Nina Simone, Hattie McDaniel, Carolina de Jesus e Ray Charles, com Waack ao centro: coisa de preto. Foto: Montagem/DP |
[FOTO2] O comentário deduzido da manifestação do apresentador William Waack, da Globo, em vídeo vazado nesta quarta-feira na internet, se tornou mote de uma campanha de empoderamento negro na internet. "É preto, coisa de preto" virou expressão usada nas redes sociais para enaltecer pessoas negras cujas trajetórias de vida se tornaram símbolos locais ou mundiais da luta contra a discriminação racial. A frase precede descrições biográficas de personagens marcantes nos esportes, nas artes, nas ciências sociais, na medicina e em outros campos relevantes da sociedade para contrapor a pseudo superioridade branca concebida pelo preconceito.
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A mobilização virtual é uma resposta ao apresentador do Jornal da Globo, afastado depois do episódio tornado público. Waack havia se irritado com uma buzina insistente do lado de fora do estúdio montado em frente à Casa Branca durante uma transmissão da cobertura das eleições norte-americanas do ano passado, quando deixou escapar "É preto, coisa de preto". A referência racista custou ao âncora o afastamento do telejornal por tempo indeterminado e infindáveis xingamentos nas redes sociais.
Na corrente online, internautas citam, por exemplo, a escritor brasileira Carolina de Jesus, ícone da voz negra na literatura, com projeção internacional. Astros do futebol, como Pelé e Michael Jordan, são descritos como expoentes do esporte, ao lado de criadoras de conteúdo como a norte-americana Shonda Rhimes, mente por trás de séries de sucesso na televisão mundial, como Grey's anatomy. A música aparece contemplada, entre outros nomes, pelo pianista Ray Charles, talento incontestável à frente do teclado, assim como a atriz Hattie McDaniel, a primeira negra a vencer o Oscar e discriminada até na festa.
A sucessão de nomes e rostos famosos e anônimos - há descrições de pessoas desconhecidas, cujas façanhas foram ter ascendido na vida ou mesmo conquistado espaço em um mundo marcado pela discriminação - oferece, no mínimo, duas conclusões. A primeira é a mais óbvia: há um mundo negro tão talentoso, brilhante e merecedor de loas sociais quanto o dos brancos - e é vital fazer ecoar a voz de Martin Luther King sobre o sonho de vê-los unidos. A segunda é necessária: a exposição pública precisa ser feita permanentemente para impedir manifestações de preconceito como a do apresentador da Globo. É um dever de brancos, de pretos, de todos.
Confira algumas publicações:
Professor Edgar Bom Jardim - PE
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