segunda-feira, 7 de março de 2016

Mulheres: para elas, o que mudou em 159 anos?

Mulheres empresárias relatam os desafios de comandar os negócios


O grito das operárias norteamericanas que morreram carbonizadas por pedir melhores condições de trabalho em 8 de março de 1857, ainda ressoa na economia mundial. Apesar de o fato ter dado início a uma série de conquistas, garantindo o crescimento feminino no mercado de trabalho, resquícios do patriarcalismo continuam maculando o mundo dos negócios.
Prova disso é que só agora as mulheres alcançaram o rendimento médio masculino  de dez anos atrás. A constatação, do Fórum Econômico Mundial, mostra que a diferença econômica de gênero só caiu 3% desde 2006, mesmo com a entrada de 250 milhões de mulheres na força de trabalho mundial.
Neste ritmo, só em 2133 não será mais preciso lutar pela igualdade corporativa. São mais 118 anos de luta para que as operárias sejam, enfim, recompensadas. Afinal, apesar de qualificadas, muitas mulheres continuam sem as mesmas oportunidades profissionais que os colegas homens. 
Elas ainda são minoria nos círculos de liderança mundiais. Estudo da Grant Thornton mostra que apenas 22% dos cargos seniores globais são ocupados por mulheres. A proporção é bem parecida a de 12 anos atrás: 19%. A disparidade aumenta entre CEO’s: só 9%.
No Estado, o quadro não é diferente. “Em toda reunião de negócios, a maioria da mesa é masculina”, diz Julia Guareschi, diretora-financeira do Grupo Julietto. “Nos cargos de liderança e alta gestão, a predominância ainda é do homem. Mesmo com as mulheres ganhando espaço nesse nicho, a questão de gênero ainda é bastante forte”, concorda a diretora administrativa-financeira do
Sebrae Pernambuco, Adriana Côrte-Real.
E isso acontece porque o ritmo das mudanças no mercado de trabalho é muito lento, segundo a economista Tânia Bacelar. “Já foi bem pior, mas ainda é muito raro ver uma mulher nos cargos de direção das empresas. Segundo o IBGE, elas estavam em 37% das posições de liderança do País em 2014. Em 2002, eram 33%. Mudou muito pouco”. E até quem alcança a liderança empresarial diz sofrer certo tipo de discriminação. 
Julia Guareschi conta que já viu colegas empresários se surpreenderem por ela estar chegando sozinha em uma reunião. “Eu não me sinto diferente no ambiente de negócios por ser mulher. Lido com todos como empresários, sejam homens ou mulheres.
Porém, já aconteceu de as pessoas conversarem com a gente e depois perguntarem se a empresa tem um dono. É como se minha voz como dona não valesse. Tanto que, quando você está sozinha e fala um não, as pessoas querem insistir”, acrescenta Rose Guareschi, mãe de Julia e fundadora do Grupo Julietto. 
Uma advogada que preferiu não se identificar revelou que teve até a voz interrompida em uma reunião dominada por executivos. “Já participei de encontros com parceiros comerciais em que todos os homens tiveram a oportunidade de falar; mas quando as mulheres presentes tentavam fazêlo, o coordenador da reunião atropelava nossa fala”. 
Rendimento
Não bastasse tudo isso, muitasvezes, as trabalhadoras recebem menos que os homens que ocupam cargos idênticosaos seus. A diferença chega a 19,6% em determinadas atividades. Professoras, por exemplo, ganham, em média, R$ 2.150,67 mensais, enquanto professores recebem R$ 2.674,49, de acordo com o Grupo Employer.
“A mulher tem uma participação crescente no mercado de trabalho, mas continua encontrando problemas nos negócios. Segundo o IBGE, em 2014, o rendimento das mulheres representava 71% do dos homens. Em 2011, era 63%. Houve uma melhora, mas ainda é quase 30% inferior”, conta Tânia Bacelar.
E esta disparidade afeta em muito a economia mundial, acrescenta o Instituto Global McKinsey. Pesquisa da entidade afirma que, se mulheres e homens ocupassem as mesmas posições no mercado de trabalho, a economia receberia um acréscimo de US$ 28 trilhões em 2025, montante que elevaria em 26% o PIB mundial. 
No Brasil, este incremento seria ainda maior. A igualdade de gênero alavancaria em 30% o PIB nacional, com o incremento de US$ 850 bilhões. Fonte:FolhaDePernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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