sábado, 30 de setembro de 2017

Chacrinha, Patrimônio de Bom Jardim, Surubim, Pernambuco, Brasil.


Leleco Barbosa, filho de Chacrinha. Crédito: Leleco Barbosa/Arquivo Pessoal
Leleco Barbosa, filho de Chacrinha. Crédito: Leleco Barbosa/Arquivo Pessoal


Embora Chacrinha fosse conhecido por seu desempenho indomável no palco, quando se despia do personagem e voltava a ser Abelardo Barbosa, tinha uma personalidade séria quando se tratava de manter vivo o personagem que criou. Desde o início de sua trajetória na rádio, quando tinha de cair em campo e procurar, ele mesmo, os patrocinadores de seu programa, o apresentador era conhecido pela sua grande competitividade. A busca pela segurança financeira, sua autoridade tanto pela idade quanto por ser um comunicador calejado também fizeram dele um conselheiro para os subordinados e amigos. Em sua busca pela maior audiência, usava até a família para ajudá-lo. Sua esposa, Florinda Barbosa, atualmente com 96 anos, chegou a acompanhar o a concorrência do marido e informá-lo sobre o conteúdo. Seus três filhos, Jorge Abelardo, José Renato, e José Amélio, começaram a trabalhar com ele desde cedo.

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Leleco Barbosa, um dos três filhos do apresentador, dirigiu e produzir o Cassino do Chacrinha em sua última passagem pela Rede Globo, nos anos 80. “Ele se transformava quando subia no palco ao ponto de ser indirigível. O senso de improvisação e a espontaneidade dele eram impressionantes. Elaborávamos um pré-roteiro e ele adicionava várias maluquices, mas de louco Chacrinha não tinha nada. Meu pai só pensava na família e em trabalho 24 horas por dia. Ele fazia programas na TV, shows, colunas em jornal. A única época na qual tirava férias era no Carnaval, quando ia ao Recife com minha mãe. Ele também escutava muito o que as pessoas diziam e usava frases ouvidas de outros quando achava interessante”.

Leleco também acredita que a audiência ainda é favorável a um programa nos moldes do Cassino do Chacrinha, citando as reprises exibidas este ano no canal a cabo Viva, levando-o a picos de audiência. “Acho que a fórmula funcionaria até hoje, pois ele não deixava de acompanhar o mundo. Cada programa de TV atual tem uma coisinha do Chacrinha. As dançarinas, os jurados, os concursos foram criados ou aperfeiçoados por ele. O quadro dos calouros, por exemplo, foi copiado do Ary Barroso, mas ele tirou o gongo e colocou a buzina. Abelardo também não tinha preconceito. Dava espaço para vários tipos de artistas, de Roberto Carlos a Genival Lacerda. Assim como acontece com Silvio Santos, não vejo ninguém com um estilo de se comunicar similar”. 

O apresentador João Kleber, da Rede TV!, foi um dos que mais acompanharam os momentos finais de Chacrinha, substituindo o apresentador enquanto estava em tratamento para curar o câncer no pulmão que o matou. “Depois que ele voltou para a Globo, em 1982, comecei a frequentar o júri do Cassino do Chacrinha e fiquei amigo de toda a família Barbosa. Em 1988, eu tinha 25 anos e comecei a apresentar o programa a pedido do próprio Chacrinha. Na vida particular, eu o chamava de seu Abelardo. Todas as quintas-feiras eu ia à casa dele para ensaiar e ele me deixava muito à vontade. Além disso, ele me dava sempre bons conselhos. Falava para eu guardar dinheiro, não sair para a noite, evitar drogas, más companhias. Era preocupação de pai mesmo”. 

Segundo João Kleber, a convivência com o apresentador serviu como aprendizado das artimanhas necessárias para segurar um programa no ar. “Já em 88, o Cassino do Chacrinha tinha uma movimentação de câmera que não vejo igual na TV brasileira até hoje. Quando ele estava doente, em alguns programas, ele também subia ao palco, ficava lá durante alguns momentos, depois voltava para a coxia e ficava me observando. Dizia: ‘Você tem que ter um ritmo. Não deixe os jurados falarem muito. Fale com o telespectador com objetividade’. Isso foi um divisor de águas na minha vida. Aprendi com ele a não ter vergonha de fazer um programa para o povo”.
Com informação do Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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