditar sobre os desencontros da vida. Guarda-se. Cada dia uma violência, um descaso, um sofrimento, um risco na utopia. A sociedade estraga-se, porque o capitalismo quer se revitalizar. Passa por desafios. Sobram máscaras. Há quem arquitete revoluções fantasiosas, quem intensifique o comércio de armas, quem se vista de generosidade. As multidões andam nas ruas como zumbis. O ônibus demora, as escolas têm grades, a polícia pede aumento, os médicos entram  em greve. A praça é do povo ou o povo é da praça? Na esquina uma farmácia concentra luzes. Por Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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