sexta-feira, 28 de março de 2014

Nos territórios malabaristas do facebook

Por Antônio Rezende.
A experiência ensina que a vida é um movimento difícil de possuir regras fixas. Não podemos viver sem princípios, temos hábitos e tradições, porém é preciso que olhares espertos não se deixem enganar por máscaras cotidianas. Não há história sem convivências, nem tampouco necessidade de garantir que elas se mantenham sem escorregões. Há mudanças que trazem descontroles rápidos, no entanto existem acelerações que alteram concepções de forma radical.
As conversas nas esquinas não se acabaram. Os cumprimentos são rápidos. Não perdem horas, nem se chega perto das madrugadas. Os medos ditam normas. Corre-se do trabalho para a casa. A cidade tem uma cartografia confusa, com mobilidades pouco transparentes. As pessoas buscam espaços fechados, portas trancados, seguranças sofisticados. Os celulares mostram soberanias. Uma invenção que transgride expectativas. Quem se lembra dos antigos telefones e não sente que as tecnologias ganham lugares especiais?
As conversas sofrem transferências. Querem silêncio, paciência, novidades, sossego para respirar diante das possíveis rupturas. Os desenhos da comunicação exigem, agora. geometrias ousadas e eficazes. Os facebooks vão se estruturando e conquistam milhões. Há quem considere os facebookas uma vitrine de grandes vaidades. Desprezam suas maneiras, julgam-se superiores, dignos, apenas, de leituras acadêmicas e reflexões profundas.
As divergências não sabotam memórias. Quem não sabe que as harmonias são frágeis e as discordâncias fazem parte da cultura? Os saberes se refazem, os sujeitos desejam vestimentas coloridas, o passado fica escondido nas gavetas mais antigas, a nudez assume significados inesperados. O face traz respostas para o que se passa. Não é um acúmulo de tolices descartáveis. Os lixos não se foram das idas e vindas das produções culturais. Portanto, os preconceitos se assanham, contudo enfrentam muros de resistências firmadas. O jogo se amplia.
Navego sem culpas. Ouço críticas e gozações. Tenho minhas defesas e nunca me recusei a aprender. Fui construído minhas gramáticas, articulando entrelaçamentos, conhecendo e reconhecendo. Os encontros me abriram trilhas e me ajudaram a quebrar preconceitos. Nunca fui um acadêmico arrogante, fechado, entusiasmado com as especializações. Gosto que as as coisas se toquem e que as  burocracias se desmanchassem. Sempre me recordo das aventuras das incompletudes.
Na minhas pesquisas anteriores priorizei  a afetividade. Não me agarrei na idolatria de certos autores e nem me coloquei nas vitrines dos modismos. O importante é socializar, não concentrar saberes, desanuviar a sensibilidade. Observo os movimentos. Na facebook, se formam corporações, fermentam-se intrigas, procura-se o fluir de outra estética, rascunham-se possibilidades de retomar sentimentos, atravessam-se diálogos e convicções … Não hesitei, os mergulhos animam. Continuo minha navegação.
Cada época arquiteta seus malabarismos. Não há cultura estagnada num mundo que celebra o efêmero. As luzes e as sombras tecem suas imagens. As surpresas, muitas vezes, se massificam, caímos em mesmices, somos sufocados por mediocridades. Nas relações sociais , as histórias se esticam, não representam mapas que se solidificam. Há  um tapete mágico inquieto, diferenças criativas, mas os labirintos nos convidam para compreender a história sem ponto final. Os cenários dependem os atores e da arrumação dos objetos. A vida não cessa de redescobrir.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

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