domingo, 1 de outubro de 2017

Cidades:Por que os agrupamentos urbanos constituem uma das formas mais eficientes de distribuição de riqueza

Beco do Batman no bairro da Vila Madalena em São Paulo (Foto: Eugenio Hansen)
“As cidades são a melhor invenção da humanidade”, afirma Edward Glaeser, professor de economia em Harvard. Os agrupamentos urbanos constituem uma das formas mais eficientes de distribuição de riqueza, e não é por acaso que concentram hoje a maior parte da população mundial.
A importância das cidades para o desenvolvimento econômico e social não exclui a existência de problemas. Exatamente por concentrarem grandes populações, as cidades enfrentam dificuldades e são palco de conflitos. No Brasil, elas apresentam ainda questões primárias, herdadas do apressado processo de urbanização do século XX, como a falta de saneamento, que convivem com as conquistas do século XXI, o acesso amplo à tecnologia e às redes de informação. 
Ainda que as cidades tenham esses dois lados, o positivo e o negativo, elas nem sempre são percebidas assim. Na imprensa, nas redes sociais, no senso comum, as cidades são associadas a trânsito, violência e poluição, a uma qualidade de vida ruim. De fato, como explica Glaeser, esses três problemas são consequências automáticas da aglomeração humana que caracteriza as cidades e só podem ser superados com bom planejamento, boa gestão e comportamento ético dos indivíduos em relação ao coletivo.
O desafio, então, é melhorar o planejamento e a gestão das cidades. Para isso, não basta uma boa administração pública: o envolvimento das empresas e da sociedade civil é essencial. É necessário um ambiente de colaboração e cidadania para que as cidades sejam espaços que atendam adequadamente às demandas da sociedade brasileira atual – extremamente diversa em suas necessidades e interesses.
A mídia também tem um papel importante: tem o poder de influenciar muito na formação da agenda pública, ou seja, naquilo que é discutido e no que não é, naquilo que é percebido como problema e no que não é. Se um fato é noticiado e outro não, e se o fato é noticiado de forma positiva ou negativa, isso é decisivo no processo de produzir uma percepção da realidade para o cidadão comum. A percepção da realidade substitui a realidade em si. A realidade não é inteligível, ao contrário do mundo interpretado pelos meios de comunicação, que já vem decodificado por ordem de relevância e agrupamento temático – manchete da primeira página, nota do Caderno de Cultura, coluna na seção de Cidades.
Há diversos atores sociais produzindo mudanças positivas – na iniciativa privada, no setor público e na sociedade civil. É preciso valorizar as boas iniciativas, destacá-las. Só se fala dos problemas. Precisamos lembrar os brasileiros de que cidades são solução, uma das formas mais simples de distribuição de riqueza e democratização no acesso a oportunidades. Também é necessário incentivar a participação, o comportamento do cidadão. Com a complexidade que a nossa sociedade alcançou, o modelo de governança para as cidades precisa contar com a participação dos diversos setores sociais.
* Marisa Moreira Salles e Tomas Alvim são fundadores do Arq.Futuro
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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